Metrópole de Cesareia

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Metrópole de Cesareia
(Μητρόπολις Καισαρείας)
Archieparchia Caesariensis in Cappadocia
Metrópole de Cesareia
Mesquita Yaman Dede, antiga Igreja de Panágia, em Talas, nos arredores de Caiseri.
Localização
País Império Bizantino
Império Otomano
Território Anatólia Central
Arquieparquia Metropolita Cesareia
Eparquias Sufragâneas Termas
Nissa
Teodosiópolis da Armênia
Camuliana
Ciscisso (c.640)
Estatísticas
Informação
Denominação Igreja Ortodoxa de Constantinopla
Rito bizantino
Criação da Eparquia século I
Elevação a Arquieparquia 325
Governo da Arquidiocese
Arquieparca vago (1934)
Jurisdição Arquidiocese
Sé titular (1922)
Contatos

A Metrópole de Cesareia (em castelhano: Μητρόπολις Καισαρείας; romaniz.:Metrópolis Caisareías) foi uma circunscrição eclesiástica do Patriarcado Ecumênico. Antiga sé metropolitana da província romana da Capadócia na diocese civil de Ponto. Existiu de 325 a 1922 com sede em Cesareia (atual Caiseri), Capadócia.[1][2][3] Seu titular leva o título de Metropolita de Cesareia, Supremo Exarca de Todo o Oriente (em grego: Καισαρείας, υπερτίμων και έξαρχος πάσης Ανατολής), estando vago desde 1934.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Mapa da Diocese Civil do Ponto (século V)
Sés metropolitanas do Patriarcado de Constantinopla na Anatólia c. 1880

Cesareia é habitada desde o IV milênio a.C. A cidade foi originalmente chamada Mázaca e depois de 150 a.C., Eusebia. Depois de 17 d.C., quando foi conquistada por Roma, recebeu o nome de Cesareia.

O cristianismo provavelmente apareceu no território desde os tempos apostólicos, já que São Pedro se dirige aos habitantes da Capadócia que abraçaram a nova fé na primeira carta atribuída a ele.[5] O seu primeiro bispo teria sido Primiano (ou Longino), sucedido por Teócrito I na segunda metade do séc. II.

Tornou-se metrópole em 325, tendo inicialmente superioridade honorária sobre as demais metrópoles do Ponto: Nicomédia, Gangrão, Ancara, Amaseia, Neocesareia e Sevastia. Em 325 o Primeiro Concílio de Niceia aprovou a organização eclesiástica já existente segundo a qual o bispo da capital de uma província romana (bispo Metropolitano) tinha certa autoridade sobre os demais bispos da província (sufragâneos), usando pela primeira vez em seus cânones 4 e 6 o nome metropolita. A Metrópole de Cesareia foi assim reconhecida na Província Romana da Capadócia.[6][7] O cânone 6 reconhecia os antigos costumes de jurisdição dos Bispos de Alexandria, Roma e Antioquia sobre suas províncias, embora não mencionasse Cesareia, seu metropolita também encabeçava da mesma forma os bispos da Província da Capadócia como Exarca do Ponto.[7][8][9]

Após o Quarto Concílio Ecumênico de 451, todas as dioceses ficaram sob o Patriarcado de Constantinopla.[4] O cânone 28 do Concílio de Calcedônia em 451 passou ao Patriarca de Constantinopla as prerrogativas do Exarca do Ponto, de modo que a Metrópole de Cesareia tornou-se parte do Patriarcado.[10]

A metrópole tinha 5 dioceses sufragâneas (Termas (hoje Terzili Hamame), Nissa (hoje Nevşehir), Teodosiópolis da Armênia (hoje Erzurum), Camuliana (hoje Quemer) e Ciscisso (hoje Keskin), conforme a Notitia Episcopatuum do pseudo-Epifânio, composta durante o reinado de Heráclio por volta de 640) no século VII, 12 ou 15 no X (Terme, Níssa, Teodosiópolis da Armênia, Camuliana e Ciscisso, Lasmendo, Evaísso, Severíade, Arata, Epólia, Aragene, Sobeso, São Procópio, Zamando e Sírica, conforme a última Notitia) e 8 no XII. Em todas as Notitias, Cesareia recebe o segundo lugar entre as sés metropolitanas do Patriarcado de Constantinopla, precedida apenas pela própria Constantinopla, e seus arcebispos receberam o título de protótrono, significando a primeira sé (após a de Constantinopla). Mais de 50 arcebispos da sé do primeiro milênio são conhecidos nominalmente.

Após a conquista da região pelos seljúcidas, seu número diminuiu gradualmente e no século XIV não restava uma única. A metrópole incluía as cidades de Mutalasqui, Neápolis, Procópio, Iosgatos, Mocisso, Circisso, Zila, Evânia, Asclipieu.[4] Após a derrota da Grécia na Guerra Greco-Turca de 1919–1922 e a troca de populações entre a Grécia e a Turquia em 1923, deixou de haver população ortodoxa nos territórios da metrópole.[4]

Referências

  1. Gams, Pius Bonifacius (1857). Series episcoporum Ecclesiae catholicae. [S.l.]: Graz Akademische Druck- u. Verlagsanstalt 
  2. Quien (O.P.), Michel Le (1740). Oriens christianus: in quatuor patriarchatus digestus : quo exhibentur ecclesiae, patriarchae caeterique praesules totius orientis (em latim). [S.l.]: ex Typographia Regia 
  3. Baudrillart, Alfred; Meyer, Albert de; Aubert, Roger; Cauwenbergh, Étienne van (1912). Dictionnaire d'histoire et de géographie ecclésiastiques. Robarts - University of Toronto. [S.l.]: Paris : Letouzey et Ané 
  4. a b c d Kiminas, Demetrius (2009). The Ecumenical Patriarchate (em inglês). [S.l.]: Wildside Press. pp. 100–101 
  5. 1 Pe 1:1
  6. «Philip Schaff: NPNF2-14. The Seven Ecumenical Councils - Christian Classics Ethereal Library». ccel.org. Consultado em 24 de janeiro de 2022 
  7. a b «Philip Schaff: NPNF2-14. The Seven Ecumenical Councils - Christian Classics Ethereal Library». ccel.org. Consultado em 24 de janeiro de 2022 
  8. «Concilio de Nicea». mb-soft.com. Consultado em 18 de janeiro de 2022 
  9. Smith, William (1854). Dictionary of Greek and Roman Geography (em inglês). [S.l.]: Little, Brown & Company 
  10. «Philip Schaff: NPNF2-14. The Seven Ecumenical Councils - Christian Classics Ethereal Library». ccel.org. Consultado em 24 de janeiro de 2022