José Gavinho Viana

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José Gavinho Viana
Nascimento 1826
Viana do Castelo
Morte 1904
Cidadania Brasil
Prêmios
  • Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
  • Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

José Gavinho Viana ComC (Viana do Castelo, 22 de junho de 1826Carapebus, 30 de janeiro de 1904) foi um fidalgo português, comendador, escravocrata, capitalista, negociante, fazendeiro e senhor de engenho estabelecido no Brasil durante o Império.

Filho de um grande capitalista e armador, António Gavinho, e de D. Teresa de São José, foi neto paterno dos fidalgos João Gavinho e D. Joana Gavinho, e materno do político José Gonçalves e de D. Josefa Sebastiana, rica proprietária da vila d'A Guarda, Reino da Galiza. Era sobrinho de Manuel José Gavinho, poderoso administrador do Conselho de Viana do Castelo, comendador da Ordem de Cristo, cavaleiro templário maçônico da Ordem de Malta, chefe do partido "Histórico", depois "Progressista", além de notório "Cabralista". Foi batizado por seu parente o cônego prior Dom Francisco Pedro de Araújo Leme.

A família Gavinho tem ligações com o Brasil desde que o capitão-mor André Fernandes Gavinho teve por sesmarias extensas terras na Ilha Grande de Joannes, hoje Ilha de Marajó, ainda no século XVIII, tornando-se governador-geral. O “Dicionário das Famílias Brasileiras” descreve-os como: “Importante e antiga família de origem espanhola, constituída de abastados proprietários de terras (...)”. Na intenção de se apossar de heranças familiares no Brasil, o comendador Gavinho se instalou no município de Macaé (Rio de Janeiro), contratando consórcio matrimonial com membro de tradicional família campista, D. Anna Maria das Virgens Pereira Rabello, a "Sá-Dona", cujos antepassados são citados na historiografia regional como destacados senhores de engenho. Viúvo jovem, casou-se mais duas vezes com herdeiras Pereira Rabello, consecutivamente, sobrinha e prima de sua primeira esposa. Deixou conhecida descendência dos três casamentos.

Foi negociante/importador com um grande trapiche/porto em Carapebus (RJ). Fazendeiro de café e açúcar, possuía cinco grandes propriedades, uma das quais contava com moderno engenho a vapor inaugurado em 1872. Era produtor de uma famosa aguardente, além do "Licôr Noblesse", em sociedade com o Padre José Alves da Cruz e o Comendador Antônio Dias Coelho Neto dos Reis.

O comendador Gavinho associou-se a muitas instituições pias no Brasil e na Europa. Em Macaé, ingressou, a 11 de maio de 1851, na Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Carapebus. Em 9 de abril de 1864 lidera os fundadores da sociedade musical “União Recreio Carapebuense”. No ano seguinte figura em uma “representação dos principais fazendeiros e negociantes dos municípios de Macaé e Campos dos Goytacazes”, envidada a Presidência da Província, que “não podendo ver impassíveis deteriorar-se” as obras do Canal Campos-Macaé, pedem por providências. Fez parte de um grupo de “fazendeiros e negociantes” que concorreram “com escravos e dinheiro” para o adiantamento das obras da primeira Igreja Matriz da Freguesia de Carapebus. Embora as instituições religiosas macaenses só passem a ser citadas no Almanak Laemmert a partir do ano de 1877, já era membro em Macaé da “Confraria da Gloriosa Sant'Ana” no mínimo desde 1864, ano em que foi um dos “Protectores da Devoção do Senhor Morto”. Era membro da Maçonaria com Grau 33 e Cavaleiro Templário ligado a Ordem de Malta, que exige que o maçom professe e pratique a fé cristã. Foi vice-cônsul de Portugal em Macaé.

Recebeu o grau de comendador da Ordem de Cristo por decreto de Sua Majestade Fidelíssima Dom Pedro V, Rei de Portugal, pelos auxílios prestados a seus patrícios estabelecidos no Norte Fluminense.Também recebeu de Sua Majestade Fidelíssima Dom Carlos I, Rei de Portugal, o grau de cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, instituída por Dom João VI, em 1818.

