Partido Operário Socialista Internacionalista

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Partido Operário Socialista Internacionalista
Partido Operário Socialista Internacionalista
Fundação 1980
Sede C/ Desengaño 12 (1º 3A). 28004 Madrid
Ideologia Trotskismo
Marxismo
Internacionalismo
Espectro político extrema-esquerda
Publicação Carta Semanal
Combate Socialista
La Verdad
Diálogo
País España
Afiliação internacional Quarta Internacional
Página oficial
www.posicuarta.org

O Partido Operário Socialista Internacionalista (POSI) é um partido trotskista espanhol inscrito no registro de partidos políticos do Ministério do Interior da Espanha em 1984. Seus órgãos de imprensa são as revistas La Verdad e Combate Socialista e constitui a secção espanhola da Quarta Internacional. Seus militantes jovens colaboram e impulsionam uma Organização Revolucionária da Juventude (ORJ) em Espanha, secção da Internacional Revolucionária da Juventude.[1]

A Organização Quarta Internacional (OQI)[editar | editar código-fonte]

A Organisation Communiste Internationaliste (OCI francesa) e sua “Comissão Espanha”, esta última criada por militantes provenientes da seção espanhola da Quarta Internacional (desaparecida em 1948) realizou reuniões e discussões com militantes do Partido Comunista de Espanha (PCE), Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e as Juventudes Socialistas de Espanha (JSE), do Partido Operário de Unificação Marxista (POUM), com imigrantes e exilados espanhóis sem afiliação política, como parte da luta pela construção de uma organização trotskista em Espanha.[2]

Em 1976 celebrou-se uma primeira conferência na que se constitui a Organização Quarta Internacional (OCI), aderida ao Comité de Organização pela Reconstrução da Quarta Internacional (CORCI). A OCI espanhola pública o jornal “Quarta Internacional”.

A resolução da sua primeira Conferência parte da incompatibilidade entre as instituições do franquismo e a existência de liberdades democráticas plenas e de organizações operárias. A OCI defende: "consigna-las conjuntas de República, Assembleia Constituinte e direito de separação das nacionalidades. Estas consignas [...] são as que constituem hoje em dia o conteúdo da luta pela Frente Única de partidos e sindicatos da classe operária, cujo marco é o da Aliança Operária". Ademais a OCI afirma que a monarquia de Juan Carlos "representa a tentativa de salvaguardar a Espanha encarnada pela Igreja e o Exército".[3]

O trabalho feito com as organizações tradicionais da esquerda não comunista (em particular PSOE, UGT e CNT) permitiu, a partir de Segunda Conferência da OCI, a construção da organização trotskista, apoiada num núcleo de militantes que provinha da Liga Comunista Revolucionária em 1977.

A OCI propôs o combate da classe operária e suas organizações contra o regime emanado da Lei de Reforma Política, ao que acusava de manter as instituições do franquismo, através de sua reforma. Deste modo, pronunciou-se contra toda a participação no processo de reforma política e pelo boicote às eleições de 15 de junho de 1977. Igualmente, pediu o "Não" no referendo sobre a Constituição de 1978, constituindo um Comité pelo Não à Constituição, junto com diversas organizações de esquerda como Herri Alderdi Sozialista Iraultzailea (HASI) e Langile Abertzale Iraultzaileen Alderdia (LAIA), o Partit Socialista d'Alliberament Nacional dels Països Catalans (PSAN), Partido Operário de Unificação Marxista (POUM), Esquerra Nacional e a Coordenadora Operária de Agrupamentos Socialistas (COAS).

Coordenadora Operária de Agrupamentos Socialistas (COAS)[editar | editar código-fonte]

Com a morte de Franco, o PSOE reconstrui-se defendendo a ruptura com o franquismo. No 27º Congresso (5 a 8 de dezembro de 1976, Madri), o PSOE define-se como um partido "de massas, democrático, federal, marxista, pluralista e internacionalista" se pronuncia pela República e defende o marxismo e a ruptura com o Capitalismo, num momento em que a União Geral de Trabalhadores emerge também da ditadura, se reconstruindo de forma acelerada. O Congresso defende a autodeterminação das nacionalidades e o ensino público, laico e gratuito, recusando "as subvenções ao ensino privado".[4]

No entanto, estas posições chocarão frontalmente com a Internacional Socialista e os dirigentes renovadores (Felipe González e Alfonso Guerra) que postulam uma viragem para a socialdemocracia. A direcção do PSOE opta pela defesa dos postulados de Felipe González e são expulsos vários militantes que discordaram da linha oficial. Entre eles se encontrava a direcção do Agrupamento Socialista de Vallecas, que acusou a direcção do PSOE de "personalismo, o confusionismo, a ausência de democracia interna, e um pactismo decidido a portas fechadas, por simples aparelhos burocráticos". Os expulsos de Vallecas, aos que seguem a maior parte dos militantes deste bairro, constituem em julho de 1977 o Agrupamento Socialista Autónoma de Vallecas, que passa a editar o jornal Luta Socialista.[5]

