Chega de Fiu Fiu

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Chega de Fiu Fiu
Chega de Fiu Fiu
Tipo Sem fins lucrativos
Fundação 2013 (10–11 anos)
Sede Brasil
Fundador(a) Juliana de Faria
Sítio oficial chegadefiufiu.com.br

Chega de Fiu Fiu é uma campanha contra o assédio sexual em espaços públicos criada pela jornalista Juliana de Faria, fundadora do projeto feminista Think Olga, em 24 de julho de 2013.[1] A ação conta com o apoio da Open Knowledge Brasil[2] da ONU Mulheres[3] e da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.[4]

Histórico[editar | editar código-fonte]

O início da campanha foi marcado pela divulgação de ilustrações com mensagens de repúdio a esse tipo de violência. As imagens foram compartilhadas por centenas de pessoas nas redes sociais, gerando uma resposta positiva das leitoras, que acabaram compartilhando suas próprias histórias de assédio sexual.[5] Os depoimentos foram publicados na Think Olga.[6]

Em agosto de 2013, a jornalista Karin Hueck elaborou um estudo online para a Chega de Fiu Fiu com o intuito de averiguar de perto a opinião das mulheres em relação às cantadas de rua. Em apenas duas semanas, foram  quase 8 mil participantes[7] – e os números encontrados eram parte surpreendentes e parte esperados: 98% delas já haviam sofrido assédio, 83% não achavam legal, 90% já trocaram de roupa antes de sair de casa pensando onde iam por causa de assédio e 81% já haviam deixado de fazer algo (ir a algum lugar, passar na frente de uma obra, sair a pé) por esse motivo.[8]

No início de 2014, é lançado o Mapa Chega de Fiu Fiu, um espaço virtual dedicado a registrar relatos geolocalizados de violência contra a mulher em locais públicos.[9] Atualmente, são mais de 2 mil denúncias compartilhadas no mapa, espalhadas por todo o Brasil.

Em seguida, em parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, é criada uma cartilha sobre assédio sexual, lançada estrategicamente no dia 25 de novembro de 2014, Dia da Não Violência Contra a Mulher e início da campanha 16 Dias de Combate à Violência de Gênero. O material pode ser impresso livremente e distribuído gratuitamente.[10]

Em novembro de 2014, a Chega de Fiu Fiu fez uma campanha de financiamento coletivo para captar recursos para a criação de um documentário sobre assédio sexual e ampliar o debate sobre o tema.

Dirigido por Amanda Kamanchek e Fernanda Frazão e produzido por Brodagem Filmes, o filme será baseado nos dados da pesquisa e do mapa da campanha Chega de Fiu Fiu. Voluntárias ao redor do país vão caminhar pelas ruas de suas cidades utilizando um óculos especial equipado com uma câmera. A ideia é não apenas registrar os assédios que vivenciam, mas também questionar quem os pratica para entender suas motivações. A primeira meta do financiamento, de R$ 20 mil, foi batida em cerca de 19h após entrar no ar, e ficou entre as quatro campanhas mais populares da história do site Catarse.[11] Em 60 dias no ar, o financiamento coletivo alcançou quase 65 mil reais.[12]

Violência online[editar | editar código-fonte]

Logo após a pesquisa da Chega de Fiu Fiu ir ao ar, Juliana de Faria, criadora da campanha, foi vítima de violência online. Em uma semana, recebeu em torno de mil e-mails e comentários no blog com xingamentos e ameaças de estupro e de morte.[13] Em março de 2015, Juliana e a jornalista Amanda Luz deram a palestra Why Does The Internet Hate Women? (Por Que A Internet Odeia As Mulheres?), no festival SXSW, em Austin, Texas (EUA).[14][15]

TEDxSãoPaulo[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2015, Juliana apresentou a palestra Chega de Fiu Fiu! Cantada não é elogio! no TEDxSãoPaulo. O vídeo, disponível no YouTube, já tem mais de 40 mil visualizações.

