Púrpura tíria: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Tyrian-Purple-from-xtal-3D-vdW.png|thumb|right|200px|Modelo do 6,6′-dibromoindigo, com base na [[estrutura cristalina]].]]
[[Image:Tyrian-Purple-from-xtal-3D-vdW.png|thumb|right|200px|A [[space-filling model]] of 6,6′-dibromoindigo, based on the [[crystal structure]]]]


A '''púrpura tíria''' (também '''púrpura de [[Tiro (Líbano)|Tiro]]''' ou '''púrpura-de-Tiro'''; em [[Língua grega|grego]]: πορφύρα, ''porphyra''; em [[latim]]: ''purpura'') é uma [[tinta natural]] de coloração vermelho-púrpura, extraída de [[caramujos marinhos]], e que provavelmente foi produzida pela primeira vez pelos antigos [[fenícios]]. Esta [[tinta]] tinha grande valor na [[Antiguidade]] por não desbotar - ao contrário, ela se torna gradualmente mais brilhante e intensa com a exposição ao tempo e à luz do sol.
A '''púrpura tíria''' (também '''púrpura de [[Tiro (Líbano)|Tiro]]''' ou '''púrpura-de-Tiro'''; em [[Língua grega|grego]]: πορφύρα, ''porphyra''; em [[latim]]: ''purpura'') é uma [[tinta natural]] de coloração vermelho-púrpura, extraída de [[caramujos marinhos]], e que provavelmente foi produzida pela primeira vez pelos antigos [[fenícios]]. Esta [[tinta]] tinha grande valor na [[Antiguidade]] por não desbotar - ao contrário, ela se torna gradualmente mais brilhante e intensa com a exposição ao tempo e à luz do sol.
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A púrpura tíria era cara; segundo o historiador [[Teopompo]], do século IV a.C., "''a púrpura para as tintas valia o seu peso em [[prata]] em [[Cólofon]]''", na [[Ásia Menor]].<ref>Teopompo, citado por [[Ateneu]] (12:526), por volta de [[200 a.C.]]; citado em Gulick, Charles Barton 1941. ''Athenaeus, The Deipnosophists.'' Cambridge: Harvard University Press.</ref> Estes custos transformavam os produtos têxteis que utilizavam a púrpura tíria em [[simbolo de status|símbolos de status]], e as antigas [[Lei suntuária|leis suntuárias]] ditavam e até probiram o seu uso. A produção dos animais que forneciam a tinta era controlada com rigor durante o [[Império Bizantino]], e subsidiada pela corte imperial, que restringia seu uso para a pintura das [[Seda bizantina|sedas imperiais]];<ref>Jacoby, David. "Silk in Western Byzantium before the Fourth Crusade" in ''Trade, Commodities, and Shipping in the Medieval Mediterranean'' (1997) pp. 455f e notas 17-19.</ref> o filho de um imperador no poder era chamado de [[porfirogênito]] (''porphyrogenitos'', "nascido na púrpura"), tanto referindo-se à [[Pórfira]], o pavilhão do [[Grande Palácio de Constantinopla]] revestido de [[pórfiro]] onde os herdeiros do trono nasciam, quanto à púrpura que futuramente trajariam.
A púrpura tíria era cara; segundo o historiador [[Teopompo]], do século IV a.C., "''a púrpura para as tintas valia o seu peso em [[prata]] em [[Cólofon]]''", na [[Ásia Menor]].<ref>Teopompo, citado por [[Ateneu]] (12:526), por volta de [[200 a.C.]]; citado em Gulick, Charles Barton 1941. ''Athenaeus, The Deipnosophists.'' Cambridge: Harvard University Press.</ref> Estes custos transformavam os produtos têxteis que utilizavam a púrpura tíria em [[simbolo de status|símbolos de status]], e as antigas [[Lei suntuária|leis suntuárias]] ditavam e até probiram o seu uso. A produção dos animais que forneciam a tinta era controlada com rigor durante o [[Império Bizantino]], e subsidiada pela corte imperial, que restringia seu uso para a pintura das [[Seda bizantina|sedas imperiais]];<ref>Jacoby, David. "Silk in Western Byzantium before the Fourth Crusade" in ''Trade, Commodities, and Shipping in the Medieval Mediterranean'' (1997) pp. 455f e notas 17-19.</ref> o filho de um imperador no poder era chamado de [[porfirogênito]] (''porphyrogenitos'', "nascido na púrpura"), tanto referindo-se à [[Pórfira]], o pavilhão do [[Grande Palácio de Constantinopla]] revestido de [[pórfiro]] onde os herdeiros do trono nasciam, quanto à púrpura que futuramente trajariam.


