Henrique Antunes Cunha

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Henrique Antunes Cunha
Nome completo Henrique Antunes Cunha
Nascimento 2 de março de 1908
São Paulo
Morte 5 de dezembro de 2006 (98 anos)
São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Ocupação jornalista e ativista

Henrique Antunes Cunha (São Paulo, 2 de março de 1908 — São Paulo, 5 de dezembro de 2006) foi um jornalista brasileiro e ativista do movimento negro no Brasil.

Filho de José Benedito da Cunha e de Joana Batista, teve uma escolarização tardia. Fez o curso de perito técnico da polícia, mas não pôde exercer a profissão por ser negro. Acabou entrando no serviço público como escriturário, mas de maneira autodidata tornou-se desenhista de arquitetura, atuando na Secretaria de Viação e Obras Públicas de São Paulo,[1][2] área em que ganhou prestígio.[1]

É mais lembrado como um destacado ativista do movimento negro, participando de importantes associações e atividades. Iniciou sua militância em 1924 como um dos fundadores do jornal O Clarim da Alvorada, um dos mais importantes veículos do movimento em São Paulo, sendo depois colaborador, editor e presidente do periódico.[1][2] Colaborou no jornal Auriverde a partir de 1928;[3] foi um dos fundadores do Clube Negro de Cultura Social em 1932,[4] onde organizou peças de teatro e outras atividades culturais e políticas;[5] participou da Frente Negra Brasileira na década de 1930,[6] e esteve entre os fundadores da Associação Cultural do Negro em 1954,[7] a qual presidiu entre 1963 e 1964, desempenhando nela relevante atividade.[8] Também deu inúmeras palestras sobre as questões do negro para um público universitário, bem como para professores e membros de outras associações negras.[1]

Em 1980 recebeu da Câmara Municipal de São Paulo a Medalha Gratidão da Cidade de São Paulo.[1] Foi citado entre outros negros ilustres "em diferentes áreas de conhecimentos, de atuação profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social", no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira.[9] Em 1998 os organizadores da Agenda Afro-Brasileira-98 concederam-lhe o Prêmio Machado de Xangô.[1]

Foi casado com a ativista e jornalista Eunice Cunha, tendo com ela o filho Henrique Antunes Cunha Júnior.[1]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g Michelette, Pâmela Torres. "Henrique Antunes da Cunha". In: Imprensa Negra — Biografias. Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, 2008
  2. a b Paim, Paulo. "Requerimento n° 1265, de 2006". Senado Federal, 13/12/2006
  3. Carvalho, Gilmar Luiz de. A imprensa negra paulista entre 1915 e 1937: características, mudanças e permanências. Mestrado. USP, 2009, p. 147
  4. Domingues, Petrônio. "Paladinos da liberdade: A experiência do Clube Negro de Cultura Social em São Paulo (1932-1938)". In: Revista de História, 2004 (150): 57-79
  5. Gomes, Ana Paula dos Santos. Trajetória de vida de intelectuais negros (as): contribuição para a educação das relações étnico-raciais. Mestrado. UFSCar, 2008, pp. 68-69
  6. Pinto, Ana Flávia Magalhães & ‎Chalhoub, Sidney. Pensadores negros - Pensadoras negras: Brasil séculos XIX e XX. Fino Traço Editora, 2020, s/pp.
  7. Silva, Mário Augusto Medeiros da. "Fazer História, Fazer Sentido: Associação Cultural do Negro (1954-1964)". In: Lua Nova: Revista de Cultura e Política, 2012 (85)
  8. Nascimento, Elisa Larkin. The Sorcery of Color: Identity, Race, and Gender in Brazil. Temple University Press, 2007, pp. 128; 151
  9. Apud Assunção, Nádia Cecília Augusto. "A Frente Negra Brasileira – 1931 a 1937". In: Cadernos PDE, 2016. Dossiê Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE — Produções didático-pedagógicas, vol. II