Galáxia Anã de Antlia

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Anã de Antlia
Galáxia Anã de Antlia
A Galáxia Anã de Antlia pelo Telescópio Espacial Hubble. Crédito: NASA / STScI / WikiSky
Dados observacionais (J2000)
Constelação Antlia
Tipo dE3.5,[1] dSph,[2] dSph/Irr
Asc. reta 10h 04m 03,9s[1]
Declinação -27° 19′ 55″[1]
Distância 1,32 ± 0,06[3]Mpc
1,33 ± 0,10[2] Mpc
1,31 ± 0,03[4] Mpc
1,29 ± 0,02[5] Mpc
1,25[6] Mpc
Redshift 362 ± 0 km/s[1]
Magnit. apar. 15,67 ± 0,02[3]
Dimensões 2′,0 × 1′,5[1]
Outras denominações
Galáxia Anã de Antlia,[1] PGC 29194[1]
Mapa

A Galáxia Anã de Antlia é uma galáxia anã esferoidal/irregular. Situa-se a cerca de 1,3 Mpc (4,3 Mal) da Terra na constelação de Antlia. Pertence ao grupo Antlia de galáxias. Contém estrelas de todas as idades, quantidades significativas de gás, e passou por formação estelar recente. Acredita-se que a Anã de Antlia esteja interagindo com a pequena galáxia espiral barrada NGC 3109.[2][7]

Descoberta[editar | editar código-fonte]

A Anã de Antlia foi catalogada pela primeira vez em 1985 por H. Corwin, Gérard de Vaucouleurs, e A. de Vaucouleurs. Mais tarde em 1985 e 1987 ela foi notada como uma possível galáxia anã próxima por dois grupos de astrônomos.[2] Foi confirmado que é uma galáxia anã em 1997 por Alan Whiting, Mike Irwin e George Hau. Eles pela primeira vez observaram estrelas na galáxia e determinaram a distância a ela—1,15 Mpc (a estimativa atual de distância é um pouco maior).[8]

Em 1999 a Anã de Antlia foi identificada por Sidney van den Bergh como o quarto membro do Grupo Antlia—o grupo de galáxias mais próximo do Grupo Local.[2]

Propriedades[editar | editar código-fonte]

A Anã de Antlia é classificada alternativamente como uma galáxia anã elíptica de tipo dE3.5,[8][9] como uma galáxia anã esferoidal (dSph) ou como galáxia de transição entre esferoidal e irregular (dSph/Irr).[2] A última classificação é devida a uma formação de estrelas significativa nos últimos 100 milhões de anos.

A Anã de Antlia compreende dois componentes: um núcleo e um halo antigo.[3] Seu raio é de cerca de 0,25 Kpc.[8] A metalicidade é baixa, de cerca de <[Fe/H]>=−1,6 a −1,9, significando que a galáxia contém 40–80 vezes menos elementos pesados que o Sol.[3][10] Tem um ramo de gigante vermelha bem definido e facilmente observável, o que torna a medição de sua distância relativamente fácil.[9] A luminosidade total da Anã de Antlia é de aproximadamente 1 milhão de vezes a do Sol (a magnitude absoluta visível é de MV=−10,3).[3]

A massa estelar da Anã de Antlia é estimada em 2–4×106 massas solares, enquanto sua massa total é de aproximadamente 4×107 massas solares.[3] A galáxia contém estrelas de todas as idades mas é dominada por estrelas velhas com mais de 10 bilhões de anos. Parece ter havido um grande evento de formação estelar por volta de 100 milhões de anos atrás.[4][9] As estrelas mais novas estão no núcleo central da galáxia.[10]

Entre galáxias anãs esferoidais, a Anã de Antlia contém quantidades incomuns (até 7 ×105 massas solares) de hidrogênio atômico neutro.[11][12] No entanto, não possui regiões H II significativas e não forma estrelas ativamente atualmente.[9]

Localização e interações[editar | editar código-fonte]

A Anã de Antlia está a aproximadamente 1,3 Mpc (4,3 Mal) da Terra, na constelação de Antlia.[9] Sua distância do baricentro do Grupo Local é de cerca de 1,7 Mpc. A essa distância, está situada fora do Grupo Local e é membro de um grupo separado de galáxias chamado Grupo Antlia.[2] A Anã de Antlia está separada da pequena galáxia NGC 3109 por apenas 1,18 graus do céu, o que corresponde a uma separação física de 29 kpc a 180kpc dependendo de sua separação radial.[2][3]

