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Carlos de Valois-Angolema

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(Redirecionado de Carlos de Valois-Angoulême)
 Nota: Este artigo é sobre Carlos de Valois, Duque de Angolema. Para o terceiro filho do rei Francisco I da França, veja Carlos II, Duque de Orleães.
Carlos de Valois-Angolema
Carlos de Valois-Angolema
Retrato de Carlos de Valois, Duque de Angolema. Desenho de Daniel Dumonstier, mansão de Waddesdon, século XVII
Nascimento 8 de maio de 1573
Barraux
Morte 24 de setembro de 1650 (77 anos)
Paris
Cidadania França
Progenitores
Cônjuge Charlotte de Montmorency, Françoise de Narbonne
Filho(a)(s) Luís Emanuel de Angolema, Henri de Valois, Françoise de Valois
Irmão(ã)(s) Marie-Charlotte de Balzac d’Entragues, Catarina Henriqueta de Balzac d’Entragues, Maria Isabel da França
Ocupação diplomata, escritor
Prêmios
  • cavaleiro da Ordem do Espírito Santo
  • cavaleiro da Ordem de São Miguel
Título conde da Auvérnia

Carlos de Valois-Angolema (em francês: Charles d'Angoulême; Château du Fayet, Delfinado, 28 de abril de 1573 – Paris, 24 de setembro de 1650) foi um bastardo real francês, conde de Auvérnia, duque de Angolema e memorialista.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carlos de Valois era filho ilegítimo de Carlos IX e Maria Touchet. Nasceu no Château de Fayet no Delfinado em 1573. Seu pai, morrendo no ano seguinte, recomendou-o aos cuidados e proteção de seu irmão mais novo e sucessor, Henrique III, que cumpriu fielmente a missão.[1][2] Sua mãe então se casou com François de Balzac, marquês d'Entragues. Uma de suas filhas (meia-irmã de Carlos), chamada Catarina Henriqueta, depois tornou-se amante de Henrique IV.[3]

Carlos de Valois foi cuidadosamente educado e foi destinado aos Cavaleiros de Malta. Com a idade de dezesseis anos, alcançou uma das mais altas dignidades da ordem, sendo nomeado Grão-Prior da França. Pouco depois, herdou grandes propriedades deixadas por sua avó paterna Catarina de Médici, de uma das quais ele tomou o título de conde de Auvérnia.[3]

Estátua de Carlos de Valois-Angolema

Em 1589 Henrique III foi assassinado, mas no leito de morte, pediu ao seu sucessor, Henrique IV, que continuasse a cuidar de Carlos.[1] Carlos recebeu então, o posto de coronel da cavalaria, e serviu nas campanhas durante a primeira parte do reinado de Henrique IV. Mas a ligação afetiva entre o rei e Madame Verneuil parece ter sido muito desfavorável para Carlos, e em 1601 ele se envolveu na conspiração formada pelos Duques de Saboia, Biron e Bulhão, um dos objetivos era forçar Henrique a separar-se sua mulher e casar com a marquesa. A conspiração foi descoberta; Biron e Bulhão foram presos e Biron executado. Carlos foi solto após alguns meses na prisão, principalmente devido à influência de sua meia-irmã, de sua tia, a duquesa de Angolema e de seu sogro.[3]

Carlos então se envolveu em novas intrigas junto à corte de Filipe III da Espanha, agindo em conjunto com Madame de Verneuil e seu pai d'Entragues. Em 1604 d'Entragues e Carlos foram presos e condenados à morte; no mesmo período, a marquesa foi condenada à prisão perpétua em um convento. Ela facilmente obteve o perdão, e a sentença de morte contra os outros dois foi comutada para prisão perpétua. Carlos permaneceu na Bastilha por onze anos, de 1605 a 1616. Um decreto do parlamento (1606), obtido por Margarida de Valois, o privou de quase todos os seus bens, incluindo Auvérnia, embora ele ainda mantivesse o título. Em 1616 Carlos foi libertado, foi-lhe restabelecido o posto de coronel-general da cavalaria, e foi enviado para lutar contra um dos nobres descontentes, o duque de Longueville, que tomou Péronne. No ano seguinte, comandou as forças formadas na Ilha de França, e obteve alguns sucessos.[3]

Em 1619 recebeu por herança, ratificada em 1620 pela subvenção real, o ducado de Angolema. Logo depois foi designado para uma embaixada importante no Sacro Império Romano-Germânico, cujo resultado foi o Tratado de Ulm, assinado em julho de 1620. Em 1627, comandou as grandes forças montadas no cerco de La Rochelle; e alguns anos depois em 1635, durante a Guerra dos Trinta Anos, foi general do exército francês na Lorena. Em 1636 foi nomeado tenente-general do exército. Parece ter se retirado da vida pública logo após a morte de Richelieu em 1643.[3]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Sua primeira esposa morreu em 1636, e em 1644 se casou com Francisca de Narbonne, filha de Carlos, Barão de Mareuil. Ela não teve filhos e sobreviveu a seu marido até 1713. Angolema morreu em 24 de setembro de 1650. Com sua primeira esposa teve três filhos:

  • Henrique, que se tornou insano;
  • Luís Emanuel de Valois-Angolema, que sucedeu seu pai como duque de Angolema e foi coronel-general da cavalaria ligeira e governador da Provença; e
  • Francisco, que morreu em 1622.

Carlos também teve dois filhos ilegítimos, Antonio Carlos Luís e Carlos (avô de Cotilde de Valois). Sua neta Maria Francisca de Valois casou com Luís, Duque de Joyeuse.

Obras[editar | editar código-fonte]

O duque foi autor das seguintes obras:

  1. Mémoires, do assassinato de Henrique III até a batalha de Arques (1589-1593) publicado em Paris por Boneau, e reimpresso por Buchon em seu Choix de Chroniques (1836) e por Petitot em suas Mémoires (1ª série, vol. xliv.);[3]
  2. Les Harangues, prononcés en assemblée de MM. les princes protestants d'Allemagne, par Monseigneur le duc d' Angolema (1620);[3]
  3. uma tradução de uma obra espanhola de Diego de Torres.[3]

A ele também foi atribuída a obra, La générale et fidèle Rélation de tout ce qui s'est passé en l'isle de Ré, envoyée par le roi à la royne sa mère (Paris, 1627).

Notas

  1. a b Baynes 1878, p. 46.
  2. Taylor 1842, p. 296.
  3. a b c d e f g h Chisholm 1911, p. 41.

Referências

  •  Baynes, T.S., ed. (1878), «Charles de Valois, Duke of Angouleme», Encyclopædia Britannica, 2 9ª ed. , Nova Iorque: Charles Scribner's Sons, p. 46 
  • Bergin, Joseph (1996), The Making of the French Episcopate, 1589–1661, Yale University Press 
  • Davenport, Richard Alfred, The History of the Bastile and of its Principal Captives, Kessinger Publishing 
  • Taylor, William Cooke (1842), Romantic Biography of the Age of Elizabeth: Calvin and the Church of Geneva, London: Richard Bentley 

Atribuição

Ligações externas[editar | editar código-fonte]