Manuel Louzã Henriques
Manuel Louzâ Henriques | |
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Nascimento | 6 de Setembro de 1933 Coentral, Castanheira de Pera |
Morte | 29 de Julho de 2019 Coimbra |
Alma mater | Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra |
Carreira médica | |
Ocupação | Médico, escritor e artista |
Especialidade | Psiquiatria |
Prémios relevantes | Medalha de Mérito Concelhio da Lousã |
Manuel Louzã Henriques (Coentral, Castanheira de Pera, 6 de Setembro de 1933 - Coimbra, 29 de Julho de 2019), foi um artista, escritor e médico psiquiatra português.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e formação
[editar | editar código-fonte]Manuel Louzã Henriques nasceu em 6 de Setembro de 1933, na aldeia do Coentral.[1] Era filho de Diamantino Henriques, natural da Lousã que se tornou emigrante nos Estados Unidos da América.[2]
Em meados dos anos 40, mudou-se para a cidade de Coimbra, para estudar em Coimbra.[1] Enquanto estudante, integrou-se em várias organizações de teor cultural e político, como a República Palácio da Loucura,[2] o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, onde exerceu como vice-presidente, e a Tuna Académica da Universidade de Coimbra.[1] Assumiu-se como opositor ao Estado Novo, tendo-se tornado militante do Partido Comunista Português em 1958.[1] Nesse ano apoiou a candidatura à presidência da república de Arlindo Vicente, e depois a de Humberto Delgado.[2] Em 1962, foi um dos candidatos da Oposição Democrática.[1]
Foi por várias vezes preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado,[2] uma das quais em Abril de 1962, quando estava a estagiar como estudante da Faculdade de Medicina.[3] Esteve encarcerado até 1965, tendo passado pelo Forte de Peniche, na Prisão de Caxias e Cadeia do Aljube.[1] Após sair da prisão, continuou a colaborar com o Partido Comunista Português.[1] Terminou a licenciatura de medicina em 1959, e a especialidade de Psiquiatria em 1961.[1]
Carreira profissional e artística
[editar | editar código-fonte]No entanto, devido à sua oposição ao regime, foi impedido de praticar como médico até à Revolução de 25 de Abril de 1974,[3] quando montou um consultório particular.[4] Posteriormente, também trabalhou como professor na Faculdade de Medicina.[3] Após a Revolução de 1974, candidatou-se à Assembleia Constituinte, e fez parte das listas da Aliança Povo Unido e da Coligação Democrática Unitária em diversos processos eleitorais.[1]
Destacou-se pelos seus conhecimentos em cultura popular, tendo colaborado em diversos encontros sobre aquele tema, e escrito introduções para discos e livros.[3] Influenciado por grandes autores da cultura portuguesa como Ernesto Veiga de Oliveira, Jorge Dias, Michel Giacometti e Benjamim Pereira, foi um investigador da cultura e etnografia.[3] Foi um defensor do programa das Aldeias do Xisto, como forma de preservar a cultura regional, tendo passado grande parte da sua vida no Candal.[5] Naquela aldeia, recuperou a casa de xisto que pertencia à sua família, e onde foi visitado por Álvaro Cunhal em 1991, quando se realizaram na Lousã as comemorações dos 45 anos do II Congresso Ilegal do Partido Comunista Português.[4]
Também escreveu algumas obras de poesia, que foram recolhidas em colectâneas, e trabalhou como músico.[3] Em Coimbra, colaborou com o Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra, a Brigada Victor Jara e o grupo Realejo.[3] Em 1978, participou nos primeiros seminários do fado de Coimbra.[1]
Desde muito novo que esteve ligado à Lousã, tendo estado na posse de uma casa no centro da vila,[3] que antes tinha pertencido ao seu pai.[4] Este edifício foi comprado pela autarquia, que ali inaugurou o Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques em 24 de Junho de 2005, com uma colecção de peças relacionadas com a vida diária das populações, como ferramentas e veículos rurais.[3] Também esteve ligado à autarquia da Lousã, para a qual fez vários trabalhos e publicações.[3] A sua colecção, iniciada nos anos 60, incluía instrumentos musicais, ferramentas agrícolas, máquinas de escrever, instrumentos de medicina e aparelhos de reprodução sonora, entre outras peças.[1]
Falecimento e homenagens
[editar | editar código-fonte]Faleceu em 29 de Julho de 2019 no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, onde estava internado há uma semana, por motivo de doença.[4] O corpo ficou em câmara ardente na capela mortuária da Igreja de São José, na cidade de Coimbra, tendo o corpo sido depois transportado para o crematório de Taveiro.[4]
Em 24 de Junho de 1993, a Câmara Municipal da Lousã atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Concelhio.[3]
Em 2013, a editora Lápis de Memórias lançou a obra Manuel Louzã Henriques - Algures Com Meu(s) Irmão(s), para comemorar os seus 80 anos de vida.[4]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k «Faleceu Louzã Henriques». Abril Abril. 29 de Julho de 2019. Consultado em 27 de Agosto de 2019
- ↑ a b c d «Médico e ativista antifascista Louzã Henriques morreu hoje aos 85 anos em Coimbra». SAPO. 29 de Julho de 2019. Consultado em 27 de Agosto de 2019
- ↑ a b c d e f g h i j k «Nota de Pesar pelo falecimento de Manuel Louzã Henriques». Câmara Municipal da Lousã. 30 de Julho de 2019. Consultado em 27 de Agosto de 2019
- ↑ a b c d e f «Nota de Pesar pelo falecimento de Manuel Louzã Henriques». Notícias ao Minuto. 29 de Julho de 2019. Consultado em 27 de Agosto de 2019
- ↑ «Faleceu Manuel Louzã Henriques». Aldeias do Xisto. 2019. Consultado em 27 de Agosto de 2019