Teoria do xadrez

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Posição inicial do xadrez


O jogo de xadrez é comumente dividido dentro de três fases: abertura, meio-jogo, e final de jogo.[1] Existem uma grande gama de teorias em relação a como o jogo deveria ser jogado em cada fase, especialmente as aberturas e finais de partida. Aqueles que escrevem sobre a teoria do xadrez, que costumam ser também exímios jogadores, são referenciados como "teoristas" ou "teoristicistas".


"A teoria da abertura" comumente se refere ao consenso, amplamente representado através da atual literatura sobre aberturas.[2] "A teoria dos finais de jogos" consiste em opiniões a respeito de específicas posições, ou posições de um tipo similar, entretanto ocorre alguns princípios que são universalmente aplicáveis.[3] "A teoria de meio-jogo" usualmente referem-se as máximas ou principais aplicações do meio da partida.[4] A tendência moderna, contudo, estão a escolher quais são os critérios mais relevantes para analisar as posições específicas ao invés de princípios gerais.[5]

O desenvolvimento da teoria em todas essas áreas têm sido obtida através da vasta literatura sobre o xadrez. Em 1913, o notável historiador de xadrez H. J. R. Murray escreveu em sua brilhante obra de 900 páginas A History of Chess que: "O xadrez possuía uma gama literária que, combinada, continha provavelmente mais publicações do todos os outros jogos".[6] Ele estimava que naquele tempo "o número total de livros sobre xadrez, revistas e jornais que reservavam um espaço regular para o jogo era superior a 5.000".[7] Em 1949, B. H. Wood acreditava que a porção havia aumentado para cerca de 20.000.[8][9] David Hooper e Kenneth Whyld escreveram em 1992 que: "Desde então o número havia tido um aumento fixo ano a pós ano de novas publicações sobre xadrez. Ninguém sabe ao certo quantas mais foram impressas..." A maior bibliotéca sobre xadrez do mundo, a coleção de John G. White[10] na biblioteca pública de Cleveland, possui mais de 32.000 livros e séries acerca do xadrez; incluindo mais de 6.000 volumes periódicos encadernados a respeito do xadrez.[11][12] Os jogadores de xadrez de hoje também desfrutam da base de recursos computacionais para obterem informações.

Teoria da abertura[editar | editar código-fonte]

Primeiro trabalho impresso sobre a teoria do xadrez, por Luis Ramírez de Lucena cerca de 1490


O trabalho de publicação mais antigo na teoria do xadrez, cuja data pode ser estabelecida com alguma exatidão, é Repeticion de Amores y Arte de Ajedrez pelo espanhol Luis Ramirez de Lucena, publicado cerca de 1490, que incluía, entre outras coisas, analises de onze aberturas de xadrez. Algumas delas são conhecidas hoje como Giuoco Piano, Ruy López, Defesa Petroff, Abertura do Bispo, Defesa Damiano e Defesa Escandinava, embora Lucena não tenha usado esses termos.[13]

A autoria e data do manuscrito de Göttingen não estão estabelecidas,[14][15] e a data de sua publicação estima está entre 1471 e 1505.[16] Não se sabe se ele ou o livro de Lucena foi publicado primeiro. O manuscrito incluía exemplos de partidas com as aberturas agora conhecidas como a Defesa Damiano, Defesa Philidor, Giuoco Piano, Defesa Petroff, Abertura do Bispo, Ruy López, Abertura Ponziani, Gambito Verdadeiro da Rainha, 1.d4 d5 2.Bf4 Bf5 (uma fórmula do Sistema London), Abertura Bird e Abertura Inglesa.[17] Murray observou que "não era uma coleção casual de inícios de partidas, mas uma tentativa para lidar com as aberturas em um caminho sistemático".[18]

Quinze anos depois do livro de Lucena, o farmacêutico português Pedro Damiano publicou o livro "Questo libro e da imparare giocare a scachi et de la partiti" (1512) em Roma. Ele contia analises do Gambito Verdadeiro da Rainha, mostrando o acontecia quando as negras tentam manter o peão do gambito com "b5".[19] O livro de Damiano "foi, em termos contemporâneos, o primeiro bestseller do jogo moderno".[20] Harry Golombek escreveu que isso "sucedeu por oito edições no século XVI e continuou, entrando para o próximo século com popularidade inabalável".[21] Jogadores modernos conhecem Damiano, primeiramente, devido à fraca abertura com seu nome, Defesa Damiano (1.e4 e5 2.Nf3 f6?), embora ele tenha condenado ao invés de confirmar.[22]

