Heraclides garleppi lecerfi

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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Lepidoptera
Subordem: Papilionoidea
Família: Papilionidae
Subfamília: Papilioninae
Género: Heraclides
Hübner, 1819[1]
Espécie: H. garleppi
Nome binomial
Heraclides garleppi
(Staudinger, 1892)[1]
Sinónimos[2]
Heraclides garleppi insidiosus

Heraclides garleppi lecerfi é uma subespécie da espécie Heraclides garleppi, popularmente conhecida como rabo-de-andorinha,[3] uma borboleta neotropical da família dos papilionídeos (Papilionidae) e subfamília dos papilioníneos (Papilioninae), endêmica da América do Sul. Ocorre na Guiana, Guiana Francesa, Suriname e no médio rio Amazonas, no Brasil.[2] Ticorea foetida, endêmica do escudo das Guianas, é a planta preferida para deposição de ovos.[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Foi sugerido que Heraclides garleppi lecerfi fosse um híbrido casual entre o simpátrico H. torquatus e H. astyalus, mas há uma série de elementos que inviabilizam essa hipótese. Em 2015, um grande estudo da filogenia do gênero Heraclides revelou que H. g. lecerfi é basal ao grupo H. anchisiades, com H. torquatus em um grupo diferente do mesmo clado e H. astyalus em um clado completamente diferente.[2]

A planta hospedeira para deposição de ovos e os estágios iniciais das larvas são distintos dos demais. Ticorea foetida, endêmica do escudo das Guianas, é a planta hospedeira preferida. Além disso, a larva de 5.º ínstar é facilmente distinguida por seus tubérculos subdorsais e laterais de base branca e laranja e características de diferenciação mais sutis estão presentes em todos os estágios da vida. A genitália é distinta e os códigos de barras COI de H. g. lecerfi apresentam 9% de diferença com H. astyalus e H. torquatus.[2]

Machos e fêmeas ocupam preferencialmente nichos diferentes: as fêmeas preferem voar no subdossel acima de uma camada de ervas e arbustos esparsamente cultivadas sob uma cobertura florestal bastante densa para procurar plantas hospedeiras e, ocasionalmente, ao longo de trilhas na floresta em busca de fontes de néctar, enquanto os machos parecem passar a maior parte do tempo na copa.[2]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Heraclides garleppi lecerfi é uma subespécie de avistamento raro. Embora não se saiba os motivos para tal, estudos de campo apontam que pode ter a ver com a distribuição irregular de sua planta hospedeira em sua área de distribuição, bem como a predação dos ovos por ácaros e a presença de parasitas. O Parque Natural de Brownsberg, no Suriname, é um dos melhores locais para observação da subespécie, mas a reserva está sob pressão constante das atividades mineradoras para extração de ouro.[2] Em 2007, Heraclides garleppi lecerfi foi classificada como em perigo na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará.[4][5] Em 5 de dezembro de 2022, foi citada na Portaria ICMBio N.º 1.145, de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério do Meio Ambiente,[6] como uma das subespécies do Pará a serem contempladas nos programas de conservação do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Insetos Polinizadores (vigência 2023-2027).[7]

Referências

  1. a b Savela, Markku. «Heraclides garleppi ( = Papilio garleppi (em inglês). Lepidoptera and some other life forms. 1 páginas. Consultado em 8 de janeiro de 2017 
  2. a b c d e f g Gernaat, Hajo B. P. E.; Heuvel, Joke Van Den; Strovkis, Frank; Barten, Frans; Andel, Tinde Van (2019). «Life History in Suriname and Taxonomic Status of Heraclides garleppi licerfi (Papilionidae: Papilioninae. Journal of the Lepidopterists’ Society. 73 (3): 162-172 
  3. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  4. Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  5. «Heraclides garleppi lecerfi Brown & Lamas, 1994». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 26 de abril de 2023. Cópia arquivada em 26 de abril de 2023 
  6. «Portaria ICMBio N.º 1.145, de 5 de dezembro de 2022» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 26 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 26 de abril de 2022 
  7. «Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Insetos Polinizadores». Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 26 de abril de 2023. Cópia arquivada em 26 de abril de 2022