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Bernardim Ribeiro: diferenças entre revisões

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Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo da vila do [[Torrão (Alcácer do Sal)|Torrão]], [[Baixo Alentejo]]. Na vila encontra-se atualmente uma [[estátua]] em homenagem ao escritor.
Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo da vila do [[Torrão (Alcácer do Sal)|Torrão]], [[Baixo Alentejo]]. Na vila encontra-se atualmente uma [[estátua]] em homenagem ao escritor.
Outro monumento ao autor pode ser encontrado no Museu de Évora onde existe uma estátua de António Alberto Nunes ([[1838]] - [[1912]]).
Outro monumento ao autor pode ser encontrado no Museu de Évora onde existe uma estátua de António Alberto Nunes ([[1838]] - [[1912]]).
ele foi um grande artista porno


==Obra==
==Obra==

Revisão das 00h33min de 3 de outubro de 2013

Bernardim Ribeiro (Torrão, 1482? — 1552?) foi um escritor e poeta português renascentista. A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém como Menina e Moça (da primeira frase da novela, que se tornou um tópico da literatura portuguesa: Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe…).

Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros.

Foi o introdutor do bucolismo em Portugal. Predefinição:Portal-literatura

Biografia

Praticamente nada se sabe de certo na vida de Bernardim Ribeiro. Presume-se que nasceu por volta de 1482. Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa.

Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros. Esteve algum tempo na Itália, onde tomou conhecimento inovações literárias.

Tão misterioso quanto o nascimento é a morte do escritor. Alguns autores datam-na como 1552. Porém, pela leitura da écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544, verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro amigo" como já falecido.

Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo da vila do Torrão, Baixo Alentejo. Na vila encontra-se atualmente uma estátua em homenagem ao escritor. Outro monumento ao autor pode ser encontrado no Museu de Évora onde existe uma estátua de António Alberto Nunes (1838 - 1912). ele foi um grande artista porno

Obra

Hystoria de menina e moça, 1554.
Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe. Que causa fosse então a daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora não lhe ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito contente fui em aquela terra, mas, coitada de mim, que em breve espaço se mudou tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo tempo se buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste ou, per aventura, a que me fez ser leda. Depois que eu vi tantas cousas trocadas por outras, e o prazer feito mágoa maior, a tanta tristeza cheguei que mais me pesava do bem que tive, que do mal que tinha.
Início de Menina e Moça

A sua obra resume-se a doze composições insertas no Cancioneiro Geral, cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol, a novela Menina e Moça e o romance Ao longo de uma ribeira, única composição portuguesa inserida no Cancioneiro Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.

Sob o título Trovas de dous pastores, foi feita, em 1536, a primeira impressão de uma écloga (a de Silvestre e Amador). Em 1554, na oficina do hebreu exilado Abraão Usque, em Ferrara (Itália), são editadas as suas obras. Menina e Moça é editada sob o título de História de Menina e Moça. Na segunda edição, de 1557-58, em Évora, com o título de Saudades e a terceira realizada em Colónia a partir da primeira edição.

A segunda edição possui um prolongamento que costuma-se aceitar como sendo do autor até ao cap. XXIV.[1] Segundo o investigador Teixeira Rego, não é de recusar liminarmente a hipótese de que Bernardim Ribeiro fosse de origem hebraica. Na verdade, e ainda segundo o referido investigador, o estilo de queixume e lamentoso, mesmo algo bíblico, que encontramos nos primeiros capítulos da Menina e Moça, alguns termos utilizados pelo autor na obra referida, nomeadamente "transmatação" ou "transmigração" e algumas alusões a perseguições e cisões do povo hebraico, implícitas nas falas de uma personagem, podem ser indicadores positivos e atestantes desta hipótese. Soma-se a essas circustâncias o fato do primeiro editor de Menina e Moça ter sido um judeu português exilado em Itália.

Por outro lado, e de acordo com a afirmação de Helder Macedo, os textos benardinianos encerram "uma meditação mística pessimista… em torno do amor humano e da saudade". Analisando o seu conteúdo, podemos considerar que a Menina e Moça tem um fundo autobiográfico e é, em certa medida, um "roman à clef", definições sugeridas pela recorrência de anagramas (palavras ou frases formadas com a transposição das letras de outras. Ex.: "Natércia" é anagrama de "Caterina"), tais como: Binmarder (Bernardim), Aónia (Joana), Avalor (Álvaro), Arima (Maria), Donanfer (Fernando), etc.

Estilo

Embora leitor de autores clássicos como Virgílio, Ovídio, Petrarca, Sannazaro, Bernardim Ribeiro não é erudito. Utiliza uma linguagem estilizada repleta de arcaismos.

Não somente precursor do bucolismo em Portugal, como também possivelmente o primeiro a escrever sextina na língua portuguesa. Bernardim Ribeiro

