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O Ser é portanto um dos conceitos fundamentais, se não o conceito fundamental da [[Filosofia ocidental|tradição filosófica ocidental]].
O Ser é portanto um dos conceitos fundamentais, se não o conceito fundamental da [[Filosofia ocidental|tradição filosófica ocidental]].


Usualmente, na tradição grega, a palavra SER (''einai'') assume quatro significados diferentes os quais serão apresentados por ''[Platão]'' no diálogo ''[Sofista]'' de maneira mais detalhada solucionando, dessa forma, os problemas lógicos e semânticos que subjazem a algumas das formulações centrais da ''[República]''.<ref> WILLIANS, B. Platão. São Paulo: Unesp, 2000.</ref>
Usualmente, na tradição grega, a palavra SER (''einai'') assume quatro significados diferentes os quais serão apresentados por ''[Platão]'' no diálogo [[Sofista]] de maneira mais detalhada solucionando, dessa forma, os problemas lógicos e semânticos que subjazem a algumas das formulações centrais da [[República]].<ref> WILLIANS, B. Platão. São Paulo: Unesp, 2000.</ref>


1. '''[[Existência]]''': para exprimir o fato de que determinada coisa existe. Por exemplo: "a erva é" (= existe)", mas também "o [[unicórnio]] é" (ao menos no sentido de existência mental). Lembremos que os gregos não tinham uma palavra específica para a existência.
1. '''[[Existência]]''': para exprimir o fato de que determinada coisa existe. Por exemplo: "a erva é" (= existe)", mas também "o [[unicórnio]] é" (ao menos no sentido de existência mental). Lembremos que os gregos não tinham uma palavra específica para a existência.
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2. '''[[Identidade]]''': para identificar e/ou distinguir algo e/ou alguém em relação a si mesmo e/ou aos outros. Por exemplo "A=A" ou "A beleza é bela"
2. '''[[Identidade]]''': para identificar e/ou distinguir algo e/ou alguém em relação a si mesmo e/ou aos outros. Por exemplo "A=A" ou "A beleza é bela"


3. '''[[Predicado|Predicação]]''': para exprimir uma propriedade de determinado objeto. Por exemplo: "y é x" ou a maçã é vermelha.
3. '''[[Predicado|Predicação]]''': para exprimir uma propriedade de determinado objeto. Por exemplo: "y é x" ou a maçã é vermelha. Platão descobriu que é condição da predicação "não haver identidade entre os referentes dos nomes colocados nas posições de sujeito e predicado." <ref> SANTOS, J. Trindade. Platão: a construção do conhecimento. São Paulo: Paulus, 2012. </ref>. Por exemplo: "Vênus é a estrela da manhã". Gramaticalmente, temos um sujeito e um predicado, mas logicamente temos uma falsa predicação, pois "Vênus" e a "estrela da manhã" são termos cujo objeto é o mesmo, um dos planetas do Sistema Solar.


4. '''[[Veritativo]]''': Nos diálogos da velhice, Platão conseguiu separar os valores veritativos da ontologia, ou seja, [[verdadeiro]] e [[falso]] passaram a ser qualidades do discurso sobre o mundo. Platão desloca a verdade do SER para o discurso. O sentido metalinguístico veridical permite ao verbo SER significar a [[verdade]] de uma [[proposição]].
4. '''[


