Rodrigo Zagalo Nogueira

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Rodrigo Zagalo Nogueira
Nascimento 9 de dezembro de 1819
Tomar
Morte 3 de agosto de 1905
Angra do Heroísmo
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação médico, político

Rodrigo Zagalo Nogueira (Tomar, 9 de Dezembro de 1819Angra do Heroísmo, 3 de agosto de 1905) foi médico e político, tendo-se distinguido no campo da filantropia.[1] Foi uma das figuras políticas mais influentes do seu tempo na ilha Terceira. O seu filho Manuel Sieuve de Meneses Zagalo Nogueira foi também médico e político.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Tomar, filho de Manuel Joaquim Nogueira, oriundo da freguesia de Casais e ao tempo advogado em Tomar, mas posteriormente magistrado e juiz do Supremo Tribunal de Justiça, e de sua esposa Ana Justina Emília Zagalo Freire do Amaral, também oriunda de Tomar. A sua irmã mais velha casou em 1824, na cidade de Angra, com o cirurgião Manuel Gomes de Sampaio.[2]

A família mudou-se para a ilha Terceira no ano de 1821, quando tinha apenas 3 anos de idade, fixando-se na cidade de Angra. O pai era veterano da Guerra Peninsular, na qual tinha participado integrado no Batalhão Académico de 1808, de ideias liberais, tinha apoiado a Revolução Constitucional do Porto de agosto de 1820. Na revolta liberal de Angra, de 22 de junho de 1828, o pai desempenhou papel relevante, sendo encarregado de servir de representante dos revoltosos na corte do Rio de Janeiro.[3]

Realizou os estudos primários e secundários em Angra, no período anterior à Guerra Civil Portuguesa, partido para Lisboa em 1834 para frequentar o curso da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que concluiu em 1839. Nesse ano partiu para a Bélgica, onde na Universidade Católica de Lovaina obteve em 1840 o grau de doutor em Medicina.[1][4]

Terminado o curso em Leuven, regressou à ilha Terceira, onde a família permanecia, fixando-se em Angra como médico cirurgião do Regimento de Infantaria n.º 16, ao tempo aquartelado no Castelo de São João Baptista. Passou também a trabalhar como facultativo no Hospital de Santo Espírito, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, instituição de que era o médico privativo. Ainda no campo da Medicina, exerceu as funções de Delegado de Saúde no concelho de Angra do Heroísmo e foi médico do partido municipal a partir de 17 de agosto de 1859.[4]

Para além da sua carreira profissional teve uma importante actividade cívica, tendo sido provedor do Asilo da Infância Desvalida de Angra, presidente da assembleia geral do Teatro Angrense e da Caixa Económica da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo (1866).[1][4]

Foi um dos proponentes da criação de uma Companhia de Seguros e Descontos de Angra do Heroísmo, projecto visando segurar as cargas movimentadas de e para a ilha e disponibilizar capitais para investimento, mas que não chegou a vingar apesar de ter tido os estatutos elaborados.[4][5]

Foi militante destacado do Partido Progressista, tendo exercido as funções de vereador da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e de procurador à Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo, sendo seu vice-presidente entre 1899 e 1901. Foi também governador civil substituto do Distrito de Angra do Heroísmo.

Dedicou-se aos estudos médicos, tendo publicado alguns artigos sobre saúde pública e uma obra sobre a topografia médica da Terceira.[1]

Ficou conhecido como o médico dos pobres pela sua benemerêmcia para com os doentes pobres. Em reconhecimento da sua acção filantrópica foi agraciado com a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, por decreto de 12 de agosto de 1847, e feito cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, por carta régia de 1 de março de 1848.

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

É autor da seguinte obra:

  • Breve noticia sobre a topographia medica da cidade d'Angra do Heroismo. Angra do Heroísmo, Imprensa de Joaquim José Soares, 1844.

Notas

  1. a b c d Nota biográfica na Enciclopédia Açoriana.
  2. "Manuel Gomes de Sampaio" in António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, Genealogias da lha Terceira, volume VIII, pp. 605-606. Dislivro Histórica, Lisboa, 2007 (ISBN 978-972-8876-98-2).
  3. "Manuel Joaquim Nogueira" in António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, Genealogias da lha Terceira, volume VI, p. 456. Dislivro Histórica, Lisboa, 2007 (ISBN 978-972-8876-98-2).
  4. a b c d "Rodrigo Zagalo Nogueira" in António Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, Genealogias da lha Terceira, volume VI, pp. 458-459. Dislivro Histórica, Lisboa, 2007 (ISBN 978-972-8876-98-2).
  5. Projecto de Estatutos da Companhia de Seguros de Angra do Heroísmo, Angra, Tipografia do Governo Civil.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Alfredo Luís Campos, Memória da Visita Régia à Ilha Terceira. Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1903.
  • José Guilherme Reis Leite, Política e Administração nos Açores de 1890 a 1910. O primeiro movimento autonomista, pp. 329-330. Ponta Delgada, Jornal de Cultura, 1995;
  • Pedro de Merelim, Memória Histórica da Caixa Económica da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, p. 24. Angra do Heroísmo, Caixa Económica da Santa Casa da Misericórdia, s.d.;
  • Eduardo C. C. Soares, Nobiliário da Ilha Terceira. 2.ª ed., vol. II, p. 449. Porto, Liv. Fernando Machado, 1944.
  • Necrológio em O Angrense, edição de 11 de agosto de 1905 (Angra do Heroísmo).