Egon Schaden
Egon Schaden | |
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Nascimento | 4 de junho de 1913 São Bonifácio |
Morte | 16 de setembro de 1991 (78 anos) São Paulo |
Cidadania | Brasil |
Progenitores | |
Alma mater | |
Ocupação | esperantista, professor(a) universitário(a), antropólogo |
Empregador | Universidade de São Paulo |
Egon Schaden (São Bonifácio, 4 de julho de 1913 — São Paulo, 16 de setembro 1991) foi um antropólogo brasileiro, neto de alemães. Filho de Francisco Schaden.
Educação[editar | editar código-fonte]
Em 1935, matriculou-se no curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL-USP), onde se bacharelou em 1937. Nesses anos, foi colega, entre outros, de Gilda de Mello e Souza e Gioconda Mussolini.
Carreira[editar | editar código-fonte]
Entre 1938 e 1940, Schaden residiu em Santa Catarina, seu estado natal, dedicando-se ao magistério, no ensino médio, e às suas primeiras pesquisas entre populações indígenas de Santa Catarina, além de redigir e publicar a tradução brasileira de Durch Central Brasilien, de Karl von den Steinen.
Em 1941 foi chamado por Emilio Willems para ser seu primeiro assistente na recém-criada cadeira de Antropologia da FFLCH-USP. Quando, em 1949, Willems se transferiu para os Estados Unidos, Schaden assumiu o seu lugar como professor catedrático de Antropologia. Nessa condição, criou, em junho de 1953, a Revista de Antropologia. Os recursos disponíveis eram tão poucos e o seu grau de envolvimento era tanto que pagava o papel para a revista de seu próprio bolso e levava pessoalmente os números da revista para o correio. Além disso, asssumia para si as funções de editor e copidesque, revisando não apenas a gramática, mas o estilo e a qualidade acadêmica dos textos. Isto era necessário, uma vez que, na revista, eram publicados textos descritivos de missionários, que talvez não tivessem maior conhecimento teórico de antropologia, mas que tinham a importância da descrição.[1] Nas palavras de João Baptista Borges Pereira:
"O fundador da cadeira de Antropologia na USP foi o alemão Emilio Willems, que era um grande antropólogo e já tinha feito doutorado em Berlim. Ele chegou aqui na USP a convite do Dr. Fernando de Azevedo e criou a disciplina Antropologia em 1936, mas não conseguiu desenvolvê-la muito bem, até porque a disciplina estava dividida entre duas cadeiras: antropologia e etnografia do Brasil e língua tupi. Plínio Ayrosa chefiava a etnografia e também fazia parte do conselho da Revista [de Antropologia]. Havia essa situação meio esdrúxula de se trabalhar com etnografia, e que só desapareceu quando Plínio Ayrosa se aposentou e, então, Schaden conseguiu politicamente juntar as duas cadeiras e trazer, até mesmo, o Museu Plínio Ayrosa para cá. O acervo do Museu ficou durante muitos anos aqui no Departamento, mas depois acabou sendo transferido para o Museu de Arqueologia e Etnologia, o MAE."[1]
Aluno de Claude Lévi-Strauss e mestre da primeira geração de antropólogos da USP (formada por Eunice Ribeiro Durham, Ruth Cardoso, João Baptista Borges Pereira, entre outros), Egon Schaden é considerado um dos pais da antropologia no Brasil por ter ajudado a criar esta cadeira na Universidade de São Paulo. Discutindo questões de imigração e conflitos indígenas, ele foi reconhecido no meio científico brasileiro e no exterior, viajando pelo mundo como professor visitante.[2] Schaden viveu vários anos entre os índios. Seus trabalhos sobre as línguas tupi-guaranis são até hoje citados.[3]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Aculturação e assimilação dos índios do Brasil (Schaden 1967)
- Aculturação e messianismo entre índios brasileiros (Schaden 1972)
- Aculturação indígena (Schaden 1969)
- A erva do diabo (Schaden 1948)
- A Etnologia no Brasil (Schaden 1980)
- A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil (Schaden 1988)
- A obra científica de Koch-Grünberg (Schaden 1953)
- A obra científica de Paul Ehrenreich (Schaden 1964)
- A origem dos homens, o dilúvio e outras histórias kaingáng (Schaden 1950)
