Nominal (religião)

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Nominal é o termo usado para qualificar o indivíduo que professa uma determinada , sem contudo ser praticante. Seria apenas de nome; seria católico no nome, mas não professaria efetivamente a fé católica; seria protestante no nome, mas não professaria plenamente a fé protestante. O termo pode ser aplicado fora do contexto religioso. O termo é utilizado pelo IBGE que apenas verifica quem é católico, protestante, ou de outras religiões apenas pela sua declaração nominal. Sobre esses dados surgem críticas de que nem todo que se declara de determinada crença a pratica, logo o são apenas de nome. O fundamentalismo se apresenta em oposição ao religioso nominal. Os mesmos especulam que, com o passar do tempo, haverá o crescimente e surgimento da maior religial mundial que será a "religião nominal"; crença de pessoas que dirão crer em alguma coisa, mas não abraçarão qualquer Declaração de Fé, ou dogma, que professe como fundamental para sua vida espiritual.

William Wilberforce[editar | editar código-fonte]

A expressão "cristão nominal" é utilizada por William Wilberforce (1759-1833), membro da Câmara dos Comuns desde os vinte e um anos, em 1797.

Recém convertido e procurando conselhos espirituais do Pastor John Newton (1725-1807), um ex-traficante de escravos, criador do hino Amazing Grace (HCC 314) em 1772, hino apresentado à congregação em 1 de janeiro de 1773, possivelmente um dos hinos mais conhecidos em todo o mundo, agora um militante contra toda escravidão, foi influenciado a partir de 1786 por força dessa proposta espiritual de Newton, que tornou-se a inspiração motriz de Wilberforce.[1]

Depois de diversas derrotas na Câmara dos Comuns, William Wilberforce, assim se pronunciou:

"a perversidade do comércio [de escravos] era tão gigantesca, tão medonha e tão irremediável que a minha mente estava completamente preparada para a abolição. Fossem quais fossem as consequências. Desde então determinei que nunca descansaria até que tivesse conseguido a sua abolição" (citado em "131 Christians Everyone Should Know").[2]

Wilberforce foi considerado a "consciência da nação", nas palavras de Winston Churchill [1] foi um autor crítico, e por intermédio de "A Practical View…" (1797), um bestseller, rejeitava o cristianismo acomodado. No artigo William Wilberforce: Por Trás de Amazing Grace, Fernando Ascenso, cita o biógrafo Robin Furneaux:

"a sua mensagem era a de que não bastava professar o Cristianismo, levar uma vida decente e ir à Igreja aos Domingos, mas que o Cristianismo atravessa cada aspecto, cada canto da vida cristã. A sua abordagem do Cristianismo era essencialmente prática. "[1]

É no bestseller de Wilberforce "A Practical View…" (1797) que encontramos uma das mais antigas citações da expressão "cristão nominal":

"os interesses do cristão nominal concentram-se nas coisas temporais, os interesses do cristão autêntico concentram-se em coisas eternas".[3]

J. C. Ryle[editar | editar código-fonte]

No artigo Formalismo, por John Charles Ryle (1816 - 1900), discorre que "a religião formal não é religião, e que o cristão formal não é um cristão, do ponto de vista de Deus", assim, compreende o autor que o cristão "sem nenhuma influência no seu coração ou vida" é detentor da "religião formal", mas também defendia o Bispo da Igreja da Inglaterra que não bastava ser exterior o cristão, se não o for cristão interior, o que resulta no risco do surgimento do "farisaísmo" na alma do homem, pois enquanto o homem vê o exterior, Deus sonda os corações.

