Os lusitanos criaram as mais antigas vilas na costa do sudeste do Brasil. A mais antiga vila criada era São Vicente. Ali começou o cultivo da cana-de-açúcar. Mais tarde, nasceram demais vilas. A colonização do interior se iniciou com a criação da vila de São Paulo de Piratininga.[7]
Bandeirismo, tropeirismo, cultivo da cana-de-açúcar, imigração e desenvolvimento econômico e infraestrutural
Os habitantes da vila de São Paulo penetraram por intermédio do interior em busca de indígenas para prender. Eles promoveram as bandeiras. Em suas cansativas e longínquas andanças, os bandeirantes paulistas avistaram jazidas de ouro nas terras do hoje estado de Minas Gerais.[7]
A ocupação também cresceu com a venda de animais. Os vendedores conduziram os animais do sul do Brasil para serem comercializados na região das minas. No trajeto por onde trafegavam as tropas de gado surgiram ranchos e pousadas. Estas localidades fizeram nascer vários municípios.[7]
Novas propriedades de cultivo de cana-de-açúcar nasceram nas antigas rotas por onde acompanhavam as bandeiras. Estas propriedades fizeram surgir diversas comunas. Posteriormente, com o plantio do café, demais municipalidades nasceram.[7]
A colonização cresceu bastante com a vinda dos imigrantes e com a construção de novas ferrovias. A implantação de fábricas também colaborou para que muitos imigrantes de demais unidades federativas e de demais naçõesestrangeiras chegassem a residir na região sudeste do Brasil.[7]
Planalto Central: na parte noroeste da região, na retaguarda da Serra do Espinhaço, estão as chapadassedimentares, já na passagem para a região centro-oeste. Ali sobressaem o Espigão Mestre, grande prolongamento plano formado por rochas de longa data e fortemente desenvolvidas pela erosão. Entre ele e a Serra do Espinhaço, localiza-se a Depressão São Franciscana, região, que possui terrenos rebaixados, atravessado por um importante rio, o São Francisco.
PlanaltoArenito-basáltico: compreende sucessões de rochas menos duras, como o arenito (sedimentar) e outras mais resistentes, como o basalto (vulcânica), possibilitando a formação das denominadas cuestas, acidentes da topografia que se apresentam abruptas e íngremes em uma encosta e no sentido contrário correm em leve descida. Estas cuestas são vulgarmente denominadas pela designação de serras, como, por exemplo, a serra de Botucatu.
Em seu alto curso, que se estende da nascente até Pirapora (Minas Gerais), o rio São Francisco é irregular e inadequado para a navegação, no entanto, possui grande potencialidade hidrelétrica. A usina hidrelétrica de Três Marias foi ali erguida para normalizar o curso do rio, produzir energia elétrica e expandir o seu percurso navegável, por intermédio de eclusas que aumentam o nível das águas. Já no médio curso, que vai entre Pirapora e Juazeiro, na Bahia, o rio é completamente apropriado para a navegação. O baixo curso do rio São Francisco se situa completamente na região nordeste.[13]
No sudeste, como em qualquer outra região, as temperaturas passam pela decisiva força da localização geográfica, isto é, da latitude, do relevo ou altura e também da maritimidade. Deste modo, o norte de Minas Gerais e o Espírito Santo, de baixas latitudes e altitudes regulares, possuem um clima mais cálido. Já a Serra do Mar possui a maior umidade da região, porque bloqueia a transição dos ventos oriundos do Atlântico, repletos de chuva, e, por esta razão, cai chuva somente em suas encostas orientais. O litoral também é verdadeiramente mais chuvoso, como consequência da maritimidade.[15]
Vegetação
Já que são muitos os tipos climáticos na região sudeste, podemos entender que antigamente ali havia uma enorme variedade de gêneros de formação vegetal, atualmente em boa parte desflorestada, em consequência do desenvolvimentoagrário.[16]
A floresta tropical é a vegetação predominante na região, no entanto, sua característica oscila bastante. Ela é abundante e rica nas vertentes direcionadas para o oceano — Mata Atlântica — onde a pluviosidade é mais intensa, propiciando o crescimento de árvores altas, vários cipós, epífitas e numerosas palmeiras; está quase completamente desflorestada, menos nos sopés mais abruptos. No interior do continente, esta floresta se mostra menos espessa, já que aparece em regiões de clima mais seco, ocorre somente em manchas.[16]
