Internacional Socialista

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 Nota: Este artigo é sobre Internacional Socialista (1951-presente). Para Segunda Internacional (1889-1916), veja Segunda Internacional.
Internacional Socialista (IS)
Socialist International (SI)
Logótipo
Internacional Socialista
Logo da Internacional Socialista

Países com membros da Internacional Socialista
Tipo Organização internacional política
Fundação 3 de junho de 1951 (72 anos)
Estado legal Ativo
Sede Londres, Inglaterra, Reino Unido
Presidente Pedro Sánchez
Organização de origem Internacional Operária e Socialista
Sítio oficial www.internacionalsocialista.org

A Internacional Socialista (IS) é uma organização internacional que busca a divulgação e implementação do socialismo democrático através da união de partidos políticos social-democratas, socialistas e trabalhistas. Foi fundada em 1951 com a denominação Internacional Operária e Socialista e atualmente possui 160 partidos de mais de 100 países do globo, sendo uma das maiores organizações partidárias em atividade.

O chileno Luis Ayala é o secretário-geral, e o ex-primeiro-ministro grego George Papandreou é o presidente da organização. Entre os vice-presidentes estão o português Carlos César e o brasileiro Carlos Lupi.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

A rosa vermelha é o símbolo da Social-democracia e também da Internacional Socialista, estando presente nos símbolos de alguns dos partidos-membros.
O secretário-geral, Bernt Carlsson, (à esquerda) e o presidente Willy Brandt (ao centro) durante o Congresso Internacional Socialista de 1983.

A Segunda Internacional, que foi formada em 1889 e dissolvida em vésperas da Primeira Guerra Mundial em 1914 e a Internacional Trabalhista e Socialista, que se dissolveu em 1940, com a ascensão do nazismo e fascismo, do início da Segunda Guerra Mundial, foram constituídas por alguns dos mesmos partidos que mais tarde iriam formar a Internacional Socialista, diferente da Comunista. Entre as ações mais famosas da Segunda Internacional foi a sua declaração em 1889 de 1 de maio como Dia Internacional dos Trabalhadores e sua declaração em 1910 de 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.Trotsky, durante a Primeira Guerra Mundial, achava que aquele momento era revolucionário, pois mesmo naquele país com poucos operários havia a possibilidade de engatar uma revolução mundial mediante a universalização do capitalismo.[3] Esta linha de raciocínio ao se posicionar contra a guerra por esta razão levaria a uma divisão da Internacional Socialista[4] levando segundo o Gorender o fracasso das revoluções socialistas nos países em que os partidos de esquerda dominantes apoiaram o esforço bélico.[5]

Enquanto a Segunda Internacional foi dividida pela eclosão da Primeira Guerra Mundial em forma de esqueleto, sobrevivendo através da Comissão Internacional Socialista. A Internacional foi reformada em 1923 (como a Internacional Trabalhista e Socialista), e foi novamente reconstituída, na sua forma atual, após a Segunda Guerra Mundial (durante a qual muitos partidos social-democratas e socialistas tinham sido suprimidos na Europa ocupada pelos nazistas).

Durante o período pós-Segunda Guerra Mundial, a SI ajudou partidos social-democratas a restabelecer-se quando a ditadura deu lugar a democracia em Portugal (1974) e Espanha (1975). Até o seu Congresso de Genebra em 1976, a Internacional Socialista tinha poucos membros fora da Europa e um envolvimento informal com a América Latina.[6] Em 1980, a maioria dos partidos da IS deu seu apoio aos sandinistas da Nicarágua (FSLN), cujo governo de esquerda havia incitado inimizade com os Estados Unidos, devido ao comunismo e a chamada "Guerra Fria".

Desde então, a IS tem admitido como partidos-membros não somente a FSLN, mas também o Partido da Independência de Porto Rico de centro-esquerda, bem como ex-partidos comunistas, como o italiano Democratas de Esquerda (Democratici di Sinistra (DS)) e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Após a Revolução de Jasmim em 2011 na Tunísia, a Assembléia Constitucional Democrática foi expulso da IS.[7] Mais tarde naquele mês, o Partido Nacional Democrático egípcio, também foi expulso.[8] Como resultado da Crise na Costa do Marfim de 2010–2011, a Frente Popular Marfinense foi expulsa, em março.[9] No entanto, de acordo com o ponto 5.1.3 dos estatutos da Internacional Socialista, uma expulsão exige uma decisão do Congresso por uma maioria de dois terços.[10]

O Partido Socialista Europeu, um partido político europeu ativo no Parlamento Europeu, é uma organização associada da Internacional Socialista.

