Josué de Barros
Josué de Barros | |
---|---|
Josué, em 1936 | |
Nome completo | Josué Borges de Barros |
Nascimento | 16 de março de 1888 Salvador, Bahia, Brasil |
Morte | 30 de novembro de 1959 (71 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro |
Residência | Rio de Janeiro |
Nacionalidade | Brasileiro |
Progenitores | Mãe: Libânia Torres de Barros Pai: Cândido Borges de Barros |
Parentesco | Visconde de Pedra Branca |
Cônjuge | Hozana de Barros |
Filho(a)(s) | Zuleika, Odete e Betinho |
Ocupação | Músico, compositor |
Josué Borges de Barros (Salvador, 16 de março de 1888 — Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1959) foi compositor, instrumentista e cantor brasileiro.[1]
Josué de Barros foi o descobridor de Carmen Miranda.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Filho de Cândido Borges de Barros e Libânia Torres de Barros, descendia de Domingos Borges de Barros, Visconde de Pedra Branca.[2]
Em 1904 mudou-se com o irmão Otaviano para o Rio de Janeiro, com quem formou a dupla Irmãos Barros, que não teve grande duração, com o retorno deste à Bahia. Josué então despertou o interesse da gravadora Columbia, lançando em 1910 sua primeira gravação - uma polca intitulada "Aventureira".[2]
Mais tarde uniu-se a outros dois baianos - Duque (Antônio Lopes de Amorim Diniz) e Arthur Castro numa turnê pela Europa - realizada de modo aventureiro mas que ficou marcada como a primeira excursão estrangeira de artistas brasileiros para divulgar a mpb. A iniciativa fracassou logo em Paris, onde desembarcaram, especialmente por nenhum dos três falar outro idioma além do português.[2]
De Paris obtiveram auxílio do consulado brasileiro para retornar ao Brasil mas, numa escala em Lisboa do navio, desembarcaram Josué e Arthur, dispostos a persistirem, já que ali o idioma não seria obstáculo - e acabaram por fazer sucesso na capital portuguesa.[2]
Ambos foram mais tarde convidados por um alemão a gravar discos em seu país, partindo então a Berlim onde, pela Decca Records gravaram vários álbuns de músicas variadas. Ali Arthur separa-se do parceiro que, sozinho, não consegue manter-se. Josué, boêmio, vê-se forçado a ir novamente para Lisboa, onde obtém auxílio para a volta à Bahia.[2]
Em 1915 casa-se com Hozana de Barros, sobrinha de Floriano Peixoto, com quem teve três filhos: Zuleika, cantora, Odete e Alberto Borges de Barros (Betinho), violonista e compositor de sucesso,[2] que ficou famoso por introduzir no Brasil o rock'n roll.
Em 1928 muda-se novamente para o Rio, onde tem composições gravadas pelos artistas de sucesso na época. Torna-se um precursor do gênero da música caipira e, no ano seguinte, conhece Carmen Miranda, a quem passa a promover, encaminhando-a à Brunswick Records, que acabara de se instalar no país e procurava novos talentos. Ali Carmen grava seu primeiro disco, com duas composições de Josué.[2]
Ainda assim a gravadora não possuía a abrangência da Victor Talking Machine Company, para onde Josué encaminha a nova cantora, através do seu diretor, Rogério Guimarães, ainda em 1929, sendo contratada finalmente no ano seguinte. Mas é num disco do próprio Josué que a cantora tem uma participação interessante, fazendo o papel de "mulata" e entoando um batuque que Barros compusera inspirado no candomblé.[2]
Carmen ainda gravaria outras composições do baiano, até atuarem em parceria na marcha Por ti estou presa, com música da cantora e letra de Josué, que integra de modo presente durante sua fase brasileira. Quando a cantora muda-se para Hollywood não rompe os laços com o amigo e descobridor, ajudando-o e correspondendo-se com ele.[2]
Além de Carmen Miranda Barros foi o descobridor do Bando da Lua, na época ainda denominado Bloco de Bimbo e, em 1929, introduziu no país o violão elétrico.[2]
Excursiona na Argentina em 1932, junto a Carmen Miranda, Roberto Vilmar, Mário Cabral e o filho Betinho. Com o sucesso naquele país, Barros resolve ali permanecer, morando com a família em Buenos Aires por seis anos.[2]
Ao voltar para o Brasil, afasta-se da vida artística. Concede entrevista em 1953, no qual justifica sua ausência:[2]
"De volta ao Brasil encontrei muita coisa mudada. O rádio tomava rumos diferentes daqueles que eu deixara (...) Por outro lado eu já estava velho, muito velho mesmo. Preferi ceder lugar aos moços (...) Minha tarefa estava extinta."
– Josué de Barros in: A Cigarra Magazine
Sua última manifestação pública deu-se quando, em 5 de agosto de 1955 morre a cantora já mundialmente famosa, Carmen Miranda. A morte o abalou, a ponto de escrever ao viúvo da cantora, David Sebastian: "O desaparecimento de Carmen esvaziou minha vida".[2]
Em depoimento último ao biógrafo da Pequena Notável, Queiroz Júnior, respondeu-lhe ao ser-lhe pedido sobre sua vida:[2]
"Minha vida, Queiroz, não importa! Eu poderia resumi-la em três palavras: Eu descobri Carmen, e esta descoberta foi a minha glória".
– Josué de Barros
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1959, deixando uma obra que foi gravada por intérpretes como Gastão Formenti, Aracy Cortes, Sílvio Salema, Floriano Belham e muitos outros.[2]