Projeto de Joaquim Guedes, Liliana Guedes, Carlos Milan e Domingos Azevedo para o Plano Piloto de Brasília

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O Projeto de Joaquim Guedes, Liliana Guedes, Carlos Milan e Domingos Azevedo para o Plano Piloto de Brasília foi um dos projetos submetidos ao Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil.[1] Ele foi submetido como "STAM", sigla para "Serviço Técnico de Atendimento aos Municípios", o nome da equipe, concorrendo como o número 12.[2]

O projeto da equipe de Joaquim Guedes foi um dos pontos de conflito do júri, com o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) Paulo Antunes Ribeiro não tendo aceitado a pré-seleção dos dez finalistas e sugerindo a inclusão de um 11º projeto - o da equipe - sem sucesso. A crise terminou com Paulo se retirando do júri. O projeto da equipe acabou não chegando entre os dez finalistas[3] e ainda é estudado com um das alternativas mais interessantes ao Plano Piloto que foi construído.[1]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para uma nova cidade no Planalto Central havia se tornado a meta-síntese do governo do presidente Juscelino Kubitschek. Tendo vencido as resistências políticas e as burocracias, o presidente pediu a Oscar Niemeyer, seu arquiteto de confiança, que projetasse a nova capital. Entretando, Niemeyer não quis fazer o projeto urbanístico, ficando apenas com os edifícios. Para projetar a cidade, ele sugere a criação de um concurso nacional com a participação do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o que é aceito por Juscelino.[4]

Assim, em 1956 foi criada a Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Nova Capital Federal, que anunciou o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, com o edital da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) estabelecendo as regras que incluíam, por exemplo, que a cidade fosse projetada para 500 mil habitantes e a localização da área de cinco mil quilômetros quadrados. O júri seria formado por arquitetos brasileiros e estrangeiros, incluindo o próprio Niemeyer e o presidente do IAB, Paulo Antunes Ribeiro.[4]

Proposta[editar | editar código-fonte]

A proposta tinha, além das características da arquitetura moderna que estavam presentes em quase todos os projetos, influências de Alison e Peter Smithson e do Team 10. A Unité d'Habitation também influenciou. Entretanto, muitas ideias destoavam da maioria.

O projeto pensava uma cidade para cotidiano das pessoas e também enquanto organismo vivo e dinâmico, diferente da maioria das propostas que enrijeciam o plano piloto. Pretendia ser aberta, linear e vertical, com foco no transporte de massa - uma característica marcante é a presença de um sistema metroviário para isso, anos antes da primeira linha brasileira. A cidade teria único grande centro diversificado com escolas, universidade, esportes, serviços culturais, administração federal, centro de comércios, hotéis e serviços em torno de um parque de dezenove quilômetros quadrados, onde estaria o sistema de transporte. A expansão se daria por uma periferia circundante, que seria inevitável pois a cidade naturalmente se expandiria - o que o futuro mostrou que era verdade.[3]

Ao invés de restringir, a equipe investiu na criação de uma instrumentação legal coerente, flexível e hábil para um desenvolvimento urbano, econômico e social mais saudável. Segundo Guedes, "era um absurdo querer limitar a cidade. Porque,ou ela teria energia e pressão para crescer, e ninguém seguraria, ou ela nem chegaria lá". Ele também comenta que as ideias usadas para o projeto eram parecidas com as que viriam alguns anos depois em Morte e Vida de Grandes Cidades, livro crítico ao urbanismo moderno e hoje considerado um clássico da área, lançado por Jane Jacobs em 1961 e que chegou ao Brasil em 1965.[5][6][7][3]

A polêmica do júri[editar | editar código-fonte]

O projeto da equipe acabou ficando no meio de uma discussão entre os membros do júri, quando o arquiteto Paulo Antunes Ribeiro, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), entidade a qual representava, não concordou com a forma com que os projetos foram avaliados - em apenas dois dias e meio, onde nem os memoriais descritivos haviam sido lidos por inteiro. Dez trabalhos foram selecionados sem a participação de Paulo, que, para tentar amenizar, sugeriu a formação de uma só equipe com os autores desses 10 projetos pré-selecionados e um 11º, o da equipe STAM, que ele avaliou mais detalhadamente e julgou que deveria estar entre os finalistas. O júri negou, e o voto "unânime" da banca avaliadora na proposta de Lúcio Costa não teve a presença do presidente do IAB.[7][6]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Concurso para o Plano Piloto de Brasília - Joaquim Guedes». Cronologia do Pensamento Urbanístico. Consultado em 23 de julho de 2020 
  2. «MEMORIAL DE PROJETO DO GRUPO STAM PARA O CONCURSO DO PLANO PILOTO PARA A NOVA CAPITAL FEDERAL, BRASÍLIA» (PDF). docomomo.org.br. Consultado em 28 de julho de 2020 
  3. a b c «Joaquim Guedes: Depoimento». ArchDaily Brasil. 28 de maio de 2015. Consultado em 23 de julho de 2020 
  4. a b Tavares, Jeferson (julho de 2007). «50 anos do concurso para Brasília – um breve histórico (1)». vitruvius. Consultado em 22 de julho de 2020 
  5. BRAGA, Aline. (IM)POSSÍVEIS BRASÍLIAS: Os projetos apresentados no concurso do Plano Piloto da Nova Capital Federal. São Paulo: Alameda, 2011. 402p.
  6. a b Braga, Milton (2010). O Concurso de Brasília. Rio de Janeiro: Cosac e Naify. ISBN 978-8575038963 
  7. a b «Concurso para o Plano Piloto de Brasília - Joaquim Guedes». Cronologia do Pensamento Urbanístico. Consultado em 23 de julho de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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