Esses livros e, posteriormente, algumas opiniões de partidas jogadas com várias aberturas, armadilhas e os melhores caminhos para os ambos lados jogarem. Certas sequências de movimentos na abertura começaram a receber nomes, alguns no início sendo Defesa Damiano, o Gambito do Rei (1.e4 e5 2.f4), o Gambito da Rainha (1.d4 d5 2.c4) e a Defesa Siciliana (1.e4 c5).[23]

O livro de Damiano foi seguido pelos tratados gerais nas partidas de xadrez por Ruy López de Segura (1561), Giulio Cesare Polerio (1590), Gioachino Greco (acerca de 1625), Joseph Bertin (1735) e François-André Danican Philidor (1749).[24][25]

O primeiro autor a tentar uma pesquisa abrangente sobre as aberturas era então conhecido como Aaron Alexandre por seu trabalho de 1837, a Encyclopédie des Échecs.[26] De acordo com Hooper e Whyld, "Carl Jaenisch produziu a primeira análise de aberturas em linhas modernas na sua Analyse nouvelle des ouvertures (1842–43)".[27] Em 1843, o alemão Paul Rudolf von Bilguer publicou Handbuch des Schachspiels, que combinava as virtudes de Alexandre e o trabalho de Jaenisch. O Handbuch, que passou por grandes edições, o último a ser publicado com muitas partes em 1912–16. Foi uma das referências mais importantes sobre aberturas por muitas décadas.[28] A última edição de Handbuch foi editada por Carl Schlechter, que empatou no Campeonato Mundial com Emanuel Lasker em 1910. O mestre internacional William Hartston o chamou de "uma super obra, talvez a última a ser encerrada com sucesso abrangendo todo conhecimento sobre xadrez em um só volume".[29]

O mestre inglês Howard Staunton, possivelmente o jogador mais habilidoso do mundo de 1843 a 1851,[30] incluindo mais de 300 paginas de análises sobre aberturas em seu tratado de 1847, The Chess Player's Handbook.[31] Aquele trabalho se tornou imediatamente a referência padrão de trabalho em países com falantes ingleses,[31][32] e foi republicado 21 vezes em 1935.[33] No entanto, com o passar do tempo, a demanda aumentou por trabalhos mais atualizados em inglês.[34] Wilhelm Steinitz, o primeiro campeão mundial, amplamente considerado o "pai do xadrez moderno",[35][35][35][36] analisando excessivamente várias aberturas duplas de peões do rei (iniciando 1.e4 e5) em seu livro The Modern Chess Instructor, publicado em 1889 e 1895.[37] Também em 1889, E. Freeborough e o referendo C.E. Ranken publicaram a primeira edição do Chess Openings Ancient and Modern; edições posteriores foram publicadas em 1893, 1896 e 1910.[37] Em 1911, R.C. Griffith e J.H. White publicaram a primeira edição das Aberturas Modernas do Xadrez. Ela é até agora a maior publicação sobre o estudo de aberturas na história; a 15.ª edição (comumente chamada MCO-15), pelo GM Nick de Firmian, foi publicada em abril de 2008.[38]

De acordo com Hooper e Whyld, as várias edições das Aberturas Modernas do Xadrez, a última edição do Handbuch e a quarta edição de Ludvig Collijn's Larobok (em sueco), com as inovadoras contribuições vindas de Rubinstein, Reti, Spielmann e Nimzowitch: "foram fontes populares de referência para fortes jogadores entre às duas grandes guerras". Em 1937–39, o antigo campeão mundial, Max Euwe, publicou um volume com doze análises sobre aberturas, De theorie der schaakopeningen, em holandês. Ele foi posteriormente traduzido para outras línguas.[39]

No final da década de 30 para o início dos anos 50 Reuben Fine, um dos jogadores mais habilidosos do mundo,[40] também se tornou um dos principais teóricos, publicando trabalhos importantes sobre as aberturas, meio-jogo e finais. Esse início veio com sua revisão das Aberturas Modernas do Xadrez, que foi publicado em 1939.[41] Em 1943, ele publicou o Ideas Behind the Chess Openings, que procurava explicar os princípios fundamentais das aberturas.[42] Em 1948, ele publicou a sua própria teoria sobre aberturas, Aberturas Práticas de Xadrez, um concorrente para MCO.[43] Em 1964, o mestre internacional Israel Horowitz lançou o tomo de 789 páginas, Aberturas de Xadrez: Teoria de Prática que além das análises de aberturas incluía um grande número de partidas ilustradas.

