Celso Pestana

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Celso Pestana
Celso Pestana
Nascimento 10 de abril de 1900
Ijuí
Morte 25 de abril de 1933 (33 anos)
Estrada Rio-Petrópolis
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Militar

Celso Pestana (Ijuí, 10 de abril de 1900Estrada Rio-Petrópolis, 25 de abril de 1933) foi um militar brasileiro.

Origens e formação[editar | editar código-fonte]

Filho do líder republicano Augusto Pestana e de Virgínia da Fontoura Trindade Pestana, nasceu na colônia de Ijuí, à época município de Cruz Alta, onde viveu até os treze anos de idade.[1] Era bisneto do líder farroupilha Antônio Vicente da Fontoura, negociador da Paz de Ponche Verde, e do cantor lírico italiano Gaetano Ricciolini, pioneiro da ópera na América do Sul.

Pestana ingressou na Escola Naval em 1919, onde se formou guarda-marinha em janeiro de 1922.[2]

Carreira na Marinha do Brasil[editar | editar código-fonte]

Celso Pestana foi promovido a segundo-tenente em setembro de 1922, a primeiro-tenente em março de 1925 e a capitão-tenente em julho de 1929. Entre outras funções, foi oficial no encouraçado "Floriano" e adjunto do Diretor-Geral do Arsenal da Marinha.[3] Assumiu a ajutância-de-ordens da Presidência da República em 19 de abril de 1933.[4]

Acidente na Estrada Rio-Petrópolis[editar | editar código-fonte]

Local do acidente na Estrada Rio-Petrópolis, em imagem da época.
O esquife do comandante Pestana é levado pelos Ministros da Guerra e da Marinha (Rio de Janeiro, 26 de abril de 1933).

Seis dias após a nomeação como ajudante-de-ordens do Presidente da República, Pestana acompanhou Getúlio Vargas em viagem a Petrópolis. Era sua primeira missão oficial. Na subida da serra, em meio a forte tempestade, um bloco de granito de mais de 80 quilos se desprendeu da serra por volta das 19h30 e caiu exatamente sobre o veículo presidencial, fulminando o comandante Pestana e ferindo gravemente Vargas e sua esposa, Darci.[5]

Em seu diário pessoal, o Presidente Vargas descreveu o acidente da seguinte forma (entrada de 30 de abril de 1933):

"De começo, chovia e ventava. Melhorou um pouco o tempo, subimos a serra, entramos na zona dos viadutos, passamos por um volumoso tronco de madeira, desviando-o. Recomeçou a chuva e o vento. Repentinamente, no seio da noite trevosa, um estrondo como de uma explosão. Senti um choque formidável sobre as pernas que me imobilizou. Parou o auto, verificamos a catástrofe: uma pedra rolara da montanha, atravessara a capota do auto e atingira em cheio o comandante Celso Pestana, que caiu fulminado, sem um gemido. Eu estava na ponta da esquerda e ele na minha frente, a Darci no meio e o menino à direita, não sendo atingido. Aguardamos a chegada do auto da polícia, foi retirada a pedra, e marchamos no próprio auto sinistrado para o Hospital São José. Foram 20 minutos de angústia. Eu, imobilizado num canto, tendo sobre as pernas o banco quebrado e o corpo do malogrado oficial. Darci, deitada sobre o banco, com a cabeça no meu ombro, ensangüentada, com a perna fraturada, gemia lamentosamente sob a pressão daquele duplo choque. Assim chegamos ao hospital."[6]

As investigações policiais feitas à época descartaram a hipótese de atentado, sobretudo pelas condições meteorológicas no momento da tragédia e pela dificuldade de acesso à região.[7] O local do acidente encontra-se próximo ao atual km 85 da pista de subida da BR-040, pouco antes do túnel Washington Luís (construído décadas mais tarde).

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Na breve biografia publicada pelo "Correio da Manhã" em 26 de abril de 1933, Celso Pestana é descrito como "oficial brilhante e distinto, muito conceituado na sua classe e considerado como um dos expoentes da sua turma, com inteligência, integridade de caráter e bondade".[8] O Presidente Getúlio Vargas o promoveu post-mortem a capitão-de-corveta.

É homenageado com o nome da praça Comandante Celso Pestana, na Gávea, Rio de Janeiro.

Referências

  1. ROCHA ALMEIDA, Antônio da. "Vultos da Pátria, volume 1". Porto Alegre, Editora do Globo, 1961.
  2. "Correio da Manhã", Rio de Janeiro, edição de 26 de abril de 1933, página 1.
  3. Almanak Laemmert
  4. "Correio da Manhã", Rio de Janeiro, edição de 27 de abril de 1933, página 1.
  5. LIRA NETO. "Getúlio, volume 2". São Paulo, Companhia das Letras, 2013.
  6. Diário de Getúlio Dornelles Vargas, disponível em http://cpdoc.fgv.br.
  7. LIRA NETO. Op. Cit.
  8. A cobertura completa dada pelo "Correio da Manhã" ao acidente é disponibilizada pela Biblioteca Nacional em http://memoria.bn.br/.