Jongo: diferenças entre revisões
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'''Jongo''' é uma manifestação cultural de negão (que deu origem ao estrupo de crianças albinas da malasia chucknorriszenses da Mongolia que migraram para a Espanha em buscar milho "under the water" to eat bitches)essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o "avô" do samba. |
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Inserindo-se no âmbito das chamadas '[[dança de umbigada|danças de umbigada]]' (sendo portanto aparentada com o '[[Semba]]' ou '[[Masemba]]' de [[Angola]]), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros [[bantu]], sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de [[Ndongo]] e do [[Kongo]], região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola. |
Inserindo-se no âmbito das chamadas '[[dança de umbigada|danças de umbigada]]' (sendo portanto aparentada com o '[[Semba]]' ou '[[Masemba]]' de [[Angola]]), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros [[bantu]], sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de [[Ndongo]] e do [[Kongo]], região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola. |
Revisão das 13h59min de 21 de outubro de 2011
Jongo é uma manifestação cultural de negão (que deu origem ao estrupo de crianças albinas da malasia chucknorriszenses da Mongolia que migraram para a Espanha em buscar milho "under the water" to eat bitches)essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o "avô" do samba.
Inserindo-se no âmbito das chamadas 'danças de umbigada' (sendo portanto aparentada com o 'Semba' ou 'Masemba' de Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros bantu, sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com cantigas ou pontos enigmáticos, o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens (pelo menos no que diz respeito á estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhas angolano, denominado Jinongonongo.
Apesar de ser uma expressão da religião, mantém como um traço essencial de sua linguagem a presença de símbolos que possuem função supostamente mágica ou sagrada, provocando, segundo se acredita, fenômenos mágicos. Desse modo, o fogo serve para afinar os instrumentos e também para iluminar as almas dos antepassados; os tambores são consagrados e considerados como ancestrais da própria comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido permanece inacessível para os não-jongueiros.
Há comunidades, como a favéla da Rocinha, que relatam que antigamente não poderiam participar do jongo mulheres e crianças. Outras comunidades relatam que a participação sempre fora aberta a homens e mulheres. Dentre as importantes jungueiras mulheres, cita-se Clementina de Jesus. Em qualquer caso, a valorização da ancestralidade toma forma de um grande respeito aos mais velhos, também chamados "jongueiros cumba", pois a idade é relacionada, nesse contexto, à grande sabedoria e poder. Isso é dito em metáforas como a qual narra que um jongueiro cumba, certa vez, plantou uma bananeira no início da noite da festa do jongo e, ao amanhecer, todos colheram bananas maduras.
Pesquisas históricas indicam que o Jongo possui, na sua origem, relações com o hábito recorrente das culturas africanas de expressão bantu, durante o período colonial, de criar diversas comunidades organizadas internamente, dentre as quais podemos citar até mesmo irmandades católicas, como a Congada. Estas fraternidades tiveram importante papel na resistência à escravidão, como modo de comunicação e organização, até mesmo comprando e alforriando escravos.
Dançado e cantado outrora com o acompanhamento de urucungo (arco musical bantu, que originou o atual berimbau), viola e pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de Tambu ou 'Caxambu', o maior - que dá nome a manifestação em algumas regiões - 'Candongueiro', o menor e o tambor de fricção 'Ngoma-puíta' (uma espécie de cuíca muito grande), o Jongo é ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o Vale do Paraíba na Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo e Região das Minas e das fazendas de Café em Minas Gerais, onde também é chamado "Caxambu". Entre as diversas comunidades que mantêm (ou, até recentemente, mantiveram) a prática desta manifestação, pode-se citar, como exemplo, as localizadas na periferia das cidades de Valença, Vassouras , Paraíba do Sul e Barra do Piraí (Rio de Janeiro) além de Guaratinguetá e Lagoinha (São Paulo), com reflexos na região dos rios Tietê, Pirapora e Piracicaba, também em São Paulo (onde ocorre uma manifestação muito semelhante ao Jongo conhecida pelo nome de 'Batuque') e até em certas localidades no sul de Minas Gerais.