Em determinadas regiões do interior aparecem as matas galerias ou ciliares, que se propagam às beiras dos rios, mais chuvosas. Nas regiões caracteristicamente tropicais do sudeste, sobressai a vegetação denominada de cerrado, formada por pequenas árvores e arbustos de galhos retorcidos e vegetação rasteira.[16]
A região Sudeste do Brasil abriga uma população estimada em 84.847.187 habitantes, conforme dados do censo de 2022, consolidando-se como a mais populosa do território nacional.[17] Esse elevado contingente demográfico deve-se, sobretudo, aos fluxos migratórios provenientes da Europa e às migrações internas ocorridas ao longo do século XX.[18] O estado de Minas Gerais, com 63% da superfície total, é o maior em extensão territorial da região,[19] enquanto São Paulo, responsável por 48% do número de habitantes, é o estado mais habitado.[20][18]
Cerca de 7% dos habitantes residem em áreas rurais, embora essa proporção apresente uma tendência de declínio.[21] A região conta com cem municípios cuja população ultrapassa 100 mil habitantes[22] e possui sete regiões metropolitanas de relevância, destacando-se São Paulo, com 20.743.587 habitantes; Rio de Janeiro, com 13.497.709 habitantes; e Belo Horizonte, com 5.733.783 habitantes, segundo o censo de 2022.[17][18]
Hoje residem na região sudeste do Brasil pouco mais de 123 mil indígenas. Do total, 17,44% moram em terras indígenas e 82,56% vivem fora. Dentre os 21 525 habitantes, que habitam terras indígenas, 20 555 moradores têm cor ou raça indígena e 970 residentes se acham indígenas. Entre os 101 909 residentes, os quais moram fora de terras indígenas, 89 379 pessoas possuem cor ou raça indígena e 12 530 indivíduos se julgam indígenas.[27]
Segundo pesquisa de autodeclaração do censo de 2022, 44 152 518 sudestinos se reconheceram como brancos, 28 904 271 pardos, 6 281 663 pretos, 902 731 amarelos e 101 295 indígenas.[28] Em 2010, 99,62% foram brasileiros (99,51% natos e 0,11% naturalizados) e 0,38% estrangeiros.[29] Dentre os brasileiros, 88,64% naturais do sudeste (83,94% do próprio estado) e 10,39% em demais regiões. 1,65% são do sul, 7,92% do nordeste, 0,56'% do centro-oeste e 0,26% do norte.[30] Entre os estados de origem dos imigrantes, a Bahia (2,77) possuía o maior percentual de residentes (1,46%). Este é acompanhado por Pernambuco (1,52%), Paraná (1,38), Ceará (0,91), Paraíba (0,85) e Alagoas (0,58).[31]
Povoamento
Imigrantes portugueses, espanhóis, italianos e alemães
A compreensão do desenvolvimento econômico da região Sudeste do Brasil está intrinsecamente ligada à contribuição de imigrantesestrangeiros. Entre esses grupos, os portugueses destacam-se como o contingente mais numeroso, presentes desde o período do descobrimento e concentrados majoritariamente nas áreas urbanas. Os italianos, por sua vez, estabeleceram-se sobretudo no estado de São Paulo, onde desempenharam um papel essencial na mão de obra das lavouras de café, atividade que impulsionou o desenvolvimento econômico estadual. Posteriormente, também contribuíram para o processo de industrialização da capital paulista.[32]
Os espanhóis chegaram em número reduzido, mas, assim como os italianos, inicialmente trabalharam na agricultura cafeeira e, posteriormente, no setor industrial paulista. Os alemães, embora menos numerosos, tiveram relevância significativa, fixando-se predominantemente na zona sul da cidade de São Paulo, em Limeira e no vale do rio Doce, no Espírito Santo. Apesar do volume expressivo de alemães em São Paulo, sua participação no Sudeste não foi tão marcante quanto na região Sul do país.[32]
Diversidade étnica minoritária, imigrantes sul-americanos, coreanos, chineses e japoneses
