Mesoclemmys heliostemma

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Mesoclemmys heliostemma
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Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudines
Subordem: Pleurodira
Família: Chelidae
Gênero: Mesoclemmys
Espécies:
M. raniceps
Nome binomial
Mesoclemmys raniceps
(Gray, 1856)[1]
Sinónimos[2][3]
Lista
  • Hydraspis raniceps Gray, 1856
  • Platemys raniceps Strauch, 1862
  • Phrynops walbaumi Fitzinger, 1904 (nomen nudum)
  • Phrynops wermuthi Mertens, 1969
  • Phrynops tuberculatus wermuthi Bour, 1973
  • Phrynops nasuta wermuthi Pritchard, 1979
  • Phrynops raniceps Bour & Pauler, 1987
  • Batrachemys raniceps Cabrera, 1998
  • Batrachemys raniceps raniceps Joseph-Ouni, 2004
  • Batrachemys raniceps wermuthi Joseph-Ouni, 2004
  • Mesoclemmys raniceps Bour & Zaher, 2005

Mesoclemmys heliostemma é um réptil Testudine da família Chelidae conhecido simplesmente por “cágado” ou nomes como “tartarugas de cheiro feio”, "tartaruga-cabeça-de-sapo”, ou  “perema-da-cabeça-amarela”[4]. Ocorre na Venezuela, Peru, Colômbia, Brasil e Equador.[5]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Mesoclemmys heliostemma já esteve classificada em três gêneros: Phrynops, Batrachemys e Mesoclemmys. Os dois últimos foram unificados em estudos que consideravam suas características pouco distintas e mantiveram o nome Mesoclemmys por ser o mais antigo.[6]

Mesoclemmys heliostemma foi caracterizado e descrito com base na morfologia externa e osteológica.[7] Embora alguns autores apontem evidências a favor da espécie,[6] outros a consideram sinônima de Mesoclemmys raniceps, representando apenas uma mudança de cor relacionada a diferenças de altitude. A distribuição geográfica entre M. heliostemma e M. raniceps é parecida e há muitas semelhanças entre os indivíduos adultos,[5] e estudos moleculares e ecológicos serão importantes para resolução deste impasse taxonômico que impede estudos mais aprofundados sobre riscos de extinção,[8] ações de conservação, abundância e ocorrência desses cágados.

Características[editar | editar código-fonte]

Com tamanho médio de 25cm de comprimento da carapaça, Mesoclemmys heliostemma se diferencia de outras espécies do gênero principalmente por características osteológicas. Também possui uma cabeça proporcionalmente grande e arredondada, a carapaça baixa, com sulco medial e sem quilha, e a quarta placa vertebral sempre mais larga do que longa, além de detalhes da fórmula plastral. A principal característica da espécie, contudo, é a presença de uma faixa amarela-alaranjada do focinho na região temporal dos indivíduos jovens, que lhe rendeu seu nome científico heliostemma, “guirlanda de sol” em grego.[7]

Como todo membro da família Chelidae e Subordem Pleurodira, M. heliostemma possui um pescoço comprido que é dobrado lateralmente para esconder a cabeça. Suas patas palmadas são uma característica comum dos quelônios com hábito semiaquático.[5]

Mesoclemmys heliostemma é semelhante a M. raniceps, de quem se diferencia pelo padrão de cor da cabeça dos indivíduos jovens e pela estrutura óssea, com um teto parietal mais amplo, arco parieto-esquamosal maior, e por detalhes do tamanho das placas do casco, como a placa intergular mais estreita que as gulares e o 11º par de marginais igual ou maior que o 12º.[7]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Indivíduos de M. heliostemma são carnívoros e se alimentam principalmente de pequenos peixes, girinos, larvas e alguns invertebrados, como crustáceos e insetos.[5][6]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Como se sabe, os Testudines são ovíparos e no caso de M. heliostemma sua maturação sexual ocorre quando a carapaça atinge cerca de 25 cm de comprimento, tanto em machos quanto em fêmeas. Pouco se sabe sobre seu dimorfismo sexual, mas as fêmeas têm cauda mais curta e grossas do que os machos, os quais possuem a cloaca em posição mais distal.[5]  