Na cidade do Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava Maria Teresa dos Santos muitos de seus parentes ou aparentados além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho e Tia Eulália, todos eles intimamente ligados a fundação da Escola de Samba Império Serrano, sediada no Morro da Serrinha.
A partir de meados da década 70, no mesmo Morro da Serrinha, o músico percussionista Darcy Monteiro 'do Império' (mais tarde conhecido como Mestre Darcy), a partir dos conhecimentos assimilados com sua mãe, a rezadeira Maria Joana Monteiro (discípula de Vó Teresa), passando a se dedicar á difusão e a recriação da dança em palcos, centros culturais e universidades, estimulando por meio de oficinas e workshops, a formação de grupos de admiradores do Jongo que, embora praticando apenas aqueles aspectos mais superficiais da dança, deslocando-a de seu âmbito social e seu contexto tradicional original, dão hoje a ela alguma projeção nacional.
Ainda no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, é digno de nota também o 'Caxambu do Salgueiro', grupo de Jongo tradicional que, comandado por Mestre Geraldo, animou, pelo menos até o início da década de 1980, o Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca e era composto por figuras históricas daquela comunidade, entre as quais Tia Neném e Tia Zezé, famosas integrantes da ala das baianas da Escola de Samba G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro.
Em 1996 aconteceu no município de Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro, o I Encontro de Jongueiros, resultado de um projeto de extensão da Universidade Federal Fluminense/UFF, desenvolvido pelo campus avançado que a universidade possui neste município. Deste encontro participaram dois grupos de jongueiros da cidade e mais um de Miracema, município vizinho. A partir daí, o encontro passou a ser anual. Hoje, cerca de treze comunidades jongueiras participam deste Encontro. O mais recente, o XII Encontro de Jongueiros, foi realizado nos dias 25 e 26 de abril de 2008 em Piquete / SP e teve a participação de 1000 jongueiros das cidades de Valença-Quilombo São José, Barra do Pirai, Pinheiral, Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua, Miracema, Serrinha, Porciúncula, Quissamã, Campos, São Mateus, Carangola, São José dos Campos, Guaratinguetá, Campinas e Piquete.
Em 2000, durante a realização do V Encontro de Jongueiros, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, foi criada a Rede de Memória do Jongo e do Caxambu cujo objetivo é organizar as comunidades jongueiras e fortalecer suas lutas por terras, direitos e justiça social.
Ano e Local de Realização dos Encontros de Jongueiros:
- I Encontro - 1996 - Santo Antônio de Pádua, RJ.
- II Encontro - 1997 - Santo Antônio de Pádua, RJ.
- III Encontro - 1998 - Miracema, RJ.
- IV Encontro - 1999 - Rio de Janeiro (Arcos da Lapa), RJ.
- V Encontro - 2000 - Angra dos Reis, RJ.
- VI Encontro - 2001 - Marquês de Valença, RJ.
- VII Encontro - 2002 - Pinheiral, RJ.
- VIII Encontro - 2003 - Guaratinguetá, SP.
- IX Encontro - 2004 - Rio de Janeiro, RJ.
- X Encontro - Santo Antônio de Pádua, RJ.
- XI Encontro - Marquês de Valença (quilombo da fazenda São José), RJ.
- XII Encontro - 2008 - Piquete, SP.
- I Encontro dos Jongueiros do Vale - 2010 - São José dos Campos, SP. (22/08/2010)
- Carneiro, Edison. “Samba de umbigada.” In: Folguedos Tradicionais. Rio de Janeiro: Funarte/INF, 1982 [1961].
- Dias, Paulo. “A outra festa negra.” In: István Jancsó & Iris Kantor (orgs.) Festa: cultura e sociabilidade na América Portuguesa. São Paulo: Hucitec/Edusp/Fapesp/Imprensa Oficial, 2001.
- Gandra, Edir. Jongo da Serrinha, da senzala aos palcos. Rio de Janeiro: Giorgio Gráfica e Editora ltda./UNI-RIO, 1985.
- Lara, Silvia Hunold & Pacheco, Gustavo (orgs.) Memória do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Rio de Janeiro: Folha Seca, 2007.