A imigração japonesa merece menção especial, pois, embora menos expressiva em outras partes do Brasil, foi de grande importância para o Sudeste, particularmente em São Paulo. Os japoneses fixaram-se nas áreas periféricas da capital paulista, onde se dedicaram à horticultura, contribuindo para a formação do cinturão verde da cidade. No interior, impulsionaram o desenvolvimento da avicultura e da produção de algodão em municípios como Bastos, Marília e Tupã.[32]
Predomínio da etnia caucasiana e grande número de mestiços
A região Sudeste do Brasil, após o Sul, apresenta a segunda maior proporção de pessoas autodeclaradas brancas, correspondendo a aproximadamente 66% da população. O estado de São Paulo destacou-se como o principal polo de atração para imigrantes europeus, inicialmente em razão da expansão da cultura cafeeira e, posteriormente, devido ao processo de industrialização.[32]
Em relação à população negra, embora esta represente apenas 6% dos habitantes da região, o Sudeste, juntamente com o Nordeste, abriga o maior contingente do país. Esse fenômeno é explicado por fatores históricos, já que pessoas escravizadas foram trazidas principalmente para o trabalho nas atividades de mineração durante o século XVIII e, mais tarde, para o cultivo do café nos séculos XIX e XX. Por outro lado, a presença de povos indígenas é limitada, concentrando-se em pequenas áreas ao longo do litoral. A população parda corresponde a cerca de 27% do total regional.[32]
A estrutura eclesiástica católica na região é robusta, contando com diversas arquidioceses e dioceses. Dentre as principais, destacam-se as arquidioceses de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Cada uma dessas jurisdições coordena dioceses menores e centenas de paróquias, atendendo uma vasta comunidade de fiéis.[38][39][40] As celebrações religiosas, especialmente as festas católicas, são importantes elementos culturais e turísticos, como a Festa de Nossa Senhora Aparecida e a Procissão do Senhor dos Passos.[41][42]
O movimento evangélico na região é diversificado. As igrejas pentecostais, como a Assembleia de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus, têm grande representação, principalmente em áreas urbanas. As igrejas de missão, como a Presbiteriana e a Batista, também possuem significativa presença e influenciam na educação e ações sociais. O crescimento do segmento evangélico é notável, refletindo uma mudança no perfil religioso da população brasileira nas últimas décadas.[34][35][36][37]
A região Sudeste do Brasil destaca-se por oferecer uma ampla variedade de oportunidades de emprego, além de contar com elevados padrões educacionais e serviços de saúde de qualidade, fatores que a tornam um destino atrativo para migrantes provenientes de diversas partes do país. O fluxo migratório é especialmente intenso a partir de regiões onde o desenvolvimento econômico não segue o crescimento populacional, como ocorre em algumas áreas do Nordeste. Além disso, a capital paulista recebe também considerável migração interna, composta por habitantes de cidades menores do interior do estado, o que contribui para que São Paulo apresente índices de crescimento demográfico superiores à média regional do Sudeste.[32]
Entretanto, a intensidade dessa migração já não é tão expressiva quanto em períodos anteriores. Atualmente, as cidades do Sudeste experimentam um crescimento urbano menos acelerado. A cidade de São Paulo, que outrora apresentava uma expansão contínua, viu sua taxa de crescimento populacional declinar de 4,5% para 1,9% ao ano.[32]
São Paulo e Rio de Janeiro configuram-se como metrópoles de abrangência nacional, exercendo influência em todo o território brasileiro. Em contrapartida, Belo Horizonte é classificada como uma metrópole regional, com uma esfera de influência limitada ao estado de Minas Gerais.[32]
O crescimento acelerado dessas três cidades resultou em um processo denominado conurbação, caracterizado pela integração espacial com municípios vizinhos, formando uma área urbana contínua. No Brasil, essas conurbações são oficialmente reconhecidas como regiões metropolitanas.[32]
Embora seja a região mais industrializada e desenvolvida do país, o Sudeste também enfrenta diversos desafios, frequentemente oriundos de seu próprio progresso. Entre os problemas mais significativos dessa região, que invariavelmente têm impacto em todo o território nacional, destacam-se os mencionados a seguir:[44]
