Frederico Trebbi

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Frederico Trebbi
Nascimento 22 de maio de 1837
Morte 4 de abril de 1928 (90 anos)
Nacionalidade Brasileiro
Retrato de um desconhecido, de Frederico Trebbi.

Frederico Alberto Crispin Francisco Arnoldi Trebbi (Roma, 22 de maio de 1837Pelotas, 4 de abril de 1928) foi um comerciante, fotógrafo, pintor e professor de arte ativo no Rio Grande do Sul entre os séculos XIX e XX.

Fez estudos artísticos na Academia de Belas Artes, em Roma. Deixou a Itália aos vinte anos a negócios, residindo, entre 1858 e 1864, no Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai. Eclodindo a Guerra do Paraguai, mudou-se para o Brasil, para cujas forças armadas realizou importantes serviços de mapeamento topográfico e documentação fotográfica, sendo agraciado com o título de Comendador e Cavaleiro da Coroa. Pretendia voltar à Itália ao término do conflito, mas a convite do padre D'Argencio, capelão do exército brasileiro, visitou Mostardas em 1869, onde conheceu sua futura esposa, e com isso veio a fixar-se definitivamente no Rio Grande do Sul.[1]

Como a pequena vila não oferecia campo para seu trabalho, mudou-se imediatamente após o casamento para Pelotas. Encerrou ali suas atividades comerciais e abriu um atelier e curso de desenho e pintura, consagrando o resto de sua vida à arte. Durante alguns anos residiu em Porto Alegre, a partir de 1896, onde dedicou muito de seu tempo à fotografia, assumindo a direção do ateliê fotográfico de Jacinto Ferrari. Depois disso retornou a Pelotas, onde veio a falecer. Durante muitos anos exerceu o cargo de agente consular da Itália.[1][2]

Seu método de ensino se baseava principalmente na cópia, embora sempre incentivasse também a criação a partir da natureza, para melhor compreensão e captação dos efeitos de luz e das cores e formas originais. Foi ele quem introduziu na região de Pelotas o estudo do nu, embora sempre com alunos do sexo masculino, uma vez que o tema era ainda um tabu. Com o crescimento de seu prestígio passou a ocupar a cadeira de desenho na Academia de Comércio de Pelotas, onde atuou por longos anos. Também ensinou no Colégio Pelotense, onde se aposentou. Foram seus alunos Leopoldo Gotuzzo e Abadie Faria Rosa.[1][2]

Em sua obra pessoal seguia a escola acadêmica, e seus trabalhos, ainda que não tenham chegado a níveis superiores, podem ser considerados corretos, limpos e espontâneos, e fiéis à escola que o formou. Privilegiou o retrato, embora também tenha realizado obras com cenas de gênero, paisagens e cenas regionalistas e históricas.[1] Nas palavras da crítica Neiva Bohns, "o tratamento que soube dar às fisionomias de seus retratados, assim como aos detalhes das vestimentas, das condecorações e das jóias, testemunham sua grande habilidade para a pintura. As razões pelas quais não produziu, em maior quantidade, obras pictóricas mais variadas, podem estar relacionadas com o tipo de demanda que satisfazia o público sulino: retratos, nada mais do que retratos".[3]

Junto com Guilherme Litran, foi um dos principais artistas e professores de arte de Pelotas em sua geração, contribuindo para refinar o gosto e estimular o interesse dos locais pela arte. Athos Damasceno disse que seus serviços à província, no campo da arte, não podem ser esquecidos.[1] Seu nome batiza uma rua de Pelotas e uma sala de exposições na sede da Prefeitura. Foi casado com Maria José de Freitas Parafita, deixando descendência. Seu filho Atílio Alberto Trebbi viveu em Porto Alegre, onde foi cartógrafo e desenhista da Secretaria de Obras do Estado, sendo o autor do mapa oficial da cidade de 1906, e professor do Instituto Técnico Profissional da Escola de Engenharia.[4]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Globo, 1971, pp. 220-224[Falta ISBN]
  2. a b Presser, Décio & Rosa, Renato. Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS), 1997[Falta ISBN]
  3. Bohns, Neiva Maria Fonseca. "Estabelecer-se ou perambular: os desafios dos artistas na Província de São Pedro". In: Cavalcanti, Ana Maria Tavares; Maria de Fátima Morethy Couto & Marize Malta (orgs.). XXXI Colóquio CBHA 2011 - [Com/Con]tradições na História da Arte. Universidade Estadual de Campinas, 2011, pp. 163-177[Falta ISBN]
  4. Fialho, Daniela Marzola. "A Planta de Porto Alegre (RS) de 1906". In: 3º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica. Belo Horizonte, 2016