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Jongo: diferenças entre revisões

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'''Jongo''' é uma manifestação cultural de negão (que deu origem ao estrupo de crianças albinas da malasia chucknorriszenses da momgolia que micraram para Espanha para buscar milho "under the water")essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o "avô" do samba.
'''Jongo''' é uma manifestação cultural de negão (que deu origem ao estrupo de crianças albinas da malasia chucknorriszenses da Mongolia que migraram para a Espanha em buscar milho "under the water" to eat bitches)essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o "avô" do samba.


Inserindo-se no âmbito das chamadas '[[dança de umbigada|danças de umbigada]]' (sendo portanto aparentada com o '[[Semba]]' ou '[[Masemba]]' de [[Angola]]), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros [[bantu]], sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de [[Ndongo]] e do [[Kongo]], região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Inserindo-se no âmbito das chamadas '[[dança de umbigada|danças de umbigada]]' (sendo portanto aparentada com o '[[Semba]]' ou '[[Masemba]]' de [[Angola]]), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros [[bantu]], sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de [[Ndongo]] e do [[Kongo]], região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.

Revisão das 13h59min de 21 de outubro de 2011

Apresentação de Jongo do Grupo de Caxambu Michel Tannus de Porciúncula-RJ

Jongo é uma manifestação cultural de negão (que deu origem ao estrupo de crianças albinas da malasia chucknorriszenses da Mongolia que migraram para a Espanha em buscar milho "under the water" to eat bitches)essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o jongo é o "avô" do samba.

Inserindo-se no âmbito das chamadas 'danças de umbigada' (sendo portanto aparentada com o 'Semba' ou 'Masemba' de Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros bantu, sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.

Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com cantigas ou pontos enigmáticos, o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens (pelo menos no que diz respeito á estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhas angolano, denominado Jinongonongo.

Apesar de ser uma expressão da religião, mantém como um traço essencial de sua linguagem a presença de símbolos que possuem função supostamente mágica ou sagrada, provocando, segundo se acredita, fenômenos mágicos. Desse modo, o fogo serve para afinar os instrumentos e também para iluminar as almas dos antepassados; os tambores são consagrados e considerados como ancestrais da própria comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido permanece inacessível para os não-jongueiros.


Há comunidades, como a favéla da Rocinha, que relatam que antigamente não poderiam participar do jongo mulheres e crianças. Outras comunidades relatam que a participação sempre fora aberta a homens e mulheres. Dentre as importantes jungueiras mulheres, cita-se Clementina de Jesus. Em qualquer caso, a valorização da ancestralidade toma forma de um grande respeito aos mais velhos, também chamados "jongueiros cumba", pois a idade é relacionada, nesse contexto, à grande sabedoria e poder. Isso é dito em metáforas como a qual narra que um jongueiro cumba, certa vez, plantou uma bananeira no início da noite da festa do jongo e, ao amanhecer, todos colheram bananas maduras.

Pesquisas históricas indicam que o Jongo possui, na sua origem, relações com o hábito recorrente das culturas africanas de expressão bantu, durante o período colonial, de criar diversas comunidades organizadas internamente, dentre as quais podemos citar até mesmo irmandades católicas, como a Congada. Estas fraternidades tiveram importante papel na resistência à escravidão, como modo de comunicação e organização, até mesmo comprando e alforriando escravos.

Dançado e cantado outrora com o acompanhamento de urucungo (arco musical bantu, que originou o atual berimbau), viola e pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de Tambu ou 'Caxambu', o maior - que dá nome a manifestação em algumas regiões - 'Candongueiro', o menor e o tambor de fricção 'Ngoma-puíta' (uma espécie de cuíca muito grande), o Jongo é ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o Vale do Paraíba na Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo e Região das Minas e das fazendas de Café em Minas Gerais, onde também é chamado "Caxambu". Entre as diversas comunidades que mantêm (ou, até recentemente, mantiveram) a prática desta manifestação, pode-se citar, como exemplo, as localizadas na periferia das cidades de Valença, Vassouras , Paraíba do Sul e Barra do Piraí (Rio de Janeiro) além de Guaratinguetá e Lagoinha (São Paulo), com reflexos na região dos rios Tietê, Pirapora e Piracicaba, também em São Paulo (onde ocorre uma manifestação muito semelhante ao Jongo conhecida pelo nome de 'Batuque') e até em certas localidades no sul de Minas Gerais.