Em 1966, o primeiro volume de Chess Informant foi publicado em Belgrado, Lugoslávia, contendo 466 anotações sobre jogos dos líderes nos torneios de xadrez e partidas atuais.[44] O extremamente influente Chess Informant revolucionou as séries sobre teorias de abertura. A sua grande inovação estava nas expressões das partidas em linguagem algébrica e as anotou então sem usar palavras, mas em 17 símbolos, cujos significados eram explicados no início do livro em seis diferentes línguas. Isso permitiu que os leitores em todo mundo lessem os mesmo jogos e anotações, assim aumentando a disseminação de ideias e o surgimento de novas teorias de aberturas. Os editores do Chess Informant posteriormente introduziram outras publicações usando o mesmo princípio, assim como os cinco volumes da Enciclopédia das Aberturas do Xadrez e a Enciclopédia dos Finais de Xadrez. Chess Informant foi originalmente publicado duas vezes ao ano, e desde 1991 tem sido publicado três vezes ao ano. O volume 100 foi lançado em 2007.[45] Ele agora utiliza 57 símbolos, elaborado em 10 línguas, para anotar as partidas (veja pontuação do xadrez), e está disponível tanto impresso com em formatos eletrônicos. Em 2005, o antigo campeão mundial Garry Kasparov escreveu: "Todos nós somos filhos do Infomant".[46]

Na década de 1990 e seguinte, o desenvolvimento de teorias de abertura foi muito mais acelerado pelas inovações, como as extremamente fortes enegines de xadrez tais como Fritz e Rybka; softwares como o ChessBase, e a venda do jogo multimilionário com banco de dados, conhecido como ChessBase's Mega 2013, com mais de 5,4 milhões de partidas.[47] Hoje, as aberturas mais importantes tem sido analisadas com mais de 20 movimentos de complexidade,[48] às vezes nos finais de jogo.[49][49] Isto não é incomum para jogadores líderes; aplicar novidades teóricas até o 25.º lance, ou mais adiante.[50][50][51]

Milhares de livros têm sido escritos sobre aberturas de xadrez. Eles possuem ambas compreensões das enciclopédias de aberturas, tais como a Encyclopedia of Chess Openings e Modern Chess Openings; geralmente intituladas sobre como jogar as aberturas, por exemplo, Mastering the Chess Openings (em quatro volumes), pelo mestre internacional John L. Watson;[52] e a miríade de livros sobre aberturas específicas, tais como Understanding the Grünfeld[53] e Chess Explained: The Classical Sicilian.[54] "Livros e monografias sobre aberturas são populares, e, como se imagina, eles se tornam desatualizados rapidamente havendo uma grande demanda por novos títulos".[55] De acordo com Andrew Soltis, "Praticamente todas as novas informações sobre xadrez desde 1930 têm sido nas aberturas".[56]

Teorias do meio-jogo[editar | editar código-fonte]

Aron Nimzowitsch


A teoria do meio-jogo é consideravelmente menos desenvolvida do que o início das teorias de abertura e a teoria de finais de partida.[57] Watson escreveu: "Os jogadores que desejam estudar essa área do jogo têm uma limitada e bastante insatisfatória variedades de possibilidades a partir daquela escolha".[58]

Uma das teorias iniciais que ganhou atenção foi aquela de Wilhelm Steinitz, declarando que um ataque prematuro contra um oponente em uma posição igual poderia ser repelida através de uma hábil defesa, então a melhor aposta de um jogador era manobrar lentamente com o objetivo de acumular pequenas vantagens. Emanuel Lasker em Lasker's Manual of Chess e Max Euwe em The Development of Chess Style delinearam teorias que eles atribuíam a Steinitz.

Livros influentes do habilidoso jogador e teorista Aaron Nimzowitsch[59], Meu Sistema (1925),[60] O Bloqueio (1925 - em alemão)[61] e Chess Praxis (1936),[62][63] estão entre os trabalhos mais importantes sobre o meio-jogo. Nimzowitsch chamou a atenção para a possibilidade de deixar um oponente ocupar o centro com peões, enquanto você exerce o controle com as suas peças, como nas defesas Nimzo Indiâno ou Índia da Rainha. Ele mostrou como entrelaçar os peões em correntes, a corrente de peões poderia ser atacada pela a sua base avançando um de seus peões e executando um movimento libertador (quebra de peão). Ele também alertou para a estratégia de ocupar fileiras com suas torres em ordem para posteriormente penetrar a sétima casa onde elas poderão atacar os peões adversários e a ala do rei oponente. Outro de seus conceitos-chave foi a prevenção, movimentos direcionados a limitar a mobilidade do oponente para o ponto onde ele não teria mais movimentos válidos.

