Metarhizium anisopliae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaMetarhizium anisopliae
Barata morta por M. anisopliae
Barata morta por M. anisopliae
Classificação científica
Reino: Fungi
Sub-reino: Dikarya
Filo: Ascomycota
Classe: Sordariomycetes
Ordem: Hypocreales
Família: Clavicipitaceae
Género: Metarhizium
Espécie: M. anisopliae
Nome binomial
Metarhizium anisopliae
(Metchnikoff) Sorokin

Metarhizium anisopliae, anteriormente conhecido como Entomophthora anisopliae (basiónimo), é um fungo que cresce naturalmente em solos de todo o mundo, causador de doença em várias espécies de insectos os quais parasita. Desde há muito tempo que se reconhece que muitos isolados são específicos, tendo-lhes sido atribuído estatuto de variedade,[1] mas foram recentemente classificados como novas espécies de Metarhizium,[2] como M. anisopliae, M. majus e M. acridum (antes M. anisopliae var. acridum e incluindo os isolados usados no controlo de gafanhotos). Metarhizium taii estava incluído em M. anisopliae var. anisopliae,[3] mas foi agora descrito como um sinónimo de M. guizhouense (ver Metarhizium).

Patogenicidade em insectos[editar | editar código-fonte]

A doença causada por este fungo é frequentemente designada doença da muscardina verde devido à cor verde dos seus esporos. Quando estes esporos assexuados (chamados conídios) do fungo entram em contacto com o corpo de um insecto hospedeiro, germinam e as hifas que emergem penetram a cutícula. O fungo passa então a desenvolver-se no interior do corpo do hospedeiro, eventualmente matando o insecto ao fim de alguns dias; este efeito letal é muito provavelmente auxiliado pela produção de péptidos cíclicos insecticidas (destruxinas). A cutícula do cadáver torna-se frequentemente vermelha. Se a humidade ambiente for suficientemente alta, desenvolve-se sobre o cadáver um bolor branco, o qual rapidamente se torna verde à medida que são produzidos esporos. A maioria dos insectos que vivem próximo do solo desenvolveram defesas naturais contra fungos entomopatogénicos como M. anisopliae. Este fungo está assim envolvido numa batalha evolutiva para vencer estas defesas, o que levou ao aparecimento de numerosas estirpes adaptadas a certos grupos de insectos.[4] Sabe-se que pode infectar mais de 200 espécies de pragas de insectos, incluindo térmitas.[5]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Ilya I. Mechnikov nomeou este fungo Metarhizium anisopliae após a espécie de insecto da qual foi originalmente isolado: o escaravelho Anisoplia austriaca. Trata-se de um fungo mitospórico com reprodução assexuada, anteriormente classificado na classe Hyphomycetes do filo Deuteromycota. Deuteromycota era utilizado para agrupar todos os fungos sem estágio sexuado (teleomorfo) conhecido. Não é, portanto, um verdaeiro taxon no sentido clássico.

Aplicações[editar | editar código-fonte]

É actualmente usado como insecticida biológico para controlar várias pragas, como térmitas, tripes, etc., e o seu uso no controlo de mosquitos transmissores de malária encontra-se em estudo.[6] M. anisopliae não parece infectar humanos ou outros animais, sendo considerado seguro como insecticida. Os esporos microscópicos são geralmente dispersados sobre as áreas afectadas. Uma possível técnica de controlo da malária é revestir redes mosquiteiras ou panos de algodão pendurados das paredes com os esporos.

Am Agosto de 2007, uma equipa do Indian Institute of Chemical Technology descobriu um modo mais eficiente de produção de biodiesel que utiliza lipase, uma enzima produzida em grande quantidade por Metarhizium anisopliae; ao contrário de outras reacções que requerem calor de forma a serem activadas, a reacção que utiliza a lipase, ocorre a temperatura ambiente. O fungo é agora um candidato para utilização na produção em massa desta enzima.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Driver, F., Milner, R.J. and Trueman, W.H.A. (2000). «A Taxonomic revision of Metarhizium based on sequence analysis of ribosomal DNA». Mycological Research. 104: 135–151. doi:10.1017/S0953756299001756 
  2. Bischoff J.F., Rehner S.A. Humber R.A. (2009). «A multilocus phylogeny of the Metarhizium anisopliae lineage». Mycologia. 101 (4): 512–530. PMID 19623931. doi:10.3852/07-202 
  3. Huang B., Li C., Humber R.A., Hodge K.T., Fan M. and Li Z. (2005). «Molecular evidence for the taxonomic status of Metarhizium taii and its teleomorph, Cordyceps taii (Hypocreales, Clavicipitaceae)». Mycotaxon. 94: 137–147 
  4. Freimoser, F. M., Screen, S., Bagga, S., Hu, G. and St. Leger, R.J. (2003). «EST analysis of two subspecies of Metarhizium anisopliae reveals a plethora of secreted proteins with potential activity in insect hosts». Microbiology. 149 (Pt 1): 239–247. PMID 12576597. doi:10.1099/mic.0.25761-0 
  5. Cloyd, Raymond A. (1999). «The Entomopathogenic Fungus Metarhizium anisopliae». Midwest Biological Control News. VI (7) 
  6. McNeil, Donald G. Jr. (10 de junho de 2005). «Fungus Fatal to Mosquito May Aid Global War on Malaria». The New York Times. 104: 135–151 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]