Infalibilidade papal: diferenças entre revisões

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A infalibilidade papal foi longamente discutida e analisada na [[história do cristianismo]], sendo reafirmada por diversos teólogos e papas. A primeira menção desta doutrina ocorre ainda em [[90]] d.C, quando o [[apóstolo João]] ainda vivia em [[Éfeso]], o [[Papa Clemente I]] ao intervir nos assuntos de [[Corinto]], afirmava estar "falando em nome do [[Espírito Santo]]",<ref>[http://www.newadvent.org/fathers/1010.htm Letter to the Corinthians (Clement)]</ref> (ou seja era infalível). No [[século XI]] a proposição XXII do [[Dictatus Papae]] afirmava que o papa "nunca errou e não errará nunca, segundo testemunho das Escrituras".<ref>[http://usuarios.advance.com.ar/pfernando/DocsIglMed/Dictatus_Papae.html#N_1_ Texto do Dictatus Papae] {{es}}</ref>
A infalibilidade papal foi longamente discutida e analisada na [[história do cristianismo]], sendo reafirmada por diversos teólogos e papas. A primeira menção desta doutrina ocorre ainda em [[90]] d.C, quando o [[apóstolo João]] ainda vivia em [[Éfeso]], o [[Papa Clemente I]] ao intervir nos assuntos de [[Corinto]], afirmava estar "falando em nome do [[Espírito Santo]]",<ref>[http://www.newadvent.org/fathers/1010.htm Letter to the Corinthians (Clement)]</ref> (ou seja era infalível). No [[século XI]] a proposição XXII do [[Dictatus Papae]] afirmava que o papa "nunca errou e não errará nunca, segundo testemunho das Escrituras".<ref>[http://usuarios.advance.com.ar/pfernando/DocsIglMed/Dictatus_Papae.html#N_1_ Texto do Dictatus Papae] {{es}}</ref>


Na [[Idade Média]] e [[Renascimento]] a doutrina da infalibilidade papal foi muito discutida. Diversos teólogos medievais discutiram a infalibilidade do papa ao definir as questões de fé e moral, incluindo [[Tomás de Aquino]] e Pedro João Olivi. Em [[1330]], o [[bispo]] [[carmelita]] Guido Terreni descreveu o uso da infalibilidade do papa, em termos muito semelhantes àquelas que seriam utilizadas no Vaticano I.
Na [[Idade Média]] e [[Renascimento]] a doutrina da infalibilidade papal foi muito discutida. Diversos teólogos medievais discutiram a infalibilidade do papa ao definir as questões de fé e moral, incluindo [[Tomás de Aquino]] e Pedro João Olivi. Em [[1330]], o [[bispo]] [[carmelita]] Guido Terreni descreveu o uso da infalibilidade do papa, em termos muito semelhantes àquelas que seriam utilizadas no Vaticano I.

porém no dia [[ 11 de fevereiro ]] o [[ papa ]] [[ Bento XVI ]] comunica que renunciará no dia [[ 21 de fevereiro ]], colocando por terra o dogma milenar da infalibilidade papal.


== Exemplos de documentos papais infalíveis ==
== Exemplos de documentos papais infalíveis ==

Revisão das 06h06min de 12 de fevereiro de 2013

O Espírito Santo desce sobre o Papa Gregório I, por Carlo Saraceni, pintura de 1610, Roma.

A infalibilidade papal é o dogma da teologia católica, a que afirma que o Papa em comunhão com o Sagrado Magistério, quando delibera e define (clarifica) solenemente algo em matéria de ou moral (os costumes), ex cathedra,[1] está sempre correcto. Isto porque acredita-se que, na clarificação solene e definitiva destas matérias, o Papa goza de assistência sobrenatural do Espírito Santo, que o preserva de todo o erro.

O uso da infalibilidade é restrito somente às questões e verdades relativas à fé e à moral (costumes), que são divinamente reveladas ou que estão em íntima conexão com a Revelação divina. Uma vez proclamadas e definidas solenemente, estas matérias de fé e de moral transformam-se em dogmas, ou seja, em verdades imutáveis e infalíveis que qualquer católico deve aderir, aceitar e acreditar de uma maneira irrevogável.[2] Logo, a consequência da infalibilidade é que a definição ex catedra dos Papas não pode ser revogada e é por si mesma irreformável.

As declarações de um Papa em ex cathedra não devem ser confundidas com ensinamentos que são falíveis, como uma bula. A infalibilidade papal foi longamente discutida e ensinada como doutrina católica, tendo sido declarada um dogma na Constituição Dogmática Pastor Aeternus, sobre o primado e infalibilidade do Papa, promulgada pelo Concílio Vaticano I. A Constituição foi promulgada na Quarta Sessão do Concílio, em 18 de julho de 1870, pelo Papa Pio IX.

A parte dispositiva do documento tem o seguinte teor:

Além do Papa, quando ele fala ex cathedra, goza também de infalibilidade o episcopado católico pleno, em união com o Papa, que é a cabeça do episcopado, mas só quando reunido em concílio ecuménico; ou quando, disperso em toda a Terra, o episcopado ensina e promove uma verdade de fé ou de costumes professada e sustentada já por toda a Igreja Católica.

