Lugar das Pedrinhas: diferenças entre revisões
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Dizem que quando se deu a [[Invasão romana da península Ibérica|invasão romana da peninsula ibérica]] e as [[Legião romana|legiões romanas]] chegaram aqui, as construções ovais de origem [[Celta]] ou pré-Celta fizeram-lhes lembrar as construções da [[Puglia]] em [[Itália]] ( Apúlia em Italiano), daí terem batizado a povoação ao lado de Apúlia. O etnólogo [http://folclore-online.com/pessoas/aj_dias.html Jorge Dias] chega a afirmar que estas construções são reminiscência de uma prática arquitectónica muito antiga, podendo mesmo recuar-se até à [[Idade do Ferro]], é "uma [[Tendência (RPG)|tendência]] [[ancestral]] [[inconsciente]]". |
Dizem que quando se deu a [[Invasão romana da península Ibérica|invasão romana da peninsula ibérica]] e as [[Legião romana|legiões romanas]] chegaram aqui, as construções ovais de origem [[Celta]] ou pré-Celta fizeram-lhes lembrar as construções da [[Puglia]] em [[Itália]] ( Apúlia em Italiano), daí terem batizado a povoação ao lado de Apúlia. O etnólogo [http://folclore-online.com/pessoas/aj_dias.html Jorge Dias] chega a afirmar que estas construções são reminiscência de uma prática arquitectónica muito antiga, podendo mesmo recuar-se até à [[Idade do Ferro]], é "uma [[Tendência (RPG)|tendência]] [[ancestral]] [[inconsciente]]". |
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A [[Legião romana|Legião Romana]] [[Romanização|romanizou]] o lugar erguendo construções rectângulares, retiraram o [[colmo]] e/ou [[palha]] e intruduziram a [[telha]] cerâmica. [[Tropas auxiliares romanas]] deram continuidade ao [[entreposto]] do [[Salário|salarium argentum]], "pagamento em sal" – forma primária de pagamento oferecida aos [[soldados]] do [[Império Romano]]. Tendo ficado uma reminiscência do equipamento típico dos soldados de [[infantaria]] romana do [[século I]] e [[século II]] com o traje típico local do sargaceiro.<br /> |
A [[Legião romana|Legião Romana]] [[Romanização|romanizou]] o lugar erguendo construções rectângulares, retiraram o [[colmo]] e/ou [[palha]] e intruduziram a [[telha]] cerâmica. [[Tropas auxiliares romanas]] deram continuidade ao [[entreposto]] do [[Salário|salarium argentum]], "pagamento em sal" – forma primária de pagamento oferecida aos [[soldados]] do [[Império Romano]]. Tendo ficado uma reminiscência do equipamento típico dos soldados de [[infantaria]] romana do [[século I]] e [[século II]] com o [http://www.prof2000.pt/users/avcultur/postais/Trajes_tipicos/061_Esposende.jpg traje típico local do sargaceiro].<br /> |
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No [[século X]] mercadores [[escandinavos]] continuavam a vir buscar o [[sal]] a [[Portugal]], estando estabelecidas colónias ou [[feitorias]] nas construções ovais, do tipo [[viking]], que lhes eram familiares e nas rectangulares tipo arquitectura romana. Existem registos dos [[normandos]] do [[século XI]], do estabelecimento de relações amigáveis com a população local, e terão sido eles a transmitir os conhecimentos da [[navegação]] atlântica, de onde [[séculos]] mais tarde os pescadores portugueses iriam utilizar, até para irem ter aos paises [[Nórdicos|nordicos]] para a [[pesca do bacalhau]]. |
No [[século X]] mercadores [[escandinavos]] continuavam a vir buscar o [[sal]] a [[Portugal]], estando estabelecidas colónias ou [[feitorias]] nas construções ovais, do tipo [[viking]], que lhes eram familiares e nas rectangulares tipo arquitectura romana. Existem registos dos [[normandos]] do [[século XI]], do estabelecimento de relações amigáveis com a população local, e terão sido eles a transmitir os conhecimentos da [[navegação]] atlântica, de onde [[séculos]] mais tarde os pescadores portugueses iriam utilizar, até para irem ter aos paises [[Nórdicos|nordicos]] para a [[pesca do bacalhau]]. |
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Revisão das 23h42min de 10 de novembro de 2010
Pedrinhas é um lugar à beira mar, situado entre Ofir e Apúlia, com uma paisagem natural marítima atlântica e temperatura característica do litoral norte de Portugal.