Em 1952, Fine publicou as 442 páginas de O Meio-jogo do Xadrez, talvez o mais amplo sobre o assunto daquele tempo.[64] Na metade do século XX, também foi publicado O Meio-jogo volume 1 e 2, pelo ex-campeão mundial Max Euwe e Hans Kramer,[65][66] e a série de livros na Checoslováquia, Alemanha, pelo grande mestre Luděk Pachman. Três volumes: A Estratégia do Xadrez Completa,[67][67][68] A Estratégia do Xadrez Moderno,[69] Táticas Modernas do Xadrez[70] e O Ataque e Defesa Nas Táticas do Xadrez Moderno.[71]

Outro ponto-chave apontado na teoria de meio-jogo veio com o lançamento do livro de Alexander Kotov, Pense Como Um Grande Mestre em 1971. Kotov demostrou como um jogador calcula pelo desenvolvimento uma árvore de variações em sua cabeça, e recomenda que os jogadores apenas examinem cada ramo da árvore de cada vez. Ele também notou como alguns jogadores parecem ser vítimas do que agora é conhecida como a Síndrome de Kotov: eles calculam uma grande variedade de linhas, tornando-se insatisfeitos com o resultado e percebendo que eles estavam com pouco tempo, jogavam um movimento alternativo completamente novo sem nem mesmo observar se era bom. Mais recentemente, Jonathan Tisdall, John Nunn e Andrew Soltis têm elaborado ainda mais a teoria da árvore de Kotov.

Em 1999, Os Segredos das Estratégias do Xadrez Moderno: Avanços desde Nimzowitsch de Watson foi publicado, onde Watson discute a revolução na teoria do meio-jogo que ocorreu desde o período de Nimzowitsch.[72]

Também há muitos livros sobre aspectos específicos do meio-jogo, tais como A Arte de Atacar no Xadrez por Vladimir Vuković,[73] A Arte do Sacrifício no Xadrez por Rudolph Spielmann,[74] A Arte do Checkmate por Georges Renaud e Victor Kahn,[75] As Combinações Básicas no Xadrez por J. du Mont[76] e A Arte da Defesa no Xadrez por Andrew Soltis.[77]

Teoria do final de jogo[editar | editar código-fonte]

Muitos estudos significantes do xadrez iniciaram os seus primeiros trabalhos incluindo algumas análises sobre o final de jogo. O livro de Lucena (por volta de 1490) possuía 150 exemplos de final de jogo e puzzles de xadrez.[78]

A segunda edição (1777) de Analyse du jeu des Échecs, por Philidor, dedicava 75 páginas de análises a vários finais de partidas.[79] Elas incluíam uma variedade de finais teoricamente importantes, tais como torre e bispo contra torre; rainha contra torre; rainha contra torre e peão, e torre e peão contra torre. Certas posições nos finais de torre e bispo contra torre; torre e peão contra torre; e rainha contra torre tem se tornado conhecidas como posições de Philidor. Philidor concluiu seu livro com duas páginas de "Observações sobre finais de partida", em que ele definia certos princípios gerais sobre os finais, tais como: "Dois cavalos sozinhos não podem dar mate" (veja dois cavalos final de partida), o final com um peão do bispo e torre, cuja casa da rainha está sobre uma cor oposta ao do bispo, é um empate (veja erros do peão da torre e bispo e peão), assim como uma rainha enfrentando um bispo e um cavalo (veja final de jogo no xadrez sem peões # Rainha contra duas peças menores).[80]

O Manual do Jogador de Xadrez de Staunton (1847) incluía quase 100 páginas de análises de finais de partida.[81] Algumas das análises de Staunton, assim como suas análises do raro torre contra três pecãs menores no final de partida, são surpreendentemente sofisticadas. Na página 439 ele escreveu: "Três peças menores são muito mais fortes do que uma torre; nos caos em que duas delas são bispos, geralmente é possível vencer sem muita dificuldade, porque o jogador com a torre será certamente forçado a perdê-la para uma de suas peças adversárias. Se, contudo, houverem dois cavalos e um bispo opondo-se a uma torre; o último pode ser, geralmente, trocado pelo bispo. Como os dois cavalos, por si próprios, são insuficientes para forçar um xeque-mate, a partida deverá ser um empate". Atualmente, as tabelas de finais confirmam as avaliações de Staunton em ambos finais.[82] Reuben Fine ainda iria, 94 anos depois de Staunton, escrever erroneamente na página 521 de O Básico dos Finais de Xadrez que ambos os tipos de finais; torre contra três peças menores: "são teoricamente um empate". O grande mestre Pal Benko — uma autoridade sobre os finais de partida, e como Fine: um jogador de classe mundial em seu auge — perpetuou o erro de Fine em sua revisão (2003) de O Básico dos Finais de Xadrez. Reuben Fine e Pal Benko, na edição algébrica de O Básico dos Finais de Xadrez, McKay Biblioteca de Xadrez, 2003, p. 524, ISBN 0-8129-3493-8. O grande mestre Andrew Soltis, em um livro de 2004, expressou desagrado com Staunton. Reivindicando que torre contra dois bispos e um cavalo é um final empatado com a jogada correta. Andrew Soltis, repensando as peças do xadrez, Batsford 2004, p. 84. ISBN 0-7134-8904-9. Na época, Benko e Soltis ofereceram suas análises (em 2003 e 2004, respectivamente), as tabelas de finais já tinham provado que Staunton estava correto, e que Fine, Benko e Soltis estavam errados. Embora o final possa ir além de 68 movimentos para vencer. Müller e Lamprecht, página. 403.

