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Raymond Victor Franz: diferenças entre revisões

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Sobrinho de [[Frederick William Franz]], '''Raymond Victor Franz''' (1922) foi membro do Corpo Governante do movimento religioso [[Testemunhas de Jeová]] entre 1971 e 1980. É autor dos livros intitulados "Crise de Consciência", (''Crisis of Conscience'' - 1ª edição em inglês em 1983, 516 páginas), e "Em Busca da Liberdade Cristã", (''In Search of Christian Freedom'' - 1ª edição em inglês em 1991, 732 páginas).
Sobrinho de [[Frederick William Franz]], '''Raymond Victor Franz''' (1922) foi membro do Corpo Governante do movimento religioso [[Testemunhas de Jeová]] entre 1971 e 1980. É autor dos livros intitulados "Crise de Consciência", (''Crisis of Conscience'' - 1ª edição em inglês em 1983, 516 páginas), e "Em Busca da Liberdade Cristã", (''In Search of Christian Freedom'' - 1ª edição em inglês em 1991, 732 páginas).


Segundo certas opiniões, Raymond Franz seria uma das referências obrigatórias no estudo sério sobre a História das Testemunhas de Jeová. Supostamente, o simples fato de uma Testemunha de Jeová possuir um de seus livros pode ser razão para enfrentar um processo judicativo.
Segundo certos autores, Raymond Franz é uma das referências obrigatórias no estudo sério sobre a História das Testemunhas de Jeová. O simples fato de uma Testemunha de Jeová possuir um de seus livros pode ser razão para enfrentar um processo judicativo.


Outros concluiram que seus livros, embora em aspectos pontuais possam apresentar informações verídicas e opiniões válidas, os misturam em grande medida com duvidosas informações não-verificáveis e sofismas e que, portanto, como um todo são livros parciais e tendenciosos, apresentando uma visão distorcida das testemunhas de Jeová que não condiz com os fatos. De modo geral, as informações verificáveis não constituem novidade, pois em essência são apresentadas em publicações como o livro [[Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus]], e assim o único diferencial dos livros de Raymond Franz seria sua [[interpretação]] [[particular]] dessas informações.




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== Sua expulsão da organização ==
== Sua expulsão da organização ==
As Testemunhas de Jeová utilizam o mecanismo bíblico de [[excomunhão]], desligar de sua associação membros que se tornam praticantes não-arrependidos de ações que violam princípios da Bíblia (veja a página:[[Normas morais das Testemunhas de Jeová]]). Segundo as Testemunhas, seria um modo de disciplinar o errante, proteger a congregação e defender o [[Nome de Deus]] e a reputação do [[cristianismo]]. A desassociação não é automática, ocorre todo um processo em que ela é evitada ao máximo, se ocorrer a pessoa é orientada e visitada a cada seis ou doze meses e será bem vinda de volta após se corrigir. Porém, a força deste mecanismo bíblico reside justamente nos demais membros cortarem todo contato evitável enquanto ele não se corrigir e for reintegrado. ([[1Coríntios 5:1-13]], [[2Coríntios 2:5-11]]).


Raymond afirma que foi desassociado "sob a acusação de que que tinha almoçado num restaurante com uma pessoa dissociada", Peter Gregerson, que era seu patrão, senhorio (Raymond e sua esposa moravam então em uma casa móvel estacionada em um terreno pertecente a Gregerson) e também, amigo. Entre as Testemunhas de Jeová, se diz que foi desassociado por [[Apostasia]]. Afirma-se que pouco tempo depois do almoço com Peter Gregerson, o Corpo Governante modificou seu entendimento bíblico com respeito a associação com membros dissociados, publicando tal mudança através da revista ''A Sentinela'' de 15 de setembro de 1981 e que antes de tal mudança neste ensino não haveria proibição quanto à associação de Testemunhas de Jeová com "dissociados", exceto em casos de "violação de neutralidade cristã", tais como o envolvimento político.
Raymond foi desassociado "sob a acusação de que que tinha almoçado num restaurante com uma pessoa dissociada", Peter Gregerson, que era seu patrão, senhorio (Raymond e sua esposa moravam então em uma casa móvel estacionada em um terreno pertecente a Gregerson) e também, amigo. Entre as Testemunhas de Jeová, se diz que foi desassociado por [[Apostasia]]. Pouco tempo depois do almoço com Peter Gregerson, o Corpo Governante modificou seu entendimento bíblico com respeito a associação com membros dissociados, publicando tal mudança através da revista ''A Sentinela'' de 15 de setembro de 1981 e que antes de tal mudança neste ensino não havia proibição quanto à associação de Testemunhas de Jeová com "dissociados", exceto em casos de "violação de neutralidade cristã", tais como o envolvimento político.