Na cidade do Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava Maria Teresa dos Santos muitos de seus parentes ou aparentados além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho e Tia Eulália, todos eles intimamente ligados a fundação da Escola de Samba Império Serrano, sediada no Morro da Serrinha.

A partir de meados da década 70, no mesmo Morro da Serrinha, o músico percussionista Darcy Monteiro 'do Império' (mais tarde conhecido como Mestre Darcy), a partir dos conhecimentos assimilados com sua mãe, a rezadeira Maria Joana Monteiro (discípula de Vó Teresa), passando a se dedicar á difusão e a recriação da dança em palcos, centros culturais e universidades, estimulando por meio de oficinas e workshops, a formação de grupos de admiradores do Jongo que, embora praticando apenas aqueles aspectos mais superficiais da dança, deslocando-a de seu âmbito social e seu contexto tradicional original, dão hoje a ela alguma projeção nacional.

Ainda no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, é digno de nota também o 'Caxambu do Salgueiro', grupo de Jongo tradicional que, comandado por Mestre Geraldo, animou, pelo menos até o início da década de 1980, o Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca e era composto por figuras históricas daquela comunidade, entre as quais Tia Neném e Tia Zezé, famosas integrantes da ala das baianas da Escola de Samba G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro.

Em 1996 aconteceu no município de Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro, o I Encontro de Jongueiros, resultado de um projeto de extensão da Universidade Federal Fluminense/UFF, desenvolvido pelo campus avançado que a universidade possui neste município. Deste encontro participaram dois grupos de jongueiros da cidade e mais um de Miracema, município vizinho. A partir daí, o encontro passou a ser anual. Hoje, cerca de treze comunidades jongueiras participam deste Encontro. O mais recente, o XII Encontro de Jongueiros, foi realizado nos dias 25 e 26 de abril de 2008 em Piquete / SP e teve a participação de 1000 jongueiros das cidades de Valença-Quilombo São José, Barra do Pirai, Pinheiral, Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua, Miracema, Serrinha, Porciúncula, Quissamã, Campos, São Mateus, Carangola, São José dos Campos, Guaratinguetá, Campinas e Piquete.

Em 2000, durante a realização do V Encontro de Jongueiros, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, foi criada a Rede de Memória do Jongo e do Caxambu cujo objetivo é organizar as comunidades jongueiras e fortalecer suas lutas por terras, direitos e justiça social.

Ano e Local de Realização dos Encontros de Jongueiros:

  • I Encontro - 1996 - Santo Antônio de Pádua, RJ.
  • II Encontro - 1997 - Santo Antônio de Pádua, RJ.
  • III Encontro - 1998 - Miracema, RJ.
  • IV Encontro - 1999 - Rio de Janeiro (Arcos da Lapa), RJ.
  • V Encontro - 2000 - Angra dos Reis, RJ.
  • VI Encontro - 2001 - Marquês de Valença, RJ.
  • VII Encontro - 2002 - Pinheiral, RJ.
  • VIII Encontro - 2003 - Guaratinguetá, SP.
  • IX Encontro - 2004 - Rio de Janeiro, RJ.
  • X Encontro - Santo Antônio de Pádua, RJ.
  • XI Encontro - Marquês de Valença (quilombo da fazenda São José), RJ.
  • XII Encontro - 2008 - Piquete, SP.
  • I Encontro dos Jongueiros do Vale - 2010 - São José dos Campos, SP. (22/08/2010)

