Mesoclemmys heliostemma
Mesoclemmys heliostemma | |
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Classificação científica | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Classe: | Reptilia |
Ordem: | Testudines |
Subordem: | Pleurodira |
Família: | Chelidae |
Gênero: | Mesoclemmys |
Espécies: | M. raniceps
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Nome binomial | |
Mesoclemmys raniceps | |
Sinónimos[2][3] | |
Lista
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Mesoclemmys heliostemma é um réptil Testudine da família Chelidae conhecido simplesmente por “cágado” ou nomes como “tartarugas de cheiro feio”, "tartaruga-cabeça-de-sapo”, ou “perema-da-cabeça-amarela”[4]. Ocorre na Venezuela, Peru, Colômbia, Brasil e Equador.[5]
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]Mesoclemmys heliostemma já esteve classificada em três gêneros: Phrynops, Batrachemys e Mesoclemmys. Os dois últimos foram unificados em estudos que consideravam suas características pouco distintas e mantiveram o nome Mesoclemmys por ser o mais antigo.[6]
Mesoclemmys heliostemma foi caracterizado e descrito com base na morfologia externa e osteológica.[7] Embora alguns autores apontem evidências a favor da espécie,[6] outros a consideram sinônima de Mesoclemmys raniceps, representando apenas uma mudança de cor relacionada a diferenças de altitude. A distribuição geográfica entre M. heliostemma e M. raniceps é parecida e há muitas semelhanças entre os indivíduos adultos,[5] e estudos moleculares e ecológicos serão importantes para resolução deste impasse taxonômico que impede estudos mais aprofundados sobre riscos de extinção,[8] ações de conservação, abundância e ocorrência desses cágados.
Características
[editar | editar código-fonte]Com tamanho médio de 25cm de comprimento da carapaça, Mesoclemmys heliostemma se diferencia de outras espécies do gênero principalmente por características osteológicas. Também possui uma cabeça proporcionalmente grande e arredondada, a carapaça baixa, com sulco medial e sem quilha, e a quarta placa vertebral sempre mais larga do que longa, além de detalhes da fórmula plastral. A principal característica da espécie, contudo, é a presença de uma faixa amarela-alaranjada do focinho na região temporal dos indivíduos jovens, que lhe rendeu seu nome científico heliostemma, “guirlanda de sol” em grego.[7]
Como todo membro da família Chelidae e Subordem Pleurodira, M. heliostemma possui um pescoço comprido que é dobrado lateralmente para esconder a cabeça. Suas patas palmadas são uma característica comum dos quelônios com hábito semiaquático.[5]
Mesoclemmys heliostemma é semelhante a M. raniceps, de quem se diferencia pelo padrão de cor da cabeça dos indivíduos jovens e pela estrutura óssea, com um teto parietal mais amplo, arco parieto-esquamosal maior, e por detalhes do tamanho das placas do casco, como a placa intergular mais estreita que as gulares e o 11º par de marginais igual ou maior que o 12º.[7]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]Alimentação
[editar | editar código-fonte]Indivíduos de M. heliostemma são carnívoros e se alimentam principalmente de pequenos peixes, girinos, larvas e alguns invertebrados, como crustáceos e insetos.[5][6]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Como se sabe, os Testudines são ovíparos e no caso de M. heliostemma sua maturação sexual ocorre quando a carapaça atinge cerca de 25 cm de comprimento, tanto em machos quanto em fêmeas. Pouco se sabe sobre seu dimorfismo sexual, mas as fêmeas têm cauda mais curta e grossas do que os machos, os quais possuem a cloaca em posição mais distal.[5]
A incubação de seus ovos acontecem durante um período mais longo (7- 7,5 meses) do que sua espécie simpátrica, M. raniceps (4 - 5 meses), o que parece ter relação com as cheias sazonais da região em que M. heliostemma habita. Hipótese corroborada por oviposição observada em relação às cheias do Rio Amazonas no Brasil e do Rio Nanay, do Peru.[9]
Habitat