Entretanto, artigos anteriores da revista [[a Sentinela]] apresentavam estas orientações sobre não se associar com desassociados (como o próprio termo "desassociado" indica), ainda que fossem parentes ou amigos. Afirma que a própria Bíblia estabelece que não se deve nem sequer comer com um membro expulso ([[1Coríntios 5:11]], [[2João 9-11]]). ''Raymond Franz teria deliberadamente se tornado inquilino e empregado de um indivíduo ciente de que este já era dessassociado e de que esta relação levaria a situações que poderiam causar sua própria desassociação. Além disso, essa refeição foi apenas o ato culminante de uma série de ações de Raymond Franz que foram consideradas pelas testemunhas de Jeová como causadoras de [[desunião]] e [[obstrutor]]as das suas atividades religiosas e que indicavam claramente que ele não desejava mais ser uma delas, como de fato não desejava''.


Por ter sido membro do Corpo Governante, e, também, por ser sobrinho do então presidente da [[Sociedade Torre de Vigia]], a expulsão de Raymond Franz da religião atraiu muita atenção entre as Testemunhas de Jeová e do público em geral. Quando a revista [[Time]] contou sua história na edição de 22/2/1982, pág. 66, isso resultou num volume crescente de correspondência. Por tal razão, Raymond Franz decidiu escrever um livro que apresentasse uma explicação pública documentada sobre o que acontecera. O resultado foi o livro "Crise de Consciência", que agora têm uma circulação internacional em várias línguas.
Por ter sido membro do Corpo Governante, e, também, por ser sobrinho do então presidente da [[Sociedade Torre de Vigia]], a expulsão de Raymond Franz da religião atraiu muita atenção entre as Testemunhas de Jeová e do público em geral. Quando a revista [[Time]] contou sua história na edição de 22/2/1982, pág. 66, isso resultou num volume crescente de correspondência. Por tal razão, Raymond Franz decidiu escrever um livro que apresentasse uma explicação pública documentada sobre o que acontecera. O resultado foi o livro "Crise de Consciência", que agora têm uma circulação internacional em várias línguas.
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Raymond Franz tem a venda de seus livros como única fonte de renda e solicita que não se distribuam cópias em PDF deles.
Raymond Franz tem a venda de seus livros como única fonte de renda e solicita que não se distribuam cópias em PDF deles.

== Críticas ao livro "Crise de Consciência" ==

Fazendo uma análise básica e resumida do livro "Crise de Consciência", observadores concluíram que ele apresenta dados basicamente já conhecidos e alguns pensamentos bem-fundamentados, mas que os embaralha com diversas afirmações não-verificáveis e conclusões improcedentes. Por exemplo, afirma que existia uma regra segundo a qual toda decisão importante no Corpo Governante necessitava da presença e concordância mínima de 3/4 dos membros e que por causa dessa regra muitas decisões fundamentais teriam sido irresponsavelmente adiadas ou não feitas. Mas seus críticos questionam: ''Que prova há de que a "regra dos 3/4" realmente existiu? E se realmente existiu, que prova há de que realmente funcionava como ele apresentou? Só temos a palavra de Raymond Franz. Entretanto, esta e outras afirmações são tomadas por críticos das testemunhas de Jeová como indubitavelmente comprovadas, a mesma atitude que Raymond Franz atribui às testemunhas.''