  • Carneiro, Edison. “Samba de umbigada.” In: Folguedos Tradicionais. Rio de Janeiro: Funarte/INF, 1982 [1961].
  • Dias, Paulo. “A outra festa negra.” In: István Jancsó & Iris Kantor (orgs.) Festa: cultura e sociabilidade na América Portuguesa. São Paulo: Hucitec/Edusp/Fapesp/Imprensa Oficial, 2001.
  • Gandra, Edir. Jongo da Serrinha, da senzala aos palcos. Rio de Janeiro: Giorgio Gráfica e Editora ltda./UNI-RIO, 1985.
  • Lara, Silvia Hunold & Pacheco, Gustavo (orgs.) Memória do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Rio de Janeiro: Folha Seca, 2007.
  • Pacheco, Gustavo. “Jongos.” In: Colin Palmer (ed.) Encyclopedia of African-American Culture and History: The Black Experience in the Americas. New York: Macmillan, 2005.
  • Penteado Jr., Wilson Rogério. "Jongueiros do Tamandaré: um estudo antropológico da prática do jongo no Vale do Paraíba Paulista (Guaratinguetá-SP)". Dissertação de Mestrado. Campinas, SP: UNICAMP, 2004.(Trabalho vencedor do Prêmio Silvio Romero. Concurso Nacional de Monografias sobre Cultura Popular: IPHAN/ MinC., 2006).
  • Penteado Jr., Wilson Rogério. "Jongueiros do Tamandaré: devoção, memória e identidade social no ritual do jongo". SãoPaulo: Annablume & Fapesp,2010.
  • Penteado Jr, Wilson Rogério. "Uma trilha ao intangível: olhares sobre o jongo no espetáculo da brasilidade". Tese de Doutoramento. Campinas, SP: UNICAMP, 2010.
  • Perez, Carolina dos Santos Bezerra. Juventude, Música e Ancestralidade no Jongo: musica e Sentidos no Processo Identitário São Paulo: USP (Dissertação de Mestrado), 2005.
  • Ribeiro, Maria de Lourdes Borges Ribeiro. O Jongo. Rio de Janeiro: Funarte, 1984.
  • Simonard, Pedro. "A construção da tradição no Jongo da Serrinha: uma etnografia visual do seu processo de espetacularização". Rio de Janeiro:UERJ (tese de doutorado), 2005.
  • Silva, Gilberto Augusto da & Gouvêa, Ana Maria de. "Jongo de Piquete, um novo olhar": Histórico do Jongo de Piquete. Piquete/SP, 2007.
  • Silva, Marília T. Barboza da & Oliveira Filho, Arthur L. de. Silas de Oliveira: do jongo ao samba-enredo. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.
  • Stein, Stanley J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1990.
  • Valença, Rachel Teixeira & Valença, Suetônio Soares . Serra, Serrinha, Serrano, o império do Samba. Rio de Janeiro: José Olympio, s/d.
  • Gouvêa, Ana Maria e Silva, Gilberto Augusto . Jongo de Piquete, um novo olhar . São Paulo, 2007

Discografia

  • 100% Gonça. Caixa Preta. Rio de Janeiro:Independente, 1999. CD. Digital audio.
  • Batuques do Sudeste. Coleção Itaú Cultural/Documentos Sonoros Brasileiros – Acervo Cachuera!, vol. 2. São Paulo: Associação Cultural Cachuera!/Itaú Cultural, 2000. CD.
  • Clementina de Jesus. Odeon, 1966. LP 33 1/3 rpm.
  • Daude #2. Daude. Rio de Janeiro:Natasha, 1997.CD.
  • Jongo do Quilombo da Fazenda São José. Rio de Janeiro: Associação Brasil Mestiço, 2004. CD.
  • Jongo da Serrinha. Rio de Janeiro: Grupo Cultural Jongo da Serrinha, 2002. CD.
  • Jongos do Brasil. Rio de Janeiro: Associação Brasil Mestiço, 2006. CD.
  • Quilombo. Grupo Basam. Tapecar, s/d. LP 33 1/3 rpm.
  • Bandoleia Grupo JONGO DE PIQUETE, 2009. CD.

Filmografia

  • Caxambu de Sá Maria. Direção de Guilherme Fernandes. Rio de Janeiro: Independente. Vídeo (65 min.), son., color.
  • Feiticeiros da palavra: o jongo do Tamandaré. Direção de Rubens Xavier. São Paulo:Núcleo de Documentários da TV Cultura; Associação Cultural Cachuera!, 2001. Vídeo (56min.), son., color.
  • Saravá jongueiro. Direção de Bianca Brandão, Cecília de Mendonça e Luisa Helena Pitanga. Rio de Janeiro:Independente, 2003. Vídeo (24 min.), VHS, son., color.
  • Salve jongo!. Direção de Pedro Simonard. Rio de Janeiro:Independente, 2005. Vídeo e DVD (25 min.), son., color.

Referências

Ligações externas