A substância consiste de uma secreção [[muco]]sa da [[glândula]] [[hipobranquial]] de um dos diversos [[caramujo marítimo|caramjujos marítimos]] encontrados no [[Mediterrâneo Oriental]], o [[gastrópode]] [[mar]]inho ''[[Murex brandaris]]'', o ''murex'' espinhoso ''[[Bolinus brandaris]]'' (Linnaeus, 1758)), o ''murex'' listrado ''[[Hexaplex trunculus]]'', e o ''[[Stramonita haemastoma]]''.<ref>Ziderman, I.I., 1986. ''Purple dye made from shellfish in antiquity''. ''Review of Progress in Coloration'', 16: 46-52.</ref><ref name="Radwin, G. E 1986. p93">Radwin, G. E. e A. D'Attilio, 1986. ''Murex shells of the world. An illustrated guide to the Muricidae'', p. 93, Stanford University Press, Stanford, 284pp incl. 192 figs. & 32 pls.</ref>
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Revisão das 05h53min de 24 de março de 2011

Duas conchas do gastrópode Bolinus brandaris, também conhecido como murex espinhoso.
A estrutura química do 6,6′-dibromoindigo, principal componente da púrpura tíria.
Modelo do 6,6′-dibromoindigo, com base na estrutura cristalina.

A púrpura tíria (também púrpura de Tiro ou púrpura-de-Tiro; em grego: πορφύρα, porphyra; em latim: purpura) é uma tinta natural de coloração vermelho-púrpura, extraída de caramujos marinhos, e que provavelmente foi produzida pela primeira vez pelos antigos fenícios. Esta tinta tinha grande valor na Antiguidade por não desbotar - ao contrário, ela se torna gradualmente mais brilhante e intensa com a exposição ao tempo e à luz do sol.

A púrpura tíria era cara; segundo o historiador Teopompo, do século IV a.C., "a púrpura para as tintas valia o seu peso em prata em Cólofon", na Ásia Menor.[1] Estes custos transformavam os produtos têxteis que utilizavam a púrpura tíria em símbolos de status, e as antigas leis suntuárias ditavam e até probiram o seu uso. A produção dos animais que forneciam a tinta era controlada com rigor durante o Império Bizantino, e subsidiada pela corte imperial, que restringia seu uso para a pintura das sedas imperiais;[2] o filho de um imperador no poder era chamado de porfirogênito (porphyrogenitos, "nascido na púrpura"), tanto referindo-se à Pórfira, o pavilhão do Grande Palácio de Constantinopla revestido de pórfiro onde os herdeiros do trono nasciam, quanto à púrpura que futuramente trajariam.

A substância consiste de uma secreção mucosa da glândula hipobranquial de um dos diversos caramjujos marítimos encontrados no Mediterrâneo Oriental, o gastrópode marinho Murex brandaris, o murex espinhoso Bolinus brandaris (Linnaeus, 1758), o murex listrado Hexaplex trunculus, e o Stramonita haemastoma.[3][4][4]

Referências

  1. Teopompo, citado por Ateneu (12:526), por volta de 200 a.C.; citado em Gulick, Charles Barton 1941. Athenaeus, The Deipnosophists. Cambridge: Harvard University Press.
  2. Jacoby, David. "Silk in Western Byzantium before the Fourth Crusade" in Trade, Commodities, and Shipping in the Medieval Mediterranean (1997) pp. 455f e notas 17-19.
  3. Ziderman, I.I., 1986. Purple dye made from shellfish in antiquity. Review of Progress in Coloration, 16: 46-52.
  4. a b Radwin, G. E. e A. D'Attilio, 1986. Murex shells of the world. An illustrated guide to the Muricidae, p. 93, Stanford University Press, Stanford, 284pp incl. 192 figs. & 32 pls.

Ligações externas