III Recenseamento Geral da População de Portugal
O III Recenseamento Geral da População de Portugal realizou-se a 1 de dezembro de 1890, abrangendo todo o território nacional no continente europeu e arquipélagos dos Açores e da Madeira. Segundo este Censo, Portugal tinha 5 049 729 «habitantes de facto», sendo 2 430 339 homens e 2 619 390 mulheres, verificando-se ainda que somente 1 048 802 sabiam ler e as famílias apresentavam um número médio de 4 indivíduos.
Este terceiro recenseamento geral da população foi primeiramente ordenado pela Carta de Lei de 15 de março de 1877, que determinava a realização em 1888, contudo e de acordo com a Carta de Lei de 25 de Agosto de 1887, esta estipulou a sua concretização no ano de 1890, ou seja, dois anos mais tarde, pretendendo também que tivesse uma periodicidade decenal.
Neste censo foram também seguidas novas diretrizes metodológicas, em concordância com o Congresso Internacional de Estatística realizado, em 1872, em S. Petersburgo.[1]
Levado a cabo pela Repartição Estatística do Ministério das Obras Públicas Comércio e Industria, utilizou o método da recolha direta, nominativa e simultânea, compreendendo a população existente no continente e ilhas adjacentes. Todos os indivíduos foram recenseados no mesmo dia e nos lugares onde passaram a noite de 30 de novembro para 1 de dezembro de 1890, baseada em boletins de família de fogos e de embarcações. Os boletins de embarcações foram utilizados pela primeira vez neste censo.
Foram recolhidas as seguintes variáveis: população de facto (presente) segundo o sexo, a idade e o estado civil (solteiros, casados e viúvos); população ausente (residente mas não presente); transeuntes (presentes não residentes); fogos (ou famílias); instrução elementar; circunstâncias físicas e especiais dos recenseados.
Os resultados definitivos deste censo, foram publicados em três volumes, com edição entre 1896 e 1900: O primeiro volume, que abrange os fogos, a população de facto e de residência habitual, feito o seu agrupamento por freguesias, concelhos e distritos e, discriminação por naturalidade, estado civil, sexo e instrução; o segundo volume, que estuda a população por idades; e por último o terceiro volume, que representa uma classificação segundo as profissões, sendo esta feita pela primeira vez.[2]
Alguns resultados
[editar | editar código-fonte]O estado da população de Portugal no 1º de dezembro de 1890 consta do seguinte quadro:[3]
Distrito | População |
---|---|
Aveiro | 287 437 |
Beja | 157 571 |
Braga | 338 308 |
Bragança | 179 678 |
Castelo Branco | 205 211 |
Coimbra | 316 624 |
Évora | 118 408 |
Faro | 228 635 |
Guarda | 250 154 |
Leiria | 217 278 |
Lisboa | 611 168 |
Portalegre | 112 834 |
Porto | 546 262 |
Santarém | 254 844 |
Viana do Castelo | 207 366 |
Vila Real | 237 302 |
Viseu | 391 015 |
Angra do Heroísmo | 72 151 |
Horta | 58 685 |
Ponta Delgada | 124 758 |
Funchal | 134 040 |
Total Nacional | 5 049 729 |
Distrito | Taxa de Alfabetização[4] | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Total | Homens | Mulheres | ||||||
Analfabetos | Sabem ler | Total | Analfabetos | Sabem ler | Total | Analfabetas | Sabem ler | |
Aveiro | 82,9% | 17,1% | 45,7% | 32,8% | 12,9% | 54,3% | 50,1% | 4,2% |
Beja | 84,6% | 15,4% | 51,5% | 42,1% | 9,4% | 48,5% | 42,5% | 6,0% |
Braga | 80,4% | 19,6% | 45,3% | 31,2% | 11,1% | 54,7% | 49,2% | 5,5% |
Bragança | 84,6% | 15,4% | 50,1% | 39,1% | 11,0% | 49,9% | 45,5% | 4,4% |
Castelo Branco | 87,3% | 12,7% | 49,7% | 40,5% | 9,2% | 50,3% | 46,8% | 3,5% |
Coimbra | 84,8% | 15,2% | 46,7% | 35,0% | 11,7% | 53,3% | 49,8% | 3,5% |
Évora | 81,4% | 18,6% | 51,8% | 40,9% | 10,9% | 48,2% | 40,5% | 7,7% |
Faro | 85,1% | 14,9% | 50,4% | 42,4% | 8,0% | 49,6% | 42,7% | 6,9% |
Guarda | 83,0% | 17,0% | 48,2% | 35,9% | 12,3% | 51,8% | 47,1% | 4,7% |
Leiria | 86,8% | 13,2% | 49,2% | 39,9% | 9,3% | 50,8% | 46,9% | 3,9% |
Lisboa | 64,5% | 35,5% | 51,7% | 32,4% | 19,3% | 48,3% | 32,1% | 16,2% |
Portalegre | 82,9% | 17,1% | 51,1% | 40,7% | 10,4% | 48,9% | 42,2% | 6,7% |
Porto | 72,0% | 28,0% | 46,7% | 28,8% | 17,9% | 53,3% | 43,2% | 10,1% |
Santarém | 73,1% | 16,9% | 49,6% | 38,8% | 10,8% | 50,4% | 44,3% | 6,1% |
Viana do Castelo | 76,8% | 23,2% | 43,8% | 25,9% | 17,9% | 56,2% | 50,9% | 5,3% |
Vila Real | 75,5% | 24,5% | 48,0% | 32,1% | 15,9% | 52,0% | 43,4% | 8,6% |
Viseu | 84,1% | 15,9% | 46,5% | 34,7% | 11,8% | 53,5% | 49,4% | 4,1% |
Angra do Heroísmo | 74,8% | 23,2% | 44,7% | 33,5% | 11,2% | 55,3% | 41,3% | 14,0% |
Horta | 72,8% | 27,2% | 42,9% | 31,1% | 11,8% | 57,1% | 41,7% | 15,4% |
Ponta Delgada | 80,2% | 19,8% | 46,4% | 37,8% | 8,6% | 53,6% | 42,4% | 11,2% |
Funchal | 84,5% | 15,5% | 47,5% | 40,7% | 6,8% | 52,5% | 43,8% | 8,7% |
Lisboa (a cidade) | 47,5% | 52,5% | 50,6% | 22,0% | 28,6% | 49,4% | 25,5% | 23,9% |
Porto (a cidade) | 54,0% | 46,0% | 48,0% | 21,0% | 27,0% | 52,0% | 33,0% | 19,0% |
Total Nacional | 79,2% | 20,8% | 48,3% | 34,7% | 13,6% | 51,7% | 44,5% | 7,2% |
Referências
- ↑ «1890 - 1 de Dezembro (III Recenseamento Geral da População)». Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 31 de janeiro de 2015
- ↑ «Censos - Fogos e população de facto - 1890». Ano de Edição: 1900. Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 4 de fevereiro de 2015
- ↑ «Separata do Volume 1 de 1890 - Relatório sobre o Censo da População». Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 31 de janeiro de 2015
- ↑ «Quadro nº14, página XCIX, - Composição da população, segundo a instrução elementar, referida a 100 habitantes». Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 4 de fevereiro de 2015
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Instituto Nacional de Estatística. Resultados definitivos dos Censos de 1890, volumes publicados :
- «"PDF (vol. I)"» (15640Kb)
- «"PDF (vol. II)"» (13833Kb)
- «"PDF (vol. III)"» (6896Kb)