A conclusão de Staunton sobre esses finais foram, de qualquer modo, antecipadas belo mestre britânico George Walker, quem escreveu em 1846 (ou talvez antes):

Embora os dois Bispos e Kt vençam, como proposta geral, contra a Torre, ainda assim os dois Cavalos com um Bispo não podem esperar o mesmo sucesso; e o resultado legítimo de tal conflito seria um empate. Os Bispos, unidos, são mais fortes que os Cavalos, pois atacam de uma distância maior. Quando os dois Cavalos ficam com um Bispo, a Torre também tem a chance de trocar por este último, o que dificilmente pode ser evitado por seu adversário, e os dois Cavalos, sozinhos, não conseguem mate.[83]

Em 1941, Ruben Fine publicou seu monumental tratado de 573 páginas: Finais de Xadrez Básicos, o primeiro a tentar de forma abrangente um tratado sobre os finais de partida.[84] Uma nova edição, revisada por Pal Benko, foi publicada em 2003.[85] Escritores soviéticos lançaram uma importante séries de livros sobre finais específicos: Finas de Torre por Grigory Levenfish e Vasily Smyslov,[86] Finais de Peão por Yuri Averbakh e I. Maizelis,[87] Finais de Rainha e Peão por Averbakh,[88] Finais de Bispos por Averbakh,[89] Finais de Cavalo por Averbakh e Vitaly Chekhover,[90] Finais de Bispo vs. Cavalo por Yuri Averbakh,[91] Finais de Torre vs. Peças Menores por Averbakh,[92] Finais de Rainha vs. Torre/Peças Leves por Averbakh, Cherkhover e V. Henkin.[93] Esses livros por Averbakh e outros foram colocados dentro de cinco volumes "Compreensões Sobre os Finais de Xadrez" em inglês.

Nos últimos anos, tabelas de finais de jogo geradas por computador têm revolucionado as teorias sobre finais de partidas, inclusive mostrando as melhores jogadas em vários finais complicados que têm irritado as análises humanas por mais de um século — tais como rainha e peão contra rainha. Eles também têm derrubado vereditos de teóricos sobre uma certa quantidade de finais; por exemplo, provando que o final de dois bispos contra um cavalo, que embora tenha sido dado como um empate por mais de um século, também pode ser uma vitória para os bispos (veja: finais de xadrez sem peão / apenas peças leves e finais de xadrez / os efeitos das tabelas de finais sobre a teorias de finais).