Descrição
Dizem que quando se deu a invasão romana da peninsula ibérica e as legiões romanas chegaram aqui, as construções ovais de origem Celta ou pré-Celta fizeram-lhes lembrar as construções da Puglia em Itália ( Apúlia em Italiano), daí terem batizado a povoação ao lado de Apúlia. O etnólogo Jorge Dias chega a afirmar que estas construções são reminiscência de uma prática arquitectónica muito antiga, podendo mesmo recuar-se até à Idade do Ferro, é "uma tendência ancestral inconsciente".
A Legião Romana romanizou o lugar erguendo construções rectângulares, retiraram o colmo e/ou palha e intruduziram a telha cerâmica. Tropas auxiliares romanas deram continuidade ao entreposto do salarium argentum, "pagamento em sal" – forma primária de pagamento oferecida aos soldados do Império Romano. Tendo ficado uma reminiscência do equipamento típico dos soldados de infantaria romana do século I e século II com o traje típico local do sargaceiro.
No século X mercadores escandinavos continuavam a vir buscar o sal a Portugal, estando estabelecidas colónias ou feitorias nas construções ovais, do tipo viking, que lhes eram familiares e nas rectangulares tipo arquitectura romana. Existem registos dos normandos do século XI, do estabelecimento de relações amigáveis com a população local, e terão sido eles a transmitir os conhecimentos da navegação atlântica, de onde séculos mais tarde os pescadores portugueses iriam utilizar, até para irem ter aos paises nordicos para a pesca do bacalhau.
Em 1877, o Rei, pela Casa de Bragança mandou fazer uma escritura d´Aforamento aos "Cem homens bons", para que ali nas suas construções, pudessem usufruir as suas barracas, com a função de poderem pescar o pilado muito abundante e para apanharem o sargaço (algas), com o fim de estrumarem as suas terras, masseiras e terem uma colheita mais rica.
Arquitectura Vernácula
Ergueram-se duas tipologias de construções, cujas funções eram de abrigo de barco, serem arrecadação de utensílios de mar e agrícolas e de repouso.
* Construções ovais
Forma | Oval |
Material | Pedra de xisto e granito, madeira e barro (telha canudo) |
Cobertura | Constituida por 3 águas |
Entrada | Poente, virada para o mar, constituida por duas folhas de abrir |
Implantação | Isoladas |
Origem | Celta |
* Construções rectangulares
Forma | Rectangular |
Material | Pedra de xisto e granito, madeira e barro (telha canudo) |
Cobertura | Constituida por 2 águas |
Entrada | Poente, virada para o mar, constituida por duas folhas de abrir |
Implantação | Em banda |
Origem | Romana |
Localização e funcionamento das construções
Construiram-as pedra por pedra da região, à beira-mar, em cima da areia, a primeira do lado Sul de uma duna de areia. As outras utilizaram o mesmo sistema de forma, de que a anterior é a protectora da seguinte, resultou um alinhamento de construções ao longo da costa marítima, paralelas ao mar.
Com este estratagema, os antigos conseguiram, nos meses mais quentes, a criação de um espaço exterior com sombra e protegido das Nortadas. A construção oval, situada a Sul, proporciona a sombra e a construção situada a Norte, a protecção das nortadas muito frequentes nas épocas anteriores às marés-altas "mareada", entre os equinócios. Desta forma as pessoas podem estar nos intervalos exteriores protegidos dos males e com vista para o mar.
Actividade sazonal
As actividades agro-marítimas só eram realizadas numa determinada época do ano, altura ideal e propicia para os trabalhos destinados. Toda a área envolvente era limpa anualmente, para que o sargaço pudesse ser espalhado e secar durante três dias, permitindo levar uma maior quantidade no carro de bois para estrumar as terras.