Observadores deste autor apontam que, de modo geral, Raymond Franz demonstrou

'''(1) ''A tendência psicológica de escolher interpretar negativamente as palavras e ações dos outros''.''' Por exemplo, se você pergunta para uma pessoa há quanto tempo faz um trabalho e ela responde algo como "um ano e nove meses", essa resposta ''pode'' lembrar a reação de um presidiário, mas também pode lembrar o entusiasmo de um apaixonado. O que falamos sobre outras pessoas revela mais a respeito de nós mesmos do que a respeito delas, pois nós projetamos nos outros aquilo que há no nosso coração.

O próprio Raymond Franz admite que por muito tempo não estudava a fundo a [[Bíblia]], que idealizava a Sociedade e que era dedicado à organização e não a [[Deus]] e a [[Jesus]], mas dá a entender que isso se aplica a todas as Testemunhas de Jeová, projetando ''suas'' falhas em milhões de indivíduos únicos e diferentes dele. Porém, a maioria das testemunhas de Jeová não se encaixa neste [[estereótipo]]. Se desde o princípio Raymond Franz tivesse (1) sempre estudado e meditado nas [[Escrituras]] e compreendido que o entendimento é progressivo, (2) encarado equilibradamente os que tomam a dianteira como humanos íntegros, mas imperfeitos e (3) se dedicado a Deus e a Jesus e visto a congregação [igreja, organização] como um ''meio'', um ''instrumento'' através do qual servia a Deus e a Jesus e não o alvo de sua dedicação, ele não teria passado por nenhuma "crise de consciência".

('''2) ''A tendência de não apresentar alternativas positivas''.''' Nada se constrói apenas apontando [[suposto]]s erros do passado e declarando o que não devemos fazer. O que Raymond Franz sugere que os cristãos façam de positivo daqui em diante? Devemos fechar todas as nossas organizações religiosas (incluindo as sociedades bíblicas que imprimem e distribuem a Bíblia)? Devemos nos limitar a uma união [[mística]] e não ter absolutamente nenhum tipo de sistema formalmente organizado para coordenar nossos empenhos e maximizar nossos resultados e absolutamente ninguém desempenhando a função de coordenador e de instrutor para o benefício de todos?

São essas conclusões que parecem ser subentendidas, mas não declaradas. Entretanto, observadores apontam que muitos ávidos leitores de Raymond Franz pertencem a organizações religiosas nas quais também houve e há erros e problemas, embora sejam outros. E que as editoras que publicam os livros dele também são [[organizações]]. Todas estas organizações também devem ser erradicadas? Seus leitores aceitariam a extinção das ''suas'' organizações? Outra observação é que diversos leitores de Raymond Franz pesquisam seus livros para poder apontar os supostos erros das testemunhas de Jeová, em vez de fazer uma auto-análise pessoal e também analisar e corrigir suas próprias organizações como o autor sugere.

Também parece contraditório Raymond Franz falar contra o conceito de organização religiosa, mas ter como fonte de renda a venda de livros publicados por organizações (as editoras) e comprados por devotos membros de organizações religiosas. Os críticos de Raymond Franz arrazoam que, se a Associação Torre de Vigia é uma [[Igreja Católica]] e Raymond Franz é um [[Lutero]], [[Calvino]], etc., então ele deveria pregar suas "[[95 teses]]", ir para sua [[Genebra]]. Entretanto, ele se limita a apontar supostos problemas e erros, mas "tem tornado óbvio em várias ocasiões o seu desinteresse em formar qualquer tipo de "nova organização" religiosa e nem qualquer interesse em pertencer novamente a um sistema religioso". Essa recusa é reveladora de sua atitude. [[Mohandas Gandhi]] fez uma lista do que chamou de "os sete erros capitais no mundo", entre eles "conhecimento sem caráter" e "adoração sem sacrifício"; mais tarde seu neto [[Arun Gandhi]] acrescentou um oitavo erro: "direitos [liberdades] sem responsabilidades". Infelizmente, muitos buscam a ''liberdade'' cristã, mas não querem a ''responsabilidade'' cristã.

