Tarântula da Deserta

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaHogna ingens
Fêmea de Hogna ingens
Fêmea de Hogna ingens
Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico (iunc3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Chelicerata
Ordem: Araneae
Família: Lycosidae
Género: Hogna
(Blackwall, 1857)
Espécie: H. ingens
Nome binomial
Hogna ingens
(Blackwall, 1857)

A Tarântula da Deserta ou da Tarântula da Madeira (Hogna ingens, sin.: Lycosa ingens) é uma aranha-teia do gênero Hogna, pertencente à família das aranhas-lobo (Lycosidae). Ela é provavelmente a maior aranha-lobo do mundo.[2]

Também é conhecida como Lycosa ingens (Blackwall, 1857), Trochosa ingens (Blackwall, 1857), e Geolycosa ingens (Blackwall, 1857)

Anatomia[editar | editar código-fonte]

A Tarântula da Deserta tem até 4 centímetros de comprimento do corpo e até 12 cm de envergadura das pernas,[2] possivelmente a maior aranha europeia e o maior representante da família de aranhas-lobo, que abrangente de aproximadamente 2.300 espécies. É semelhante a outras grandes aranhas-lobo, como a Tarântula-do-mediterrâneo e a Tarântula do sul da Rússia.

Em 1857, Blackwall descreveu uma fêmea com cerca de 4 cm de comprimento de corpo, e patas traseiras de cerca de 4,3 cm de comprimento. Ele descreveu a frente do corpo (prosoma) como cinza-acastanhado escuro, o abdômen (opisthosoma) como marrom-acinzentado, as pernas longas como marrom-escuras com anéis e manchas brancas.[3] Em 1867, ele observou que o macho era menor que a fêmea (o latim ingens significa "enorme" ou "monstruoso"), mas de cor semelhante. Seus palpos são marrom-avermelhados e cobertos por pelos marrom-acinzentados.[4]

Habitat e medidas de proteção[editar | editar código-fonte]

É endêmica, restrita a um vale no extremo norte da ilha vulcânica chamada Deserta Grande, na Ilha da Madeira (Reserva Natural das Ilhas Desertas). O Vale da Castanheira tem aproximadamente 2,8 km de comprimento, com largura entre 180m e 400m, a área é de cerca de 83 hectares. O vale está a uma altitude de 150 a 350 metros.

Seu habitat está sendo invadido pela grama Phalaris aquatica, enquanto a vegetação nativa é danificada por cabras e coelhos que foram introduzidos na ilha. Depois que os coelhos introduzidos no ambiente foram erradicados, grande parte da área ficou coberta pela grama, que também não é nativa.[5]

Como essa aranha-lobo requer terreno aberto com fendas e cavidades onde possa se esconder, a área em que ela pode viver está diminuindo.[2] O número de adultos foi estimado em menos de 5.000, tornando-a uma das espécies mais raras de aranha-lobo.[6] A Tarântula da Deserta está listada como Criticamente Ameaçada (CR) pela IUCN.[7]

Um programa de reprodução para conservar a espécie está em execução no zoológico de Bristol, desde 2016.[8] 25 indivíduos foram capturados e levados para o zoo, mais de 1.000 crias foram produzidas em 2017 e espera-se que algumas delas possam ser reintroduzidas no habitat natural para aumentar as populações.[2][9]

Modo de vida[editar | editar código-fonte]

Uma vez que não existem mamíferos terrestres nativos no Vale da Castanheira, a espécie é um dos principais predadores na sua pequena área de distribuição. As suas principais presas são parentes menores, outros invertebrados como o escaravelho preto, milípede português, outros insetos e até pequenos lagartos.[10] No entanto, também foram observados animais adultos atacando jovens lagartixas madeirenses.[7]

Essas aranhas são canibais, por isso estima-se que pouquíssimas cheguem à fase adulta. Além disso, as fêmeas costumam comer o macho após a cópula. Podem ter entre 100 e 200 filhotes, que a fêmea carrega no abdômen nos primeiros dias de vida.[11]

Periculosidade[editar | editar código-fonte]

A Tarântula dos Desertos é considerada muito venenosa, mas não há informações sobre isso na literatura médica recente. Sua picada é dolorosa e venenosa aos humanos.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Cardoso, P. (2014). «Hogna ingens». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2014: e.T58048571A58061007. doi:10.2305/IUCN.UK.2014-2.RLTS.T58048571A58061007.enAcessível livremente. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  2. a b c d Tobias Bauer, Mark Bushell, Thomas Ziegler: Ein Portrait der stark gefährdeten Desertas-Tarantel Hogna ingens (Blackwall, 1857), der wahrscheinlich größten Wolfspinne der Welt. In: ZGAP Mitteilungen 1, 2020, S. 31–34. (Online)
  3. The Annals and magazine of natural history; zoology, botany, and geology. 20. Londres: Taylor and Francis, Ltd. 1857 
  4. John Blackwall: Notes on spiders, with descriptions of several species supposed to be new to arachnologists. In: The Annals and magazine of natural history; zoology, botany, and geology Vol. 20, Ser. 3, 1867, S. 203–204. (Online bei Biodiversity Heritage Library)
  5. Biggi, Emanuele. «The island of the giant wolf spiders». Anura. Consultado em 2 de fevereiro de 2016 
  6. Crespo, L.C.; Silva, I.; Borges, P.A.V.; Cardoso, P. (dezembro de 2014). «Assessing the conservation status of the strict endemic Desertas wolf spider, Hogna ingens». Journal for Nature Conservation. 22 (6): 516–524. doi:10.1016/j.jnc.2014.08.005 
  7. a b P. Cardoso (março de 2016). «Tarântula da Deserta». Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2024 (em inglês). ISSN 2307-8235 
  8. Desertas Wolf Spider - Desertas Grande Islands, Madeira. Bristol Zoo Gardens, abgerufen am 3. Juli 2019.
  9. Press Association (9 de agosto de 2017). «Bristol zoo gives rare spiders a leg-up with breeding programme». The Guardian. Consultado em 9 de agosto de 2017 
  10. O'Brien, John (15 de junho de 2015). «Going the way of the dinosaurs». ConservationBytes.WordPress. Consultado em 2 de fevereiro de 2016 
  11. Madeira-Web. Áreas protegidas da Madeira. Disponível em: https://www.madeira-web.com/pt/imagens-videos/fotos/areas-protegidas.html Acesso em: 2022-11-21