A Anã de Antlia e NGC 3109 podem estar fisicamente ligadas se a distância entre elas não for muito grande.[2][8] No entanto, sua velocidade uma em relação à outra, 43 km/s,[2] torna questionável se elas são ou não um sistema ligado fisicamente, especialmente se a distância entre elas for mais próxima do limite superior—180 kpc.[3][9] Se elas forem ligados gravitacionalmente, sua massa total pode ser de até 78 bilhões de massas solares.[4]

Observações também mostraram que NGC 3109 tem uma deformação em seu disco gasoso que está viajando na mesma velocidade que o gás na Anã de Antlia, indicando que as duas galáxias tiveram um encontro próximo há cerca de um bilhão de anos.[12]

Referências

  1. a b c d e f g «NASA/IPAC Extragalactic Database». Results for Antlia Dwarf. Consultado em 30 de novembro de 2006 
  2. a b c d e f g h i j Van Den Bergh, S (1999). «The Nearest Group of Galaxies». The Astrophysical Journal. 517 (2): L97. doi:10.1086/312044 
  3. a b c d e f g h Aparicio, A.; Dalcanton, J. J.; Gallart, C.; Martinez-Delgado, D. (outubro de 1997). «The Nature of the Antlia Galaxy: A New Dwarf Irregular in the Outskirts of the Local Group.». The Astronomical Journal. 114 (4): 1447–1457. Bibcode:1997AJ....114.1447A. doi:10.1086/118575 
  4. a b c Piersimoni, A. M.; Bono; Castellani; Marconi; Cassisi; Buonanno; Nonino; Piersimoni, A. M.; Bono, G.; Castellani, M.; Marconi, G.; Cassisi, S.; Buonanno, R.; Nonino, M. (dezembro de 1999). «A new investigation on the Antlia Dwarf Galaxy». Astronomy and Astrophysics. 352: L63–L68. Bibcode:1999A&A...352L..63P. arXiv:astro-ph/9909198Acessível livremente 
  5. Dalcanton, J. J.; Williams, B. F.; Seth, A. C.; Dolphin, A.; Holtzman, J.; Rosema, K.; Skillman, E. D.; Cole, A.; et al. (2009). «The Acs Nearby Galaxy Survey Treasury». The Astrophysical Journal Supplement Series. 183. 67 páginas. doi:10.1088/0067-0049/183/1/67 
  6. Tully, R. B.; Rizzi, L.; Dolphin, A. E.; Karachentsev, I. D.; Karachentseva, V. E.; Makarov, D. I.; Makarova, L.; Sakai, S.; et al. (2006). «Associations of Dwarf Galaxies». The Astronomical Journal. 132 (2). 729 páginas. doi:10.1086/505466 
  7. Grebel, Eva K.; Gallagher, John S., III; Harbeck, Daniel (abril de 2003). «The Progenitors of Dwarf Spheroidal Galaxies». The Astronomical Journal. 125 (4): 1926–1939. Bibcode:2003AJ....125.1926G. arXiv:astro-ph/0301025Acessível livremente. doi:10.1086/368363 
  8. a b c d Whiting, Alan B.; Irwin, M. J., Hau, George K. T. (setembro de 1997). «A new galaxy in the Local Group: The Antlia Dwarf Galaxy». The Astronomical Journal. 114 (3): 996–1001. Bibcode:1997AJ....114..996W. arXiv:astro-ph/9706173Acessível livremente. doi:10.1086/118530 
  9. a b c d e f Pimbblet, K. A.; Couch, W. J (2011). «Antlia Dwarf Galaxy: Distance, quantitative morphology and recent formation history via statistical field correction». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: no. Bibcode:2012MNRAS.419.1153P. doi:10.1111/j.1365-2966.2011.19769.x 
  10. a b Sarajedini, Ata; Claver, C. F., Ostheimer, James C. Jnr. (dezembro de 1997). «The properties of the Antlia Dwarf Galaxy». The Astronomical Journal. 114 (6): 2505–2513. Bibcode:1997AJ....114.2505S. doi:10.1086/118663 
  11. van den Bergh, Sidney (2000). The galaxies of the Local Group. [S.l.]: University of Cambridge. 266 páginas. ISBN 0-521-65181-6 
  12. a b Barnes, D. G.; W. J. G. de Blok (agosto de 2001). «On the Neutral Gas Content and Environment of NGC 3109 and the Antlia Dwarf Galaxy». The Astronomical Journal. 122 (2). 825 páginas. Bibcode:2001AJ....122..825B. arXiv:astro-ph/0107474Acessível livremente. doi:10.1086/321170. Consultado em 24 de setembro de 2010