[editar | editar código-fonte]Seu habitat não é bem conhecido no Brasil, mas sabe-se que M. heliostemma está presente em corpos d’água temporários de floresta montanhosa situada perto as cabeceiras dos riachos , mas por vezes também em riachos de florestas de várzea ou em águas profundas e escuras.[10][5][7]
Locomoção
[editar | editar código-fonte]De hábito aquático, se move mais durante a noite e prefere o fundo das águas em que se encontram. Se estressada ou perturbada é capaz de expelir um odor produzido em glândulas de sua carapaça.[6][5]
Distribuição Geográfica
[editar | editar código-fonte]Mesoclemmys heliostemma é uma espécie da Zona Tropical e ocorre na América do Sul, na Amazônia entre as regiões do sul da Venezuela, leste do Equador, noroeste do Peru, parte da Colômbia. Originalmente seus registros eram restritos a estas áreas, ,mas após algumas revisões em museus brasileiros a espécie foi confirmada em outras regiões, principalmente em Roraima, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Espécimes já foram encontradas na Reserva Extrativista do Rio Jutaí, no Pico da Neblina,Município de Maraã , em Igarapé Açu no Pará. Como é possível perceber sua distribuição é pouco conhecida, principalmente por ser simpátrica com outra espécie, M. raniceps, mas também por seus hábitos noturno.[7][5][11][12]
Alguns registros dessa espécie são :
- Rio Ampiyacu, junto à foz do rio Yaguasyac em Loreto, Peru;
- Rio Jundiá a montante de sua foz, no Município de Iracema, Estado de Roraima;
- Rio Canumá no município de Nova Olinda do Norte, Amazonas;
- Base Uruá do Parque Nacional da Amazônia, em frente à cachoeira do Uruá, no Amazonas;
- Rio Tapajós,Município de Itaituba, Estado do Pará;
- Rio Purus na região do Alto Purus, Municípiode Santa Rosa do Purus, Estado do Acre;
- Rio Madeira, Município de Porto Velho, Estado de Rondônia;
- Riacho Santa Helena , Município de Urupá, Estado de Rondônia;
- Rio Bruno,Município de Apiacás, Estado de Mato Grosso.[12]
Referências
- ↑ Gray, John Edward. 1856 [“1855”]. Catalogue of Shield Reptiles in the Collection of the British Museum. Part I. Testudinata (Tortoises). London: British Museum, 79 pp. [Published Mar 1856].
- ↑ Uwe Fritz & Peter Havaš (2007). «Checklist of Chelonians of the World» (PDF). Vertebrate Zoology. 57 (2): 263–264. Arquivado do original (PDF) em 1 de maio de 2011
- ↑ Peter Paul van Dijk, John B. Iverson, H. Bradley Shaffer, Roger Bour, and Anders G.J. Rhodin. 2012. Turtles of the World, 2012 Update: Annotated Checklist of Taxonomy, Synonymy, Distribution, and Conservation Status. Chelonian Research Monographs No. 5, pp. 000.243–000.328.
- ↑ SOCIEDADE BRASILEIRA DE HERPETOROLOGIA (Brasil). Herpetologia Brasileira, 2020. 227 p. v. 9. Disponível em: (http://www. sbherpetologia.org.br/publicacoes/herpetologia-brasileira. Acesso em: 14 mar. 2021.
- ↑ a b c d e f g h Rueda, José Vicente Almonacid (2007). Las tortugas y los cocodrilianos de los países andinos del trópico (em espanhol). Bogotá,Colômbia: Conservation Internacional. p. 174
- ↑ a b c d Zootaxa (1). 19 de abril de 2006. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.1175.1
- ↑ a b c d e McCord, William P.; Joseph-Ouni, Mehdi; Lamar, William W. (junho de 2001). «Taxonomic Reevaluation of Phrynops (Testudines: Chelidae) with the description of two new genera and a new species of Batrachemys». Revista de Biología Tropical (em inglês) (2): 715–764. ISSN 0034-7744. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
- ↑ The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
- ↑ Morave, Jiri (janeiro de 2017). «First data on reproduction and hatchling morphology of Mesoclemmys heliostemma (McCord, Joseph-Ouni & Lamar, 2001)». Research Gate. Consultado em 15 de março de 2021
- ↑ Cisneros-Heredia, Diego F. (2006). «Turtles of the Tiputini Biodiversity Station with remarks on the diversity and distribution of the Testudines from Ecuador». Biota Neotropica (em inglês) (1): 0–0. ISSN 1676-0603. doi:10.1590/S1676-06032006000100011. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
- ↑ THAIS, Moccarty et al. GEOGRAPHIC DISTRIBUTION. Herpetologia Review, p. 381, 2015.
- ↑ a b «ZooBank.org». zoobank.org. Consultado em 15 de março de 2021