Muitos observadores reconhecem os tipos de problemas que Raymond Franz aponta nas religiões organizadas. Entretanto, concluem que a causa do problema não é o fato de estarem organizadas e sim o afastamento dos princípios bíblicos. Problemas sempre existirão enquanto o ser humano for imperfeito, com ou sem organização. Mas os cristãos precisam se organizar de alguma forma para poderem cuidar bem uns dos outros e cumprir com eficácia máxima sua grande comissão. Portanto, a solução não é dissolver toda organização religiosa, mas sim promover constantemente ajustes e reajustes bíblicos conceituais e organizacionais.

'''(3) ''A tendência a uma postura reativa''.''' A impressão é que a maior parte do tempo Raymond Franz se limitou por décadas a ficar remoendo os supostos erros e negligências dos outros. Poderia ter exercido sua consciência e imaginação para escolher uma reação mais construtiva: ter iniciativas positivas em palavras e ações, concentrar-se naquilo que podia mudar, aceitar serenamente a realidade atual da época e ao mesmo tempo visualizar uma realidade melhor, mudar primeiro a si mesmo antes de querer mudar os outros para se tornar uma influência positiva e aumentá-la gradualmente de modo a contribuir ativamente para a melhoria. Em resumo, faltou a Raymond Franz a decisão consciente e esclarecida de ser um modelo e não um juíz, ser parte da solução e não do problema.

Esses observadores contrastam essa atitude com a de seu tio Fred Franz, que exerceu com paciência sua influência positiva e contribuiu ativamente para melhorias ''graduais'' que corrigiram diversas das falhas apontadas reais por Raymond Franz (falhas irreais só podem ser resolvidas com o reconhecimento de que elas não existem fora da nossa percepção). Fred Franz acreditava que um maior entendimento bíblico ''com o tempo'' levaria a aprimoramentos conceituais e organizacionais.

Observadores também apontam que foi justamente por esta percepção que Fred Franz colocou seu sobrinho no importante projeto da enciclopédia bíblica ''Ajuda ao Entendimento da Bíblia'' e depois na estratégica Comissão de Redação. Fred Franz valorizava a Bíblia, queria aumentar o entendimento bíblico das testemunhas de Jeová em geral (incluindo o de seu sobrinho) e acreditava no potencial de Raymond Franz. Segundo eles, infelizmente Raymond Franz não entendeu este princípio e acabou fazendo o oposto do que seu tio esperava. Talvez hoje ele poderia até mesmo ser o atual presidente da Associação Torre de Vigia e estar influenciando grandemente as testemunhas de Jeová. Assim, Raymond Franz teve uma oportunidade única e grandiosa de promover ajustes conceituais e organizacionais entre as testemunhas de Jeová e a desperdiçou. Estes ajustes acabaram sendo feitos sem ele e os problemas que alega que o incomodavam tanto (como a excessiva centralização) já foram resolvidos e outros serão feitos gradualmente.

Assim, a conclusão a que muitos chegaram é que o livro "Crise de Consciência" selecionou e interpretou informações de modo a apresentar uma visão fortemente enviesada e negativa das testemunhas de Jeová que está em desarmonia com o que aconteceu e acontece efetivamente neste grupo religioso, refletindo a atitude negativa geral e a compreensão limitada de Raymond Franz sobre como a vida funciona e como aplicar os princípios bíblicos com sabedoria.





Revisão das 10h32min de 10 de julho de 2009

Sobrinho de Frederick William Franz, Raymond Victor Franz (1922) foi membro do Corpo Governante do movimento religioso Testemunhas de Jeová entre 1971 e 1980. É autor dos livros intitulados "Crise de Consciência", (Crisis of Conscience - 1ª edição em inglês em 1983, 516 páginas), e "Em Busca da Liberdade Cristã", (In Search of Christian Freedom - 1ª edição em inglês em 1991, 732 páginas).

Segundo certos autores, Raymond Franz é uma das referências obrigatórias no estudo sério sobre a História das Testemunhas de Jeová. O simples fato de uma Testemunha de Jeová possuir um de seus livros pode ser razão para enfrentar um processo judicativo.


