Julgamento dos Vinte e Um
O Julgamento dos Vinte e Um foi um dos últimos dos processos de Moscou. Aconteceu em março de 1938 durante o fim do Grande Expurgo de Josef Stalin, então líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
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O julgamento[editar | editar código-fonte]
Os principais acusados no julgamento foram Aleksei Rykov, Nikolai Bukharin, Nikolai Krestinski, Christian Rakovsky e Genrikh Yagoda, todos Bolcheviques proeminentes. Os acusados foram denunciados como membros da "facção de direita de Trotsky" que estava querendo "derrubar o socialismo e restaurar o capitalismo" na Rússia.
Assim como nos julgamentos anteriores, os réus foram acusados de uma série de crimes:
- assassinatos de Sergei Kirov, Valerian Kuybyshev, Vyacheslav Menzhinsky e Máximo Gorki e seu filho.
- tentativa de assassinato de Vladimir Lênin duas décadas antes.
- planejar o assassinato de Sverdlov, Viatcheslav Molotov, Lazar Kaganovitch, Kliment Vorochilov e Stalin.
- conspiração para forjar a economia através da sabotagem de minas, do sacrifício do gado e do descarrilhamento de trens.
- espionagem para agências de inteligência britânica, francesa, japonesa e alemã.
- fazerem acordos secretos com a Alemanha e o Japão, prometendo ceder a Bielorrússia, a Ucrânia e outras áreas da URSS para potências estrangeiras.
Todos os acusados confessaram durante o julgamento, que foi conduzido de maneira teatral, com exceção de Krestinsky, que inicialmente negou todas as acusações antes de confessar no dia seguinte. Ele afirmou: "eu inteira e completamente admito que sou culpado dos piores crimes dos quais sou acusado e admito minha completa responsabilidade pela traição e deslealdade que cometi".
Todos os réus, com a exceção de três, foram condenados por "cometerem graves ofensas previstas pelo Código Penal" e sentenciados à pena de morte por fuzilamento. Pletnev foi sentenciado a 25 anos de prisão, Rakovsky a 20, e Bessonov a 15 (Em setembro de 1941, eles foram assassinados num massacre de prisioneiros conduzido pela NKVD).
O sentenciamento de Yagoda, ex-chefe da NKVD, à morte foi intencional, a fim de simbolizar o fim da era de terror do Grande Expurgo.
Referências na literatura[editar | editar código-fonte]
O Zero e o Infinito[editar | editar código-fonte]
Em seu livro O Zero e o Infinito, lançado em 1944, Arthur Koestler narra a atmosfera sombria do julgamento. Ele narra a história fictícia das últimas semanas de um Velho Bolchevique que está tentando entrar em paz consigo mesmo após os resultados indesejados da Revolução que ele mesmo ajudou a criar. Como antigo membro do Partido Comunista, Koestler faz uma análise da situação muito superior à dicotomia dos tempos de Guerra Fria, mostrando as razões e origens da Revolução, enquanto, ao mesmo tempo, critica a ação tirânica do líder (Stalin) que dela saiu.
Eastern Approaches[editar | editar código-fonte]
A autobiografia do Sir Fitzroy Maclean, intitulada Eastern Approaches, tem um capítulo inteiro dedicado ao Julgamento dos Vinte e Um, que ele testemunhou enquanto trabalhava na embaixada britânica em Moscou. Ele faz uma análise bem detalha dos acontecimentos, descrevendo as falas dos acusados e dos procuradores. Ele também conta a história de várias pessoas que participaram do julgamento, explicando suas trajetórias no Partido Comunista.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Artigo da New International, abril de 1938. Análise do Julgamento sob a perspectiva do Partido Socialista dos Trabalhadores (EUA), dissidente de Moscou.
- Artigo de Joseph Starobin na Young Communist Review, abril de 1938. Análise do Julgamento sob a perspectiva do Partido Comunista dos Estados Unidos, alinhado a Moscou.