A incubação de seus ovos acontecem durante um período mais longo (7- 7,5 meses) do que sua espécie simpátrica, M. raniceps (4 - 5 meses), o que parece ter relação com as cheias sazonais da região em que M. heliostemma habita. Hipótese corroborada por oviposição observada em relação às cheias do Rio Amazonas no Brasil e do Rio Nanay, do Peru.[9]

Habitat[editar | editar código-fonte]

Seu habitat não é bem conhecido no Brasil, mas sabe-se que M. heliostemma está presente em corpos d’água temporários de floresta montanhosa situada perto as cabeceiras dos riachos , mas por vezes também em riachos de florestas de várzea ou em águas profundas e escuras.[10][5][7]

Locomoção[editar | editar código-fonte]

De hábito aquático, se move mais durante a noite e prefere o fundo das águas em que se encontram. Se estressada ou perturbada é capaz de expelir um odor produzido em glândulas de sua carapaça.[6][5]

Distribuição Geográfica[editar | editar código-fonte]

Mesoclemmys heliostemma é uma espécie da Zona Tropical e ocorre na América do Sul, na Amazônia entre as regiões do sul da Venezuela, leste do Equador, noroeste do Peru, parte da Colômbia. Originalmente seus registros eram restritos a estas áreas, ,mas após algumas revisões em museus brasileiros a espécie foi confirmada em outras regiões, principalmente em Roraima, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Espécimes já foram encontradas na Reserva Extrativista do Rio Jutaí, no Pico da Neblina,Município de Maraã , em Igarapé Açu no Pará. Como é possível perceber sua distribuição é pouco conhecida, principalmente por ser simpátrica com outra espécie, M. raniceps, mas também por seus hábitos noturno.[7][5][11][12]

Alguns registros dessa espécie são :

Referências

  1. Gray, John Edward. 1856 [“1855”]. Catalogue of Shield Reptiles in the Collection of the British Museum. Part I. Testudinata (Tortoises). London: British Museum, 79 pp. [Published Mar 1856].
  2. Uwe Fritz & Peter Havaš (2007). «Checklist of Chelonians of the World» (PDF). Vertebrate Zoology. 57 (2): 263–264. Arquivado do original (PDF) em 1 de maio de 2011 
  3. Peter Paul van Dijk, John B. Iverson, H. Bradley Shaffer, Roger Bour, and Anders G.J. Rhodin. 2012. Turtles of the World, 2012 Update: Annotated Checklist of Taxonomy, Synonymy, Distribution, and Conservation Status. Chelonian Research Monographs No. 5, pp. 000.243–000.328.
  4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HERPETOROLOGIA (Brasil). Herpetologia Brasileira, 2020. 227 p. v. 9. Disponível em: (http://www. sbherpetologia.org.br/publicacoes/herpetologia-brasileira. Acesso em: 14 mar. 2021.
  5. a b c d e f g h Rueda, José Vicente Almonacid (2007). Las tortugas y los cocodrilianos de los países andinos del trópico (em espanhol). Bogotá,Colômbia: Conservation Internacional. p. 174
  6. a b c d Zootaxa (1). 19 de abril de 2006. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.1175.1
  7. a b c d e McCord, William P.; Joseph-Ouni, Mehdi; Lamar, William W. (junho de 2001). «Taxonomic Reevaluation of Phrynops (Testudines: Chelidae) with the description of two new genera and a new species of Batrachemys». Revista de Biología Tropical (em inglês) (2): 715–764. ISSN 0034-7744. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
  8. The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
  9. Morave, Jiri (janeiro de 2017). «First data on reproduction and hatchling morphology of Mesoclemmys heliostemma (McCord, Joseph-Ouni & Lamar, 2001)». Research Gate. Consultado em 15 de março de 2021 
  10. Cisneros-Heredia, Diego F. (2006). «Turtles of the Tiputini Biodiversity Station with remarks on the diversity and distribution of the Testudines from Ecuador». Biota Neotropica (em inglês) (1): 0–0. ISSN 1676-0603. doi:10.1590/S1676-06032006000100011. Consultado em 19 de fevereiro de 2021
  11. THAIS, Moccarty et al. GEOGRAPHIC DISTRIBUTION. Herpetologia Review, p. 381, 2015.
  12. a b «ZooBank.org». zoobank.org. Consultado em 15 de março de 2021