Todavia os significados usuais não dão conta da variedade de sentidos e das implicações que o conceito de ''Ser'' assumiu no curso da história da [[filosofia]]. É necessário portanto examinar o modo como o termo foi empregado pelos vários filósofos, ao longo do tempo. Em filosofia, ''ser'' é considerado não só como um [[verbo]] (existir) mas também como [[substantivo]] ("tudo o que é"). Os termos ''ser'' e ''existência'' podem ter significados diferentes, embora, na linguagem corrente, possam ser sinônimos ("ser" como "o fato de ser" = existência). E, finalmente, ''identidade'' e ''predicação'' são objeto de estudo também de uma outra disciplina, a [[lógica]], razão pela qual as definições genéricas como as apresentadas acima tornam-se imprecisas.
Todavia os significados usuais não dão conta da variedade de sentidos e das implicações que o conceito de ''Ser'' assumiu no curso da história da [[filosofia]]. É necessário portanto examinar o modo como o termo foi empregado pelos vários filósofos, ao longo do tempo. Em filosofia, ''ser'' é considerado não só como um [[verbo]] (existir) mas também como [[substantivo]] ("tudo o que é"). Os termos ''ser'' e ''existência'' podem ter significados diferentes, embora, na linguagem corrente, possam ser sinônimos ("ser" como "o fato de ser" = existência). E, finalmente, ''identidade'' e ''predicação'' são objeto de estudo também de uma outra disciplina, a [[lógica]], razão pela qual as definições genéricas como as apresentadas acima tornam-se imprecisas.
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== Parmênides e a filosofia do Ser ==
== Parmênides e a filosofia do Ser ==
[[File:Parmenides.jpg|150px|right|thumb|Parmênides]]
[[File:Parmenides.jpg|150px|right|thumb|Parmênides]]
O primeiro filósofo a colocar explicitamente o conceito de ''ser'' foi [[Parmênides]] de [[Eleia]] ([[século VI a.C.]] - [[século V a.C.]]). De fato, o início da reflexão filosófica sobre o Ser exprime-se na seguinte fórmula lapidar, que é o mais antigo registro sobre o assunto:
O primeiro filósofo a colocar explicitamente o conceito de ''SER'' foi [[Parmênides]] de [[Eleia]] ([[século VI a.C.]] - [[século V a.C.]]). Para ele, seria impossível falar ou pensar no Não-Ser, pois o Não-Ser nada refere. Para o pensador de Eleia, O Ser, que existe para além das ilusões do mundo sensível da [[doxa]], é uno, eterno, imóvel, não-gerado e imutável: "O Ser é e o não ser não é".
Platão tenta resolver a questão do Não-Ser nos diálogos [[Parmênides]] e [[Sofista]]ao passar a entender o Não-Ser como alteridade (diferença) em relação ao Ser em vez de contrariedade. (Por exemplo, o belo não é feio)


{{Referências}}
{{Quote|''É e não é possível que não seja''<br />...<br />''não é e é necessário que não seja''|

<small>[[Parmênides]], ''Sobre a Natureza'', fr. 2, vv 3;5 - [[Hermann Diels|DIELS]]-[[Walther Kranz|KRANZ]]. Fontes: [[Simplício (filósofo)|Simplício]], ''Phys.'' 116, 25. [[Proclo]], ''Com. ao Tim.''</small>|ἡ μὲν ὅπως ἔστιν τε καὶ ὡς οὐκ ἔστι μὴ εἶναι<br />:...<br />ἡ δ' ὡς οὐκ ἔστιν τε καὶ ὡς χρεών ἐστι μὴ εἶναι|lingua=grc}}

Assim, se A é o ser, e B não é A, então B é não ser, ou seja, não é. Esse argumento impedia de falar de entes e levava à negação do devir. De Parmênides, não extraímos explicação lógica para o devir. <!--

Il problema più rilevante non era tanto la molteplicità degli enti che abbiamo sotto gli occhi, quanto il senso greco del divenire per cui tutto muta, che si scontra con una ragione, altra dimensione fondamentale della grecità, che è portata a negarlo. Parmenide vive drammaticamente il conflitto, vede che il mondo è molteplice, ma la ragione e il compito del filosofo gli impediscono di crederci: egli non si fida dei [[organi di senso|sensi]] ma solo della [[ragione]], e afferma perciò che il divenire, il mondo, e la vita, sono tutte illusioni. C'è un solo essere, statico, uno, eterno, indivisibile, ossia uguale a sé stesso nello spazio e nel tempo perché diversamente, differenziandosi, sarebbe il [[non-essere]].

Tale essere è una sfera perfetta e finita; la [[sfera]] infatti è l'unico solido [[geometria|geometrico]] che non ha differenze al suo interno, ed è uguale dovunque la si guardi. L'ipotesi collima suggestivamente con la [[teoria della relatività]] di [[Albert Einstein]] che nel [[1900]] dirà: «se prendessimo un [[binocolo]] e lo puntassimo nello spazio, vedremmo una linea curva chiusa all'infinito» in tutte le direzioni dello spazio, ovvero complessivamente una sfera. Per lo scienziato infatti l'[[universo]] è sferico sebbene finito, fatto di uno spazio ripiegato su se stesso; una sfera non chiusa, perché fuori dell'essere e dello spazio infinito non può esservi nulla, ma tendente a chiudersi all'[[infinito]].

Da notare come in Parmenide l'Essere è una dimensione assoluta, che permea di sé anche il pensiero filosofico stesso (''è la medesima cosa l'essere e il pensare''). Poiché l'essere coincide col [[pensiero]], quest'ultimo non è in grado di oggettivarlo, perché per farlo dovrebbe uscirne fuori: ma ciò è impossibile, perché al di fuori dell'Essere non c'è nulla. Per cui Parmenide non dice '''''cosa''''' è l'Essere; egli ce lo consegna senza un predicato: l'''Essere è'', e basta.