Áreas verticais e horizontais lado a lado no tecido urbano de Heliópolis.Constantes crises econômicas: desde a década de 1970, a região Sudeste tem sido significativamente impactada pelas recorrentes crises econômicas que afetam o Brasil. Os elevados índices de inflação, associados à insuficiência de investimentos governamentais em áreas fundamentais, como energia elétrica e telecomunicações, têm contribuído para o aumento do desemprego e para a intensificação das desigualdades sociais, repercutindo não apenas no Sudeste, mas em todo o território nacional.[44]
Concentração de população nas regiões urbanas, provocada pelo êxodo rural: a intensa migração da população rural para as áreas urbanas, fenômeno conhecido como êxodo rural, resultou em um excedente de força de trabalho disponível. Essa dinâmica tem contribuído para a redução da renda média da população, agravando as taxas de desemprego e ampliando o contingente de habitantes em assentamentos precários. Consequentemente, a qualidade de vida de uma parcela significativa dos residentes na região Sudeste apresenta-se comprometida.[44]
Violência urbana: a violência urbana pode ser compreendida como um reflexo direto das adversidades econômicas e das expressivas desigualdades sociais. Populações marginalizadas, frequentemente enfrentando desafios como o desemprego e a insegurança alimentar, podem recorrer a atos violentos na busca por meios de subsistência. Nesse contexto, uma redistribuição equitativa de renda, aliada à promoção de oportunidades acessíveis para todos os indivíduos, desponta como uma abordagem viável para mitigar essa problemática.[44]
A violência urbana e a criminalidade constituem desafios comuns a grandes cidades em escala global. No entanto, esses fenômenos alcançam níveis alarmantes nas metrópoles da região Sudeste do Brasil, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nessas localidades, a proximidade entre áreas de alta concentração de riqueza e de extrema pobreza favorece o surgimento de dinâmicas associadas ao crime organizado e ao tráfico de entorpecentes.[44]
Progresso desigual dentre distintas zonas da região: o desenvolvimento desigual resulta em um fenômeno inevitável de atração populacional exercido pelos núcleos urbanos. Como consequência, as cidades experimentaram um crescimento desproporcional, enfrentando desafios significativos nas áreas de habitação, saúde pública, infraestrutura de saneamento, transporte e segurança alimentar.[44]
Graves problemas de agressão ao meio ambiente: a região Sudeste do Brasil, caracterizada por sua elevada densidade demográfica e significativa concentração de atividades industriais, enfrenta sérios desafios relacionados ao meio ambiente. Entre os principais problemas, destacam-se a degradação da qualidade do ar, a contaminação dos recursos hídricos e a deterioração dos solos. Além disso, o desmatamento de áreas florestais contribui para a perda irreversível de biodiversidade, levando à extinção de diversas espécies de fauna e flora.[44]
A região Sudeste do Brasil, assim como qualquer outra área do planeta, inevitavelmente continuará a enfrentar desafios. A melhoria nas condições de vida e na distribuição de recursos financeiros atenuará muitas dessas dificuldades, contudo, outras permanecerão. Com o retorno ao crescimento e a revitalização econômica, tanto o país quanto a região Sudeste terão a possibilidade de superar algumas de suas questões mais graves.[44]
A Região Sudeste do Brasil, composta pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, é uma das mais politicamente influentes do país, desempenhando um papel fundamental tanto no cenário nacional quanto local. Cada um dos estados dessa região possui sua própria estrutura de governo, com a divisão dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, além de exercer uma forte influência no eleitorado nacional.[45][46][47][48]
