Aureliano de Mira Fernandes

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Aureliano de Mira Fernandes
Aureliano de Mira Fernandes
Nascimento 16 de junho de 1884
Mina de São Domingos
Morte 19 de abril de 1958
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação matemático, político

Aureliano Lopes de Mira Fernandes (Mina de S. Domingos, Mértola, 16 de Junho de 1884Santos-o-Velho, Lisboa, 19 de Abril de 1958) foi um matemático português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Aureliano de Mira Fernandes nasceu a 16 de junho de 1884, na Mina de S. Domingos, Mértola, tendo sido batizado na freguesia de Corte do Pinto a 7 de setembro de 1884. Era filho de António Lopes de Mira Fernandes, natural de Vera Cruz, e de Adelaide Augusta Valadas Valente, natural de Santana de Cambas.[1]

Estudou em Beja, terminou o ensino secundário no Liceu de Coimbra e inscreveu-se em 1904 na Faculdade de Matemática[2] da Universidade de Coimbra. Aderiu à greve estudantil de Fevereiro de 1907, o que fez com que ficasse comprometida a sua passagem de ano. A adesão à greve foi maciça, mas o governo concedeu o perdão a todos os que o requeressem. Quase todos apresentaram tal requerimento, mas não Mira Fernandes. Consequentemente, reprovou no final do ano. No ano seguinte apresentou-se aos exames em que conseguiu 20 valores em todos. Em 1909 obteve o grau de bacharel e no anos seguinte concluiu a licenciatura com média final de 20 valores.

Após a revolução republicana, de Outubro de 1910, Aureliano de Mira Fernandes foi eleito deputado para a Assembleia Cosntituinte pelo Partido Republicano. Doutorou-se na Universidade de Coimbra em Março de 1911, obtendo a classificação máxima de Muito Bom, com a tese "Theorias de Galois — Elementos da theoria dos grupos de substituições". No mesmo ano aceitou o convite para professor catedrático do Instituto Superior Técnico, lugar que manteve até se jubilar, em 1954.

Finda a I Grande Guerra em 1918, Mira Fernandes aceitou o convite para reger a cadeira de Análise Matemática no Instituto Superior de Comércio, onde teve como alunos Bento de Jesus Caraça e Duarte Pacheco. De 1928 a 1938 colaborou activamente com a Accademia dei Lincei, apresentando aí as suas mais importantes investigações, as quais seriam republicadas mais tarde em Portugal na Portugaliæ Mathematica. Também em 1928 tornou-se sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa, tendo proposto a nomeação de Einstein e Levi-Civita como sócios correspondentes, proposta essa que foi aprovada na sessão de 17 de Março de 1932. Em 1930 Mira Fernandes tornou-se sócio correspondente da Real Academia de Ciências de Madrid. Em 4 de Outubro de 1943 fundou a Junta de Investigação Matemática, juntamente com António Aniceto Monteiro e Ruy Luís Gomes.

A Aureliano de Mira Fernandes coube pronunciar a «oração inaugural» do Congresso de história da actividade científica portuguesa, realizado em Coimbra, em Novembro de 1940, ali propondo uma reflexão retrospetiva e histórica sobre a investigação científica produzida em Portugal. A partir dos anos quarenta, os trabalhos científicos de Mira Fernandes passaram a aparecer principalmente na Portugaliæ Mathematica e na Revista da Faculdade de Ciências de Lisboa.

Mira Fernandes pertenceu à direcção do Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia[3] bem como aos corpos gerentes da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Morreu a 19 de abril de 1958, aos 73 anos, em sua casa, na Avenida D. Carlos I, 119, 3.º, freguesia de Santos-o-Velho, em Lisboa, vítima de arteriosclerose. Foi casado com Margarida Sarmento de Vasconcelos, natural de Moimenta da Beira, falecida a 19 de janeiro de 1943.[4]

Em 1971, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o distinto matemático, atribuindo o seu nome à Rua Professor Mira Fernandes. Em Beja e na Parede, concelho de Cascais, existem também ruas Doutor Mira Fernandes. O seu nome foi ainda escolhido para dar nome à Avenida Aureliano de Mira Fernandes, 7750-320 Mértola, concelho onde nasceu.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • J. F. Ramos Costa, «Elogio histórico de Aureliano Lopes de Mira Fernandes», Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Ciências IX.
  • Augusto J. S. Fitas e António A. P. Videira, Cartas entre Guido Beck e cientistas portugueses, Instituto Piaget, 2004.
  • José Morgado, Para a história da Sociedade Portuguesa de Matemática, Publicações de história e metodologia da matemática 4, Universidade de Coimbra, 1995.
  • José Sebastião e Silva, Mira Fernandes, O Homem e o Professor, Beja: Minerva Comercial, 1969.
  • Nuno Crato (ed.), Obras de Aureliano Mira Fernandes (3 vols.), Fundação Calouste Gulbenkian, 2008–2010.
  • Luís Saraiva e João Pinto (eds.), Aureliano da Mira Fernandes: Actas do Colóquio do cinquentenário da sua morte, Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática, 2010.

Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • PIÇARRA, Constantino; MATEUS, Rui (2010). Beja: Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Volume 6 de 16. Matosinhos: Quidnovi - Edição e Conteúdos, S. A. 128 páginas. ISBN 978-989-554-720-3 

Notas

  1. «Livro de registo de batismos da Paróquia de Corte do Pinto (Mértola) - 1884». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Distrital de Beja. p. 31, assento 62 
  2. Esta faculdade seria integrada em 1911 na Faculdade de Ciências.
  3. Este centro foi criado em 1938 por Bento de Jesus Caraça, Mira Fernandes e Caetano Maria Beirão da Veiga.
  4. «Livro de registo de óbitos da 6.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (03-01-1958 a 14-10-1958)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 86, assento 171 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]