== Eraclito e la filosofia del divenire ==
[[Eraclito]] di Efeso (Asia Minore, VI-V secolo a.C.) sostiene il punto di vista opposto a quello degli Eleati: tutto cambia e si trasforma ("panta rei", cioè "tutto scorre"). La realtà è mutevole: non ci si può immergere due volte nella stessa acqua di un torrente e una salita può essere vista come una discesa pur rimanendo la stessa cosa. Noi stessi siamo sempre uguali a noi stessi e nel contempo in costante evoluzione: lo stesso uomo è prima bambino e poi adulto.

== I filosofi pluralisti: la mediazione tra essere e divenire ==
Empedocle e Anassagora, due filosofi del [[V secolo a.C.]], per conciliare le differenze venutesi a creare tra Parmenide ed Eraclito, suppongono che la realtà sia costituita di particelle eterne ed immutabili (come l'essere parmenideo), che però interagendo tra loro danno origine alla realtà dinamica (ossia il divenire eracliteo). Secondo [[Empedocle]] esistono quattro elementi (terra, acqua, fuoco ed aria) che si uniscono e si disgregano spinti dalle forze opposte di amore e odio. [[Anassagora]] invece ritiene che gli elementi primigeni siano simili in struttura ma diversi per qualità e li chiama "semi" o "omeomerie"; la forza responsabile dei loro mutamenti è il [[Nous|Νούς]] (''Nùs''), un Intelletto cosmico ordinatore.

== Democrito e l'atomismo ==
[[Democrito]] (V-IV secolo a.C.) ritiene, con una visione meccanicistica, che l'Essere, cioè tutte le cose, compresa l'anima, sia costituito da oggetti indivisibili, gli atomi. Questi si muovono nel vuoto, il quale è il non-Essere, di cui è ammessa quindi l'esistenza a differenza di Parmenide.

[[Epicuro]] (Grecia, IV-III secolo a.C.) recupera l'atomismo di Democrito allo scopo di dimostrare l'impossibilità di compromettere la felicità dell'uomo, in quanto il mondo è retto dal solo movimento di atomi. L'atomismo sarà poi sostanzialmente abbandonato fino all'Ottocento.

== Platone ==
[[File:Plato-raphael.jpg|thumb|Platone]]
[[Platone]] si considerava filosoficamente erede di Parmenide, anche se nei suoi confronti compirà una sorta di "parricidio" in merito alla questione dell'Essere, secondo un termine da lui adoperato enfaticamente nel ''Sofista'' (241-d). Egli infatti concepisce l'Essere non più staticamente contrapposto al non-essere, ma ipotizza una loro parziale convivenza. L'Essere, secondo Platone, è strutturato in forma gerarchica: a un massimo di Essere corrisponde un massimo di [[valore]] morale, rappresentato dall'[[idea]] del [[bene (etica)|Bene]]. A mano a mano che ci si allontana dal Bene, però, si giunge a contatto col non-essere.

L'[[uomo]], secondo Platone, si trova a metà strada tra Essere e non-essere. Per spiegare la situazione paradossale in cui si trova l'uomo, egli introduce una differenza tra ''essere'' ed ''esistere''. Mentre l'Essere è qualcosa di [[assoluto]] che ''è'' in sé e per sé, l'[[esistenza]] non ha l'essere in proprio: l'essere le viene "donato". Così l'uomo non sussiste autonomamente, ma ''esiste'' in quanto ha ricevuto l'essere da qualcos'altro. Utilizzando una metafora, Platone concepisce l'esistenza come un ponte sospeso tra essere e non-essere.

Per Platone, dunque, le caratteristiche dell'Essere parmenideo permangono intatte finché si resta all'interno del mondo [[iperuranio]] delle idee: esse sono eterne, immutabili, e incorruttibili. Anche il non-essere però in un certo senso esiste, sebbene la sua natura consista unicamente in una privazione, in una mancanza di essere, una corruzione che diventa sempre più accentuata man mano che l'uomo precipita lontano delle idee, cadendo nella temporalità, nella contingenza, e nel divenire. Questa concezione sarà fatta propria anche dai successivi filosofi [[neoplatonismo|neoplatonici]] e [[cristiani]]: l'Essere è la luce di [[Dio]], che si disperde a poco a poco nell'oscurità in cui risiede la possibilità del [[male]]. Platone si vide costretto a supporre questa gerarchia per conciliare le divergenze tra la staticità dell'essere [[parmenide]]o, e il [[divenire]] di [[Eraclito]].