No poder executivo, cada estado (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo) é governado por um governador, escolhido por voto direto das populações paulista, fluminense, mineira e capixaba para mandatos de quatro anos. A composição dos legislativos estaduais é feita por assembleias legislativas, com o número de deputados variando de acordo com a população de cada estado. São Paulo, como o estado mais populoso, possui a maior assembleia, com 94 deputados estaduais. O Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo possuem, respectivamente, 70, 77 e 30 cadeiras. O sistema eleitoral é baseado no voto proporcional, com candidatos disputando cadeiras conforme a quantidade de votos recebidos.[45][46][47][48]
A Região Sudeste é decisiva nas eleições gerais, com sua alta concentração populacional representando uma parcela significativa do eleitorado brasileiro. São Paulo, como o maior colégio eleitoral do país, influencia diretamente a escolha do presidente do Brasil, senadores e deputados federais. O estado tem, aproximadamente, 33 milhões de eleitores. Rio de Janeiro e Minas Gerais seguem em termos de representatividade política, com o Espírito Santo, embora menor em termos populacionais, desempenhando papel relevante na política regional. Além disso, os estados da região são conhecidos por terem uma diversidade política, com grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro servindo de berço para diferentes correntes políticas e sociais.[54][55][56][57]
São Paulo possui o maior PIB, com R$ 3 130 333 trilhões, depois vem o Rio de Janeiro, com R$ 1 153 512 trilhão. O Espírito Santo é o estado mais pobre da região em PIB, com R$ 186 337 bilhões.[70] O maior PIB per capita é do estado do Rio de Janeiro, com R$ 71 850, depois vem São Paulo, com R$ 70 471. Apesar de ser o menor em PIB per capita, Minas Gerais está dentre os maiores do Brasil nesta questão, com R$ 44 147.[71]
O maior estado em IDH é São Paulo, com 0,806, à frente de Minas Gerais, com 0,774, e do Espírito Santo, com 0,771. Mesmo sendo o estado com a mais baixa qualidade de vida, o Rio de Janeiro está entre os primeiros maiores IDHs do Brasil, com 0,762.[72]
A expansão econômica do sudeste do Brasil se encontra associada a uma série de razões que possibilitaram principalmente esta região, em relação às demais do país sul-americano. Dentre estes motivos, sobressaem:[77]
O escoamento do café cultivado na região favoreceu, no decorrer de décadas (cerca de 1880 a 1950), o acúmulo de capitais.
As duas guerras mundiais (1914–1918 e 1939–1945) proporcionaram a instalação de fábricas no Brasil, o qual possuía incapacidade de comprar de certas nações em conflito. Deste modo, expandiu-se de maneira mais interna, a fabricação de produtos anteriormente comprados do estrangeiro, organizando-se enorme desenvolvimento das fábricas brasileiras.
É importante ressalvar que todas as razões se encontram interconectadas; a existência de um possibilita a expansão de outro. Por exemplo, a importante potencialidade humana e o progressoagrário e fabril do sudeste garantem um grande mercado consumidor para a produção regional. Estes motivos, associados a outros, são responsáveis por um desenvolvimento econômico muito maior em relação ao resto do Brasil.[77]
Mas a expansão agrícola, pecuária e fabril da região sudeste não é invariável: tal como ocorre com a divisão demográfica, as fontes de renda oscilam bastante de estado para estado, existindo maior quantidade de fábricas e pessoas na porção meridional da regiãio, mormente no decorrer da costa.[77]
Os setores agrícola e pecuário se mostram bastante expandidos e muito variegados, apesar do café haver sido a força primeira da colonização do estado de São Paulo e de sua enorme expansão econômica, seu plantio tem se diminuído cada vez mais e, hoje, alterna-se com demais cultivos ou era completamente sucedido.[78]
