Ação Católica Portuguesa

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A Acção Católica Portuguesa (ACP) nasceu pela mão do Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira em 1933, sobre o incentivo do Papa Pio XI, de modo a estimular a participação dos leigos na Igreja Católica. A ACP era também vista como o braço da Igreja na Sociedade, levando a esta os valores que a Igreja professava de uma forma mais informal.

Era uma organização que cobria todas as dioceses do país, tendo dado origem a 20 movimentos especializados, organizados por sexo e idade, que se agrupavam pelo famoso AEIOU da ACP. - Agrário, Escolar, Independente, Operário e Universitário.

Paulo Fontes, professor da Universidade Católica Portuguesa, e antigo militante do Movimento Católico de Estudantes, afirma acerca que “O projecto original da Acção Católica era ter debaixo do mesmo chapéu todas as organizações católicas” e “fazer uma recristianização do país”, afirma o historiador.

História da ACP em Portugal[editar | editar código-fonte]

Fundada em 1933, a Acção Católica surge numa altura em que a Igreja pretendia recristianizar uma sociedade que vinha de uma 1.ª República portuguesa pautada pela indiferença relativamente a valores religiosos. A Igreja vivia um momento de crescimento, com a criação de numerosas obras caritativas e religiosas, assente na força espiritual, que pretendia envolver mais os leigos nos trabalhos da Igreja.

"As aparições de Fátima, ocorridas de Maio a Outubro de 1917 (um ano antes do fim da Primeira Grande Guerra Mundial), a sua mensagem espiritual (com um laivo de ideologia política, no anúncio da conversão da Rússia) e o desenvolvimento do seu santuário como pólo de atracção religiosa, a renovação pedagógica e espiritual dos seminários, a expansão da imprensa periódica e das edições católicas, a referida multiplicação das obras católicas, mobilizando e formando um crescente número de leigos para diversas formas de apostolado, constituíam sinais de vitalidade. E o novo regime político autoritário, liderado por Salazar (católico, ex-seminarista e antigo dirigente do CADC), não só tolerava esta acção de revigoramento, como procurava aproveitá-la para reforço do seu poder sobre a sociedade portuguesa.

E no entanto, esta Igreja animada de nova pujança sentia-se ainda ameaçada pela cultura envolvente, pelas grandes correntes de ideias agnósticas, vindas do século XIX ou mesmo já do século XX — o liberalismo, o positivismo, o laicismo, o materialismo (quer dialéctico marxista-leninista, quer simplesmente prático) —, hostilizada por organizações poderosas, como a Maçonaria, e impedida de penetrar (por meio dos sacerdotes) nos meios sociais mais influentes (políticos, intelectuais, operários).

Enquanto se reconhece a necessidade de organizar os leigos e de lhes conferir um mandato eclesiástico, para que por meio deles a Igreja possa cumprir melhor a sua missão apostólica, nas sociedades modernas, recorre-se a um método objectivo de apostoladover, julgar e agir —, baseado na revisão de vida dos cristãos leigos, na família, na profissão, na sociedade." in A Acção Católica em Portugal

A Acção Católica em Portugal após 1974[editar | editar código-fonte]

Depois de extinta formalmente, a ACP continuou a existir em Portugal mais como uma plataforma que juntava os Movimentos que não deixaram de existir, mas que deixaram de ter uma junta central. O trabalho dos Movimentos passou a ser mais individualizado e orientado para cada situação específica.

Actualmente, a Acção Católica Portuguesa já não tem uma organização formal, assegurando a sua ligação através do FMAC - Fórum dos Movimentos da Acção Católica, que não funciona como a antiga junta central, que orientava os trabalhos dos Movimentos.

Fazem agora parte da Acção Católica:

Hino da ACP[editar | editar código-fonte]

Abram alas, terra em fora,
Por entre frémitos de luz.

Deus nos chama é nossa a hora,
Alerta pela Cruz!

Almas bravas de soldados,
Senhor, já surgem de além,
E há caminhos não andados
Que esperam por alguém.

Em nós, acendei em nós, ó Deus,
Flamas de um nobre ideal
Clarins, vibrem clarins nos
Por amor de Portugal.

Quem avança a conquistar troféus
Luta por bem da Grei
Lutai a cantar, de olhar em Deus,
Batalhões de Cristo-Rei!

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • FERREIRA, António Matos. «A Acção Católica: questões em torno da organização e da autonomia da acção da Igreja Católica (1933-1958)» in O Estado Novo: das origens ao fim da autarcia (1926-1959). Lisboa, Fragmentos, 1987, vol. 2, pgs. 281-302.
  • FONTES, Paulo. «A Acção Católica Portuguesa (1933-1974) e a presença da Igreja na sociedade» in Lusitânia Sacra, 2.ª série, n.º 6, 1994. Editada separata.
  • LOPES, Joana. Entre as brumas da memória: os católicos portugueses e a ditadura. Porto: Ambar, 2007. ISBN 978-972-43-1203-3
  • PAES, Sidónio de Freitas Branco. A Acção Católica em Portugal. um testemunho. Parte I; Parte II; Parte III.
  • SANTOS, António dos. «Revisão histórica da Acção Católica Portuguesa» in Laikos, ano IV, outubro de 1980, n.º 10, pgs. 23-46.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]