Pouco se sabe com exatidão sobre a vida de Bernardim Ribeiro, poeta e novelista português. Colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, pertenceu à roda dos poetas palacianos como Sá de Miranda, Garcia de Resende e Gil Vicente. Esteve algum tempo em Itália, onde tomou contacto com as inovações literárias. Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um provável seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa. Pela leitura da écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544, verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro amigo" como já falecido. Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo do Alto Alentejo, Vila do Torrão. A sua obra resume-se a doze composições, insertas no Cancioneiro Geral, quatro éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol e a novela Menina e Moça. António José Saraiva e Óscar Lopes afirmam em História da Literatura Portuguesa: "Nesta parte versificada da obra de Bernardim Ribeiro - tanto as líricas do Cancioneiro Geral, como as Éclogas - encontramos alguns temas e lugares-comuns característicos daquele Cancioneiro. Bernardim coisifica a Esperança, o Cuidado, a Mudança, o Tempo, o próprio eu convertido em objeto, ou mim. Combina-os, opõe-nos num jogo de extrema subtileza e de denso significado. A emoção como que se desentranha do sujeito, se objectifica em relação a ele, num desdobramento múltiplo da personalidade, que fica como que assistindo a esse jogo das coisas no qual se converte. O Eu contempla o Mim, o Cuidado, a Esperança, a Mudança que ele próprio foi ou está sendo. Na finura com que se exprime uma tal alienação psíquica, há uma dialética precursora da de Fernando Pessoa. (...) Outro aspeto que salta à vista nestas composições é um certo apego narcísico à dor, ou talvez melhor, uma vontade de viver a dor até ao fim, de a transcender, explorando-a".Sob o título Trovas de dous pastores, foi feita, em 1536, a primeira impressão de uma écloga (a de Silvestre e Amador). Em 1554, na oficina do hebreu emigrado Abraão Usque, em Ferrara, são editadas as suas obras. Mais tarde, em 1557, conheceu-se uma nova edição, em Évora, da Menina e Moça, a qual terá sido continuada por outro autor que lhe deu nova redação e acrescentou novos capítulos. Segundo o investigador Teixeira Rego, não é de recusar liminarmente a hipótese de que Bernardim Ribeiro fosse de origem hebraica. Na verdade, e ainda segundo o referido investigador, o estilo de queixume e lamentoso, mesmo algo bíblico, que encontramos nos primeiros capítulos da Menina e Moça, alguns termos utilizados pelo autor na obra referida, nomeadamente "transmatação" ou "transmigração" e algumas alusões a perseguições e cisões do povo hebraico, implícitas nas falas de uma personagem, podem ser indicadores positivos e atestantes desta hipótese. Por outro lado, e de acordo com a afirmação de Hélder Macedo, os textos benardinianos encerram "uma meditação mística pessimista... em torno do amor humano e da saudade". Analisando o seu conteúdo, podemos considerar que Menina e Moça tem um fundo autobiográfico e é, em certa medida, um "roman à clef", definições sugeridas pela recorrência de anagramas (palavras ou frases formadas com a transposição das letras de outras. Exemplo: "Natércia" é anagrama de "Caterina"), tal como Binmarder é de Bernardim, Aónia de Joana, Avalor de Álvaro, Arima de Maria e Donanfer de Fernando.Bernardim Ribeiro

Pouco se sabe com exatidão sobre a vida de Bernardim Ribeiro, poeta e novelista português. Colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, pertenceu à roda dos poetas palacianos como Sá de Miranda, Garcia de Resende e Gil Vicente. Esteve algum tempo em Itália, onde tomou contacto com as inovações literárias. Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um provável seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa. Pela leitura da écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544, verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro amigo" como já falecido. Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo do Alto Alentejo, Vila do Torrão. A sua obra resume-se a doze composições, insertas no Cancioneiro Geral, quatro éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol e a novela Menina e Moça. António José Saraiva e Óscar Lopes afirmam em História da Literatura Portuguesa: "Nesta parte versificada da obra de Bernardim Ribeiro - tanto as líricas do Cancioneiro Geral, como as Éclogas - encontramos alguns temas e lugares-comuns característicos daquele Cancioneiro. Bernardim coisifica a Esperança, o Cuidado, a Mudança, o Tempo, o próprio eu convertido em objeto, ou mim. Combina-os, opõe-nos num jogo de extrema subtileza e de denso significado. A emoção como que se desentranha do sujeito, se objectifica em relação a ele, num desdobramento múltiplo da personalidade, que fica como que assistindo a esse jogo das coisas no qual se converte. O Eu contempla o Mim, o Cuidado, a Esperança, a Mudança que ele próprio foi ou está sendo. Na finura com que se exprime uma tal alienação psíquica, há uma dialética precursora da de Fernando Pessoa. (...) Outro aspeto que salta à vista nestas composições é um certo apego narcísico à dor, ou talvez melhor, uma vontade de viver a dor até ao fim, de a transcender, explorando-a".Sob o título Trovas de dous pastores, foi feita, em 1536, a primeira impressão de uma écloga (a de Silvestre e Amador). Em 1554, na oficina do hebreu emigrado Abraão Usque, em Ferrara, são editadas as suas obras. Mais tarde, em 1557, conheceu-se uma nova edição, em Évora, da Menina e Moça, a qual terá sido continuada por outro autor que lhe deu nova redação e acrescentou novos capítulos. Segundo o investigador Teixeira Rego, não é de recusar liminarmente a hipótese de que Bernardim Ribeiro fosse de origem hebraica. Na verdade, e ainda segundo o referido investigador, o estilo de queixume e lamentoso, mesmo algo bíblico, que encontramos nos primeiros capítulos da Menina e Moça, alguns termos utilizados pelo autor na obra referida, nomeadamente "transmatação" ou "transmigração" e algumas alusões a perseguições e cisões do povo hebraico, implícitas nas falas de uma personagem, podem ser indicadores positivos e atestantes desta hipótese. Por outro lado, e de acordo com a afirmação de Hélder Macedo, os textos benardinianos encerram "uma meditação mística pessimista... em torno do amor humano e da saudade". Analisando o seu conteúdo, podemos considerar que Menina e Moça tem um fundo autobiográfico e é, em certa medida, um "roman à clef", definições sugeridas pela recorrência de anagramas (palavras ou frases formadas com a transposição das letras de outras. Exemplo: "Natércia" é anagrama de "Caterina"), tal como Binmarder é de Bernardim, Aónia de Joana, Avalor de Álvaro, Arima de Maria e Donanfer de Fernando.

Notas

Ver também

Ligações externas

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