Na extração mineral, em 2017, Minas Gerais era o maior extrator do país de minério de ferro (277 milhões de toneladas no preço de R$ 37,2 bilhões), ouro (29,3 toneladas em R$ 3,6 bilhões), zinco (400 mil toneladas em R$ 351 milhões) e nióbio (no formato de cloridrato) (131 mil toneladas em R$ 254 milhões). Ademaiz, Minas fora o segundo maior exploradoer de alumínio (bauxita) (1,47 milhão de toneladas em R$ 105 milhões), terceiro de manganês (296 mil toneladas em de R$ 32 milhões) e 5º de estanho (206 toneladas em R$ 4,7 milhões). Minas Gerais possui 47,19% do valor da extração de minerais vendida no Brasil (primeiro lugar), com R$ 41,7 bilhões.[79][80][81][82] O estado detém a maior extração do país de várias pedras preciosas. Na água-marinha, Minas Gerais extrai as pedras mais valiosas do mundo. No diamante, o Brasil foi o maior explorador mundial de diamantes entre 1730 e 1870: a mineração aconteceu primeiramente na Serra da Canastra, região de Diamantina, vindo a diminuir o valor da pedra internacionalmente pela extração em demasia. Minas Gerais continua produzindo diamantes, além de possuir extrações maiores ou menores de ágata, esmeralda, granada, jaspe e safira. Topázio e turmalina sobressaem. No topázio, o Brasil tem a variedade mais reluzente do mundo, o topázio imperial, extraído somente em Ouro Preto. Ademais, o país é o maior extrator de topázio do mundo. É ainda um dos maiores exploradores de turmalinas do planeta.[83][84][85]
Ainda tem extração de grafita, em Salto da Divisa, Minas Gerais; aglomerados, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e pedras ornamentais, no Espírito Santo.[86]
Extremo norte: área de passagem para o nordestesemiárido, esta zona do sudeste é o mais subdesenvolvido economicamente, sobressaindo a criação extensiva de gado e a plantação de algodão. O município mais populoso da região é Montes Claros.[87]
São Paulo e Rio de Janeiro comandam o turismo brasileiro, de negócios e de lazer, nessa ordem, com a entrada inicial direta de cerca de 452 mil e mais de 181 mil turistas em cada um em 2012.[88] Em 2018, a Região Sudeste do Brasil foi responsável por 54,8% do total de passageiros embarcados e desembarcados no país. Considerando que, nesse ano, o movimento total de passageiros nos principais aeroportos brasileiros somou 206.880.245, isso representa aproximadamente 113.400.000 passageiros movimentados na Região Sudeste. É importante notar que esses números incluem tanto embarques quanto desembarques, em voosdomésticos e internacionais. Além disso, a região concentrou 52,6% dos pousos e decolagens de aeronaves no país durante o mesmo período.[89]
A Região Sudeste do Brasil, composta por quatro estados, possui 1.668 municípios. Em 2009, a região contava com aproximadamente 600.399 médicos, resultando em uma média de 3,1 médicos por mil habitantes. Além disso, havia cerca de 132.313 enfermeiros, correspondendo a 0,7 enfermeiros por mil habitantes.[91] A equipe de enfermagem, incluindo técnicos e auxiliares, ocupava 272.398 postos de trabalho na região, com predominância no setor público e em estabelecimentos hospitalares.[92]
Em relação ao acesso a serviços de saúde, dados de 2019 indicam que 76,5% da população brasileira costumavam procurar o mesmo local ou profissional de saúde, sendo que 69,8% desses atendimentos ocorriam em estabelecimentos públicos, com destaque para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), mencionadas por 46,8% dos usuários. Além disso, apenas 28,5% da população possuía algum plano de saúde, seja médico ou odontológico, evidenciando a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) na assistência à saúde da população.[94]
A Estratégia Saúde da Família (ESF) desempenha um papel fundamental na atenção primária, com equipes multidisciplinares atuando em comunidades para promover a saúde e prevenir doenças. No entanto, desafios persistem, como a necessidade de ampliar a cobertura e melhorar a infraestrutura dos serviços de saúde, especialmente em áreas mais vulneráveis.[95]
A Região Sudeste do Brasil destaca-se por sua expressiva infraestrutura educacional, abrangendo desde a educação infantil até o ensino superior. Em 2022, a taxa de escolarização para crianças de 6 a 14 anos atingiu 99,4% no país, com o Sudeste apresentando uma das maiores taxas, refletindo o compromisso regional com a educação básica.[96]