Retidão externa sem um coração reto, não é nada mais nada menos que farisaísmo. As coisas externas do cristianismo - batismo, Ceia do Senhor, caridade, ser membro da igreja e coisas semelhantes - nunca levam a alma de qualquer homem ao céu, a menos que seu coração seja reto. O cristianismo deve existir tanto interna, quanto externamente, e é o interior que Deus fixa seu olhar.[4]

Ainda sobre esse tema, Jonh Ryle defende, ao contrário da postura hoje conhecida como do politicamente correto, uma postura popular que se põem como defensora do que a comunidade considere correto e louvável, ainda que vá contra princípios bíblicos que se opõem ao cristianismo secular. Defende Ryle a tese de que a "a verdadeira religião não deve esperar ser popular nunca. Não terá o louvor do homem, mas de Deus".[4]

A religião do coração é muito humilhante para ser popular. Não deixa para o homem natural nada do que se vangloriar. Diz-lhe que é um pecador culpado, perdido, merecedor do inferno, e que ele tem que correr para Cristo a fim de ser salvo. Fala que ele está morto, e deve viver novamente e nascer do Espírito. O orgulho do homem se rebela contra tais ensinos. Ele odeia que lhe digam que seu caso é tão ruim.

A religião do coração é muito santa para ser popular. Não deixará o homem natural quieto. Interfere no seu mundanismo e pecados. Requer dele coisas que ele abomina e das quais é avesso - conversão, fé, arrependimento, mente inclinada para coisas espirituais, leitura da Bíblia, oração. Ordena que deixe muitas coisas que ele ama e se apega, as quais não pode deixar de lado. Realmente seria estranho se ele gostasse disto. Cruza seu caminho como um estraga prazeres e é absurdo esperar que ele se agrade nela.[4]

Contexto bíblico[editar | editar código-fonte]

Segundo católicos e protestantes, a fé cristão faz exigência de uma confissão de fé, segundo as Escrituras Sagradas.

Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.[5]

Pedro negou a Jesus Cristo por três vezes, ainda que tenha dito que jamais negaria a Cristo:

Mas ele disse com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma maneira diziam todos também.

Ao negar três vezes a declaração de fé ao nome de Jesus, Pedro passou por uma situação, segundo o Evangelho, no qual, defronte do Cristo ressurreto, por três vezes fez declaração de amor e ciência que Jesus seria onisciente, uma característica típica de Deus.

Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.[6]

O negar de Pedro ao nome de Jesus poderia ser apontado como um cristianismo nominal, onde se diz ser um seguidor de determinada crença, mas logo a frente se nega com atos ou palavras. A necessidade de conversão verdadeira por parte de Pedro já estava vaticinada, tanto no ato de negar a Jesus, como na necessidade de verdadeira conversão. Pedro seria um crente nominal, segundo as palavras do próprio Jesus que vaticinara que ele o negaria, e que ele ainda iria se converter, apesar de ter seguido a Jesus por aproximadamente três anos.

Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.[7]

Formalismo Político & Nominalismo Religioso[editar | editar código-fonte]

O dicionário catequético da Igreja Presbiteriana do Brasil descreve "cristão nominal" como aqueles que usam a igreja para "um ponto de encontro para rever os amigos, parentes e para ter uma "terapia espiritual", sem, contudo, ter "o novo nascimento". Entretanto encerra afirmando que "com o tempo muitos se convertem".[8]

A Igreja Batista Independente, citando Gene Edwards ao qualificar o Imperador Constantino o primeiro cristão medieval "noventa porcento cristão de nome e noventa porcento pagão de pensamento".,[9] apresenta, como J. C. Ryle criticava, a postura muitas vezes direcionada para a conduta política e popular, contrariando a postura que certas vezes apresenta o cristão não formal, que não busca a transparecer uma postura do ‘politicamente correto’. Assim, afirma a respeito de Constantino que ""conversão" parece ter sido um ato de astúcia política".

Referências

  1. a b c «William Wilberforce: Por Trás de Amazing Grace, por Fernando Ascenso». Consultado em 5 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 6 de março de 2010 
  2. «Cópia arquivada». Consultado em 5 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 6 de março de 2010 
  3. negrito não se encontra no original
  4. a b c Formalismo, por J. C. Ryle, publicado pelo site Monergismo.com
  5. Mateus 10:33
  6. João 21:16–17
  7. Lucas 22:32
  8. «IPM - Boletins». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  9. Declínio e abandono do padrão Neo-Testamentário, publicado pela Igreja Batista Independente[ligação inativa]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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