Da sottolineare comunque che in Platone (come già in Parmenide) l'Essere non è qualcosa che si ricava dai [[organi di senso|sensi]], né è dimostrabile tramite un ragionamento: esso si trova al di sopra del percorso [[dialettica|logico-dialettico]], ed è accessibile unicamente per via di [[intuizione]].

== Aristotele ==
[[File:Aristotle Altemps Inv8575.jpg|150px|right|thumb|Aristotele]]
Mentre Platone aveva trattato il problema dell'essere da un punto di vista mitologico e ideale, [[Aristotele]] fu il primo filosofo a trattarlo in maniera sistematica e razionale, andando alla ricerca di una cogenza logica tale da conferire all'essere una proprietà definitiva.

Il problema di conciliare l'essere parmenideo col divenire di Eraclito viene da lui risolto in una maniera che tuttavia risente fortemente dell'impostazione platonica. Anche Aristotele infatti concepisce l'essere in forma gerarchica: come evoluzione dalla potenza all'atto. Così da un lato vi è l'Essere eterno e immutabile, identificato con la vera realtà, che basta a se stesso in quanto perfettamente realizzato; dall'altro però vi è l'essere in potenza, che è soltanto la possibilità di un ente di realizzare se stesso, ovvero il suo essere in atto, la sua [[essenza]]. Anche il non-essere quindi in qualche modo ''è'', almeno in potenza. E il divenire consiste propriamente in questo perenne passaggio verso l'essere in atto.

Come già in Platone, il non-essere è dunque una sorta di privazione, una corruzione tipica della [[materia]], che non ha ancora assunto pienamente la [[forma]] che la fa essere tale. Aristotele in proposito distingue la [[sostanza]], che è il fondamento stabile e [[ontologia|ontologico]] di una realtà sensibile, dai suoi [[accidente (filosofia)|accidenti]] esteriori, sottoposti alla temporalità e alla contingenza. Il termine "sostanza" consente ad Aristotele di trattare l'essere in una maniera più definita rispetto a quanto aveva fatto Parmenide, dandogli un [[predicato]]: essa è quel che determina un oggetto ''in un certo modo'', è la risposta a ''"che cosa è"'' quell'oggetto (''ti estì'').

Ad esempio, si può notare come il problema dell'essere si affacci continuamente alla nostra esperienza quotidiana: nel linguaggio comune noi diciamo "l'uomo è in casa"; "il tavolo è marrone"; "il quadro è bello" ecc. ecc. Ma che cos’è questo essere, questo "è"?

Ebbene, per Aristotele, che si accorge di questa molteplicità di accezioni, l'essere è appunto: accidente; categoria; vero; atto e potenza. Da qui si capisce come tutto il sistema filosofico aristotelico di fatto si basi sul concetto di essere, che per lui è analogico, ed è predicabile in dieci modalità diverse che sono le [[categoria (filosofia)|categorie]].

Aristotele fa anche coincidere la [[metafisica]] con l'[[ontologia]], infatti definisce la metafisica come lo studio dell'essere ''in quanto tale'', secondo un'espressione ancora oggi spesso mantenuta. ''In quanto tale'' significa a prescindere dai suoi aspetti accidentali, e quindi in maniera scientifica. Solo dell'essere infatti si può avere una conoscenza sempre valida e universale in quanto sostrato essenziale responsabile dei mutamenti esteriori, mentre «del particolare non si dà scienza».<ref>Aristotele, ''Opere'', ''Metafisica'', Laterza, Bari 1973, p. 323</ref> Soltanto l'essere in atto fa sì che un ente in potenza possa evolversi; l'argomento ontologico diventa così [[teologia|teologico]] per passare alla dimostrazione della necessità dell'essere in atto.

