Lourenço Vicente

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Lourenço Vicente
Lourenço Vicente
Morte 1397
Sepultamento Sé de Braga
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação arcebispo
Religião Igreja Católica

Lourenço Vicente (Lourinhã, data deconhecida - Braga, 1397) foi um arcebispo de Braga, Primaz das Espanhas e defensor de D. João I.

Biografia[editar | editar código-fonte]

D. Lourenço Vicente em Lourinhã

Tendo saído da Lourinhã, só se tem notícias dele na década de 1330, frequentando as universidades de Montpellier, Toulouse, Paris e Bolonha.

Em 1372, D. Lourenço foi bacharel em Leis e cónego da Sé de Lisboa. Nesse mesmo ano foi nomeado Desembargador e Vedor da Fazenda de D. Fernando.

Em 1373, e por empenhamento do rei, foi eleito arcebispo de Braga Primaz das Espanhas, pelo Papa Gregório XI,[1] sendo sagrado em Avinhão no ano seguinte.

Politicamente, depois da morte de D. Fernando, de quem mereceu sempre a total confiança sendo um dos seus conselheiros, foi um dos acérrimos defensores de D. João I na crise de 1383-1385, tendo pronunciado o discurso inaugural de aclamação do Mestre de Avis como Rei de Portugal, em 1385, nas Cortes de Coimbra. Também conselheiro do Rei foi referido pelo próprio, juntamente com D. Nuno Álvares Pereira como "O Arcebispo e o Condestável são os meus dois olhos".

Militarmente, participou na batalha de Aljubarrota onde foi ferido,[1] ficando para sempre com cicatrizes no rosto ["(...) as ribeiradas de sangre do meu gilvas(...)"] e também na tomada de Guimarães.

Em 26 de agosto de 1385, pouco depois de Aljubarrota, escreveu ao Abade do mosteiro de Alcobaça uma carta em que dá conta da situação militar em Portugal, nos seguintes termos:

"Ontem tive letra e mensagem do Condestável que me fazia saber que el-rei de Castela estivera em Santarém e andava como desvairado, maldizendo a sua vida e jurando pelas barbas (...) Também ouvi outro dia que ele se ia embarcar na frota que jazia sobre Lisboa, por não levar caminho de terra; se ora os ventos lhe fizessem por água o que cá lhe fizeram por terra, de bom fadário nos livrariam (...) João Vaz de Almada e Antão Vasques, seu irmão, estiveram aqui Domingo juntamente com Mem Rodrigues [de Vasconcelos] foram para Lisboa a ver a melhor maneira de estorvar os castelhanos que estão na frota..."[2]

O Rei D. João I o fez também senhor e alcaide-mor da Lourinhã (respectivamente, em 10.10.1384 e 07.02.1385).[3]

No casamento de D. João com D. Filipa de Lencastre, em 02.02.1397, acompanhou a noiva[1] e abençoou o tálamo real.

Pacificada a Nação, regressou a Braga tendo-se dedicado ao seu arcebispado até à data sua morte, em 1397.

Foi durante o seu episcopado que, a pedido de D. João I, se reajustaram as fronteiras políticas e religiosas nacionais, ficando a arquidiocese de Braga com as dioceses do Porto, Viseu e Coimbra como sufragâneas.[1]

Na Lourinhã, sua terra natal, mandou edificar a Igreja de Santa Maria onde, supostamente, estariam sepultados os corpos de sua mãe e de sua avó. Teria sido também sob a sua influência que surgiu na Lourinhã a leprosaria de Santo André.

Descendência[editar | editar código-fonte]

Segundo o genealogista e escritor Felgueiras Gaio, D. Lourenço Vicente teve um filho bastardo, chamado Vasco Lourenço, que casou com Maria Anes da Veiga, deixando descendência nos condes de Castelo Melhor e nos senhores da Casa da Torre das Pedras,[4][5] em Paredes da Beira.[6]

Por outro lado, o escritor e genealogista Manuel Abranches de Soveral refere que o arcebispo de Braga teve uma irmã, chamada Teresa Rodrigues, que da sua ligação com Fernão Gonçalves de Meira - senhor de juro e herdade de Viana, da Nóbrega, e de Ribeira de Soaz (em 1369) e alcaide-mor de Torres Vedras por D. Fernando I - teve uma filha, Mécia de Meira, casada com Nuno Gonçalves de Ataíde, com descendência.[7]


Precedido por
Martinho de Zamora
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo Primaz de Braga

1374 - 1397
Sucedido por
Martinho Afonso Pires de Miranda

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Torres, Amadeu (1998). «O TRECENTISMO LINGUISTICO NO TESTAMENTO DE D. LOURENÇO VICENTE» (PDF). HVMANITAS: 477. Consultado em 9 de outubro de 2021 
  2. Fonseca, Henrique Salles da (15 de novembro de 2013). «D. LANÇAROTE VICENTE DA LOURINHû. "A bem da nação". Consultado em 9 de outubro de 2021 
  3. «Manuel Abranches de Soveral - Argollo, uma família brasileira de 1500. Subsídios para a sua genealogia (...) e para a dos Góis». www.academia.edu. p. 4.2.2.1. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  4. «Monumentos. Casa de Azevedo / Casa da Torre das Pedras». www.monumentos.gov.pt. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  5. «DGPC | Casa de Azevedo e capela/Casa da Torre das Pedras». www.patrimoniocultural.gov.pt. Consultado em 27 de outubro de 2021 
  6. Gaio, Felgueiras. «Biblioteca Nacional Digital - Nobiliário de Famílias de Portugal, Tomo XXVIII ("Veigas")». purl.pt. p. 234. Consultado em 9 de outubro de 2021 
  7. Abranches de Soveral, op. cit., p. 4.2.2.1