Morreu em Carapebus (Rio de Janeiro), na sua Fazenda Caxanga, deixando uma fortuna em bens no Brasil e na Europa. Agrupou um precioso conjunto com obras de arte e antiguidades que hoje compõem a "Collecção D. Rosa Joaquina", um importante acervo privado conservado em Macaé (RJ).

Referências[editar | editar código-fonte]

  • LIVRO DE REGISTROS DE BATIZADOS (Igreja de Nossa Senhora de Monserrate, Viana do Castelo, Portugal). Período de 1766-1844, folha 47. Arquivo Distrital de Viana do Castelo, Portugal (Código Ref. 1387291).
  • Carta de Comendador da Ordem Militar de Cristo, datada de 12 de julho de 1867, em favor de Manuel José Gavinho. Cf.: Registro Geral de Mercês de D. Luís I, Livro 19, fl. 178. (Código Ref. PT/TT/RGM/J/19. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Portugal.
  • GAVINHO, Manuel José, Administrador do Conselho. Livro de Registros dos Autos de Abertura e de Publicação dos Testamentos Cerrados. 11 de outubro de 1879-20 de agosto de 1880. Cf. (Código de Ref. PT/ADVCT/ACVCT/003/00009. Arquivo Distrital de Viana do Castelo. Portugal.
  • VASCONCELOS, Maria Emilia Sena de. A Casa dos Barbosa e Silva, de Viana, e Camilo. Cf. ALPUIM, M. A. de; VASCONCELOS, M. E. De. Casas de Viana Antiga, Portugal, 1983.
  • BARATA, Carlos Eduardo de Almeida; BUENO, Antônio Henrique da Cunha (1999). «Gavinho». Dicionário das famílias brasileiras. t. 1, v. 1. Rio de Janeiro: [s.n.] p. 1074. 1268 páginas. ISBN 978-03-304-5998-3. LCCN 99885494. OCLC 248797078. OL 141924M 
  • LIVRO DE REGISTROS DE CASAMENTOS, Número 1, Período 1844 a 1859, folha 6. Arquivo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória, Carapebus (RJ).
  • LAMEGO, Alberto. A Terra Goytacá: Á luz de documentos inéditos. Niterói: Diário Oficial, 1943, Tomo Sexto, Capítulo II, pp. 28–9.
  • LIVRO DE REGISTROS DE CASAMENTOS, Número 1, Período de 1844 a 1859, folha 32. Arquivo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória, Carapebus (RJ).
  • LIVRO DE REGISTROS DE CASAMENTOS, Número 3, Período de 1890 a 1922, folhas 23v e 24. Arquivo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória, Carapebus (RJ).
  • LIVRO DE REGISTROS DE ENTRADAS DOS IRMÃOS DA IRMANDADE DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, termo 93, folha 10. Arquivo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória, Carapebus/RJ.
  • MONITOR MACAHENSE: Jornal Político, Litterario, Commercial e Agrícola. Macahé, terça-feira, 19 de abril de 1864. Anno II, N. 183, p. 4. Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
  • MONITOR MACAHENSE: Jornal Político, Litterario, Commercial e Agrícola. Macahé, terça-feira, 13 de junho de 1865. Anno III, N. 301, pp. 1–2. Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
  • O TELEGRAPHO. Macahé, sexta-feira, 21 de outubro de 1870, Anno IV, N. 356, p. 1. Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
  • MONITOR MACAHENSE: Jornal Político, Litterario, Commercial e Agrícola. Macahé, terça-feira, 16 de agosto de 1864. Anno III, N. 217, p. 1. Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
  • O TELEGRAPHO. Macahé, sexta-feira, 19 de julho de 1872, Anno VI, N. 532, p. 2. Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
  • O LYNCE: Órgão Popular. Macahé - 27 de fevereiro de 1904, n. 429, p. 2. Coleção do Historiador Antonio Alvarez Parada. Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.