Trabalhos muito importantes sobre os finais de partida têm sido publicados nos anos recentes. Entre eles: O Manual de Finais de Dvoretsky;[94] O Fundamental dos Finais de Xadrez por Karsten Müller e Frank Lamprecht; Básico dos Finais: 888 Posições Teóricas por Yuri Balashov e Eduard Prandstetter, Lições Sobre os Finais de Partida por Benko[95] e Os Segredos dos Finais de Torre, Os Segredos dos Finais de Sem Peões por John Nunn.[96] Alguns desses foram ajudados pelas análises das tabelas de finais.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. John Watson, Secrets of Modern Chess Strategy: Advances Since Nimzowitsch, Gambit Publications, 1998, p. 10. ISBN 1-901983-07-2. ISBN 0-486-20290-9.
  2. David Hooper and Kenneth Whyld, The Oxford Companion to Chess, Oxford University Press, 2nd ed. 1992, p. 418 ("theory" entry). ISBN 0-19-866164-9.
  3. Hooper and Whyld, p. 418.
  4. Watson, Secrets of Modern Chess Strategy, p. 10.
  5. Watson, Secrets of Modern Chess Strategy, p. 11.
  6. H. J. R. Murray, A History of Chess, Oxford University Press, 1913, p. 25. ISBN 0-19-827403-3. This quote is also given in Hooper and Whyld, p. 229 ("literature of chess" entry).
  7. Murray, p. 25 n. 1.
  8. Hooper and Whyld, p. 229.
  9. See B. H. Wood, "Books About Chess", Illustrated London News, 1949, reprinted in Fred Reinfeld (editor), The Treasury of Chess Lore, Dover, 1959, pp. 268-70.
  10. «The World's Greatest Chess Library». Consultado em 21 de abril de 2008. Cópia arquivada em 2 de setembro de 2008 
  11. Cleveland Public Library, Special Collections Arquivado em 2009-03-05 no Wayback Machine
  12. Special Chess Records (Susan Polgar)
  13. Harry Golombek, Chess: A History, G.P. Putnam's Sons, 1976, pp. 97-101. ISBN 0-399-11575-7.
  14. Murray, p. 782.
  15. Hooper and Whyld, p. 156 ("Göttingen manuscript" entry).
  16. Hooper and Whyld, p. 156.
  17. Murray, pp. 782-84.
  18. Murray, p. 784.
  19. Golombek, pp. 101–02.
  20. Richard Eales, Chess: The History of a Game, Facts on File Publications, 1985, p. 81. ISBN 0-8160-1195-8.
  21. Golombek, p. 102.
  22. Hooper and Whyld, p. 101 ("Damiano Defence" entry).
  23. Murray, p. 886.
  24. I.A. Horowitz, Chess Openings: Theory and Practice, Simon and Schuster, 1964.
  25. Hooper and Whyld, pp. 38–39 ("Bertin, Joseph" entry), 157-58 ("Greco, Gioacchino" entry).
  26. Hooper and Whyld, pp. 10, 280 ("Alexandre, Aaron" and "openings literature" entries).
  27. Hooper and Whyld, p. 280.
  28. "Bilguer's Handbuch was the dominant reference for some time until it was superseded by a number of international treatises, which, in the English-speaking world, included Modern Chess Openings and Practical Chess Openings." I.A. Horowitz, Chess Openings: Theory and Practice, Simon and Schuster, 1964, p. VII. Four years after the first edition of the Handbuch was published, Howard Staunton in the preface to The Chess-Player's Handbook, discussed below, called the Handbuch "a production—whether considered in reference to its research, its suggestiveness, or the methodical completeness of its arrangement—which stands unrivalled and alone". Howard Staunton, The Chess-Player's Handbook, Henry C. Bohn, 1847, p. vii.
  29. William Hartston, The Kings of Chess, Harper & Row, 1985, p. 87. ISBN 0-06-015358-X.
  30. Statistician Arpad Elo, developer of the Elo rating system, analyzed the results of all 342 match, tournament, and exhibition games of record among the top nine players in the world from 1846 to 1862. From those games, he estimated the ratings of the top players during that period as 1. Paul Morphy 2695; 2. Adolf Anderssen 2552; 3. Daniel Harrwitz 2518; 4. Ignatz Kolisch 2516; 5. Staunton 2508. Arpad E. Elo, The Rating of Chessplayers, Past and Present, Arco Publishing, 1978, p. 55–56. ISBN 0-668-04721-6. Staunton was arguably the strongest player in the world between 1843, when he won a match against the French champion Pierre Charles Fournier de Saint-Amant, and 1851, when he finished fourth in the London 1851 knock-out tournament, won by Anderssen.
  31. a b Staunton, pp. 59–401.
  32. Murray states that the book "took rank at once as the leading English text-book on chess." Murray, p. 885.
  33. Richard Eales, Chess: The History of a Game, Facts on File Publications, 1985, p. 137 (the book "became the standard reference work for English club players down to the end of the century, with twenty-one reprints by 1935"). ISBN 0-8160-1195-8.