Uma dissidência da Internacional Socialista, formou a atual Aliança Progressista (em inglês: Progressive Alliance), fundada em 22 de Maio de 2013.

O atual secretário-geral da Internacional Socialista é Luis Ayala (Chile), que ocupa o cargo desde 1989.

Relações com a América Latina[editar | editar código-fonte]

Durante muito tempo, a internacional socialista permaneceu distante da América Latina, considerando a região como zona de influência dos Estados Unidos. Por exemplo, não denuncia o golpe de Estado contra o presidente socialista Jacobo Arbenz, na Guatemala, em 1954, nem a invasão da República Dominicana pelos Estados Unidos, em 1964. Não foi antes do golpe de Estado no Chile, em 1973, que descobrimos "um mundo que não conhecíamos", explica Antoine Blanca, diplomata do PS francês. Segundo ele, a solidariedade com a esquerda chilena foi "o primeiro desafio digno do nome, em relação a Washington, de uma Internacional que, até então, tinha feito tudo para parecer sujeita à estratégia americana e à OTAN". Posteriormente, notadamente sob a liderança de François Mitterrand, a SI apoia os sandinistas na Nicarágua e os movimentos armados em El Salvador, Guatemala e Honduras em sua luta contra as ditaduras apoiadas pelos EUA.[11]

Nos anos 1990, juntaram-se-lhe partidos não socialistas que tomaram nota do poder económico dos países europeus governados ou a serem governados pelos seus parceiros transatlânticos e calcularam os benefícios que daí poderiam retirar. Durante este período, "a internacional socialista trabalha de forma clientelista; alguns partidos vêm aqui para esfregar ombros com os europeus como se estivessem na classe alta", diz Porfirio Muñoz Ledo, um dos representantes do Partido da Revolução Democrática Mexicano no SI. Segundo O Mundo Diplomático, é o lar da "muito centrista União Cívica Radical Argentina (UCR); do Partido Revolucionário Institucional Mexicano (PRI), que não esteve muito democraticamente no poder durante setenta anos; do Partido Liberal Colombiano - sob cujos governos foi exterminada a União Patriótica de esquerda (1986-1990) - introduziu o modelo neoliberal (1990-1994) e ao qual, até 2002, Alvaro Uribe pertencerá. Na década seguinte, muitos partidos de esquerda que chegaram ao poder (no Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador e El Salvador) preferiram manter sua distância do IS.[11]

Membros da Internacional Socialista[editar | editar código-fonte]

Partidos-membros plenos[editar | editar código-fonte]

Os partidos que são membros oficiais da IS são os seguintes[12]:

