Coletivo autista

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Coletivo autista é um tipo de coletivo universitário, organização política de estudantes de Ensino Superior,[1] que tem o objetivo de promover a representatividade e afirmação identitária de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA).[2]

O primeiro coletivo autista fundado no Brasil foi o Coletivo Autista da USP. Em 2022, existiam mais de vinte coletivos autistas no Brasil e um na Austrália, como o Coletivo Autista da Unicamp, o Coletivo Autista da UFRJ, o Coletivo Autista da UFRGS, o Coletivo Stim da UFPR,[3][4] entre outros.[5] Há, ainda, coletivos autistas nos Estados Unidos e em outros países.[6][7][8]

Coletivo Autista da USP[editar | editar código-fonte]

O Coletivo Autista da USP (CAUSP), fundado em 12 de maio de 2021 por Giulia Jardim Martinovic,[9] é o primeiro coletivo autista do Brasil.[10] Seu objetivo é conscientizar a comunidade acadêmica, promovendo a permanência de autistas no Ensino Superior e a defesa de cotas para autistas em todas as universidade brasileiras.[11] O Coletivo Autista da USP foi reconhecido logo após a criação com o Prêmio Diversidade da Universidade de São Paulo em junho de 2021, na categoria Acesso, inclusão e permanência de grupos minoritários da USP. A premiação é concedida a iniciativas de incentivo à diversidade, e é realizada em junho, para marcar o mês do Orgulho LGBTQIA+.[12]

Giulia é ativista pelo movimento de direitos do autismo no Brasil. Vive na cidade de São Paulo[13] e com 5 anos de idade foi diagnosticada com o transtorno do espectro autista (TEA).[11] É estudante de Direito pela Universidade de São Paulo[14] e ex-aluna de Letras pela mesma instituição.[11] Em 2022, integrou o conselho das representações discentes autistas das três universidades estaduais paulistas USP, UNICAMP e UNESP, nomeado CORDIAU-SP,[15][16] junto com o fundador do Coletivo Autista da Unicamp, o estudante Guilherme de Almeida e a estudante Andressa Silva, fundadora do Coletivo Autista da Unesp.[17] No último ano, junto com os demais membros do CORDIAU/SP, lutam por cotas nas universidades federais de São Paulo, como a USP que desconhece quantos alunos com deficiência que estudam em seus cursos de graduação e pós-graduação.[14]

A iniciativa de criar o coletivo surgiu quando a estudante pediu para apresentar um trabalho escrito em vez de apresentar um seminário para toda a sala. Um professor negou o pedido, segundo Giulia, por não compreender o esforço que um autista precisa fazer para socializar e como isso é dolorido e estressante para eles. Para evitar esses problemas, ela criou o coletivo para exigir que a universidade estabeleça políticas de apoio para esses estudantes, de modo a permitir o uso de avaliações específicas também para os autistas.[14] Segundo Martinovic, apesar de poucas pessoas autistas ingressarem no ensino superior, o maior desafio é a permanência, e a chave para combater os preconceitos contra o autismo e outros tipos de neurodivergências é a conscientização.[11]

Coletivo Autista da Unicamp[editar | editar código-fonte]

