Alberto Neto

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Alberto Neto Simões Dias (Souto da Casa (Fundão), 11 de fevereiro de 1931 - Águas de Moura, 3 de julho de 1987) foi um sacerdote católico português que se destacou como educador e pelo seu papel no movimento católico progressista contra a Guerra Colonial e a ditadura fascista (Estado Novo) de António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Alberto Neto nasceu em 1931, filho de Eurico Simões Dias e Genoveva Neto, ambos professores do ensino primário, na aldeia do Souto da Casa, concelho do Fundão, na Beira Interior.

Frequentou o Seminário do Patriarcado de Lisboa em Santarém, Almada e Olivais. Foi ordenado sacerdote católico em 15 de Agosto de 1957, tendo ocupado o cargo de coadjutor da paróquia de Santa Maria de Belém, onde trabalhou com o padre Felicidade Alves.

Foi professor brilhante em vários liceus, nomeadamente no Liceu D. João de Castro (1962-66?), Liceu Pedro Nunes (onde teve por alunos Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Louçã e Guilherme de Oliveira Martins) e Liceu Padre António Vieira, em Lisboa e na Escola Secundária de Queluz, que, posteriormente, viria a ser designada por Escola Secundária Padre Alberto Neto em sua homenagem.

Entre 1965 e 1972 foi assistente diocesano da Juventude Escolar Católica (JEC) (masculina) e da Juventude Escolar Católica Feminina (JECF), organizações juvenis da Acção Católica Portuguesa de estudantes do ensino secundário.

De 1978 e 1981 foi membro de Conselho Presbiterial do Patriarcado de Lisboa. De 1979 a 1982 foi padre da paróquia de Belas e depois de Rio de Mouro.[2] Em todos os cargos que ocupou distinguiu-se sempre pela sua humildade, generosidade, simpatia e dinamismo.

A 6 de Julho de 1987, à beira da EN5, em Águas de Moura, perto de Setúbal, no meio do mato, foi descoberto o seu cadáver. Fora morto, havia dias, com um tiro de pistola na nuca, em circunstâncias misteriosas e nunca esclarecidas. O autor do crime nunca foi capturado ou sequer identificado.[3][4] A 10 de Julho, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, presidiu às exéquias na igreja de Rio de Mouro, e o corpo foi sepultado em Souto da Casa, terra natal do padre Alberto Neto.

Acção política[editar | editar código-fonte]

Alberto Neto participou, desde 1969 em acções contra o regime do Estado Novo e contra a guerra colonial.

Distinguiu-se principalmente enquanto capelão da capela do Rato, em Lisboa. Colaborou activamente na iniciativa de um grupo de católicos, em 1973, de realização de uma vígilia de reflexão sobre a guerra colonial.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Apesar do apoio dado pela hierarquia da Igreja Católica de Portugal ao Estado Novo (especialmente pelo Cardeal Patriarca de Lisboa), alguns membros do clero opuseram-se ao regime.
  2. NÓVOA, António (dir). Dicionário de Educadores Portugueses. Porto: Edições ASA, 2003, sv «Alberto Neto Simões Dias». ISBN 978-972-41-3611-0
  3. Notícia de 25 de junho de 2006, do Correio da Manhã.
  4. «O mistério do padre Alberto, por Bruno Horta». Consultado em 11 de março de 2017. Arquivado do original em 3 de outubro de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SOARES, David. «Padre Alberto Neto: A construção de um sentido religioso» in FERREIRA, António Matos; ALMEIDA, João Miguel Religião e cidadania: protagonistas, motivações e dinâmicas sociais no contexto ibérico. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História Religiosa, 2011, pg. 401 a 406. ISBN 978-972-8361-36-5
  • Stilwell, Peter (coord.) (1989). Padre Alberto: Testemunhos de uma Voz Incómoda. Lisboa: [s.n.] 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]