O agrupamento organizou em fevereiro de 1978 uma conferência estatal de militantes socialistas, depois da qual unir-se-ão outros militantes socialistas do resto de Espanha, se formando a Coordenadora Operária de Agrupamentos Socialistas (COAS).[6] A partir de maio de 1978, Luta Socialista passará a ser o órgão da COAS. Fizessem parte dela figuras importantes do PSOE como o ex-presidente do PSC, José Sargas, e o ex-secretário geral de UGT de Valencia, Ricard Garrido i Cruanyes.

No 28º Congresso do PSOE (17 a 20 de maio de 1979, Madri) a divisão faz-se realidade. Felipe González, que exige a ruptura com o marxismo, é derrotado e ganha a conferência defendida por Francisco Bustelo na que definia ao PSOE como " partido marxista de classe".[7] Ante isso, González decide não se apresentar a secretário geral.[8] Ante a falta de iniciativa de assumir a direcção do Partido por parte da asa esquerda, forma-se uma gestora com o mandato de preparar um Congresso Extraordinário. Esta gestora, conformada por José Federico de Carvajal, Carmen García Bloise, José Prat, Ramón Rubial e García Duarte, encarregar-se-á de modificar o regulamento de congresso e procederá a isolar e expulsar aos militantes dissidentes.[9]

Depois do Congresso Extraordinário (28 e 29 de setembro de 1979, Madri), onde se impõe a direcção felipista e o abandono da política do 27º Congresso, os militantes agrupados na COAS propõem a construção de um novo partido ante a impossibilidade de defender seus postulados no PSOE.

Fundação[editar | editar código-fonte]

Do 22 ao 24 de fevereiro de 1980 teve lugar, em Madri, o congresso fundacional do POSI. Os militantes expulsos ou que romperam com o PSOE e militantes da OCI confluíram junto a vários militantes que tentaram reconstruir o POUM na Cataluña.[10] O novo partido defendia a luta contra a "Transição" e sua "Constituição monárquica" e pela ruptura das organizações operárias com os parlamentos autonómicos, que qualificavam de sem poderes e com as Cortes Espanholas, "submetidas à monarquia".

A fundação resultou complicada já que o Ministério de Interior, dirigido por Juan José Rosón, não admitiu seu legalização, por se tratar de um partido entre cujos objectivos estava a "derrubada da Monarquia" e outros que foram considerados contrários à Constituição.[11] Assim, o próprio congresso fundacional foi proibido ainda que o recurso interposto pelo POSI foi ganho judicialmente. Iniciou-se a partir de então uma campanha a favor da sua legalização. Nos dias 31 de outubro a 2 de novembro de 1980 celebrou-se um Congresso de unificação que reuniu a militantes do POSI, da Liga Comunista e da Fracção Pública (divisões oriundas da Liga Comunista[12] Revolucionária). Nas eleições gerais de 1982 pediram o voto para o PSOE.

Resultados eleitorais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Enciclopèdia del marxisme - Pa». www.marxists.org. Consultado em 2 de junho de 2023 
  2. Marie, J. J.: El trotskismo y los trotskistas, Madrid, POSI, 2004
  3. González, L.: El trotskismo en España, Madrid, POSI, 2006, pp. 154-155
  4. Ibidem, pp. 158
  5. País, El (7 de janeiro de 1978). «Los escindidos del PSOE convocan una conferencia nacional». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 2 de junho de 2023 
  6. «Nace una coordinadora de disidentes del PSOE: la COAS». Madrid. El País (em espanhol). 14 de fevereiro de 1978. ISSN 1134-6582. Consultado em 2 de junho de 2023 
  7. A proposta de Felipe González lembrava o que foi aprovado pelo SPD alemão em 1958, em seu congresso de Bad Godesberg, onde renunciou ao marxismo, veja Saavedra, A.: Secuestro del Socialismo, Madrid, LibrosLibres, 2004, pp.49
  8. PSOE 125: 125 años del Partido Socialista Obrero Español, Madrid, Fundación Pablo Iglesias, 2004, pp. 134
  9. Saavedra, A.:Op. cit., pp.57-58
  10. González, L.: Op. cit., pp. 160-162
  11. ¿Qué quiere el Partido Obrero Socialista Internacionalista? Manifiesto del Congreso de Fundación del POSI, febrero de 1980.
  12. Qué es y qué quiere la Liga Comunista, mayo de 1997.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]