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Por causa da Chega de Fiu Fiu, Juliana foi indicada como uma das 8 mulheres inspiradoras do mundo pela Clinton Foundation e a revista Cosmopolitan (US).[16]

Em maio de 2015, ela foi indicada ao Prêmio Claudia 2015, da revista Claudia, na categoria Trabalho Social.[17]

Primeiro Assédio[editar | editar código-fonte]

No lançamento do reality show MasterChef Júnior, uma das participantes, de 12 anos, foi alvo de mensagens de cunho sexual no Twitter. Motivada pelo caso, a campanha Chega de Fiu Fiu lançou a hashtag #primeiroassedio, em que convidava as mulheres a compartilhar suas primeiras experiências com violência sexual.[18] Foram mais de 65 mil tweets em três dias.[19] Uma análise de 3 mil tweets contendo a hashtag #primeiroassedio mostrou que mulheres sofrem primeiro assédio entre 9 e 10 anos.[20] Personalidades como a cantora Karina Buhr e Luciana Genro colaboraram com a hashtag. A atriz Letícia Sabatella dividiu no Facebook um relato sobre sua experiência também.[21]

Referências

  1. «Campanha chega de fiu-fiu - Saia Justa - GNT». gnt.globo.com. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  2. Everton Zanella Alvarenga (25 de outubro de 2015). «Como podemos usar a tecnologia para diminuir o assédio sexual e a violência contra as mulheres?». Open Knowledge Brasil. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  3. Giuliana Bergamo (29 de maio de 2015). «Prêmio Claudia 2015: Conheça as candidatas de todas as categorias». Revista Claudia. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  4. Juliana de Faria, Luise Bello, Maíra Liguori (16 de novembro de 2014). «Folder sobre Assédio Sexual da Defensoria Pública do Estado de São Paulo» (PDF). Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  5. TEDxSãoPaulo - Chega de Fiu Fiu! Cantada não é elogio!
  6. «Depoimentos». Think Olga. Agosto de 2013. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  7. «Masculinidade Sufocada?». Jornal O Estado de S. Paulo. 14 de dezembro de 2013. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  8. «Elogio ou Assédio: Campanha Chega de Fiu Fiu Pede O Fim das Cantadas». TV Record. 3 de outubro de 2013. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  9. Nisha Lilia Diu (16 de abril de 2015). «Everyday Sexism: Meet The Brazilian Woman Mapping Street Harassment». The Telegraph. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  10. «Folder Chega de Fiu Fiu» (PDF). Defensoria Pública do Estado de SP 
  11. Andréa Martinelli (10 de dezembro de 2014). «'Chega de Fiu Fiu': arrecadação para documentário chega a R$ 50 mil e você ainda pode colaborar». Brasil Post. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  12. «Documentário Chega de Fiu Fiu». Catarse. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  13. Fernanda Perrin e Gabriela Perenzi (24 de fevereiro de 2015). «Mulheres sofrem ameaças de estupro ao defender feminismo na internet». Jornal Folha de S. Paulo. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  14. «A Tough Year For Women Online». Austin Chronicle. 13 de março de 2015. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  15. «Why Does The Internet Hate Women?». SXSW. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  16. «8 Incredible Women Who Will Inspire You to Break the Rules». Revista Cosmopolitan US. Dezembro de 2014. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  17. Giuliana Bergamo (29 de maio de 2015). «Prêmio Claudia 2015: Conheça as candidatas de todas as categorias». Revista Claudia. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  18. «#PrimeiroAssédio: Mulheres contam a primeira vez em que sofreram assédio». Brasil Post. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  19. País, Ediciones El (23 de outubro de 2015). «O dia em que relatos do primeiro assédio tomaram conta do Twitter». EL PAÍS. plus.google.com/+elpais. Consultado em 31 de outubro de 2015 
  20. «Campanha constata que mulheres sofrem primeiro assédio entre 9 e 10 anos». Jornal Folha de S. Paulo 
  21. «Letícia Sabatella entra em campanha e revela primeiro assédio aos 12 anos - Brasil - O Dia». O Dia. Consultado em 31 de outubro de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]