Etelhardo da Cantuária
Etelhardo | |
---|---|
Pêni de prata de Etelhardo | |
Nascimento | século VIII |
Morte | ca. 808 |
Nacionalidade | Britânia anglo-saxônica |
Ocupação | Arcebispo |
Religião | Cristianismo |
Etelhardo (em latim: Aethelhardus, Aedilhardus; em inglês antigo: Eadilheard, Aedilhad, Aeðilhard(us), Æðelheard(us), Aedelheard, Æðelherd, Aeilheard, Æþelheard(us), Aeðelhard(us), Æthelheard(us), Edihard, Aðelard, Aðelhard(us), Athelward), Atelhardo (em latim: Athelhardus), Edelardo (em latim: Edelardus; em inglês antigo: Edilhard), Atelardo (em latim: Athelardus; em inglês antigo: Athelard), Atilhardo (em latim: Athilhardus), Etelherdo (em latim: Aethelherdus) ou Etelardo (em latim: Ethelardus; m. 12 de maio de 805)[1] foi bispo de Vintônia e então arcebispo da Cantuária na Alta Idade Média. Nomeado pelo rei Ofa da Mércia, Etelhardo teve dificuldades com os monarcas de Câncio e com um arcebispado rival no sul da Britânia, e foi deposto cerca de 796 por Edberto III. Cerca de 803, Etelhardo, junto do rei mércio Cenúlfo, assegurou a remoção do arcebispo rival, novamente fazendo a Cantuária único arcebispado ao sul do Humber. Etelhardo morreu em 805, e foi tido como santo até seu culto ser suprimido após a conquista normanda em 1066.
Vida
[editar | editar código-fonte]Vintônia e Cantuária
[editar | editar código-fonte]Nada se sabe sobre seus familiares ou primeiros anos, porém se assume que foi nativo da Mércia. Sua primeira aparição nas fontes históricas registra-o como abade de um mosteiro em Louth, no Condado de Lincólnia antes de ser nomeado à diocese de Vintônia. [2] Foi consagrado bispo de Vintônia em algum momento após 759 ou antes de 778.[3] Etelhardo foi transladado da sé de Vintônia à sé da Cantuária em 792 e foi entronado como arcebispo em 21 de julho de 793.[3] Devia sua nomeação ao rei Ofa[2] e a entronização foi presidida pelo então bispo sênior: Higeberto de Lichfield. Ofa falou com Alcuíno sobre o procedimento adequado, pois o arcebispado de Lichfield foi recém-criado.[4]
Por volta de 796, foi deposto por Edberto III por sua nomeação por Ofa. Ofa morreu em 796 e Edberto controlou Câncio, forçando-o a fugir à corte do filho de Ofa, Egfrido da Mércia. Egfrido morreu antes de 796 e um parente distante chamado Cenúlfo tomou o trono. Alcuíno encorajou Etelhardo a retornar à Cantuária e sugeriu um compromisso pelo estatuto de Lichfield, que foi estabelecido por Ofa em rivalidade a Cantuária. O plano de Alcuíno teria permitido a Higeberto reter o estatuto arcebispal em vida, mas seria uma posição puramente cerimonial. Desse modo, a Cantuária reganharia o estatuto de único arcebispado ao sul do Humber e Etelhardo retornaria à Cantuária. Porém Etelhardo foi incapaz de fazê-lo enquanto Edberto ainda estava no poder.[5] Alcuíno tinha afirmou que Lichfield foi elevado devido ao "desejo de poder", presumivelmente de Ofa, e não através de qualquer consideração sobre os méritos do plano.[6]
Embora Alcuíno garantiu a libertação da Cantuária para Etelheardo, o papado viu de modo diferente. Leão III incitou Etelhardo a fugir e se recusar a submissão a Edberto, a quem Leão comparou ao imperador romano Juliano, o Apóstata (r. 361–363). Há indícios de que a comunidade de Câncio considerou a eleição de outro arcebispo enquanto Etelhardo estava no exílio.[7]
Problemas com Lichfield
[editar | editar código-fonte]Por Lichfield ter sido estabelecida pelo papado, qualquer mudança em seu estatuto requiriu consentimento papal.[5] A primeira embaixada de Cenúlfo para Leão III em 797 ao rebaixamento de Lichfield não foi bem sucedida, sobretudo porque Leão parece ter ressentido o implicado criticismo de seu predecessor Adriano I, que aprovou a eleição de Lichfield.[8] A embaixada de Cenúlfo portava uma carta ao papa que solicitava o conselho papal sob como resolver os problemas em torno de Lichfield e Cantuária. Ele lembrou o velho esquema do papado de Gregório, o Grande para ter dois metropolitas na Britânia, um no norte e um no sul, com o sul sediado em Londres. A carta implicava que Cenúlfo estava pedindo que a sé metropolita de Etelhardo fosse transferida para Londres. A mesma embaixada também levava uma carta de Etelhardo, que não sobreviveu. O papa, porém, não concordou com a embaixada e em sua resposta afirmou que o arcebispado sul deveria permanecer na Cantuária, bem como excomungou Edberto e autorizou sua expulsão de Câncio se persistisse em manter Etelhardo fora da Cantuária.[5]