Sua formação

Raymond Franz, nascido em 1922, é filho de pais que tinham feito parte do movimento dos "Estudantes da Bíblia" (a partir de 1931, chamados de Testemunhas de Jeová) desde o tempo da I Guerra Mundial. Seu pai foi batizado em 1913. Além dos seus pais, 3 dos seus avós estiveram filiados com a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA), tal como 4 tios – um irmão da sua mãe e três irmãos do seu pai (incluindo Frederick William Franz, que viria a ser o 4.º presidente da Sociedade). O mais novo destes três irmãos, e sua esposa, saíram da religião depois de falharem as predições que os Estudantes da Bíblia tinham feito para o ano de 1925. Aos 16 anos, em 1938, juntamente com suas duas irmãs mais velhas, tornou-se publicador de congregação. É batizado em 1º de janeiro de 1939. Uma de suas irmãs frequentou a Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia e serviu como missionária durante algum tempo no Brasil.

Depois de terminar o ensino secundário, em 1940, Raymond tornou-se evangelizador de tempo integral (pioneiro) das Testemunhas de Jeová, e nessa qualidade, serviu durante 40 anos. Em Junho de 1940, foi designado como pioneiro especial (evangelizador experiente de tempo integral que então gastava 175 horas mensais). Em 1944, cursou a Escola Bíblica de Gilleade da Torre de Vigia durante 5 meses. Após formatura, em 1946, é designado para servir na França. Porém, acabou por ser designado por 1 ano e meio como Superintendente de Circuito nos estados norte-americanos do Alabama e parte da Califórnia. Depois, é enviado como missionário para Porto Rico e Ilhas Virgens, e depois, para a República Dominicana. Foi em Porto Rico, em 1959, que conheceu Cynthia, que viria a ser sua esposa e companheira no serviço missionário.

Em 1957, é expulso da República Dominicana pelo ditador Rafael Trujillo. Casou-se em 1959 e continuou no serviço missionário nas Ilhas Virgens ao lado de sua esposa. Em 1961, retornaram à República Dominicana como missionários e lá permaneceram por 5 anos, numa época de grande agitação política e de guerra civil. As atividades religiosas das Testemunhas de Jeová estavam proibidas e seus missionários estrangeiros estavam sendo expulsos do país. É designado como Superintendente de Filial. Em 1964, Nathan Knorr convida Raymond Franz para fazer parte do pessoal da Sede Mundial, ingressando no Serviço de Betel de Brooklyn.

No ano seguinte, foi designado para trabalhar no Departamento de Redação, cujo superintendente era Karl Adams. Foi lhe pedido que ajudasse a elaborar uma enciclopédia bíblica para as Testemunhas de Jeová. Nesse projeto, ele colaborou com outras 4 pessoas da Sede Mundial, escrevendo o que viria a ser o livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia (1969, na ed. portuguesa em 1982). [Essa obra serviu parcialmente de base para a nova enciclopédia bíblica das testemunhas de Jeová, em 2 volumes (3 volumes, na ed. portuguesa) sob o nome Estudo Perspicaz das Escrituras (1988)., que contém muitas atualizações, refinamentos, artigos novos, gravuras e mapas coloridos e outras particularidades. Depois de terminado o projeto envolvendo o Ajuda ao Entendimento da Bíblia, em 20 de outubro de 1971, foi convidado para ser membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, servindo como membro da Comissão de Redação. Serviu ainda por diversas vezes na qualidade de Superintendente de Zona.

Depois de servir nessas funções durante 9 anos, ele chegou a uma "crise de consciência". Viveu um conflito de consciência entre a Lei de Deus conforme expressa na Bíblia e a lealdade a uma organização religiosa e suas normas. Em 1980, com 58 anos de idade, Raymond pediu sua resignação de membro do Corpo Governante e deixou o Betel de Brooklyn. Ele e Cynthia mudaram-se para Gadsden, no Alabama (Geórgia), onde Peter Gregerson lhe deu trabalho em seu supermercado. Após isso, eles continuaram servindo como publicadores na Congregação de Gadsden Leste.