  34. Hooper and Whyld, p. 280 ("Openings literature" entry).
  35. a b c Garry Kasparov, My Great Predecessors, Part I, Everyman Publishers, 2003, pp. 45–46. ISBN 1-85744-330-6.
  36. Anthony Saidy, The Battle of Chess Ideas, RHM Press, 1975, pp. 20–21. ISBN 0-89058-018-9.
  37. a b Review of Chess Openings Ancient & Modern Arquivado em 2008-10-07 no Wayback Machine
  38. Nick de Firmian, Modern Chess Openings, 15th Edition, McKay Chess Library, 2008. ISBN 978-0-8129-3682-7.
  39. Hooper and Whyld, p. 281 ("Openings literature" entry).
  40. Fine tied for first with Paul Keres at AVRO 1938, at the time the strongest tournament ever held, ahead of such players as reigning world champion Alexander Alekhine, former world champion José Raúl Capablanca, and future world champion Mikhail Botvinnik. After Alekhine's death in 1946, Fine was invited to participate in the match-tournament to select the new champion, but declined in order to pursue his study of psychoanalysis. "From about 1936 to 1951, when he practically gave up competitive chess, Fine was among the strongest eight players in the world." David Hooper and Kenneth Whyld, The Oxford Companion to Chess, Oxford University Press, 1984, p. 113. ISBN 0-19-217540-8.
  41. R.C. Griffith, J.H. White, Reuben Fine, and P.W. Sergeant, Modern Chess Openings, David McKay (6th ed. 1939).
  42. Reuben Fine, Ideas Behind the Chess Openings, David McKay, 1943.
  43. Reuben Fine, Practical Chess Openings, David McKay, 1948.
  44. Chess Informant, Volume 1, Beograd, 1966.
  45. Chess Informant, Volume 100, Šahovski Informator, 2007. ISSN 0351-1375.
  46. The Best of Chess Informant Arquivado em junho 1, 2011, no Wayback Machine: Garry Kasparov
  47. The new Mega Database 2013 is shipping Arquivado em julho 12, 2013, no Wayback Machine
  48. For example, various lines of the Botvinnik Variation of the Semi-Slav Defense (1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 e6 5.Bg5 dxc4 6.e4 b5 7.e5 h6 8.Bh4 g5 9.Nxg5 hxg5 10.Bxg5 Nbd7) have been analyzed more than 30 moves deep. John Watson, Mastering the Chess Openings, Volume 2, Gambit Publications, 2007, p. 101. ISBN 978-1-904600-69-5. Nunn's Chess Openings (1999), a one-volume treatise that does not go into as much detail as more specialized opening manuals, analyzed one line of the Botvinnik Variation to a draw by perpetual check after 44 moves. John Nunn, Graham Burgess, John Emms, and Joe Gallagher, Nunn's Chess Openings, Everyman Publishers, 1999, p. 407 n. 41. ISBN 1-85744-221-0. Vladimir Kramnik learned after his game with Viswanathan Anand at the London Chess Classic 2014, also a Botvinnik Variation, that the first 40 moves of the game had occurred in 10 prior games, all played by computer programs. New in Chess Magazine 2015, No. 1, p. 34.
  49. a b GM Alexander Kotov mentions an instance from the 1950 Candidates Tournament where GM David Bronstein, "who for years worked closely with [GM Isaac] Boleslavsky", expressed surprise that the latter was thinking for a long time about his next move in a game against GM Gideon Ståhlberg. Bronstein remarked that "this position has been analyzed by us far into the end game". Alexander Kotov, "Why the Russians?", Chessworld, January–February 1964, pp. 62–69, at 69. Kotov wrote that the Soviets had analyzed many opening variations "far into the end game". Id.
  50. a b For example, John L. Watson writes of the Marshall Attack in the Ruy Lopez, "When I opened a book on the Marshall Attack ... I learned that for the 'old main line' (which is still extremely popular), 'the real struggle begins around move 30'! And in fact, correspondence chess games sometimes take it a step further, with one side playing a new move as the endgame begins!" John Watson, Mastering the Chess Openings, Volume 1, Gambit Publications, 2006, pp. 161–62. ISBN 978-1-904600-60-2.
  51. In the Sveshnikov Variation of the Sicilian Defense, another heavily analyzed line, the game O. Korneev–M. Devereaux, Port Erin 2006, featured a theoretical novelty on Black's 29th move, improving on a previous high-level game TopalovLeko, Linares 2005. John Cox, Starting Out: Sicilian Sveshnikov, Gloucester Publishers, 2007, pp. 118–23. ISBN 978-1-85744-431-5. See Topalov-Leko, Linares 2005; Korneev-Devereaux, Port Erin 2006.
  52. Mastering the Chess Openings, Volume 1, cited above.