Riassumendo dunque: rispetto a Platone, in cui era prevalente la dimensione [[soggetto (filosofia)|soggettiva]], Aristotele si preoccupa di definire l'Essere da un punto di vista più [[oggetto (filosofia)|oggettivo]] ed empirico. Tuttavia, al pari del suo predecessore, Aristotele considera ancora l'Essere accessibile solo per via [[intuizione|intuitiva]]: esso non può diventare oggetto di [[dimostrazione]], né è ricavabile dall'esperienza [[sensazione|sensibile]].
{{quote|In realtà, non si proverà certo l'[[essenza (filosofia)|essenza]] con la sensazione, né la si mostrerà con un dito [...] oltre a ciò, pare che l'essenza di un oggetto non possa venir conosciuta né mediante un'espressione definitoria, né mediante dimostrazione.|Aristotele - ''[[Logica (Aristotele)|Analitici secondi]]'' II, 7, 92a-92b}}

== Plotino ==
Per [[Plotino]] (Egitto, II secolo d.C.) al vertice di tutto non c'è l'Essere, ma l'[[Uno (filosofia)|Uno]] che è superiore rispetto alla stessa dimensione ontologica. Dall'Uno discende l'[[Intelletto]], in cui risiede propriamente l'Essere parmenideo, e quindi l'[[Anima]]: Plotino formula così la teoria delle tre [[ipostasi]], cioè delle tre realtà sussistenti. All'opposto dell'Uno sta la materia, concepita come non-essere.
{{quote|Delle realtà a cui si attribuisce unità, ciascuna è una in ragione del grado di essere che ha, sicché tanto meno sono essere quanto meno hanno unità, e tanto più hanno di essere quanto più hanno di unità.|Plotino, ''[[Enneadi]]'' VI, 9, 1}}

== Il messaggio biblico ==
Nel I secolo d.C. in seguito alla diffusione in Occidente del messaggio di [[Gesù]] Cristo da parte soprattutto di [[San Paolo]] di Tarso, si assiste ad un cambiamento radicale della concezione dell'Essere e ad una vera rivoluzione dei valori. L'Essere è identificato con [[Dio]], che è amore ("agàpe") concepito come "dono" di sé, diversamente dall'accezione greca di amore come possesso-mancanza. L'Essere-Dio accetta di affidare all'uomo la predicazione del suo messaggio, si fa addirittura uomo e ama l'uomo fino al sacrificio della Croce.

== Neoplatonismo e aristotelismo ==
Nasce la necessità di elaborare in modo sistematico la dottrina cristiana e vengono così ripresi dai Padri della Chiesa prima e dalla Scolastica poi, quei concetti della filosofia greca (Platone in Sant'Agostino, Aristotele in San Tommaso) che potevano meglio adattarsi a spiegare la concezione cristiana.

Nonostante le divergenze che si vennero a creare tra l'[[idealismo]] [[neoplatonismo|neoplatonico]] e il [[realismo (filosofia)|realismo]] [[aristotelismo|aristotelico]], venne mantenuta una concezione dell'essere sostanzialmente simile, ad esempio in [[Agostino d'Ippona|Agostino]] e [[Tommaso d'Aquino|Tommaso]]. Per il primo l'essere scaturiva dal [[pensiero]], per il secondo invece tale rapporto era invertito, ma si trattava in fondo di due visioni complementari. Entrambi vedevano l'essere non solo come [[oggetto (filosofia)|oggetto]] ma anche [[soggetto (filosofia)|soggetto]] del [[pensiero]]: secondo la loro concezione, infatti, è l'essere stesso che si rende presente al pensiero, al punto che è impossibile distinguere tra i due; ogni pensiero è necessariamente pensiero dell'essere, per cui l'essere è la condizione del ''pensare'' (o, viceversa, il pensare è la condizione dell'essere): l'uno è legato indissolubilmente all'altro.<ref>Espressioni di questi due modi diversi ma complementari di concepire il rapporto tra essere e pensiero furono nella [[scolastica]] le dottrine di [[Tommaso d'Aquino]] e [[Bonaventura da Bagnoregio]], speculari sotto molti aspetti.</ref>

In particolare, per [[Agostino di Ippona]] (IV secolo d.C.) Dio è l'Essere, è Verità, è trascendente ed è rivelato attraverso la Bibbia, è Padre e Logos. Dio è Essere perché si manifesta in sé stesso (cioè è Verità) e si muove verso l'uomo per trarlo a sé (cioè è Logos, cioè Verbo o Figlio).
Inoltre l'uomo esiste in quanto si inganna, si sbaglia: ''Si fallor, sum''. Chi non è, non può ingannarsi.