País Partido Ano de

adesão

África do Sul Congresso Nacional Africano ANC 1999
 Albânia Partido Socialista da Albânia PS 2003
 Andorra Partido Social-Democrata PS 2003
 Angola Movimento Popular de Libertação de Angola MPLA 2003
 Argélia Frente das Forças Socialistas FFS 1996
 Argentina União Cívica Radical UCR 1999
 Armênia Federação Revolucionária Armênia ARF 2003
 Áustria Partido Social-Democrata da Áustria SPÖ 1951
 Azerbaijão Partido Social-Democrata do Azerbaijão ASDP 2016
 Bélgica Partido Socialista PS
 Bielorrússia Partido Social-Democrata Bielorrusso BSDP 2015
 Bósnia e Herzegovina Partido Social Democrata da Bósnia e Herzegovina SDP BiH 1999
 Brasil Partido Democrático Trabalhista PDT 1989
 Bulgária Partido Socialista Búlgaro BSP 2003
Partido dos Social-Democratas Búlgaros PBSD
 Burquina Fasso Movimento Popular pelo Progresso MPP 2016
Cabo Verde Cabo Verde Partido Africano da Independência de Cabo Verde PAICV 1996
Camarões Frente Social Democrata dos Camarões SDF 1999
Cazaquistão Partido Social Democrata de Toda a Nação OSDP 2015
Chade União Nacional pela Democracia e Renovação UNDR 2017
 Chéquia Partido Social-Democrata Checo CSSD
 Chile Partido pela Democracia PPD 1996
Partido Radical Social-Democrata PRSD
Partido Socialista do Chile PS 1996
 Chipre Movimento pela Social-Democracia EDEK 1992
Chipre do Norte Partido Republicano Turco CTP 2014
Partido da Democracia Comum TDP 2017
 Colômbia Partido Liberal Colombiano PLC 1999
Costa Rica Partido da Libertação Nacional PLN 1987
 Croácia Partido Social-Democrata da Croácia SDP 1999
 Eslováquia Direção - Social-Democracia SMER-SD 1994
Espanha Partido Socialista Operário Espanhol PSOE 1951
Filipinas Partido Socialista Democrático das Filipinas PDSP
 Finlândia Partido Social-Democrata da Finlândia SDP
 França Partido Socialista PS
Gana Congresso Nacional Democrático NDC 2008
 Grécia Movimento Socialista Pan-helénico PASOK 1990
 Guatemala Unidade Nacional da Esperança UNE 2008
Guiné Assembleia do Povo da Guiné RPG 2003
Guiné Equatorial Convergência para a Democracia Social CPDS 1999
Haiti Partido Fusão dos Social-democratas Haitianos FSH 1989
Assembleia Social-Democrata pelo Progresso do Haiti RSD 2018
 Hungria Partido Socialista Húngaro MSZP 1996
Partido Social Democrata Húngaro MSZDP 2003
 Iêmen Partido Socialista Iemenita YSP
 Índia Congresso Nacional Indiano INC 1993/2014
Irã Irão Partido Democrático do Curdistão KDP 2015
 Iraque União Patriótica do Curdistão PUK 2008
 Irlanda Partido Trabalhista
 Israel Meretz
Partido Trabalhista de Israel
 Itália Partido Socialista Italiano PSI
 Jamaica Partido Nacional Popular PNP
 Japão Partido Social Democrata SDP 1951
Líbano Partido Socialista Progressista PSP 1980
 Lituânia Partido Social Democrata da Lituânia LSDP 1990
Mali Aliança pela Democracia ADEMA-PASJ 2008
Assembleia pelo Mali RPM 2003
 Marrocos União Socialista das Forças Populares USFP 1992
 Mauritânia Assembleia das Forças Democráticas RFD 2008
Ilhas Maurícias Partido Trabalhista PT 1969
Movimento Militante Maurício MMM 2003
 México Partido Revolucionário Institucional PRI 2003
 Moldávia Partido Democrático da Moldávia PDM 2012
Mongólia Mongólia Partido Popular da Mongólia MPP 2003
Partido Social-Democrata Mongol MSDP 1996
 Montenegro Partido Democrático dos Socialistas de Montenegro DPS 2008
Partido Social Democrata de Montenegro SDPM 2003
 Moçambique Frente de Libertação de Moçambique FRELIMO 1999
Namíbia Organização do Povo do Sudoeste Africano SWAPO 2008
Nepal Congresso Nepalês NC 1999
Níger Partido para a Democracia e Socialismo do Níger PNDS 2003
Paquistão Partido Popular do Paquistão PPP 2003
 Palestina Fatah 2012
 Panamá Partido Revolucionário Democrático PRD 2003
 Paraguai Partido Democrático Progressista PDP 2015
 Peru Aliança Popular Revolucionária Americana APRA 1999
 Porto Rico Partido Independentista Portorriquenho PIP 1992
Portugal Portugal Partido Socialista PS 1972[13]
 Quirguistão Partido Social-Democrata do Quirguistão SDPK 2018
 Reino Unido Partido Social Democrata e Trabalhista SDLP 1974
 República Democrática do Congo União pela Democracia e Progresso Social UDPS 2003
República Dominicana Partido Revolucionário Dominicano PRD 1987
Roménia Partido Social-Democrata PSD 2003
 Rússia Rússia Justa SR 2012
 San Marino Partido dos Socialistas e Democratas PSD 1980
Senegal Partido Socialista do Senegal PS 1970
 Tunísia Fórum Democrático pelo Trabalho e Liberdades FDTL 2012
 Turquia Partido Republicano do Povo CHP 1995
Uruguai Novo Espaço NE 2003
 Venezuela Ação Democrática AD 1985
Um Novo Tempo UNT 2015
Vontade Popular VP 2014

Partidos consultivos[editar | editar código-fonte]

Os partidos que são membros consultivos da IS são os seguintes[12]:

