Barbacena (navio)

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Barbacena
 Brasil
Proprietário Cia. de Navegação Lloyd Brasileiro
Operador a mesma
Homônimo Barbacena, cidade histórica do estado de Minas Gerais.
Construção 1909, por J.C. Tecklenborg AG, Bremerhaven, Alemanha.
Lançamento junho de 1909
Viagem inaugural 1910
Porto de registro Rio de Janeiro
Estado Afundado em 28 de julho de 1942, pelo U-155
(Adolf Cornelius Piening)
Características gerais
Classe cargueiro
Tonelagem 4 772 ton.
Largura 15,8 m
Maquinário motor de quádrupla expansão
Comprimento 119,6 m
Calado 8,32 m (7,5 m[1])
Propulsão turbina a vapor
Velocidade 12 nós
Carga 62

O Barbacena foi o décimo quarto navio mercante brasileiro a ser atacado pelos submarinos do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial. Seu afundamento ocorreu em 28 de julho de 1942, a cerca de 400 Km a leste de Barbados, nas Pequenas Antilhas, na mesma região onde seria afundado, horas depois, o navio-tanque Piave, pelo mesmo submarino, o U-155. O ataque custou a vida de seis tripulantes.

O navio[editar | editar código-fonte]

Lançado em 8 de junho de 1909, sua construção finalizou-se em dezembro do mesmo ano, nos estaleiros da J.C. Tecklenborg AG Schiffswerft und Maschinenfabrik, perto de Bremerhaven, na Alemanha. Comissionado em 21 de maio de 1910, sob o nome Gundrun, era de propriedade da Hamburg-Bremer-Afrika Linie AG, de Bremen.

Tinha 119,6 metros de comprimento por 15,8 metros de largura; calado de 8,32 metros (ou 7,5 m[1]) e arqueação bruta de 4.772 toneladas. Feito com casco de ferro, era propelido por turbinas a vapor, através de um motor de quádrupla expansão e uma hélice, cuja potência nominal atingia 639 HP, fazendo-o alcançar a velocidade de 12 nós.[1][2]

Encontrava-se no Recife quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, porto em que ficou retido até ser formalmente confiscado pelo Governo Brasileiro – a 1º de junho de 1917 –, quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Império Alemão.

É rebatizado de Barbacena e registrado no Porto do Rio de Janeiro. A partir de 1922, passa a ser operado pelo Lloyd Brasileiro, o qual lhe adquire a plena propriedade em 1927.[3]

Seu nome brasileiro foi homenagem à cidade histórica de Barbacena, no Estado de Minas Gerais.

Afundamento[editar | editar código-fonte]

O navio, comandado pelo Capitão-de-Longo-Curso Aécio Teixeira da Cunha e com uma carga de café, óleo de mamona, fibra de caroá e feijão, carregada em Santos e no Recife, tinha acabado de sair de Trinidad, rumo à Nova York, quando foi avistado, na noite de 27 de julho de 1942 pelo U-155, comandado pelo Capitão-Tenente Adolf Cornelius Piening, que, em março, já havia posto a pique o Arabutã.[4]

Pelo fato de estar armado com um canhão de 120 mm, o submarino disparou uma salva de dois torpedos, os quais erraram o alvo, para a sorte do mercante. Um dia antes, o Tamandaré, outro navio mercante brasileiro, já havia sido afundado nessa mesma região infestada de submarinos hostis.

Porém, na madrugada do dia seguinte, 28 de julho (7:15 pelo Horário da Europa Central), a aproximandamente 400 km a leste de Barbados, a sorte do Barbacena virou quando ele foi atingido por mais dois torpedos, desta vez certeiros, disparados pelo "u-boot", que estava em seu encalço desde o ataque frustrado da noite anterior, cerca de dez horas antes. Morreram instantaneamente três membros da tripulação e três militares que guarneciam o canhão.[4][5]

Com esse ataque, ficava evidente que de nada adiantava o navio estar armado frente ao fator surpresa. Não havia tempo para qualquer reação. A embarcação submergiu em 20 minutos, tempo que dispôs a tripulação sobrevivente (56 homens) para abandoná-lo. Distribuídos em três baleeiras, os náufragos foram recolhidos pelo navios Tacito, argentino, Elmdale e St. Fabian, ingleses, e desembarcados na Ilha de Tobago.[4][5]

Horas depois, um pouco mais ao sul, seria afundado o navio-tanque Piave, pelo mesmo submarino U-155. Como se percebe, depois dos ataques nas costas dos Estados Unidos, no início do ano, seguidos dos ataques na região do Mar do Caribe, a partir de maio, os ataques estavam cada vez mais dirigindo-se à bacia do Atlântico Sul.

Os ataques dentro do próprio mar territorial brasileiro estavam prestes a acontecer. De fato, o mês seguinte, agosto, se mostraria o mais trágico da história da Marinha do Brasil, com o afundamento em série de seis navios a poucos quilômetros da costa do nordeste brasileiro, eventos que causaram a morte de mais de seiscentas pessoas.

Referências

  1. a b c Naufrágios do Brasil. «Navios Brasileiros afundados em outros países». Consultado em 25 de janeiro de 2011 
  2. Wrecksite. «Barbacena». Consultado em 25 de janeiro de 2011 
  3. Oceania. «Lloyd Brasileiro». Consultado em 25 de janeiro de 2011 
  4. a b c Uboat.net. «Barbacena (Brazilian Steam Merchant)». Consultado em 26 de janeiro de 2011 
  5. a b SANDER. Roberto. op.cit., p. 176.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SANDER. Roberto. O Brasil na mira de Hitler: a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]