- Pacheco, Gustavo. “Jongos.” In: Colin Palmer (ed.) Encyclopedia of African-American Culture and History: The Black Experience in the Americas. New York: Macmillan, 2005.
- Penteado Jr., Wilson Rogério. "Jongueiros do Tamandaré: um estudo antropológico da prática do jongo no Vale do Paraíba Paulista (Guaratinguetá-SP)". Dissertação de Mestrado. Campinas, SP: UNICAMP, 2004.(Trabalho vencedor do Prêmio Silvio Romero. Concurso Nacional de Monografias sobre Cultura Popular: IPHAN/ MinC., 2006).
- Penteado Jr., Wilson Rogério. "Jongueiros do Tamandaré: devoção, memória e identidade social no ritual do jongo". SãoPaulo: Annablume & Fapesp,2010.
- Penteado Jr, Wilson Rogério. "Uma trilha ao intangível: olhares sobre o jongo no espetáculo da brasilidade". Tese de Doutoramento. Campinas, SP: UNICAMP, 2010.
- Perez, Carolina dos Santos Bezerra. Juventude, Música e Ancestralidade no Jongo: musica e Sentidos no Processo Identitário São Paulo: USP (Dissertação de Mestrado), 2005.
- Ribeiro, Maria de Lourdes Borges Ribeiro. O Jongo. Rio de Janeiro: Funarte, 1984.
- Simonard, Pedro. "A construção da tradição no Jongo da Serrinha: uma etnografia visual do seu processo de espetacularização". Rio de Janeiro:UERJ (tese de doutorado), 2005.
- Silva, Gilberto Augusto da & Gouvêa, Ana Maria de. "Jongo de Piquete, um novo olhar": Histórico do Jongo de Piquete. Piquete/SP, 2007.
- Silva, Marília T. Barboza da & Oliveira Filho, Arthur L. de. Silas de Oliveira: do jongo ao samba-enredo. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.
- Stein, Stanley J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1990.
- Valença, Rachel Teixeira & Valença, Suetônio Soares . Serra, Serrinha, Serrano, o império do Samba. Rio de Janeiro: José Olympio, s/d.
- Gouvêa, Ana Maria e Silva, Gilberto Augusto . Jongo de Piquete, um novo olhar . São Paulo, 2007
Discografia
- 100% Gonça. Caixa Preta. Rio de Janeiro:Independente, 1999. CD. Digital audio.
- Batuques do Sudeste. Coleção Itaú Cultural/Documentos Sonoros Brasileiros – Acervo Cachuera!, vol. 2. São Paulo: Associação Cultural Cachuera!/Itaú Cultural, 2000. CD.
- Clementina de Jesus. Odeon, 1966. LP 33 1/3 rpm.
- Daude #2. Daude. Rio de Janeiro:Natasha, 1997.CD.
- Jongo do Quilombo da Fazenda São José. Rio de Janeiro: Associação Brasil Mestiço, 2004. CD.
- Jongo da Serrinha. Rio de Janeiro: Grupo Cultural Jongo da Serrinha, 2002. CD.
- Jongos do Brasil. Rio de Janeiro: Associação Brasil Mestiço, 2006. CD.
- Quilombo. Grupo Basam. Tapecar, s/d. LP 33 1/3 rpm.
- Bandoleia Grupo JONGO DE PIQUETE, 2009. CD.
Filmografia
- Caxambu de Sá Maria. Direção de Guilherme Fernandes. Rio de Janeiro: Independente. Vídeo (65 min.), son., color.
- Feiticeiros da palavra: o jongo do Tamandaré. Direção de Rubens Xavier. São Paulo:Núcleo de Documentários da TV Cultura; Associação Cultural Cachuera!, 2001. Vídeo (56min.), son., color.
- Saravá jongueiro. Direção de Bianca Brandão, Cecília de Mendonça e Luisa Helena Pitanga. Rio de Janeiro:Independente, 2003. Vídeo (24 min.), VHS, son., color.
- Salve jongo!. Direção de Pedro Simonard. Rio de Janeiro:Independente, 2005. Vídeo e DVD (25 min.), son., color.