Povos: diferenças entre revisões
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Revisão das 19h54min de 3 de fevereiro de 2021
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Povoação do Concelho de Vila Franca de Xira | |||
Vista do Monte do Senhor da Boa Morte. Na parte inferior, as ruínas da Quinta da Fábrica e o aglomerado urbano. Entre a autoestrada e o rio Tejo observa-se a zona do Porto e Cais de Povos. Do lado direito da ponte, a cidade de Vila Franca. | |||
Localização | |||
Localização em mapa dinâmico | |||
Coordenadas | |||
País | Portugal | ||
Região | Área Metropolitana de Lisboa | ||
Distrito | Lisboa | ||
Concelho | Vila Franca de Xira | ||
Freguesia | Vila Franca de Xira | ||
Características geográficas | |||
Área total | 0,58 km² | ||
Outras informações | |||
Orago | Nossa Senhora da Assunção[1] |
Povos é uma localidade do concelho e freguesia de Vila Franca de Xira, situada entre esta cidade e a vila de Castanheira do Ribatejo. Povos teve outrora estatuto de vila, sede de freguesia e de concelho, tendo foral de Sancho I em 1195. Conheceu grande vigor económico ao longo dos séculos XIII e XIV, viria contudo a perder gradualmente essa importância em favor do concelho de Vila Franca. O município foi extinto e integrado no atual a 6 de novembro de 1836.[2]
É um dos principais núcleos patrimoniais do concelho[3] e acolhe num dos seus extremos os terrenos do Hospital de Vila Franca de Xira.
História
A ocupação da área remonta à Idade do Ferro, tendo sido ocupada continuamente até aos dias de hoje. Os vestígios mais antigos da ocupação humana foram encontrados no Monte do Senhor da Boa Morte e nas suas encostas[4][5], ocupação essa que se intensificou pelos séculos II e I a.C.. Nestas zonas foram achados fragmentos de cerâmica manual pré-romana, bem como outros artefactos e sepulturas datados do período do Alto Império e da Antiguidade Tardia. No seu sopé foi também identificado um conjunto de estruturas habitacionais atribuídos a uma villa romana, mas que poderiam ter integrado um núcleo de maior dimensão.[6][7] Esta ocupação terá sido potenciada por vários fatores, dado que Povos estava junto às principais vias de comunicação — o rio Tejo e a estrada romana entre Olisipo e Scallabis — e a sua implantação conferia-lhe excelentes condições naturais de defesa[4], comandando amplas vistas sobre o rio.[8] Ainda durante o período romano, decorrente da instabilidade que caracterizou os últimos tempos do Império, o morro é reocupado e o espaço da villa é abandonado, e é construída uma fortificação, o Castelo de Povos.[9]
Do período islâmico existem igualmente diversos vestígios, identificando-se construções dos períodos emiral e califal, bem como vários artefactos decorativos e um vasto espólio de cerâmicas a elas associadas.[6] Durante este tempo o espaço assumiu as mesmas funções que se observaram no período romano, centradas na vigia da entrada no Estuário do Tejo[9], mas a sua importância é tal que, administrativamente, Povos se equipara aos castelos de Alverca e de Alenquer.[3]
O lugar de Povos insere-se no conjunto de lugares conquistados juntamente com as cidades de Santarém e de Lisboa, em 1147.[6][3] Sofre então uma intensa campanha de povoamento e reorganização, confirmado pelos vestígios do cemitério de ar livre escavado nas suas rochas, e dá-se início ao processo de cristianização de uma população largamente islamizada, o que explica a atribuição tardia da carta de foral por D. Sancho I, em 1195.[3] Ainda assim, a passagem deste documento atesta a relevância que este castelo e o seu pequeno núcleo habitacional possuíam graças à sua localização estratégica no alto do Monte do Senhor da Boa Morte[6], e o foral evidencia essas mesmas preocupações defensivas nos direitos e deveres que estabelece.[8]
Será Afonso III que em 1218 confirmará o primeiro foral, e ser-lhe-à atribuído o foral novo de D. Manuel em 1510, a par das vizinhas Vila Franca e Castanheira.[6]
A deslocalização definitiva para o sopé do monte dá-se com os Descobrimentos, altura em que a vila ganha novo ímpeto e se começam a edificar as zonas adjacentes à Rua Direita (atual Rua José Costa e Silva, correspondente à antiga Estrada Real). Este padrão de ocupação é apenas contrariado perpendicularmente pela ribeira de Povos e por duas ruas, a que sobe ao sítio do castelo (a nordeste) e a que conduz ao antigo cais (a sudeste).[6] A área do Porto e Cais de Povos, uma zona portuária fluvial desde pelo menos finais do séc. XV até ao séc. XVIII, continha diversas casas nobres e formava um bairro que foi arruinado pelo terramoto de 1755 e do qual hoje apenas resta o imponente edifício do celeiro do Infantado.[10] Do século XVI datam a fonte e as duas igrejas: uma consagrada a Nossa Senhora da Assunção, padroeira do lugar, e a Igreja da Misericórdia.[11][12]
A atividade económica de então baseava-se na produção de trigo, vinho, azeite e frutas, que eram complementadas por atafonas, moinhos de vento, azenhas e lagares de azeite.
No final do Antigo Regime, em 1729, estabeleceu-se em Povos a primeira fábrica de curtumes do país, a qual ocupou durante muito tempo um lugar cimeiro nessa produção[8] e esteve em atividade até meados do século XX.[13]
Pouco mais tarde, em 1801, a vila contava com 324 habitantes. Nesse mesmo século, com as grandes reformas do liberalismo, o concelho de Povos não escapou à onda reorganizadora do país, tendo sido extinto em 1836, e a freguesia sido reduzida a lugar de Vila Franca.
Património
- Alto e Encosta do Senhor da Boa Morte, incluindo o conjunto arquitetónico e arqueológico (Capela do Senhor da Boa Morte, Ruínas do Solar do Conde da Castanheira, Vestígios da Muralha do Castelo de Povos, uma estrutura habitacional da época islâmica e sepulturas antropomórficas escavadas na rocha)
- Núcleo urbano histórico de Povos, incluindo a Fonte e o Pelourinho
- Fonte Mudéjar de Povos
- Porto e Cais de Povos
- Villa Romana de Povos
- Real Fábrica de Atanados ou de Curtumes e Quinta
- Quinta da Cascata
- Quinta do Cabo
Referências
- ↑ https://tombo.pt/f/vfx13
- ↑ Tomás, Ana; Valério, Nuno (2019). Autarquias locais e divisões administrativas em Portugal 1836-2013. [S.l.]: Instituto Superior de Economia e Gestão – GHES. p. 378
- ↑ a b c d «Monte do Senhor da Boa Morte, incluindo Ermida do Senhor da Boa Morte, uma estrutura habitacional da época islâmica, sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, uma linha de muralhas e as ruínas de um solar que pertenceu aos condes da Castanheira». Direção-Geral do Património Cultural
- ↑ a b «350.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ «351.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ a b c d e f «341.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ «342.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ a b c «História». www.cm-vfxira.pt. Consultado em 6 de janeiro de 2021
- ↑ a b «Castelo de Povos | Ficha | Património Islâmico em Portugal». patrimonioislamico.ulusofona.pt. Consultado em 6 de janeiro de 2021
- ↑ «347.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ «343.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ «348.» (PDF). Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Fichas da Carta Arqueológica do Concelho de Vila Franca de Xira
- ↑ «Real Fábrica de Atanados da Vila de Povos». Direção-Geral do Património Cultural
Ligações externas
- Media relacionados com Povos no Wikimedia Commons