A Igreja Católica acredita no dogma da infalibilidade papal porque ela, governada pelo Papa em união com os seus Bispos, professa que ela é o autêntico "sacramento de Jesus Cristo, a Verdade em pessoa e Aquele que veio trazer as verdades fun­da­mentais" à humanidade para a sua salvação.[3] A Igreja Católica acredita também que este dogma é o "efeito concreto" da "promessa de Cristo de preservar a sua Igreja na verdade".[4]

Defesa de Newman

No século XIX, o célebre cardeal Newman defendeu que a infalibilidade papal (ou "infalibilidade da Igreja") "é como uma medida adotada pela misericórdia do Criador para preservar a verdadeira religião no mundo e para refrear aquela liberdade de pensamento que, evidentemente, em si mesma, é um dos nossos maiores dons naturais, mas que urge salvar dos seus próprios excessos suicidas." [5]

História

A infalibilidade papal foi longamente discutida e analisada na história do cristianismo, sendo reafirmada por diversos teólogos e papas. A primeira menção desta doutrina ocorre ainda em 90 d.C, quando o apóstolo João ainda vivia em Éfeso, o Papa Clemente I ao intervir nos assuntos de Corinto, afirmava estar "falando em nome do Espírito Santo",[6] (ou seja era infalível). No século XI a proposição XXII do Dictatus Papae afirmava que o papa "nunca errou e não errará nunca, segundo testemunho das Escrituras".[7]

Na Idade Média e Renascimento a doutrina da infalibilidade papal foi muito discutida. Diversos teólogos medievais discutiram a infalibilidade do papa ao definir as questões de fé e moral, incluindo Tomás de Aquino e Pedro João Olivi. Em 1330, o bispo carmelita Guido Terreni descreveu o uso da infalibilidade do papa, em termos muito semelhantes àquelas que seriam utilizadas no Vaticano I.

porém no dia 11 de fevereiro o papa Bento XVI comunica que renunciará no dia 21 de fevereiro , colocando por terra o dogma milenar da infalibilidade papal.

Exemplos de documentos papais infalíveis

Os teólogos católicos concordam que ambas as cartas apostólicas do Papa Pio IX de 1854 que definiu o dogma da Imaculada Conceição de Maria, e do Papa Pio XII de 1950 que definiu o dogma da Assunção de Maria são exemplos da infalibilidade papal, um fato que foi confirmado pelo magistério da Igreja[8] No entanto, os teólogos discordam sobre o que os outros documentos qualificar.

O teólogo e historiador da Igreja Católica Klaus Schatz fez um estudo completo, publicado em 1985, que identificou a seguinte lista de documentos ex-cathedra:[9]

Infalibilidade papal na Bíblia

Apoios

Ver artigo principal: Confissão de Pedro

Os defensores deste dogma católico alegam que sua posição é historicamente rastreável na Bíblia, especificamente observando-se as seguintes passagens:

Em Mateus 16,18, Cristo concede à Pedro, o primeiro Papa, as chaves do céu e o poder de "Ligar e Desligar" (ou seja proibir e permitir) o Céu à Terra, a Igreja Católica acredita que isto lhe tornou infalível pois "se ele ligou na Terra, Cristo ligou também no céu (…), Jesus não pode ligar nada errado no céu; logo não permite à Sua Igreja ligar nada errado na Terra em termo de doutrina (fé e moral)".[12] Ludwig Ott recorda ainda as numerosas indicações nas Sagradas Escrituras a que Pedro foi dado um papel primordial no que diz respeito aos outros Apóstolos: Marcos 5,37; Mateus 17,1; Mateus 26,37; Lucas 5,3; Mateus 17,27; Lucas 22,32; Lucas 24,34; e 1 Coríntios 15,5.

Contrapontos

Ver artigo principal: Incidente em Antioquia

Em contraponto a este dogma, é observado no livro de Gálatas, uma censura do apóstolo Paulo de Tarso referente a posturas de Simão Pedro, reconhecido como primeiro Pontífice pela tradição católica. Segundo consta na escritura, Paulo de Tarso acusou Simão Pedro, o primeiro Papa católico, de não saber lidar com os gentios convertidos.

Mas, censurar São Pedro não quer dizer negar a sua autoridade como Papa. Aliás, a infalibilidade papal só é válida quando o Papa fala ex cathedra em situações solenes especiais, onde estão em questão a clarificação definitiva de certas verdades relativas à fé e à moral.

Referências e notas

  1. Deliberar e definir ex cathedra significa que o Papa, com a sua suprema autoridade (primazia papal), tem que falar como o Pastor da Igreja Universal e também tem que ter a intenção de definir alguma doutrina de fé ou costume para que seja acreditada por todos os fiéis. Neste caso, as encíclicas e a grande maioria dos documentos pontificais não são definições ex catedra, mas apenas orientações do Papa
  2. Catecismo da Igreja Católica (CIC), n. 88
  3. Verbete "Infalibilidade", da Enciclopédia Católica Popular
  4. GEORGE WEIGEL, A Verdade do Catolicismo; cap. 8, pág. 140
  5. CARDEAL NEWMAN, Apologia pro vita sua. Editorial Verbo. 1974, pág. 276
  6. Letter to the Corinthians (Clement)
  7. Texto do Dictatus Papae (em castelhano)
  8. The Holy Spirit Assists the Roman Pontiff.
  9. Sullivan, Francis. Creative Fidelity: Weighing and Interpreting Documents of the Magisterium. Capítulo 6. ISBN 1-59244-208-0.
  10. Apascentar significa doutrinar e é um termo indicado três vezes
  11. Na enumeração, São Pedro está em primeiro lugar de entre os doze apóstolos
  12. Aquino, Felipe. "O Purgatório, o que a Igreja ensina". Pág.:53. ISBN 978-85-88158-40-5.

Ver também

Ligações externas

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