Tiago, o Diácono

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São Tiago, o Diácono
Morte após 671
Veneração por Igreja Católica[1]
Igreja Anglicana[2]
Festa litúrgica 17 de agosto ou 11 de outubro
Portal dos Santos

Tiago, o Diácono (em latim: Iacobus Diaconus; em inglês: James the Deacon) foi um diácono italiano que acompanhou Paulino de Iorque em sua missão na Nortúmbria. Ele era um dos membros da missão gregoriana que veio à Inglaterra para cristianizar os anglo-saxões de seu paganismo, ainda que a data precisa de sua chegada seja desconhecida. Depois que Paulino deixou a Nortúmbria, Tiago permaneceu perto de Lincoln e continuou seus esforços missionários, morrendo algum tempo depois de 671 , segundo o cronista medieval Beda.

Vida[editar | editar código-fonte]

Tiago era presumivelmente um italiano como os outros membros da missão gregoriana.[3] As datas de seu nascimento e de sua chegada à Britânia são desconhecidas.[4] Ele acompanhou Paulino à Nortúmbria na comitiva de Etelburga, irmã do rei Eadbaldo de Kent, que foi para lá para se casar com Eduíno. Tradicionalmente, este evento é datado em 625 , mas o historiador D. P. Kirby argumenta que a missão provavelmente ocorreu antes de 619.[5]

Eduíno morreu em combate em Hatfield lutando contra Penda da Mércia e Caedwalla em 633. Eduíno era então o maior defensor da missão de Paulino e, com sua morte, uma reação pagã se seguiu, obrigando Paulino a fugir para Kent juntamente com Etelburga e seus filhos com Eduíno, inclusive a princesa Eanfleda. Tiago, porém, permaneceu na Nortúmbria e continuou os esforços missionários,[5] centrados em Lincoln, numa igreja que Paulino havia fundado e cujos restos estão provavelmente sob a atual igreja de São Paulo na Prisão.[6] Ela estava na época no reino dependente de Lindsey, num lugar que Paulino havia pregado antes da morte de Eduíno[7] e que foi reconquistada por um dos sucessores de Eduíno, Osvaldo, na década de 640.[8]

Beda escreveu que Tiago viveu numa vila perto de Catterick, que "tem o seu nome até hoje".[9] Ele relata que Tiago realizou obras missionárias na área e viveu muitos anos.[3] Durante o reinado de Osvio da Nortúmbria, Tiago ia regularmente à corte, pois ele celebrava a Páscoa com a esposa de Osvio, Eanfleda, a filha de Eduíno. Tanto Tiago quanto Eanfleda celebravam a Páscoa na data aconselhada pela igreja de Roma, o que provocou conflitos com Osvio, que a celebrava na data calculada pela Igreja Irlandesa, que nem sempre casavam. Esta diferença foi uma das razões pelas quais Osvio convocou o Sínodo de Whitby em 667 para decidir qual sistema de cálculo da data da Páscoa o seu reino iria se utilizar.[10] Veja controvérsia da Páscoa.

Tiago estava presente no sínodo de acordo com o relato de Beda sobre os eventos ali decorridos.[nota a] Beda afirma que após o sínodo e o retorno dos costumes romanos, Tiago, como um mestre de canto treinado no estilo romano e de Kent, ensinou a muitas pessoas o cantochão ou o canto gregoriano no estilo romano.[3]

A data da morte de Tiago é desconhecida, mas Beda implica que ele estava vivo a sua vida, o que presumivelmente significa que ele teria morrido após o nascimento de Beda por volta de 671 ou 672 Isso significaria que ele teria pelo menos 70 anos de idade ao morrer.[4] Já se sugeriu que Tiago foi o informante de Beda sobre a vida de Eduíno, as obras de Paulino e, talvez, dos eventos do Sínodo de Whitby.[11] O historiador Frank Stenton chamou Tiago de "a grande figura heroica na missão romana",[12] o que talvez reflita o fato de que muitos dos missionários de Gregório tinham o hábito de fugir sempre que a situação piorava.[13]

Após a sua morte, Tiago foi reverenciado como santo, com sua festa no dia 17 de agosto na Igreja Católica[1] ou 11 de outubro, na Igreja Anglicana.[2]

Notas[editar | editar código-fonte]

[nota a] ^ A "Vida de Vilfredo" de Édio Estêvão não menciona Tiago em seu relato do sínodo.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b SQPN 2018.
  2. a b James 2018.
  3. a b c Lapidge 2001, p. 258.
  4. a b Blair 1990, p. 98.
  5. a b Mayr-Harting 1991, p. 66–67.
  6. Brooks 2006, p. 22.
  7. Kirby 2000, p. 65.
  8. Kirby 2000, p. 74.
  9. Beda 1988, p. 139.
  10. Kirby 2000, p. 87.
  11. Higham 1993, p. 107.
  12. Stenton 1971, p. 116.
  13. Mayr-Harting 1991, p. 75.
  14. Édio Estêvão 1998, p. 116–118.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Beda (1988). A History of the English Church and People. Traduzido por Leo Sherley-Price. Nova Iorque: Penguin Classics. ISBN 0-14-044042-9 
  • Brooks, Nicholas (2006). «From British to English Christianity: Deconstructing Bede's Interpretation of the Conversion». In: Howe, Nicholas; Karkov, Catherine. Conversion and Colonization in Anglo-Saxon England. Tempe, AZ: Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies. pp. 1–30. ISBN 0-86698-363-5 
  • Édio Estêvão (1998). «Life of Wilfrid». The Age of Bede: Bede – Life of Cuthbert, Eddius Stephanus – Life of Wilfrid, Bede – Lives of the Abbots of Wearmouth and Jarrow, The Anonymous History of Abbot Ceolfrith with the Voyage of St Brendan. Traduzido por Webb, J. F. (trans.). Londres: Penguin Books. ISBN 978-0-14-044727-9 
  • Higham, N. J. (1993). The Kingdom of Northumbria AD 350–1100. Sutton: Stroud. ISBN 0-86299-730-5 
  • Kirby, D. P. (2000). The Earliest English Kings. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-0-415-24211-0 
  • Lapidge, Michael (2001). «Mellitus». In: Lapidge, Michael; Blair, John; Keynes, Simon; Scragg, Donald. The Blackwell Encyclopaedia of Anglo-Saxon England. Malden, MA: Blackwell Publishing. pp. 305–306. ISBN 978-0-631-22492-1