Per [[San Tommaso d'Aquino]] (XI secolo d.C.) l'Essere, cioè Dio, è la perfezione di ogni cosa. Se si considera un "ente" (una cosa che esiste) concreto, la sua essenza è forma e materia. Si riprende, in chiave cristiana, il concetto aristotelico di essere in atto e in potenza: l'atto è la perfezione, la potenza è principio di imperfezione. L'atto puro è l'Essere, Dio. Tra l'essere di Dio e l'uomo c'è analogia: l'uomo partecipa all'Essere, essendogli simile, ma non identico. L'Essere-Dio è assolutamente trascendente il mondo. Tommaso disse in proposito: «non sei tu che pensi la verità, ma è la verità che si pensa in te».<ref>Tommaso d'Aquino, ''De Veritate'' (1257).</ref>

== Cartesio e l'empirismo ==
Con l'[[empirismo]] anglo-sassone, sviluppatosi a partire dal [[Seicento]], l'essere venne invece identificato con la [[verificabilità]], ossia con la possibilità di venir provato. Già dalla riflessione di [[Cartesio]] (sebbene questi si fosse mantenuto in un ambito metafisico) l'essere aveva perduto la sua autonomia e la sua aura di indimostrabilità: col ''[[Cogito ergo sum]]'' l'essere era stato sottomesso al [[pensiero]], il quale ora poteva dedurlo da sé arbitrariamente.

Con l'empirismo, l'essere si stacca ulteriormente dal pensiero: [[John Locke]], ad esempio, ritenne che la conoscenza che noi possiamo avere dell'essere non sia qualcosa di ''immediato'' e intuitivo, bensì sempre ''mediato'' dai [[sensi]]. Per Locke e gli empiristi esiste soltanto ciò che può essere verificato, cioè sperimentato empiricamente; ciò che viceversa non è sperimentabile non ha alcun valore oggettivo. L'Essere perde così il suo legame con la [[soggetto (filosofia)|soggettività]], e concepito unicamente dal punto di vista dell'[[oggetto (filosofia)|oggettività]].

== Hegel ==
Con [[Hegel]], l'Essere viene sottomesso definitivamente alla [[Ragione]] dialettica. Per meglio comprendere l'ontologia hegeliana si può raffrontarla con quella di Platone e Aristotele: in costoro, l'Essere era situato al di sopra del ragionamento discorsivo-dialettico, e coincideva con una dimensione intuitiva e contemplativa. Con Hegel, invece, l'Essere viene identificato con la [[dialettica]] stessa: esso non è più collocato all'origine della [[filosofia]] e del [[pensiero]], bensì alla fine; è il risultato di una mediazione, di un processo logico con cui la Ragione giunge infine a dedurlo da sé in maniera pienamente oggettiva.

Hegel è quindi agli antipodi di [[Parmenide]]: per quest'ultimo, essere e pensare erano uniti indissolubilmente; per Hegel, invece, essi risultano separati e legati tra loro dalla [[Ragione]]. Per Parmenide l'essere era statico e contrapposto assolutamente al non-essere; per Hegel, invece, l'essere è dinamico ed esiste in rapporto al non-essere: anche quest'ultimo quindi ''è''. Sovvertita in tal modo la [[principio di non-contraddizione|logica di non-contraddizione]], il [[pensiero]] secondo Hegel si porrebbe in autonomia rispetto all'essere. Ora, infatti, l'essere non costituisce più il limite del pensiero, oltre il quale era impossibile andare: adesso il pensiero sarebbe capace di pensare anche il non-essere, come un momento essenziale del suo procedere dialettico. Per questo la logica hegeliana ricevette le critiche di alcuni suoi contemporanei (tra cui [[Friedrich Schelling|Schelling]]), che l'accusarono di aver eliminato il senso del limite e di avere stravolto l'ontologia parmenidea.

== Heidegger ==
Heidegger ha fatto notare come in età moderna il concetto di essere abbia perso la sua specifica autonomia, giungendo a coincidere con quello di ente e di essente, cioè di [[oggetto (filosofia)|oggetto]]. [[Martin Heidegger]] dirà addirittura che già da [[Platone]] è iniziata l'incomprensione da cui ha origine l'oblio dell'essere, incomprensione data dal fatto che si ricerca il senso dell'essere a partire dagli [[essente|essenti]]. Ciò significa che tra l’''ontico'' e l’''ontologico'' corre una differenza sostanziale che non è stata colta da procedure metafisiche poco attente alla trascendenza dell'essere stesso.

Anche gli empiristi e [[Kant]] avevano riportato l'essere al concetto di esistenza reale percepita coi sensi. E ancora il [[neopositivismo]] e il [[neocriticismo]] hanno considerato l'essere come un concetto che non ha una sua adeguata definizione linguistica.

