País sem costa marítima
São denominados países sem costa marítima, países interiores ou países encravados[1][2] aqueles que não têm saída para o mar ou oceano. Note-se que esta definição de mar não inclui os mares que não estão ligados aos oceanos, pelo que o mar Cáspio e o mar de Aral, ao serem lagos endorreicos, permitem que alguns países que neles têm costa sejam considerados países sem costa marítima. Os países banhados pelo mar de Aral e/ou mar Cáspio são: Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão e Turquemenistão.
O caso da Bolívia e a saída para o mar
[editar | editar código-fonte]A Bolívia é um país que já possuiu, no século XIX, saída para o mar, mas a perdeu na Guerra do Pacífico com o Chile. Ao final do conflito, em 1883, o Chile incorporou uma grande parte do território boliviano, incluindo a porção do território da Bolívia que garantia ao país acesso ao mar.[3] Desde então, a Bolívia e o Chile têm relações tensas em torno dessa questão, pois a Bolívia deseja recuperar sua saída ao mar, enquanto o Chile não pretende ceder o território ganho com a Guerra. Em 2018, a Bolívia levou a questão até o Tribunal Internacional de Justiça em Haya, na esperança de que a corte determinasse que o Chile deveria negociar o acesso ao mar com a Bolívia. A corte entretanto recusou fazê-lo, e a Bolívia foi derrotada por 12 votos contra 3 em uma resolução afirmando que o Chile não é obrigado a negociar um acesso soberano ao mar para a Bolívia.[4]
A questão do acesso ao mar é tão importante para a Bolívia que o país celebra todo ano, no dia 23 de março, o Dia do Mar - ocasião na qual é lembrada a necessidade de o país recuperar o acesso a águas oceânicas. A cidade-alvo das demandas bolivianas é Antofagasta, que fez parte da Bolívia até a Guerra do Pacífico e passou a ser internacionalmente reconhecida como parte integrante do Chile apenas com a assinatura do Tratado de Paz e Amizade entre Chile e Bolívia em 1904. Desde a eleição de Evo Morales em 2006, essa questão voltou a ser central na política boliviana, tendo em vista o interesse de Evo no tema.[5]
Lista de países sem costa marítima
[editar | editar código-fonte]Em 2024, há no mundo 44 países nesta situação geográfica:
- Afeganistão
- Andorra
- Armênia
- Áustria
- Azerbaijão
- Botswana
- Bolívia
- Butão
- Burquina Fasso
- Burundi
- Bielorrússia
- Cazaquistão
- Chade
- Chéquia
- Eslováquia
- Etiópia
- Essuatíni
- Hungria
- Laos
- Lesoto
- Liechtenstein
- Luxemburgo
- Macedônia do Norte
- Moldávia
- Mongólia
- Mali
- Malawi
- Níger
- Nepal
- Paraguai
- Quirguistão
- República Centro-Africana
- Ruanda
- San Marino
- Sérvia
- Sudão do Sul
- Suíça
- Tajiquistão
- Turquemenistão
- Uzbequistão
- Uganda
- Vaticano
- Zâmbia
- Zimbabwe
A estes países, acrescem outros quatro estados com reconhecimento limitado:
Entre todos esses países, apenas o Liechtenstein e o Uzbequistão encontram-se rodeados exclusivamente por outros países sem costa marítima.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ "Encravado" no Moderno Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa acessado a 13 de agosto de 2009.
- ↑ "O ataque dos Escorpiões Azuis" artigo sobre a utilização da água no Lesoto, país encravado na África do Sul, no "Correio da Unesco", número 3 de 2008 Arquivado em 23 de abril de 2009, no Wayback Machine. acessado a 13 de agosto de 2009.
- ↑ Bonilla, Heraclio (1979). «La dimensión internacional de la Guerra del Pacífico». Desarrollo Económico. 19 (73). 79 páginas. doi:10.2307/3466496.
- ↑ Tavares, Elaine (1 de outubro de 2018). «Bolívia segue sem acesso soberano ao mar». Instituto de Estudos Latino-Americanos. Consultado em 30 de março de 2019
- ↑ Gouverneur, Cédric (3 de setembro de 2015). «A Bolívia de olho no mar». Le Monde Diplomatique. Consultado em 30 de março de 2019.
- ↑ Garfors, Gunnar (8 de agosto de 2013). «BThe Two Double Landlocked Countries». The Garfors Globe. Consultado em 29 de setembro de 2019.