Hans Staden: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 74: Linha 74:
*[[Hans Staden (filme)]]
*[[Hans Staden (filme)]]
{{commonscat|Hans Staden}}
{{commonscat|Hans Staden}}

==Ligações externas==

* [http://purl.pt/151/1/index.html ''Viagem ao Brasil'' de '''''Hans Staden''''' na ''Biblioteca Nacional Digital'']


{{esboço-biografia}}
{{esboço-biografia}}

Revisão das 05h30min de 28 de dezembro de 2007

 Nota: Se procura filme com esse nome, veja Hans Staden (filme).


Hans Staden
Hans Staden
Retrato de Hans Staden feito por H. J. Winkelmann, em 1664.
Nascimento 1525
Suíça Homberg
Morte 1579
Alemanha Wolfhagen
Nacionalidade Alemão
Ocupação Marinheiro, aventureiro e mercenário

Hans Staden (Homberg, c. 1525Wolfhagen, c. 1579) foi um aventureiro mercenário alemão.

Por duas vezes Staden passou pela América Portuguesa no início do século XVI, onde teve oportunidade de participar de combates na Capitania de Pernambuco e na Capitania de São Vicente, contra corsários franceses e seus aliados indígenas.

A primeira viagem ao Brasil

Hans Staden (de barba, no centro, ao fundo) observa indígenas no Brasil praticando antropofagia.

Partindo de Bremen (atual Alemanha), depois de passar pelos Países Baixos e por Portugal, Hans Staden chegou à Capitania de Pernambuco em 28 de Janeiro de 1548. A sua embarcação dirigia-se à América Portuguesa para carregar pau-brasil ("Caesalpinia echinata", mas também deveria combater quaisquer navios franceses a negociar com os nativos e transportar degredados remetidos para povoar a colônia.

O governador de Pernambuco,Duarte da Costa, que enfrentava uma revolta indígena na ocasião, pediu ajuda aos recém-chegados. Hans Staden e os demais rumaram para Igaraçú, próxima a Olinda, em um navio para auxiliar na luta. Igaraçú era então defendida por aproximadamente cento e vinte pessoas às quais se uniram os cerca de quarenta recém-chegados, incluindo Hans Staden. Enfrentaram oito mil indígenas. Depois de uma renhida luta, de um cerco prolongado no qual vieram a faltar provisões, os defensores conseguiram vencer os indígenas.

Dias depois enfrentaram um navio francês e logo depois retornaram à Europa, aportando a Lisboa no dia 8 de Outubro.

A segunda viagem ao Brasil

Tupinambás em gravura do século XVI.

Em sua segunda viagem, Staden partiu de Castela rumo ao Novo Mundo, alcançando o Brasil a 24 de Novembro.

Depois de violentos enfrentamentos com indígenas e passar por fortes tempestades, o seu navio naufragou próximo a São Vicente. Ele e seus companheiros sobreviveram e Staden foi contratado como artilheiro pelos colonos portugueses para o Forte de São Filipe da Bertioga.

Enquanto caçava sózinho, Staden foi feito prisioneiro por uma tribo Tupinambá que conduziu-o a Ubatuba. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois os tupiniquins aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, não tendo escolha lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas estes vendo que a luta era inútil logo desistiram.

Era tratado como um "animal de estimação" pelos Tupinambás, tendo inclusive, mudado de "dono".

Pediu ajuda a um navio português e a outro francês. Ambos recusaram-se a ajudá-lo por não desejarem entrar em conflito com os índios. Foi, enfim, resgatado pelo navio corsário francês Catherine de Vetteville, comandado por Guillaume Moner depois de sete anos aprisionado.

Obra

De volta à Europa, redigiu um relato sobre as peripécias de suas viagens e aventuras no Novo Mundo, uma das primeiras descrições para o grande público acerca dos costumes dos indígenas sul-americanos. O livro é intitulado "Warhaftige Historia und Beschreibung eyner Landtschafft der wilden, nacketen, grimmigen Menschfresser Leuthen in der Newenwelt America gelegen" e foi publicado em Marburgo, Alemanha, por Andres Colben em 1557. Chama-se comumente "Duas viagens ao Brasil".

Conheceu sucessivas edições, constituindo-se num sucesso editorial devido às suas ilustrações, descrições de rituais antropofágicos, animais, plantas e costumes exóticos.

"A sua influência no meio culto da época ajudou a criar, no imaginário europeu quinhentista, a idéia da terra brasílica como o país dos canibais, devido às ilustrações com cenas de antropofagia." ("Brasiliana da Biblioteca Nacional", de 2001).

Para o estudioso, a obra contém informações de interesse antropológico, sociológico, linguístico e cultural sobre a vida, os costumes e as crenças dos indígenas do litoral brasileiro na primeira metade do século XVI.

Trechos de Duas viagens ao Brasil

A partida para o novo mundo

Um dos animais exóticos que Staden avistou no Brasil: o tatu.
"Eu, Hans Staden de Homberg-em-Hessen, resolvi visitar a Índia. Saí de Bremem para a Holanda e achei em Campon, navios que pretendiam tomar carga de sal em Portugal. Embarquei e a 29 de Abril de 1547 chegávamos a Setúbal."

Costumes indígenas

"Formaram um círculo ao redor de mim, ficando eu no centro com duas mulheres, amarraram-me numa perna um chocalho e na nuca penas de pássaros. Depois começaram as mulheres a cantar e, conforme um som dado, tinha eu de bater no chão o pé onde estavam atados os chocalhos.
As mulheres fazem bebidas. Tomam as raízes de mandioca, que deixam ferver em grandes potes. Quando bem fervidas tiram-nas (...) e deixam esfriar (...) Então as moças assentam-se ao pé, e mastigam as raízes, e o que fica mastigado é posto numa vasilha à parte.
Acreditam na imortalidade da alma(...)."

A antropofagia

Cena de canibalismo.
"Voltando da guerra, trouxeram prisioneiros. Levaram-nos para sua cabana: mas a muitos feridos desembarcaram e os mataram logo, cortarm-nos em pedaços e assaram a carne (...) Um era português (...) O outro chamava-se Hyeronimus; este foi assado de noite."

  • STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1974. 218 p. il.

Ver também

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Hans Staden

Ligações externas

Ícone de esboço Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.