Solo con Heidegger si arriverà ad uno studio metodologico e approfondito dell'essere. Per il filosofo tedesco il problema dell'essere è il compito centrale della filosofia, il problema più vasto, più profondo, più originario e la verità non è altro che la via al disvelamento dell'essere, la verità nel significato etimologico di non-nascondimento (''a-letheia'').

Heidegger, nella prima parte della sua filosofia, caratterizzata dall'opera-chiave di ''[[Essere e tempo]]'', inizia lo studio dell'essere a partire dagli essenti e in particolare da quell'essente caratterizzato dall'esistenza che è l'uomo (si noti anche qui la differenza tra ''essere'' ed ''esistere''). Successivamente egli si accorge invece che il metodo più adeguato per uno studio non è quello di partire dagli essenti fino all'essere, ma dall'Essere per arrivare agli essenti. Essere è l'infinito di "è" e in opposizione all'empirismo logico e al neokantismo, Heidegger afferma che l'essere si manifesta proprio attraverso la parola e in particolare attraverso il [[linguaggio]] poetico. Infine darà come prospettiva in cui l'essere può manifestarsi quella del tempo poiché la parola stessa ha dimensione temporale e ci parla della storicità dell'essere.

== Sartre ==
[[Jean Paul Sartre]] distingue l'essere "in-sé" dall'essere "per-sé", dove il primo riguarda gli enti di natura e i fenomeni mentre il secondo riguarda le coscienze pensanti e consapevoli d'essere; quindi l'uomo.

== La fisica contemporanea ==
La scoperta delle particelle elementari subnucleari e delle forze mediatrici delle interazioni subatomiche nel [[Novecento|XX secolo]] ha permesso di formulare nuovi significati dell'Essere. Il Novecento si è aperto con la scoperta da parte di [[Max Planck]] dei "quanti" di energia e con la successiva definizione della [[Meccanica Quantistica]] a partire dagli anni '20, la quale si occupa dello studio dell'infinitamente piccolo e delle proprietà microscopiche della [[materia]]. <br />
Di quest'ultima si è giunti a rivoluzionarne totalmente il concetto, scoprendo che la materia non è affatto qualcosa di fisso, scontato, e rigidamente meccanico come pensavano i democritei e gli empiristi dell'età moderna, ma è al contrario una funzione dell'energia, il risultato macroscopico di fenomeni non meccanici e immateriali. Ne risulta che i corpi non sono fatti di materia inerte, bensì di luce, di energia.

A ogni modo rimane aperto il dibattito se l'Essere si riduca alla realtà fisicamente parcellizzata degli atomi, oppure sia da concepire come la totalità dell'[[Universo]] secondo una visione [[olismo|olistica]]. Una concezione quest'ultima che si avvicina alla filosofia del [[Tao]], per il quale ogni singolo aspetto del cosmo è una parte dell'energia universale.<ref>Cfr. Fritjof Capra, ''[[Il Tao della fisica]]'', Adelphi, 1989.</ref>

Nel primo caso, la fisica moderna ci dice che esistono delle particelle e degli atomi che evolvono nel tempo, mentre altri, come il protone o l'elio, sono spontaneamente stabili o inerti: si contravviene perciò all'idea per cui l'Essere sia sempre in divenire.

Nel secondo caso, le teorie fisiche odierne (la teoria del [[Big Bang]]) ritengono che l'universo si stia evolvendo, in particolare che si stia espandendo in modo accelerato: queste teorie si fondano sull'ipotesi che l'universo si sia generato in un ipotetico istante iniziale ed in un unico punto, in cui era concentrato tutto lo spazio, tutto il tempo e tutta l'energia attraverso un'espansione dello spazio ed un'evoluzione nel tempo. In questo caso l'Essere-universo sarebbe dinamico, ma è lasciato un "quid" originario senza tempo e senza spazio, per il quale cadono le definizioni stesse di dinamicità e staticità e che quindi supera le capacità mentali e sperimentali dell'uomo.<ref>Cfr. Gaetano Conforto, ''La medicina della luce'', Macro Edizioni, 2004.</ref>