- A origem dos homens, o dilúvio e outros mitos Kaingáng (Schaden 1953)
- A origem e a posse do fogo na mitologia guaraní (Schaden 1955)
- Apontamentos sobre os Guarani (Nimuendajú 2013)
- Apresentação à 2.ª edição dos "Ensaios de etnologia brasileira", de Herbert Baldus (Schaden 1979)
- A religião Guaraní e o cristianismo: contribuição ao estudo de um processo histórico de comunicação intercultural (Schaden 1982)
- As culturas indígenas e a civilização (Schaden 1955)
- Aspectos fundamentais da cultura guaraní (Schaden 1974)
- Ayvu Rapyta (Cadogan 1959): "Nota Preliminar" de Egon Schaden
- Bibliografia do p. Wilhelm Schmidt, SVD (Schaden 1943)
- Caracteres específicos da cultura Mbüá-Guaraní: subsídios e sugestões para um estudo (Schaden 1963)
- Contribuições para a etnologia do Brasil (Ehrenreich 1948)
- Desenho e arte ornamental dos índios brasileiros (Schaden 1958)
- Desenhos de índios Kayová-Guaraní (Schaden 1963)
- Documentação cinematográfica das culturas indígenas brasileiras (Schaden 1979)
- Duas palavras de apresentação (Schaden 1979)
- Educação indígena (Schaden 1976)
- Entre os aborígenes do Brasil Central (Steinen 1940)
- Estudos de aculturação indígena (Schaden 1963)
- Fragmentos da mitologia kayuá (Schaden 1947)
- Karl von den Steinen e a exploração científica do Brasil (Schaden 1956)
- Mitos e Contos dos Ngúd-Krág (Schaden 1947)
- Notas sôbre a vida e a obra de Curt Nimuendajú (Schaden 1967)
- Notas sôbre a vida e a obra de Curt Nimuendajú (Schaden 1968)
- Notas sôbre etnocentrismo (Schaden 1946)
- Observações de Wilhelm Christian Gotthelf von Feldner entre os Maxakarí na primeira metade do século XIX (Becher 1961)
- O estudo do índio brasileiro — ontem e hoje (Schaden 1952)
- O estudo do índio brasileiro ― ontem e hoje (Schaden 1972)
- O Guarani: uma bibliografia etnológica (Melià, Saul & Muraro 1987)
- O índio brasileiro: imagem e realidade (Schaden 1977)
- O índio e sua imagem do mundo (subsídios para um estudo de antropologia simbólica) (Schaden 1978)
- On sambaqui skulls (Willems & Schaden 1951)
- O problema indígena (Schaden 1960)
- Os índios a partir de João Mendes Júnior (Schaden 1975)
- Os primitivos habitantes do território paulista (Schaden 1954)
- Pequena Grammatica Allemã (Schaden 1937)
- Pioneiros alemães da exploração etnológica do Alto Xingu (Schaden 1990)
- Problemas fundamentais e estado atual das pesquisas sobre os índios do Brasil (Schaden 2013)
- Recentes contribuições à Antropologia brasileira (Schaden 1950)
- Relações intertribais e estratificação social entre índios sulamericanos (Schaden 1948)
- Resenha de "Der grösste Indianerforscher aller Zeiten" [Cappeller 1962] (Schaden 1964)
- Sugestões para pesquisas etnográficas entre os índios do Brasil (Nimuendajú 1946)
Artigos sobre Schaden[editar | editar código-fonte]
- Faria, Luiz de Castro. 1993. Egon Schaden (1913-1991). Anuário Antropológico, 91, p. 241-255. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
- Laraia, Roque de Barros. 2013. A etnologia de Egon Schaden. Revista de Antropologia, v. 56, nº 1, p. 427-439.
- Martins, Pedro & Tânia Welter. 2013. Egon Schaden, um alemão catarinense. Revista de Antropologia, v. 56, nº 1, p. 441-468.
- Melià, Bartomeu. 1992. Egon Schaden: um nome na etnologia guarani. Revista USP, n. 13, p. 74-77.
- Pereira, João Baptista Borges. 1994. Emilio Willems e Egon Schaden na história da Antropologia. Estudos Avançados, 8(22), p. 249-253.
- Pereira, João Baptista Borges. 2013. Egon Schaden: a pessoa e o acadêmico. Revista de Antropologia, v. 56, nº 1, 469-482.
- Welter, Tânia & Pedro Martins. 2013. Atualidade da obra de Egon Schaden no centenário de seu Nascimento. Plural, v. 20, n. 2, 173-176.
Referências
- ↑ a b «Pessoa e instituição – entrevista com João Baptista Borges Pereira». www.scielo.br. Por Stélio Marras. Revista de Antropologia vol. 46 nº 2. São Paulo. 2003 ISSN 0034-7701
- ↑ «Seminário de Cem Anos do antropólogo Egon Schaden». noticias.ufsc.br. Notícias da UFSC, 8 de abril de 2013
- ↑ «Egon Schaden». scholar.google.com.br no Google Scholar.