A taxa de analfabetismo na região é a mais baixa do Brasil, registrando 2,9% em 2022, em contraste com a média nacional de 5,6%. No entanto, desafios persistem, como a redução do analfabetismo funcional e a melhoria contínua da qualidade do ensino.[96]
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) relacionado à educação no Sudeste é elevado, refletindo os investimentos e políticas públicas voltadas para o setor.[23] Apesar dos avanços, a região continua empenhada em aprimorar seus indicadores educacionais, buscando equiparar-se a países desenvolvidos e assegurar educação de qualidade para toda a população.[101]
A Região Sudeste do Brasil destaca-se por abrigar aproximadamente metade da população nacional e concentrar os centros urbanos mais industrializados do território. Essa configuração confere à região o mais elevado índice de urbanização e a infraestrutura de transportes mais desenvolvida do país.[105]
A malha ferroviária da região Sudeste, expandida principalmente devido à cultura cafeeira, constitui aproximadamente metade das vias férreas existentes no Brasil. Além disso, cerca de 30% das rodovias nacionais estão situadas nessa região, com destaque para o estado de São Paulo, onde se concentra a maior parte dessas estradas. Determinadas rodovias, como a dos Imigrantes e a Castelo Branco, são reconhecidas por sua qualidade e segurança, sendo comparáveis às melhores infraestruturas viárias da América.[105]
Nos anos mais recentes, contudo, a redução nos aportes financeiros por parte do governo tem inviabilizado a expansão da infraestrutura rodoferroviária e comprometido a conservação das estruturas já implantadas.[105]
O progresso industrial observado na região, aliado a uma estratégia governamental explicitamente voltada à exportação, impulsionou significativamente a ampla expansão das atividades portuárias no Sudeste do Brasil. Nesse contexto, destacam-se os portos de Santos, Vitória, Tubarão, Angra dos Reis e Sepetiba como os mais movimentados do território nacional.[105]
A região dispõe de uma infraestrutura moderna e bem equipada, destacando-se a presença de aeroportos internacionais e diversos terminais destinados ao intenso fluxo de voos domésticos. Em contrapartida, a utilização da navegação fluvial permanece subaproveitada. Com o intuito de viabilizar o transporte aquaviário em trechos navegáveis de rios como o Tietê e o Paraná, foi instituída a hidrovia Tietê-Paraná. Para tal empreendimento, foram edificadas oito eclusas — mecanismos hidráulicos semelhantes a elevadores aquáticos — cuja função é regularizar os desníveis do leito fluvial, permitindo, assim, o trânsito seguro de embarcações entre as diferentes seções da hidrovia.[105]
A hidrovia possibilita a navegação ao longo de 2,4 mil quilômetros da bacia Platina, abrangendo cinco estados brasileiros e quatro nações sul-americanas. Trata-se de um avanço significativo na modernização da infraestrutura de transportes da região Sudeste, contribuindo para a redução dos custos de frete e favorecendo a integração com outros meios de transporte.[105]
Por se encontrar centralizado quase 50% do contingente populacional do país, além de se encontrar o maior e mais variegado centro fabril do país e de centralizar um grande sistema de transportes, a região precisa de muita energia. Boa parte da energia utilizada na região (bem como ocorre no país) é gerada por usinas hidrelétricas, como Furnas, Ilha Solteira, Três Marias, Marimbondo, Jupiá e outras; explorando o relevo montanhoso e a existência de rios volumosos. Uma porção da energia gerada na região procede das usinas termonucleares, Angra I e Angra II.[106]
Em 2013, o Sudeste é responsável por mais da metade do volume do Sistema Integrado Nacional (SIN), sendo a maior região compradora de eletricidade do país. O potencial implantado de produção de energia elétrica da região perfazia mais de 42 500 MW, o que significava mais de um terço do volume de produção do Brasil. A produção hidrelétrica respondia por 58% do potencial implantado na região, sendo o resto 42% essencialmente equivalente à produção termelétrica. São Paulo era responsável por 40% desse potencial; Minas Gerais por mais de 25%; o Rio de Janeiro por 13,3%; e o Espírito Santo pelo resto. Entre as fontes renováveis para a produção termelétrica, sobressai a biomassa da cana-de-açúcar, com aproximadamente 6 300 MW de capacidade, divididos em mais 230 usinas. Entre as fontes não renováveis, sobressaem o gás natural, com cerca de 6 300 MW, os derivados de petróleo, com 1 100 MW, e a geração termonuclear, com 2 000 MW.[106]
