Parainfluenza

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaVírus da parainfluenza humana
Duas partículas intactas e um nucleocapsídeo filamentoso livre em micrografia por transmissão de electrões.
Duas partículas intactas e um nucleocapsídeo filamentoso livre em micrografia por transmissão de electrões.
Classificação científica
Ordem: Mononegavirales
Família: Paramyxoviridae

Parinfluenza, vírus paragripal ou síndrome paragripal é a designação comum dada simultaneamente ao grupo viral conhecido por vírus da parainfluenza humana (VPH ou HPIV, acrónimo de human parainfluenza viruses, a designação em inglês) e aos seus efeitos sobre a saúde humana. Estes vírus são a segunda causa mais comum de infecção do tracto respiratório inferior em bebés e em crianças muito jovens, representando no seu conjunto cerca de 75% das causas de laringotraqueobronquite (croup) naquele grupo etário.

Descrição e significância clínica[editar | editar código-fonte]

Os HPIVs foram isolados pela primeira vez em 1956, sendo hoje identificados como vírus de RNA de cadeia simples pertencentes à família dos paramyxovirus (Paramyxoviridae).[1] São actualmente conhecidos quatro serotipos distintos destes paramixovirus, com de 100 e 200 nanómetros de comprimento máximo, com um diâmetro de nucleocapsídeo de 18 nm. Apresentam um invólucro de glicoproteínas do tipo HN, com actividade de hemaglutinina e neuraminidase, e do tipo F, com actividade hemolítica e de fusão celular.

Os HPIVs podem ser detectados por cultura de células, microscopia de imunofluorescência e reacção em cadeia da polimerase (PCR), sendo que esta última técnica é rotineiramente utilizada na sua análise clínica.


Parainfluenza humana
Especialidade infecciologia, medicina geral e familiar, pediatria
Classificação e recursos externos
CID-10 B34.8, J12.2, J20.4
CID-9 480.2
CID-11 1573247061
DiseasesDB 30631
MedlinePlus 001370
MeSH D018184
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Apesar de serem comuns os casos de laringotraqueobronquite causados por estes vírus, podendo atingir cerca de 75% dos casos registados em bebés e crianças de tenra idade, não está disponível no mercado farmacêutico qualquer vacina contra a infecção, embora esteja em curso investigação com esse objectivo.[2]

Os vírus da parainflenza também afectam crianças mais velhas e adultos, não sendo raras as infecções repetidas. Os sintomas de infecções tardias e repetidas incluem inflamação do tracto respiratório superior, muito semelhante à constipação comum, por vezes acompanhada por inflamação e dor de garganta.

O período de incubação das afecções originadas por qualquer dos quatro serotipos é de 1 a 7 dias. Em pessoas que sofram de imunossupressão, tais como doentes com sida e receptores do transplante de órgãos ou tecidos, os vírus da parainfluenza podem originar pneumonia severa, frequentemente fatal.[3]

Os paramixovirus produzem infecções respiratórias frequentes e de gravidade variável, que depende do tipo de vírus, da idade do paciente e de ser uma primoinfecção ou uma reinfecção. As tipologias mais comuns são:

  • Infecções do tracto respiratório superior — são as infecções mais frequentemente produzidas pelos vírus da parainfluenza de qualquer serotipo e ocorrem tanto como primoinfecção como em situações de reinfecção, ocorrendo na infância, mas sobretudo em adultos. Os sintomas incluem a sinusite, a rinite, a faringite e a bronquite, ou combinações de todas essas afecções (rinosinusites, rinofaringites e outras), e processos febris sem localização anatómica. Correspondem ao típico catarro comum ou constipação, sendo em geral infecções de bom prognóstico, de gravidade leve e que se curam espontaneamente ao cabo de alguns dias. Em consequência, o seu tratamento é dirigido para a mitigação dos sintomas, e não requerem tratamento com antibióticos, como aliás ocorre com a maioria das infecções virais.
  • Infecções do tracto respiratório inferior — os vírus parainfluenza são responsáveis por cerca de 20% destas graves infecções, sobretudo em crianças em casos de primo-infecção. Os sintomas correspondem a:
  1. Crup ou laringotraqueíte obstructiva — produzido por todos os serotipos, sobretudo os dos tipos 1 e 2, sendo responsáveis por 50% destas patologias; ocorrem em crianças pequenas, geralmente menores de um ano de idade;
  2. Bronquiolite e pneumonia — são pouco frequentes, ocorrem em crianças pequenas, menores de seis meses, e são produzidos sobretudo pelo serotipo 3.

Os vírus da parainfluenza apenas sobrevivem algumas horas no ambiente externo e são facilmente inactivados por sabão e água.[4]

Serotipos[editar | editar código-fonte]

São conhecidos quatro serotipos de vírus da parainfluenza,[5] cujas relações antigénicas entre si, com o vírus da parotidite e com outros paramixovirus animais permitem determinar os seguintes agrupamentos:

  • Virus parainfluenza tipo 1 ou HPIV-1 — a causa mais comum de croup e típico nas afecções do tracto respiratório; este serotipo está relacionado com o paramixovirus Sendai, que produz infecções em ratos e porcos;
  • Virus parainfluenza tipo 2 ou HPIV-2 — causa croup e outras doenças do tracto respiratório superior e inferior; está relacionado com os vírus SV-5 e SV-41 e com o vírus da parotidite, produzindo infecções em macacos;
  • Virus parainfluenza tipo 3 ou HPIV-3 — associado à bronquiolite e à pneumonia em humanos; está relacionado com o vírus SF-4 e produz infecções em bovinos;
  • Virus parainfluenza tipo 4 ou HPIV-4 — inclui os subtipos 4a e 4b.

Notas

  1. Vainionpää R, Hyypiä T (1994). «Biology of parainfluenza viruses». Clin. Microbiol. Rev. 7 (2): 265–75. PMC 358320Acessível livremente. PMID 8055470 
  2. Sato M, Wright PF (2008). «Current status of vaccines for parainfluenza virus infections». Pediatr. Infect. Dis. J. 27 (10 Suppl): S123–5. PMID 18820572. doi:10.1097/INF.0b013e318168b76f 
  3. Sable CA, Hayden FG (1995). «Orthomyxoviral and paramyxoviral infections in transplant patients». Infect. Dis. Clin. North Am. 9 (4): 987–1003. PMID 8747776 
  4. «CDC - Human Parainfluenza Viruses: Common cold and croup». Consultado em 15 de março de 2009. Arquivado do original em 20 de março de 2012 
  5. «Parainfluenza Viruses». Consultado em 15 de março de 2009