== Note ==
<references/>

== Bibliografia ==
* Franz Brentano, ''Sui molteplici significati dell'essere secondo Aristotele'', Vita e Pensiero, Milano 1995 (edizione originale 1862)
* Battista Mondin, ''La filosofia dell'essere di S. Tommaso d'Aquino'', Herder, 1964
* Andrea Moro, ''Breve storia del verbo essere. Viaggio al centro della frase'', Adelphi, Milano 2010
* Fiorenza Toccafondi, ''L'essere e i suoi significati'', Il Mulino, Bologna 2000
* Paolo Valore, ''L'inventario del mondo. Guida allo studio dell'ontologia'', UTET, Torino 2008
* Salvatore Lavecchia, ''Oltre l'Uno ed i molti. Bene ed essere nella filosofia di Platone'', Mimesis, 2010 ISBN 8884839955
* Dietrich Bonhoeffer, ''Atto ed essere. Filosofia trascendentale ed ontologia nella teologia sistematica'', trad. di A. Gallas, Queriniana, 1985 ISBN 8839906584
* Natale Colafati, ''Introduzione alla filosofia dell'essere'', Rubettino, 2008 ISBN 8849822588
* Giovanni Blandino, ''I grandi temi della filosofia dell'essere'', Apostolato della Preghiera, 2002 ISBN 887357257X
* Saturnino Muratore, ''Filosofia dell'essere'', San Paolo Edizioni, 2006 ISBN 8821555003
-->


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 22h53min de 12 de maio de 2013

O conceito de Ser atravessa toda a história da filosofia, desde os seus primórdios. Embora já colocado pela filosofia indiana desde o século IX a.C., foi o eleata Parmênides quem introduziu, no Ocidente, esse longo debate, que percorre os séculos e as diversas culturas até os nossos dias.

O Ser é portanto um dos conceitos fundamentais, se não o conceito fundamental da tradição filosófica ocidental.

Usualmente, na tradição grega, a palavra SER (einai) assume quatro significados diferentes os quais serão apresentados por [Platão] no diálogo Sofista de maneira mais detalhada solucionando, dessa forma, os problemas lógicos e semânticos que subjazem a algumas das formulações centrais da República.[1]

1. Existência: para exprimir o fato de que determinada coisa existe. Por exemplo: "a erva é" (= existe)", mas também "o unicórnio é" (ao menos no sentido de existência mental). Lembremos que os gregos não tinham uma palavra específica para a existência.

2. Identidade: para identificar e/ou distinguir algo e/ou alguém em relação a si mesmo e/ou aos outros. Por exemplo "A=A" ou "A beleza é bela"

3. Predicação: para exprimir uma propriedade de determinado objeto. Por exemplo: "y é x" ou a maçã é vermelha. Platão descobriu que é condição da predicação "não haver identidade entre os referentes dos nomes colocados nas posições de sujeito e predicado." [2]. Por exemplo: "Vênus é a estrela da manhã". Gramaticalmente, temos um sujeito e um predicado, mas logicamente temos uma falsa predicação, pois "Vênus" e a "estrela da manhã" são termos cujo objeto é o mesmo, um dos planetas do Sistema Solar.

4. Veritativo: Nos diálogos da velhice, Platão conseguiu separar os valores veritativos da ontologia, ou seja, verdadeiro e falso passaram a ser qualidades do discurso sobre o mundo. Platão desloca a verdade do SER para o discurso. O sentido metalinguístico veridical permite ao verbo SER significar a verdade de uma proposição.

Todavia os significados usuais não dão conta da variedade de sentidos e das implicações que o conceito de Ser assumiu no curso da história da filosofia. É necessário portanto examinar o modo como o termo foi empregado pelos vários filósofos, ao longo do tempo. Em filosofia, ser é considerado não só como um verbo (existir) mas também como substantivo ("tudo o que é"). Os termos ser e existência podem ter significados diferentes, embora, na linguagem corrente, possam ser sinônimos ("ser" como "o fato de ser" = existência). E, finalmente, identidade e predicação são objeto de estudo também de uma outra disciplina, a lógica, razão pela qual as definições genéricas como as apresentadas acima tornam-se imprecisas.

Parmênides e a filosofia do Ser

Parmênides

O primeiro filósofo a colocar explicitamente o conceito de SER foi Parmênides de Eleia (século VI a.C. - século V a.C.). Para ele, seria impossível falar ou pensar no Não-Ser, pois o Não-Ser nada refere. Para o pensador de Eleia, O Ser, que existe para além das ilusões do mundo sensível da doxa, é uno, eterno, imóvel, não-gerado e imutável: "O Ser é e o não ser não é". Platão tenta resolver a questão do Não-Ser nos diálogos Parmênides e Sofistaao passar a entender o Não-Ser como alteridade (diferença) em relação ao Ser em vez de contrariedade. (Por exemplo, o belo não é feio)

Referências

  1. WILLIANS, B. Platão. São Paulo: Unesp, 2000.
  2. SANTOS, J. Trindade. Platão: a construção do conhecimento. São Paulo: Paulus, 2012.

Ver também

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