O sistema prisional na Região Sudeste enfrenta desafios significativos, incluindo superlotação e déficit de vagas. O aumento do encarceramento e da rede de instituições carcerárias em todo o Brasil é impulsionado pelo "exemplo" paulista, que lidera o país em termos de número de presos e estabelecimentos prisionais. Além disso, o surgimento e a expansão de facções criminosas dentro do sistema prisional têm contribuído para a complexidade da segurança pública na região.[108]
Em relação às estatísticas de criminalidade, os estados da Região Sudeste apresentam taxas de homicídios abaixo da média nacional. Por exemplo, São Paulo registrou uma redução significativa na taxa de homicídios, passando de 39,7 para 10,1 por 100 mil habitantes entre 1998 e 2014. Essa diminuição reflete os esforços contínuos das autoridades estaduais em implementar políticas de segurança pública eficazes.[109]
No entanto, desafios persistem, como a violência policial e a impunidade em alguns casos. A atuação da Polícia Militar no Rio de Janeiro, por exemplo, tem sido alvo de críticas devido a padrões violentos de operação, sendo responsável por 17% de todas as mortes violentas em 2017. Além disso, a baixa efetividade da Polícia Civil reflete-se na impunidade dos crimes que não têm as investigações concluídas, com apenas 12% dos crimes registrados sendo encaminhados para o sistema judiciário em 2015.[110]
A região sudeste é abundante em lendas e mitos, repletos de personagens extraordinários como o saci-pererê e a mula sem cabeça. Na região interiorana de Minas Gerais são notórios os narradores de "causos", cuja inventividade sustentava antigamente a imaginação dos escutadores. Uma raridade que ainda existe nas comunidades rurais é o carro de boi, o primeiro meio de transporte no Brasil.[111]
Nas regiões produtoras de café no estado de São Paulo, extinta a escravatura, os agricultores das propriedades começaram a morar nas imediações da sede, em agrupamentos de residências que compunham grupos de edificação normal. Com a difusão das olarias, a residências de taipa passaram a ceder lugar às construções de tijolos. Nas comunidades de colonização mais tradicional, como no Rio de Janeiro e Minas Gerais, preservaram-se as matrizes dos engenhos de açúcar e das propriedades de café do período colonial. Diminutas residências rurais mantém aspectos antigos, com paredes de taipa ou pau-a-pique, ocasionalmente com revestimento de sapê. No Espírito Santo se fizeram frequentes as habitações de pau-a-pique, barreadas, revestidas com folhas de zinco ou estilhaços de lenha. Nos importantes centros urbanos, principalmente no Rio de Janeiro, os migrantes sem teto fizeram surgir um gênero próprio de edificação, o barraco, em agrupamentos estreitos que ganharam a denominação de favela ou morro. A favela se constitui de casas de papelão, tábuas e latas que convivem com outras de alvenaria, de dois ou mais andares, geralmente sem arremate exterior.[111][112]
A Região Sudeste do Brasil destaca-se por sua rica tradição esportiva, com o futebol ocupando posição de destaque.[114][115] Nos quatro estados que compõem a região, os clubes mais vitoriosos são:
O futebol foi introduzido nos estados do Sudeste no final do século XIX e início do século XX. Em São Paulo, Charles Miller é creditado por trazer o esporte em 1894.[130] No Rio de Janeiro, o futebol ganhou força no início do século XX, com clubes de remo adotando a modalidade.[131][132] Em Minas Gerais, o esporte começou a se popularizar nas primeiras décadas do século XX.[133][134] No Espírito Santo, o futebol também se difundiu no início do século XX, com a fundação de clubes tradicionais.[135][136]
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