País Partido Sigla Ano de

adesão

 Belize Partido Popular Unido PUP 2014
Botswana Partido Democrático do Botswana BDP 2014
Djibouti Movimento pela Renovação Democrática e Desenvolvimento MRD 2019
Essuatíni Movimento Popular Democrático Unido PUDEMO 2013
Gabão Partido Gabonês do Progresso PGP 1996
Gâmbia Partido Democrático Unido UDP 2012
Gana Partido Popular da Convenção CPP 2018
 Geórgia Social-Democratas pelo Desenvolvimento da Geórgia SDD 2013
Guiné-Bissau Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde PAIGC 2008
Irã Irão Partido Democrático do Curdistão Iraniano PDKI 2008
 Palestina Iniciativa Nacional Palestina PNI 2012
Frente da Luta Popular Palestiniana PPSF 2018
Saara Ocidental Frente Polisário POLISARIO 2017
 São Tomé e Príncipe Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata MLSTP/PSD 2013
Síria Síria Partido de União Democrática PYD 2015
Togo Convenção Democrática dos Povos Africanos CDPA 1999
 Turquia Partido Democrático dos Povos HDP 2015
 Ucrânia Partido Social-Democrata da Ucrânia SDPU 2003

Partidos observadores[editar | editar código-fonte]

Os partidos que são membros observadores da IS são os seguintes[12]:

País Partido Sigla Ano de

adesão

Essuatíni Partido Democrático da Suazilândia SWADEPA 2014
Irã Irão Partido Komala do Curdistão Iraniano KPIK 2014
Partido Komala do Curdistão KPK 2014
Kosovo Vetëvendosje 2018
Lesoto Congresso pela Democracia no Lesoto LCD 2014
 Quênia Partido Trabalhista do Quénia 2012
 Reino Unido Partido Trabalhista 1951
 Sérvia Partido Social-Democrata da Sérvia SDPS 2018

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Socialist International - Presidium». Consultado em 4 de outubro de 2014 
  2. «Internacional Socialista elege Carlos Lupi como vice-presidente». Época. 14 de março de 2017. Consultado em 19 de setembro de 2021 
  3. Leon Trotsky. The Third International after Lenin. Londres: New Park, 1974, p. 3
  4. LENIN, V. I.. Collected Works. Moscou: Foreign Languages/Progress, 1963-1966. v. 21, p. 213-214
  5. GORENDER, Jacob. Marxismo sem utopia. São Paulo, Ática, 1999. p.41
  6. The Dictionary of Contemporary Politics of South America, Routledge, 1989
  7. «SI decision on Tunisia». Socialist International. doi:17 January 2011 Verifique |doi= (ajuda). Consultado em 19 de janeiro de 2011. A decisão foi tomada pelo presidente em conjunto com o Secretário-Geral, em conformidade com os estatutos da Internacional Socialista, para que cesse a adesão da Assembléia Constitucional Democrática (ACD) da Tunísia. Esta decisão, em circunstâncias extraordinárias, reflete os valores e princípios que definem o nosso movimento e da posição da Internacional sobre a evolução naquele país. 
  8. Ayala, Luis (31 de janeiro de 2011). «Letter sent to the National Democratic Party of Egypt regarding the situation in that country and their membership in the Socialist International.» (PDF). Socialist International. Consultado em 6 de fevereiro de 2011. ... consideramos que um partido no governo que não ouve, que não se move e que não inicia imediatamente um processo de mudanças significativas em tais circunstâncias, não pode ser um membro da Internacional Socialista. Estamos, a partir de hoje, deixando os membros do PND, no entanto, permanecem determinados a cooperar com todos os democratas no Egito se esforçando para conseguir um Estado aberto, inclusivo, democrático e laico. 
  9. SI Presidium addresses situation in Côte d'Ivoire
  10. «SI Statutes». Socialist International. doi:5 February 2011 Verifique |doi= (ajuda). Consultado em 5 de fevereiro de 2011. Decisões de expulsão de partidos e organizações da sociedade só pode ser tomada pelo Congresso por uma maioria de dois terços dos partidos votantes. 
  11. a b «Internationale socialiste ou les Pieds Nickelés en Amérique latine». O Mundo Diplomático. 1 de janeiro de 2012. Consultado em 21 de maio de 2019 
  12. a b c «Internacional Socialista - Políticas Progresistas Para un Mundo Más Justo». www.internacionalsocialista.org. Consultado em 11 de setembro de 2017 
  13. «Full list of member parties and organisations». Socialist International (em inglês). Consultado em 19 de setembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]