  53. Jonathan Rowson, Understanding the Grünfeld, Gambit Publications, 1999. ISBN 1-901983-09-9.
  54. Alex Yermolinsky, Chess Explained: The Classical Sicilian, Gambit Publications, 2006. ISBN 1-904600-42-5.
  55. Hooper and Whyld, p. 230 ("literature of chess" entry).
  56. Andrew Soltis, "Tools of the Trade . . .", Chess Life, July 1995, p. 14.
  57. Watson, Secrets of Modern Chess Strategy, p. 10.
  58. Secrets of Modern Chess Strategy, p. 10.
  59. GM Raymond Keene writes that Nimzowitsch "was one of the world's leading Grandmasters for a period extending over a quarter of a century, and for some of that time he was the obvious challenger for the world championship. ... [He was also] a great and profound chess thinker, second only to Steinitz, and his works—Die Blockade, My System and Chess Praxis--established his reputation as one of the father figures of modern chess." Keene, Aron Nimzowitsch: A Reappraisal, David McKay, 1974, p. 1. ISBN 0-679-13040-3.
  60. Aron Nimzowitsch, My System (21st Century Edition), Hays Publishing, 1991. ISBN 1-880673-85-1. Aron Nimzovich, My System, David McKay, 1947, ISBN 0-679-14025-5.
  61. Aron Nimzowitsch, Blockade (English translation), Chess Enterprises, 1980. ISBN 0-931462-07-X.
  62. Aron Nimzowitsch, Chess Praxis (21st Century Edition), Hays Publishing, 1993. ISBN 1-880673-91-6.
  63. Aron Nimzovich, Chess Praxis: The Praxis of My System, Dover Publications, 1962. SBN 486-20296-8.
  64. Reuben Fine, The Middle Game in Chess, David McKay, 1952.
  65. Dr. M. Euwe and H. Kramer, The Middle Game, Book One: Static Features, G. Bell and Sons, 1964. ISBN 0-7135-0431-5.
  66. Dr. M. Euwe and H. Kramer, The Middle Game, Book Two: Dynamic and Subjective Features, G. Bell and Sons, 1965. ISBN 0-7135-0432-3.
  67. a b Luděk Pachman, Complete Chess Strategy, Volume 1: First Principles of the Middle Game, Cornerstone Library, 1975. ISBN 0-346-12321-6.
  68. Luděk Pachman, Complete Chess Strategy: Play on the Wings, David McKay, 1978. ISBN 0-679-13252-X.
  69. Luděk Pachman, Modern Chess Strategy, Dover Publications, 1971. ISBN 0-486-20290-9.
  70. Luděk Pachman, Modern Chess Tactics, Routledge & Kegan Paul Ltd, 1972. ISBN 0-7100-7098-5.
  71. Luděk Pachman, Attack and Defense in Modern Chess Tactics, David McKay, 1973.
  72. Secrets of Modern Chess Strategy, pp. 10-13.
  73. V. Vuković, The Art of Attack in Chess, Pergamon Press, 1965. ISBN 0-08-011196-3.
  74. Rudolf Spielmann, The Art of Sacrifice in Chess, David McKay, 1951.
  75. Georges Renaud and Victor Kahn, The Art of the Checkmate, Dover Publications, 1962. ISBN 0-486-20106-6.
  76. J. du Mont, The Basis of Combination in Chess, Dover Publications, 1978. ISBN 0-486-23644-7.
  77. Andrew Soltis, The Art of Defense in Chess, David McKay, 1975. ISBN 0-679-13043-8.
  78. Golombek, p. 101.
  79. François-André Danican Philidor, Analysis of the Game of Chess, Hardinge Simpole, 2005 (reprint), pp. 230-304. ISBN 1-84382-161-3.
  80. Philidor, pp. 305-06.
  81. Howard Staunton, The Chess-Player's Handbook, Henry G. Bohn, 1847, pp. 403-500
  82. Karsten Muller and Frank Lamprecht, Fundamental Chess Endings, Gambit Publications, 2001. ISBN 1-901983-53-6.
  83. George Walker, The Art of Chess-Play: A New Treatise on the Game of Chess (4th ed. 1846), Sherwood, Gilbert, & Piper, p. 254.
  84. Reuben Fine, Basic Chess Endings, David McKay, 1941.
  85. Reuben Fine and Pal Benko, Basic Chess Endings, Random House, 2003. ISBN 0-8129-3493-8.
  86. Grigory Levenfish and Vasily Smyslov, Rook Endings, Chess Digest, 1971. ISBN 0-7134-0354-3.
  87. Y. Averbakh and I. Maizelis, Pawn Endings, Chess Digest, 1974.
  88. Yuri Averbakh, Queen and Pawn Endings, Chess Digest, 1975, ISBN 0-7134-3041-9.
  89. Yuri Averbakh, Bishop Endings, Batsford, 1977. ISBN 0-7134-0096-X.
  90. Yuri Averbakh and Vitaly Chekhover, Knight Endings, Batsford 1977. ISBN 0-7134-0552-X.
  91. Yuri Averbakh, Bishop v. Knight Endings, Batsford, 1976. ISBN 0-7134-3179-2.
  92. Yuri Averbakh, Rook v. Minor Piece Endings, Batsford, 1978. ISBN 0-7134-0868-5.
  93. Yuri Averbakh, V. Chekhover, and V. Henkin, Queen v. Rook/Minor Piece Endings, Batsford, 1978. ISBN 0-7134-0866-9.
  94. Mark Dvoretsky, Dvoretsky's Endgame Manual (second Edition), Russell Enterprises, 2006. ISBN 1-888690-19-4.
  95. Pal Benko, Chess Endgame Lessons, 1989, Library of Congress Catalogue No. 89-64215.
  96. John Nunn, Secrets of Pawnless Endings, Henry Holt, 1994. ISBN 0-8050-3285-1.