Evolução
Ao longo dos anos a actividade do pilado foi-se extinguindo e a apanha do sargaço (argaço como lhe chamam) aumentou, chegando ao ponto dos agricultores tornarem-se verdadeiros sargaceiros. Já sabiam distinguir as várias qualidades de sargaço, estende-lo por qualidades, separando-os por tipos: a Taborra e o Maio com fins fertilizantes para estrumar as masseiras, a Botelha para realizar tintura de iodo e a Guia para fins medicinais e beleza.<br-pt />
Identidade
Tendo-se enriquecido culturalmente ao longo dos vários anos e gerações de agricultores, que tiveram filhos que passaram para sargaceiros, que tiveram netos que passaram para pescadores, que tiveram bisnetos que hoje contemplam e têm orgulho da sua história. Existe neste lugar um "Locus" onde a cultura, a história, as memórias e as famílias se entrelaçam na identidade de um povo.
Bibliografia
- Matos, Manuel António de. Setembro 1705. Compendio de tactica militar (manuscrito), Lisboa. 28-Mayo de 1707.
- Sarmento, Francisco Martins. 1882. Etnologia - Os Celtas na Lusitânia. Revista Scientifica. Porto
- Leitão, Joaquim. 1908. Guia ilustrado de Esposende. Porto.
- Vieira, José da Silva, 1915. Caderno de apontamentos para a história do Concelho de Esposende. Esposende.
- Guimarães, Alfredo. 1916 "Os sargaceiros (litoral minhoto)". A terra Portuguesa, 1. Lisboa pp 17–22.
- Dias, Jorge ,1946 - Construções circulares no litoral português : contribuição para o estudo das construções circulares do noroeste da Península Ibérica / Jorge Dias.- Porto : Imprensa Portuguesa, 1946.- 4 p..- Sep. de Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol XI, fasc. 1/Etnologia / Antropologia - Portugal / Algarve (Portugal)
- Dias, Jorge ,1946 - Las construcciones circulares del Nordeste de la Península Ibérica Y las citanias. Cuadernos de Estudos Gallegos, fasc. VI 173-194.
- Dias, Jorge ,1948 - Las chozas de los Cabeçudos y las construcciones circulares de las citanias españolas Y portuguesas. Archivo Español de Arqueologia, enero-marzo, pp 164–172.
- Caro, Rodrigo, 1948 - Archivo Español de Arqueologia, Instituto Diego Velázquez, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Spain, Instituto Español de Archqueologia.
- Trabalhos de antropologia e etnologia, 1954. Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, Centro de Estudos de Etnologia Peninsular.Volumes 15-16
- Arquitectura Popular Portuguesa, 1ª edição, Sindicato Nacional dos Arquitectos, Lisboa, 1961, Zona 1 - Arq. Fernando Távora, Arq. Rui Pimentel, Arq. António Meneres
- Matos, Maria da Conceição Faria. 1969. Apúlia intima comunhão entre a terra e o mar. Dissertação de Licenciatura em geografia. Lisboa: Faculdade de Letras de lisboa (polc).
- Moutinho, Mário C., A Arquitectura Popular Portuguesa, imprensa Universitária, 2ª edição 1979, Editorial Estampa, Lisboa.
- Arquitectura Popular Portuguesa, 2ª edição, Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 1980.
- Actas do Colóquio Manuel de Boaventura, 1985. Casa da Cultura/Biblioteca Municipal, 1987.
- Moutinho, Mário Canova. 1995. Arquitectura Popular Portuguesa, 3ª edição, Estampa, Lisboa, 1995
- Oliveira, Ernesto Veiga; Fernando Galhardo; Benjamim Enes Pereira, 1988. Construções primitivas em Portugal. Publicações Dom Quixote
- Campelo, Álvaro. Para uma Ecologia Humana-Cedovém. Universidade Fernando Pessoa. Portugal
- (1975). Actividades Agro-marítimas em portugal. 1990 Lisboa. Dom Quixote
- Martins, Manuela. 1991. As Vilas do Norte de Portugal de Alberto Sampaio. Revista de Guimarães
- Arquitectura Tradicional Portuguesa.1995. Dom Quixote. Lisboa.
- Neiva, Manuel Alves P., Apúlia na História e na Tradição, Apúlia 2000, edição comemorativa do 10º aniversário da associação cultural e recreativa da Apúlia.
- Távora, Fernando, 1923-,co-autor; Fernanda Roseta, Helena, 1948-,pref. 2004.Arquitectura Popular em Portugal / Fernando Távora; Pref. Helena Roseta. Centro Editor da Ordem dos Arquitectos, Lisboa.
- memória,Edição um,Revista Trama,Porto,2010