Guilherme Gomes Fernandes

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Guilherme Gomes Fernandes
Guilherme Gomes Fernandes
Nascimento 6 de fevereiro de 1850
Bahia
Morte 31 de outubro de 1902
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação empreendedor, filantropista, jornalista, bombeiro
Praça de Guilherme Gomes Fernandes. O monumento a Guilherme Gomes Fernandes, da autoria do escultor Bento Cândido da Silva, foi inaugurado em 1915.

Guilherme Gomes Fernandes (Bahia, 6 de fevereiro de 1850Lisboa, 31 de outubro de 1902) empresário, atleta, ginasta e grande entusiasta da formação de corporações humanitárias de bombeiros voluntários, de cuja federação foi fundador.[1][2][3] Ganhou grande notoriedade nacional como inspirador do movimento de criação das «associações humanitárias» que em Portugal foram paulatinamente assumindo as funções de combate a incêndios e de socorro imediato às populações. O seu contributo para o progresso daquelas associações valeu-lhe entre os bombeiros o tratamento de «Mestre», assim como diversas condecorações nacionais e internacionais de prestígio.[3][4][5]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu na Baía, filho de pais portugueses, que haviam feito fortuna no Brasil, que regressaram a Portugal quando Guilherme Fernandes tinha apenas três anos de idade, fixando-se na cidade do Porto. Aos 13 anos foi enviado para um internato em Inglaterra, a St Mary’s School, nos arredores de Ascot.[6][1]

Aos 19 anos regressou ao Porto, onde se revelou grande entusiasta do desporto na disciplina de ginástica, conseguiu diversas vitórias.[1] Sem necessidade imediata de obter rendimentos, dedicou-se desde cedo à causa dos bombeiros, dando corpo ao nascente movimento associativo que visava substituir os corpos municipais, geralmente constituídos por aguadeiros (sotas), que se revelavam inadequados face às necessidades das populações. Foi o grande impulsionador de um novo modelo associativo, as «associações humanitárias» e da divulgação do lema «vida por vida» que ainda hoje as caracteriza.

Depois de receber formação de bombeiro no Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa, a sua primeira grande realização foi a fundação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto, nos anos de 1874 e 1875, a primeira do seu género, e do Corpo de Salvação Pública do Porto. Na sequência da fundação daquelas associações, em 1877 foi nomeado comandante do corpo de bombeiros da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto, a que acresce ter a partir de 1885 assumido, por nomeação da Câmara Municipal, as funções de Inspector de Incêndios do Porto. Transferiu-se para a Companhia de Incêndios do Porto, assumindo também naquela instituição o cargo de comandante.[1] A sua acção como comandante dos corpos de bombeiros ganhou grande notoriedde pública em 1888, aquando do incêndio que destruiu o Teatro Baquet.

Manteve uma notável rede de relações com os corpos de bombeiros e com os municípios de todo o país e contactos frequentes com os bombeiros de vários países europeus e com prestigiadas personalidades do meio. Também se dedicou ao estudo de materiais de ataque de incêndios, participando em numerosos congressos e exercícios, em Portugal e no estrangeiro. No âmbito desses contactos, oganizou e instruiu várias corporações de bombeiros.[1]

Por sua iniciativa foi realizado o I Congresso dos Bombeiros Portugueses, o qual teve lugar em 1893 na cidade do Porto. No âmbito da internacionalização do movimento das associações humanitárias e dos bombeiros portugueses, participou em 17 de junho de 1893 no Torneio Internacional de Londres, no qual uma força sob o seu comando obteve o primeiro lugar sem a atribuição do 2º lugar a outro concorrente, atendendo à excelência da prova realizada.[1] No ano seguinte, a 5 de agosto 1984, participou no Torneio de Lion-França com uma força de 14 bombeiros, tendo conquistado o 2º lugar da classificação.

A sua coroa de glória, que o impeliu verdadeiramente para a fama, foi a participação no Concurso Internacional de Bombeiros de Paris, realizado entre 15 a 18 de agosto de 1900 e no qual partiparam contingentes de mais de uma dúzia de países, no qual o grupo liderado por Guilherme Gomes Fernandes obteve o primeiro prémio perante uma assistência de 40 000 pessoas, ganhando o título de Campeão do Mundo e um prémio pecuniário de 1500 francos franceses. A correspondente medalha de ouro, a Taça de Sévres, foi-lhes entregue por Émile Loubet, o Presidente da República Francesa.[1]

Desenvolveu também actividade empresarial na área do material de combate aos incêndios, tendo sido pioneiro na introdução em Portugal de diversos equipamentos e métodos. Com elevado pendor para as relações públicas, criou e dirigiu o periódico «O Bombeiro Voluntário», publicado entre 1877 e 1890.[1]

Guilherme Gomes Fernandes faleceu em Lisboa, no Hospital de São José, a 31 de Outubro de 1902, com 52 anos de idade, após uma complicada operação cirúrgica. O seu retrato serviu de base a uma série de selos pstais do CTT (em 1953)[7] e o seu nome figura na toponímia de diversas povoações, com destaque para a cidade do Porto, onde também existe um seu busto na praça que ostenta o seu nome.

Notas

  1. a b c d e f g h Universidade do Porto: Nota Biográfica de Guilherme Gomes Fernandes (1850-1902).
  2. História e Memória: Real Corpo de Bombeiros de Angra.
  3. a b AHBVVC: Guilherme Gomes Fernandes.
  4. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 12, p. 537.
  5. Leonel de Oliveira, (coord.), Quem É Quem, Portugueses Célebres, pp. 208-209. Edição Círculo de Leitores, 2008.
  6. St Mary’s School.
  7. «Guilherme Gomes Fernandes (1850–1902)». Colnect