Saltar para o conteúdo

Hipopótamo-anão-do-chipre

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaHipopótamo-anão-do-chipre
Ocorrência: Pleistoceno ao Holoceno
Esqueleto de Hippopotamus minor
Esqueleto de Hippopotamus minor
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Gênero: Hippopotamus
Linnaeus, 1758
Espécie: H. minor
Nome binomial
Hippopotamus minor
Desmarest, 1822[1]

O Hipopótamo-anão-do-chipre (Hippopotamus minor) é uma espécie extinta de hipopótamo que teve como habitat a ilha de Chipre até ao Holoceno.

O hipopótamo-anão-do-chipre pesava cerca de 200 kg, aproximadamente o mesmo peso do ainda existente hipopótamo-pigmeu. Contudo, de forma diferente deste, o hipopótamo-anão tornou-se menor devido ao processo de nanismo insular, o mesmo que terá originado o nanismo em alguns elefantes-pigmeus, no mamute-pigmeu, e no Homo floresiensis. Estima-se que mediria em média 76 cm de altura e 121 cm de comprimento.[2]

Hippopotamus minor é a menor das espécies de hipopótamos insulares conhecidas. O seu extremamente baixo porte leva a crer que a colonização terá ocorrido no Pleistoceno Médio ou mesmo no Pleistoceno Inferior, embora não haja dados muito fiáveis.[3] Por altura da sua extinção, há 11000 a 9 000 anos atrás, o hipopótamo-anão-do-chipre era, porém, o animal de maior porte da ilha de Chipre, herbívoro e sem predadores naturais.[4]

Sítios arqueológicos no Chipre, e em particular em Aetokremnos evidenciam que o hipopótamo-anão-do-chipre pode ter convivido com os primeiros seres humanos a colonizar a ilha, e que os terão levado à extinção.[5][6][7]

Um espécie semelhante, de hipopótamo, o Hipopótamo-pigmeu-de-creta (Hippopotamus creutzburgi) viveu na ilha de Creta, mas extinguiu-se durante o Pleistoceno.

Nome alternativo

[editar | editar código-fonte]

Muitos cientistas mantêm o nome Phanourios minor para esta espécie. Este nome genérico foi dado por Paul Sondaar e Bert Boekschoten em 1972,[8] com base nos restos encontrados em Agios Georgios, Chipre, no sítio onde foi edificada uma capela dedicada a São Fanório, sobre um estrato rochoso fossilífero (brecha ossífera). Durante séculos, como já era mencionado por Bordone no século XVI,[9] os aldeãos acorriam aí para recolher alguns desses ossos, considerados como relíquias sagradas, já que acreditavam que eram os restos petrificados do santo já referido, venerado pelos Gregos Ortodoxos e que, de acordo com a mitologia local, teria fugido da Síria para escapar aos seus perseguidores, acabando por naufragar na rochosa costa de Chipre. Os ossos recolhidos eram moídos, de modo a produzir um pó com supostas virtudes medicinais. De modo a honrar a memória destas tradições e o local, Sondaar e Boekschoten nomearam o novo género de Phanourios, de acordo com a forma de escrever grega. Deram também o nome específico da espécie minutus, mudado posteriormente para minor, de acordo com as regras de prioridade na escolha do nome científico.

Referências

  1. Desmarest, A.G., 1822. Mammalogie ou description des espèces de mammifères. Mme Veuve Agasse imprimeur édit., Paris, 2ème part., pp.277-555.
  2. Hadjicostis, Menelaos (13 de março de 2016). «Dwarf Hippo Fossils Found on Cyprus». Fox Television. The Associated Press. Consultado em 6 de dezembro de 2007 
  3. Van der Geer A., Lyras G., De Vos J., Dermitzakis M. 2010. Evolution of Island Mammals: Adaptation and Extinction of Placental Mammals on Islands. Wiley-Blackwell, página 40
  4. Burness, G. P.; Diamond, J.; Flannery, T. (4 de dezembro de 2001). «Dinosaurs, dragons, and dwarfs: The evolution of maximal body size». Proceedings of the National Academy of Sciences. 98 (25): 14518–14523. ISSN 0027-8424. JSTOR 3057309. PMC 64714Acessível livremente. PMID 11724953. doi:10.1073/pnas.251548698. Consultado em 28 de janeiro de 2012 
  5. The earliest prehistory of Cyprus from colonization to exploitation, ed. Swiny, Stuart, American Schools of Oriental Research, 2001, In PDF
  6. Simmons, A. H. (1999). Faunal extinction in an island society: pygmy hippopotamus hunters of Cyprus. Col: Interdisciplinary Contributions to Archaeology. [S.l.]: Kluwer Academic/Plenum Publishers. 382 páginas. ISBN 978-0306460883. OCLC 41712246. doi:10.1007/b109876 
  7. Simmons, A. H.; Mandel, R. D. (dezembro de 2007). «Not Such a New Light: A Response to Ammerman and Noller». World Archaeology. 39 (4): 475–482. JSTOR 40026143. doi:10.1080/00438240701676169 
  8. Boekschoten G.J., Sondaar P.Y. 1972. On the fossil mammalia of Cyprus, I & II. Proceedings of the Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen (Series B), 75 (4): 306–38.
  9. Bordone B. 1528. Libro di Benedetto Bordone. Nel qual si ragiona di tutte l'Isole del mondo, con li lor nomi antichi & moderni, historie, favole, & modi del loro vivere. Niccolo Zoppino, Venice. In facsimile, Edizioni Aldine, Modena, 1982.