Após ser diagnosticado com autismo, já na fase adulta, o professor e bacharel Guilherme de Almeida, doutorando pela Universidade Estadual de Campinas, tomou a iniciativa de fundar o Coletivo Autista da Unicamp (CAUCamp), em julho de 2021. Esse grupo ajuda pessoas que precisam de acompanhamento profissional a conseguirem consultas de baixo custo. O coletivo identificou 52 pessoas com transtorno do espectro autista na instituição.[18][19]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Perez, Olívia Cristina; Souza, Bruno Mello (7 de dezembro de 2020). «Coletivos universitários e o discurso de afastamento da política parlamentar». Educação e Pesquisa: e217820. ISSN 1517-9702. doi:10.1590/S1678-4634202046217820. Consultado em 21 de setembro de 2023 
  2. Ferreira, Adriana; Mallmann, Patrícia (2022). «O PROTAGONISMO SOCIAL DAS PESSOAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO ENSINO SUPERIOR: A MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO REALIZADA PELO COLETIVO AUTISTA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO». Revista EDICIC. 2 (4): 10. ISSN 2236-5753. Consultado em 21 de setembro de 2023 
  3. Araújo, Honácio Braga de; Matos, Ana Carla Harmatiuk (1 de setembro de 2023). «Combate à discriminação de autistas e LGBTI+ à espera de adoção». Revista Brasileira de Estudos da Homocultura (20): 235–259. ISSN 2595-3206. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  4. Cordeiro, Fábio. «Inauguração do Coletivo Autista na UFPR». SIPAD. Consultado em 26 de setembro de 2023. O Coletivo foi assim nomeado, pois é um trocadilho onde “stim” é o termo conhecido na comunidade autista para designar os movimentos de regulação e estimulação que são importantes para pessoas autistas. Logo, o Coletivo também é visto como um movimento necessário para os autistas, assim como o “stim”. 
  5. civiam (14 de março de 2022). «Coletivo Autista da USP: quando o bullying e o preconceito viram motivação para uma causa maior». Civiam. Consultado em 26 de setembro de 2023. Depois do pioneirismo do grupo [CAUSP], diversas outras instituições formaram coletivos autistas e atualmente existem mais de 20 no Brasil. 
  6. «The current state of autism spectrum disorder in Greater Peoria and beyond». WCBU Peoria (em inglês). 26 de julho de 2023. Consultado em 27 de setembro de 2023 
  7. Nightengale, Laura (7 de outubro de 2019). «The Autism Collective Q&A». OSF HealthCare Blog (em inglês). Consultado em 27 de setembro de 2023 
  8. «The Autism Collective hosts sensory-friendly inclusive carnival in Peoria Heights». CIProud.com (em inglês). 8 de julho de 2023. Consultado em 27 de setembro de 2023 
  9. Mazzei, Amanda (14 de julho de 2021). «Autistas chegam à universidade? Novo coletivo da USP quer conscientizar sobre neurodiversidade». Jornal da USP. Consultado em 6 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 6 de agosto de 2021 
  10. «Coletivo Autista auxilia na permanência de estudantes neurodivergentes dentro da USP – Jornal do Campus». 5 de janeiro de 2022. Consultado em 21 de setembro de 2023 
  11. a b c d Nogueira, Lígia (4 de agosto de 2021). «Coletivo Autista, criado por estudantes da USP, busca neurodiversidade». UOL Ecoa. Consultado em 6 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 6 de agosto de 2021 
  12. «Acolhimento na universidade». Autismo e Realidade. 23 de dezembro de 2021. Consultado em 27 de maio de 2022 
  13. Algave, Andressa; Vila Nova, Daniel. «Do autismo ao borderline: as dificuldades dos neurodivergentes em relacionamentos amorosos». Gama Revista. Consultado em 27 de maio de 2022 
  14. a b c «Alunos autistas cobram criação de cotas em universidades estaduais de SP». Folha de S.Paulo. 1 de maio de 2022. Consultado em 27 de maio de 2022 
  15. «Coletivo Autista da USP promove evento em conjunto com Unesp e Unicamp». FFLCH. Consultado em 27 de maio de 2022 
  16. «TEAx - Imersão no Universo Autista - online - Sympla». www.sympla.com.br. Consultado em 27 de maio de 2022 
  17. «Professor que descobriu autismo adulto cria coletivo que já detectou 52 outros casos na Unicamp». Folha de S.Paulo. 3 de fevereiro de 2022. Consultado em 27 de maio de 2022 
  18. «Professor que descobriu autismo adulto cria coletivo que já detectou 52 outros casos na Unicamp». Folha de S.Paulo. 3 de fevereiro de 2022. Consultado em 22 de setembro de 2023 
  19. D'Maschio, Ana Luísa (3 de fevereiro de 2022). «Professor cria coletivo para detectar adultos com autismo». PORVIR. Consultado em 22 de setembro de 2023