Massacre da Reserva Roosevelt

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O massacre da Reserva Roosevelt ocorreu no dia 7 de abril de 2004, nas proximidades do garimpo do Laje, que fica dentro da Reserva Indígena Roosevelt, no município de Espigão do Oeste, em Rondônia. O massacre de 29 garimpeiros ocorreu devido à disputa por jazidas de diamantes.[1][2]

Cronologia[editar | editar código-fonte]

  • Agosto de 2000: Começa a exploração ilegal de diamantes na reserva.[3]
  • 2001: No final do ano a Polícia Federal prendeu, em flagrante na Reserva, 29 garimpeiros.[4]
  • 25 de março de 2002: A Polícia Federal começa uma operação de retirada de garimpeiros da reserva indígena.[5] Foram apreendidas 3.245 pedras e retirados 2.000 garimpeiros. Também foi preso o israelense Yair Assis, de 52 anos, com 50 diamantes.[3]
  • 25 de maio de 2002: Polícia Federal localiza sete ossadas na reserva, totalizando 12 ossadas encontradas desde o início do ano.[3]
  • 14 de outubro de 2002: 40 agentes das superintendências da Polícia Federal realizam a "Operação Diamante - Conexão Bélgica" e prendem 14 pessoas suspeitas de envolvimento em um esquema de extração e comércio ilegal de diamantes na região da Reserva Roosevelt. As prisões foram realizadas em Cacoal e Pimenta Bueno, em Rondônia. Os presos foram transferidos para a capital do estado, Porto Velho. A polícia também apreendeu 400 pedras de diamante, cerca de R$ 500 mil, um avião monomotor, cinco carros e duas motos, além de equipamentos usados em garimpo.[4]
  • 12 de outubro de 2003: Governador de Rondônia, Ivo Cassol, faz um alerta sobre a atuação de garimpeiros que estariam agindo ilegalmente dentro da reserva indígena Roosevelt.[6]
  • 30 de outubro de 2003: As polícias Civil e Militar de Espigão do Oeste e a Funai - Fundação Nacional do Índio - resgatam numa operação conjunta dentro da reserva, corpos de quatro garimpeiros, todos em estado avançado de decomposição. Na mesma ocasião, foi encontrada a ossada de uma quinta pessoa.[7]
  • 8 de março de 2004: Operação Kimberley realizada pela Polícia Federal prende 15 pessoas, em São Paulo e Rondônia, acusadas de formar uma quadrilha internacional de contrabandistas de pedras preciosas. Entre os presos haviam um agente e um delegado da Polícia Civil de Rondônia, um policial federal, empresários, advogados, contadores e índios, além de Marcos Glikas, considerado um dos maiores contrabandistas de pedras preciosas do Brasil. As investigações apuraram que apenas em uma transação o empresário paulista vendeu um lote de diamantes no valor de US$ 1,8 milhão a receptadores belgas. Glikas, o alvo principal da operação, já havia sido preso anteriormente em Nova York, por determinação da Justiça americana, pelo crime de lavagem de dinheiro, e solto em seguida.[8]
  • 7 de abril de 2004: Pelo menos 29 garimpeiros são brutalmente assassinados pelos índios Cintas-Largas dentro da Reserva.
  • 10 de abril de 2004: Agentes da Polícia Federal partem, em um helicóptero, para a reserva indígena Roosevelt, em Espigão do Oeste para resgatar três corpos de garimpeiros mortos nos conflitos pela exploração de diamante na região.[9]
  • 11 de abril de 2004: Polícia Federal resgata os corpos dos três homens mortos na Reserva.[10]
  • 12 de abril de 2004: O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, envia 15 técnicos do órgão para a área dos conflitos.[10]
    • O juiz estadual Leonel Pereira da Rocha, da Comarca de Espigão do Oeste, decreta as prisões preventivas (por tempo indeterminado) de três índios cintas-largas e determina a abertura de procedimento contra dois indígenas adolescentes, sob a acusação de participação nas mortes de cinco garimpeiros em 2003.[11]
  • 17 de abril de 2004: O superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Marco Aurélio Moura, suspende as buscas aos corpos dos 26 garimpeiros mortos nos conflitos[12] e afirma que os resgates serão realizados no dia seguinte.[10]
  • 18 de abril de 2004: Trinta agentes da Polícia Federal e quinze técnicos da Funai - Fundação Nacional do Índio - retomam as buscas aos corpos. Com facões e motosserras, eles tentam abrir uma clareira na mata para que o helicóptero de médio porte, Bell 412, resgate os 26 corpos. Outros dois helicópteros sobrevoam a área. Outros 10 policiais federais trabalham na coleta de depoimentos nas cidades de Espigão do Oeste, Cacoal e Pimenta Bueno.[13]
  • 18 de abril de 2004: Governo de Rondônia anuncia que o Estado irá disponibilizar uma frota de ônibus para transportar as famílias dos garimpeiros mortos na reserva para o Instituto Médico Legal de Porto Velho, onde serão feitas as necropsias dos corpos.[14]
  • 19 de abril de 2004: Polícia Federal concluiu o resgate dos corpos dos garimpeiros na reserva e afirma que devido ao adiantado estado de decomposição dos corpos não é possível saber quantos corpos foram resgatados.[15]
    • O presidente da Funai, Mércio Pereira, defende os índios, afirmando que eles estavam apenas defendendo seu território.[15]
    • O deputado petista Lindberg Farias (RJ) critica o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira Gomes, por defender os índios da etnia cinta-larga, acusados de assassinarem garimpeiros na reserva.[12] e afirma que os resgates serão realizados no dia seguinte.[10]
  • 25 de abril de 2004: O IML - Instituto Médico Legal - de Porto Velho libera os corpos de 15 garimpeiros não-identificados.[16]
  • 26 de abril de 2004: Os corpos dos 15 garimpeiros não-identificados são sepultados num enterro coletivo em Espigão do Oeste.[16]
    • A Polícia Federal e o Exército continuam na mata em busca de possíveis novos corpos. 280 agentes de 23 órgãos federais diferentes atuam na área.[17]
    • A Polícia Federal interroga 70 garimpeiros[17]
    • O delegado da Polícia Civil de Rondônia, Iramar Gonçalves da Silva, afirma que cerca de 200 garimpeiros desapareceram na terra dos índios cintas-largas a partir de 1999, quando começaram a entrar na reserva para extrair ilegalmente diamantes.[18]
  • 27 de abril de 2004: A bancada do PPS na Câmara dos Deputados solicita uma CPI para investigar massacre.[19]
  • 28 de abril de 2004: O governador de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB), critica a ação da Polícia Federal na reserva afirma que os índios cintas-largas mataram os garimpeiros por dinheiro.

