Stabat Mater (arte)

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Stabat Mater, Porto Alegre, Brasil, século XIX

Stabat Mater (latim para "a mãe estava de pé") é uma representação da crucificação de Jesus Cristo na arte em que a Virgem Maria é retratada sob a cruz durante este evento. Nessas representações, a Virgem Maria está quase sempre de pé do lado direito do corpo de seu filho Jesus na Cruz, com São João Apóstolo de pé à esquerda.[1]

Teologicamente a cena é muito significativa, pois, foi neste momento que, segundo os evangelhos, Jesus teria dito, segundo São João (19: 26-27), as seguintes palavras: "Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe — Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo — Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa".

Stabat Mater é uma das três representações artísticas comuns de uma Virgem Maria dolorosa, sendo as outras duas "Mater Dolorosa" (Mãe das Dores) e "Pietà". Nas representações do Stabat Mater, a Virgem Maria é representada como um ator e espectador na cena, um emblema místico da fé no Salvador Crucificado, uma figura ideal ao mesmo tempo a mãe de Cristo e a Igreja personificada.[2]

Esta representação da cena crucificação é distinta daquela de "Cristo na Cruz", na qual o Cristo crucificado é representado sozinho. Também difere de outras representações com várias figuras, além de Maria e João: as Santas Mulheres, os soldados romanos, os dignitários judeus, o Bom ladrão e o Mau ladrão crucificados com Jesus.

A Medalha Milagrosa

Esta característica contrasta com o tema do desmaio da Virgem, em que a Virgem desmaia aos pés da cruz. Não há menção, entretanto, nos evangelhos canônicos de que tal fato tenha ocorrido.

O conceito também está presente em outros desenhos, por exemplo, a Medalha Milagrosa e a mais geral Cruz Mariana. A Medalha Milagrosa, de Santa Catarina Labouré, no século XIX, inclui uma letra M, representando a Virgem Maria sob a Cruz.[3]

Sete dores de Maria[editar | editar código-fonte]

O episódio de Maria aos pés da cruz é o quinto das Sete dores de Maria, venerada pelos cristãos como Nossa Senhora das Dores.

A devoção à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem dos Servitas). Deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:

¨Aos pés da cruz - disse o Papa Francisco - é a mulher da dor e, ao mesmo tempo, da vigilante espera de um mistério, maior que a dor, que está para se cumprir. Tudo parece realmente acabado; poderíamos dizer que toda a esperança se apagou. Também ela, naquele momento, poderia ter exclamado recordando as promessas da anunciação: não se cumpriram, fui enganada. Mas não o disse. Contudo ela, bem-aventurada porque acreditou, desta sua fé vê brotar um futuro novo e aguarda com esperança o amanhã de Deus¨[4].

É uma das representações artísticas mais frequentes da Virgem Maria Dolorosa, com os temas da Mater Dolorosa e da Pietà. Nas representações do Stabat Mater, a Virgem Maria é retratada como atriz e espectadora na cena, um emblema místico da fé no Salvador Crucificado. Figura ideal, ela é ao mesmo tempo a mãe de Cristo e a Igreja personificada[5].

Galeria de imagens[editar | editar código-fonte]

Stabat Mater na música[editar | editar código-fonte]

Stabat Mater foi tema de um poema atribuído a Jacopone da Todi e foi musicado por muitos compositores, como Antonio Vivaldi, Rossini, Dvořák e Pergolesi, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Marc-Antoine Charpentier, Joseph Haydn, Emanuele d'Astorga, Charles Villiers Stanford, Charles Gounod, Krzysztof Penderecki, Francis Poulenc, Karol Szymanowski, Alessandro Scarlatti, Domenico Scarlatti, Arvo Pärt, Giuseppe Verdi, Zoltán Kodály, e muitos outros.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Bles, Arthur de. (2004). How to Distinguish the Saints in Art by Their Costumes, Symbols and Attributes ISBN 1-4179-0870-X, pg 35
  2. Jameson, Anna. (2006). Legends of the Madonna: as represented in the fine arts ISBN 1-4286-3499-1 pg 37.
  3. Ball, Ann. (2003). Encyclopedia of Catholic Devotions and Practices ISBN 0-87973-910-X pg 356.
  4. Celebração da Vésperas com a comunidade das monjas beneditinas camarolenses -21 de Novembro de 2013
  5. Anna Jameson, 2006 Legends of the Madonna: as represented in the fine arts ISBN 1-4286-3499-1 pg 37
  6. Categoria Stabat Mater (IMSLP).
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