Depois de mais de 40 anos no Ministério de Tempo Integral, em 31 de Dezembro de 1981, Raymond e sua esposa são desassociados por uma comissão judicativa da congregação local após ter almoçado com Peter Gregerson, o qual havia se dissociado das Testemunhas de Jeová. Atualmente, Raymond e Cynthia Franz tem uma casa agradável numa área semi-rural a cerca de 50 km a Oeste de Atlanta. A generosidade não solicitada e inesperada de outras pessoas teve um papel fundamental em tornar isto possível para eles. Raymond e Cynthia são anfitriões generosos que recebem visitantes de muitos países.

Sua expulsão da organização

Raymond foi desassociado "sob a acusação de que que tinha almoçado num restaurante com uma pessoa dissociada", Peter Gregerson, que era seu patrão, senhorio (Raymond e sua esposa moravam então em uma casa móvel estacionada em um terreno pertecente a Gregerson) e também, amigo. Entre as Testemunhas de Jeová, se diz que foi desassociado por Apostasia. Pouco tempo depois do almoço com Peter Gregerson, o Corpo Governante modificou seu entendimento bíblico com respeito a associação com membros dissociados, publicando tal mudança através da revista A Sentinela de 15 de setembro de 1981 e que antes de tal mudança neste ensino não havia proibição quanto à associação de Testemunhas de Jeová com "dissociados", exceto em casos de "violação de neutralidade cristã", tais como o envolvimento político.

Por ter sido membro do Corpo Governante, e, também, por ser sobrinho do então presidente da Sociedade Torre de Vigia, a expulsão de Raymond Franz da religião atraiu muita atenção entre as Testemunhas de Jeová e do público em geral. Quando a revista Time contou sua história na edição de 22/2/1982, pág. 66, isso resultou num volume crescente de correspondência. Por tal razão, Raymond Franz decidiu escrever um livro que apresentasse uma explicação pública documentada sobre o que acontecera. O resultado foi o livro "Crise de Consciência", que agora têm uma circulação internacional em várias línguas.

Atual postura religiosa

Raymond e Cynthia Franz tem tornado óbvio em várias ocasiões o seu desinteresse em formar qualquer tipo de "nova organização" religiosa e nem qualquer interesse em pertencer novamente a um sistema religioso. Refletindo sobre o passado, entendem que a maior lição a ser aprendida e aplicada é encarar que "o cristianismo é, ou devia ser, uma irmandade livre, não uma sociedade estruturada e sujeita a uma administração centralizada conforme o Apóstolo Paulo fundamentou no primeiro século."

Quanto à questão de considerar a hipótese de um retorno à organização das Testemunhas de Jeová, Franz afirma que "as crenças fundamentais da Organização estão seriamente erradas e alterações cosméticas nunca modificarão esse fundamento. ... A usurpação para um sistema humano de direitos e privilégios que corretamente só pertencem ao Filho de Deus, é talvez de todos os erros cometidos, o mais sério. Em segundo lugar, privam o indivíduo de um senso verdadeiro de um relacionamento pessoal com Deus e Cristo, usurpam o exercício correto da consciência individual como consequência da imposição de infindáveis regras e regulamentos que tem uma origem inteiramente humana. ... Eles não podem fazer as necessárias mudanças fundamentais sem que isso implique o fim da Organização que eles são."


Comentários sobre seus livros

O livro "Crise de Consciência" foi publicado no Brasil em português pela editora Hagnos em 2002. Apresenta o relato dos quarenta anos de serviço integral de Franz, seu serviço na sede mundial e seus anos no corpo governante. Supostamente explica o funcionamento das reuniões do corpo, e como ele afirma que são tomadas as decisões. Há varios documentos fotocopiados e traduzidos que aparentemente dão credibilidade ao relato, embora não haja como verificar a autenticidade deles.

O livro "Em Busca da Liberdade Cristã" ainda não foi publicado no Brasil, possuindo, no entanto, uma versão digital (PDF) em português publicada pela editora original Commentary Press.

Raymond Franz tem a venda de seus livros como única fonte de renda e solicita que não se distribuam cópias em PDF deles.