Em 798, Cenúlfo invadiu Câncio e capturou Edberto, a quem cegou e aprisionou. Etelhardo foi restaurado na Cantuária, onde começou a restaurar as posses da sé. Ele também conseguiu assegurar profissões de obediência para alguns bispos sulistas, incluindo Edúlfo de Lindsey e Tifredo de Dummoc. Mas, Higeberto ainda era chamado de arcebispo em 799. O papa Leão estava envolvido em disputas em Roma durante 799 e 800 e foi incapaz de poupar atenção aos assuntos anglo-saxões e nenhuma decisão papal pôde ser feita nessa disputa.[5] Etelhardo resolveu ir a Roma e consultou o papa sobre o declínio no poder da sé da Cantuária.[9] O arcebispo foi a Roma junto do bispo Cineberto de Vintônia e levava duas cartas de Cenúlfo.[5] Após algumas discussões, Leão apoiou a Cantuária e rebaixou Lichfield ao bispado.[2] Após dessas ações papais, há indícios de que o clero catedrático da Cantuária nunca reconheceu a elevação de Lichfield.[6]
Retorno do exílio
[editar | editar código-fonte]Etelhardo retornou em 803 e reuniu o Concílio de Clovecho, que decretou que nenhum arcebispado além da Cantuária seria estabelecido no sul da Britânia. Higeberto participou do concílio, mas como abade, o que deixa aparente sua resignação de sua sé antes do concílio.[5] No mesmo concílio, Etelhardo também apresentou a decisão papal que declarava a liberdade das igrejas da autoridade secular.[10] Enquanto no concílio, Etelhardo mais uma vez proclamou que o papado havia sido enganado para elevar Lichfield, e que era um "poder tirânico" que estivera por trás do esforço.[6] Etelhardo presidiu ao menos 11 sínodos, ou mesmo 12. Etelhardo morreu em 12 de maio de 505 e foi sepultado na Cantuária.[2] Ele foi mais tarde reverenciado como santo, com sua festa em 12 de maio, mas seu culto foi suprimido pelo arcebispo Lanfranco no final do século XI e nunca foi revivido.[11]
Ver também
[editar | editar código-fonte]
Precedido por Cineardo |
Bispo de Vintônia 765 – 793 |
Sucedido por Egbaldo |
Precedido por Jamberto |
Arcebispo da Cantuária 793 – 805 |
Sucedido por Vulfredo |
Referências
- ↑ PASE 2018.
- ↑ a b c d Williams 2004.
- ↑ a b Fryde 1996, p. 223.
- ↑ Stenton 1971, p. 225.
- ↑ a b c d e f Brooks 1984, p. 120–132.
- ↑ a b c Kirby 2000, p. 142.
- ↑ Kirby 2000, p. 149.
- ↑ Kirby 2000, p. 143.
- ↑ Stenton 1971, p. 225–227.
- ↑ Hindley 2006, p. 106.
- ↑ Farmer 2004, p. 181.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Brooks, Nicholas (1984). The Early History of the Church of Canterbury: Christ Church from 597 to 1066. Londres: Leicester University Press. ISBN 0-7185-0041-5
- Farmer, David Hugh (2004). Oxford Dictionary of Saints (em inglês) Fifth ed. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-860949-0
- Fryde, E. B.; Greenway, D. E.; Porter, S.; Roy, I. (1996). Handbook of British Chronology (Third Edition, revised edição). Cambrígia: Cambridge University Press. ISBN 0-521-56350-X
- Hindley, Geoffrey (2006). A Brief History of the Anglo-Saxons: The Beginnings of the English Nation (em inglês). Nova Iorque: Carroll & Graf Publishers. ISBN 978-0-7867-1738-5
- Kirby, D. P. (2000). The Earliest English Kings. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-24211-8
- «Æthelheard 13 (Male)». Prosopografia da Inglaterra Anglo-Saxã. 2018
- Stenton, Frank (1971). Anglo-Saxon England (em inglês) 3a. ed. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-280139-5
- Williams, Ann (2004). «Æthelheard (d. 805)». Oxford Dictionary of National Biography. Oxônia: Oxford University Press. doi:10.1093/ref:odnb/8391