Reconheço que a maioria dos índios vive em situação precária. Mas eles não mataram defendendo suas terras. Mataram por dinheiro, mordomia. A única forma de resolver essa questão é prendendo os responsáveis pelo massacre e regularizando a exploração mineral. [20]

  • 30 de abril de 2004: Índios acusam garimpeiros de terem voltado à reserva para trabalhar na exploração de diamantes. A presença dos garimpeiros não foi confirmada nem pela Polícia Federal, nem pelas Forças Armadas.[21]
  • 31 de agosto de 2004: Inquérito da Polícia Federal mostra que apenas um empresário investiu R$ 1,27 milhão na reserva Roosevelt para a extração ilegal de diamantes.[22]
  • 15 de novembro de 2004: Polícia Federal investiga o envolvimento de empresas estrangeiras de mineração com o contrabando de diamantes em Rondônia, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Pelo menos oito empresas são investigadas investigação.[23]
  • 17 de novembro de 2004: A Polícia Federal de Vilhena encerra as investigações sobre o massacre e indicia pelo menos dez índios cintas-largas, entre eles caciques e guerreiros.[24]

Referências

  1. Uol. «PF indicia dez índios por massacre de garimpeiros». Uol). Consultado em 28 de maio de 2013 
  2. Uol (17 de abril de 2004). «Polícia Federal confirma a morte de mais 26 garimpeiros». Uol). Consultado em 28 de maio de 2013 
  3. a b c «PF encontra sete ossadas em garimpo ilegal». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  4. a b «PF prende suspeitos de extrair ilegalmente diamantes em Rondônia». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  5. «Polícia começa retirada de garimpeiros de reserva indígena em RO». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  6. «Governador de Rondônia quer ajuda para conter tráfico». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  7. «Polícia encontra corpos de garimpeiros de reserva em Rondônia». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  8. «PF prende quadrilha acusada de contrabandear pedras preciosas». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  9. «Agentes da PF viajam para procurar corpos de garimpeiros». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  10. a b c d «PF vai resgatar corpos de garimpeiros ainda neste final de semana». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  11. «Juiz determina prisão preventiva de índios em RO». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  12. a b «PF suspende busca por corpos de garimpeiros em Rondônia». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  13. «PF reinicia busca dos corpos de garimpeiros na Reserva Roosevelt». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  14. «Famílias de garimpeiros terão ônibus para chegar à reserva indígena». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  15. a b «PF conclui retirada de corpos de garimpeiros mortos em RO». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  16. a b «IML de Porto Velho libera corpos de garimpeiros não identificados». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  17. a b «PF interroga 70 garimpeiros sobre conflito em Rondônia». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  18. «Garimpeiros desaparecem em terra indígena desde 99, diz delegado». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  19. «PPS pede CPI para investigar assassinato de garimpeiros em RO». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  20. «Governador de Rondônia critica índios e PF». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  21. «Índios acusam garimpeiros de terem voltado à reserva». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  22. «Lula disciplinará garimpo em reserva indígena». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  23. «PF investiga contrabando de diamantes». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013 
  24. «PF indicia dez índios por massacre de garimpeiros». Uol Notícias. Consultado em 28 de maio de 2013