Mercado de assassinato

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Uma captura de tela do site do Tor Mercado de Assassinato. Nele, havia uma recompensa de US$ 110 mil pela morte de Ben Bernanke, ex-presidente da Reserva Federal (maio de 2020).

Mercado de assassinato é um mercado preditivo onde qualquer pessoa pode apostar na data de morte de um indivíduo usando moedas digitais anônimas ou remailers pseudoanônimos. O pagamento é coletado após a pessoa adivinhar a data corretamente. A prática incentivaria o assassinato de indivíduos, pois o assassino poderia lucrar ao matar sua vítima na data em que ele mesmo apostou. Já que o pagamento é realizado para a pessoa que adivinhou a data ao invés do assassino, é muito mais difícil atribuir responsabilidade penal pelo assassinato.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Um dos primeiros usos do termo "mercado de assassinato" pode ser encontrado (com ambos vieses positivo e negativo) no Cyphernomicon, escrito em 1994 pelo cypherpunk Timothy C. May.[2] O conceito e seus potenciais efeitos são chamados de "política do assassinato", um termo popularizado por Jim Bell em seu artigo de 1995–96 do mesmo nome.[3][4]

Na primeira parte de seu artigo, Bell descreve a ideia como:

A organização poderia manter um sistema que, presumidamente, criaria uma lista de pessoas que violaram seriamente o PNA (princípio da não-agressão), mas que não sofreriam a justiça nas cortes pelo fato de suas ações terem sido feitas em nome do governo. Junto com cada um dos nomes, haveria uma quantia de dinheiro, o valor total que a organização recebeu como contribuição, que seria doado para a pessoa que "previu" corretamente a morte do indivíduo, presumidamente nomeando a data de morte correta. Os "adivinhadores" formulariam suas apostas em um arquivo, que seria criptografado com a chave pública da organização e então transmitida, possivelmente usando métodos que são tão irrastreáveis quanto colocar um disquete em um envelope e jogá-lo na caixa de correio, mas é mais provável que sejam usadas diversas camadas de remailers anônimos criptografados, ou localizações na internet de acesso público, como terminais em uma biblioteca local, etc. Para prevenir que o sistema não seja apenas uma lotérica aleatória que nunca paga, onde as pessoas adivinhariam um nome e data (esperando que a sorte caia, como por vezes acontece), seria necessário parar os palpites aleatórios ao obrigar os "adivinhadores" a incluir junto aos seus palpites "dinheiro digital" que seja criptografado e irrastreável, em uma quantidade alta o suficiente para tornar os palpites aleatórios impraticáveis.[3]

Bell então se aprofunda no protocolo necessário para o mercado de assassinato. Ao fim de sua tese, ele postula outro mercado que é em sua maioria não-anônimo, então, contrasta essa nova versão com a versão previamente descrita. A tentativa de popularização do termo por Carl Johnson parece ser baseada na primeira versão.[5] Houve uma tentativa de popularizar a segunda versão em 2001.[6][7]

Tecnologias como Tor e Bitcoin possibilitaram a criação de mercados de assassinato online, como descrito nas partes um a nove do Política do Assassinato.

Website do Mercado de Assassinato[editar | editar código-fonte]

O primeiro mercado preditivo chamado "Mercado de Assassinato" foi criado por um autoentitulado criptoanarquista denominado Kuwabatake Sanjuro em 2013.[8] O Tor foi utilizado para esconder a localização do site, e o Bitcoin foi usado para as apostas. Havia recompensas para a morte do presidente dos Estados Unidos Barack Obama, o economista Ben Bernanke e a então ministra da Justiça da Suíça Beatrice Ask.[9] De acordo com Sanjuro, o objetivo do mercado era matar o máximo de políticos possíveis para desestabilizar "todos os governos, por toda a parte", e ele aceitaria apenas alvos de pessoas que tenham usado a força contra outras pessoas e que estejam protegidos pela lei. Sua motivação para criar o site foi a revelação de Edward Snowden de que a NSA praticava vigilância global.[8] Em 2015, suspeitava-se que o site estava extinto, mas em 2018 todas as Bitcoins depositadas foram sacados.[10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Harkin, James (2009). Lost in Cyburbia: How Life on the Net Has Created a Life of Its Own (em inglês). [S.l.]: Alfred A. Knopf Canada. p. 239. ISBN 9780307397522 
  2. May, Timothy C. he Cyphernomicon: Cypherpunks FAQ and More, Version 0.666 (em inglês). [S.l.]: Cypherpunks.to. pp. Seções 4 & 16 
  3. a b Bell, Jim (1997). «Assassination Politics» (PDF). Infowars (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2024 
  4. «Crypto-Convict Won't Recant». Wired (em inglês). 14 de maio de 2000. ISSN 1059-1028. Consultado em 21 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2024 
  5. Greg Broiles. «The CJ Files». parrhesia.com (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2024. Arquivado do original em 19 de agosto de 1999 
  6. Declan McCullagh (15 de maio de 2001). «Online Cincy Cop Threats Probed». Wired (em inglês). ISSN 1059-1028. Consultado em 21 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2024 
  7. R. A. Hettinga (7 de julho de 2003). «Online threats target Denver investigators». www.lair.xent.com (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2024. Arquivado do original em 13 de dezembro de 2013 
  8. a b Andy Greenberg (18 de novembro de 2013). «Meet The 'Assassination Market' Creator Who's Crowdfunding Murder With Bitcoins». Forbes (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2024 
  9. Jamie Bartlett (26 de janeiro de 2021). «193833-the-dark-net-inside-the-digital-underworld, PopMatters». PopMatters (em inglês). Consultado em 21 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2024 
  10. Brian Merchant (janeiro de 2020). «Click Here to Kill: Hiring a hitman online isn't just speculative fiction». Harper's Magazine (em inglês). ISSN 0017-789X. Consultado em 21 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2023