Comitê Nacional do Reagrupamento para o Desenvolvimento

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Apoiadores da junta militar em frente ao seu quartel-general no dia a seguir ao golpe de Estado.

Comitê Nacional do Reagrupamento para o Desenvolvimento (em francês: Comité national du rassemblement pour le développement, CNRD)[1], ou também Comitê Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento[2] (em francês: Comité national du rassemblement et du développement) é a junta militar governante da Guiné proclamada após o golpe de Estado de 5 de setembro de 2021.

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

Após muitos meses de violentos protestos populares causados ​​pelo descontentamento com a crise econômica que grassava no país há muitos anos, mal administrada pelo governo e agravada pela pandemia COVID-19 também mal gerida, a Guiné estava à mercê de um período de forte instabilidade política e institucional. A causa que, no entanto, desencadeou com maior força os protestos, foi a confirmação, na sequência de um referendo (acusado pela oposição de ser fraudulento), para a alteração dos limites de mandatos presidenciais, o que permitiria ao presidente cessante Alpha Condé (no cargo desde 2010) disputar um terceiro mandato. Assim, aproveitando-se da turbulência politica, em 5 de setembro de 2021 o coronel guineense e chefe das forças especiais, bem como ex-legionário francês, Mamady Doumbouya, tomou o poder com um golpe de Estado.[3][4][5]

Formação[editar | editar código-fonte]

Um grupo de militares, que se autodenomina “Comitê Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento”, tomou o poder em Conakry em um golpe de Estado em 5 de setembro de 2021,[6] e deteve o presidente Alpha Condé.[7]

O Tenente-Coronel Mamady Doumbouya, líder golpista, foi nomeado chefe do Comitê. Em seu discurso ao povo pela televisão, afirmou que as novas autoridades estão empenhadas em acabar com o "desperdício financeiro, pobreza e corrupção endémica", bem como "a instrumentalização da justiça e o desprezo dos direitos dos cidadãos".[8]

O coronel Mamady Doumbouya, proclama que os militares vão liderar o país por um período de transição de dezoito meses.[9]

Entre outras coisas, os militares também anunciaram a dissolução do governo e das instituições, a substituição de prefeitos e ministros por militares, a suspensão da Constituição, o fechamento das fronteiras aéreas e terrestres e um toque de recolher em todo território nacional.[10][11]

Em 17 de setembro, a junta militar designou o presidente da República.[12] Em 27 de setembro foi publicada a carta de transição que torna Doumbouya o presidente transitório e prevê a nomeação de um Conselho Nacional de Transição - que atuará como Parlamento e terá que redigir a próxima Constituição - e um primeiro-ministro civil. Além disso, Doumbouya e os outros membros da junta não serão elegíveis para as próximas eleições.[13][14] Ele foi empossado em 1 de outubro no Palácio Mohammed V perante a Suprema Corte, que detinha as prerrogativas do Tribunal Constitucional dissolvido.[15][16]

Membros[editar | editar código-fonte]

  • Presidente: Mamady Doumbouya;
  • Ministro Secretário-Geral da Presidência da República: Amara Camara;
  • Chefe do Estado Maior do Exército Guineense: Coronel Sadiba Koulibaly;[17]
  • Alto Comandante da Gendarmaria Nacional: Coronel Balla Samoura;
  • Porta-voz: Coronel Aminata Diallo;[18]
  • Outros membros: Coronel Mohamed Sylla, Aboubacar Sidiki Camara.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Guiné-Conakry rejeita nomeação de enviado Especial da CEDEAO». panapress.com. 10 Novembro 2021. Cópia arquivada em 20 de janeiro de 2022 
  2. «Guiné-Conacri: Golpistas intimam ex-governantes para um encontro». Deutsche Welle. 6 de setembro de 2021 
  3. «Golpe in Guinea. Arrestato il presidente e chiuse le frontiere» (em italiano). vaticannews.va. 
  4. «Entenda por que o golpe na Guiné reafirma o retorno dos militares à política na África». Brasil de Fato. 23 de Setembro de 2021 
  5. «Golpe de Estado na República da Guiné». Jornal de Angola. 6 de setembro de 2021 
  6. «Alpha Condé renversé, la Guinée est gérée par le "Comité national de rassemblement et du développement"». VOA Afrique .
  7. «Guinée: Alpha Condé, la fin brutale d'une carrière politique mouvementée». Radio France internationale. 6 de setembro de 2021 .
  8. «GOLPISTAS GUINEENSES TENTAM TRANQUILIZAR CIDADÃOS E INVESTIDORES». Angop. 6 Setembro de 2021 
  9. Emmanuel Akinwotu (6 de setembro de 2021). «Guinean soldiers claim to have seized power in coup attempt». The Guardian (em inglês) .
  10. Agence France-Presse (5 de setembro de 2021). «Guinée : des putschistes affirment avoir capturé le président Condé». Mediapart .
  11. «Militares dão golpe de Estado e depõem presidente na Guiné». TV Cultura. 6 de setembro de 2021 
  12. «Guinée: la junte s'affirme face aux exigences des Etats d'Afrique de l'Ouest». TV5MONDE. 18 de setembro de 2021 .
  13. «En Guinée, la junte dévoile une « charte de la transition » sans en fixer la durée». Le Monde.fr. Le Monde. 28 de setembro de 2021. ISSN 1950-6244 .
  14. «Espoir. En Guinée, la charte de transition rassure quant aux intentions des putschistes». Courrier international. 28 de setembro de 2021 .
  15. «Guinée-Le colonel Mamadi Doumbouya prête serment vendredi devant la Cour suprême - Guinee114» (em francês). 29 de setembro de 2021 
  16. «Guinée : le colonel Mamady Doumbouya prête serment comme président de transition». France 24. FRANCE24. 1 de outubro de 2021 .
  17. «Le colonel Sadiba Koulibaly nommé chef d'état-major général des armées». Mediaguinee.org (em francês). 12 de outubro de 2021 
  18. «"Alpha Condé est et demeurera en Guinée"» (em francês). Deutsche Welle. 18 de setembro de 2021