Galleria mellonella

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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Lepidoptera
Família: Pyralidae
Subfamília: Galleriinae
Tribo: Galleriini
Gênero: Galleria
Fabricius, 1798
Espécie: G. mellonella
Nome binomial
Galleria mellonella
Sinónimos
  • Galleria austrina Felder & Rogenhofer, 1875
  • Galleria cerea Haworth, 1811 (unjustified emendation)
  • Galleria cerealis Hübner, 1825 (unjustified emendation)
  • Galleria crombrugheela Dufrane, 1930
  • Galleria crombrugheella (lapsus)
  • Galleria mellomella (lapsus)
  • Phalaena mellonella Linnaeus, 1758
  • Phalaena cereana Blom, 1764
  • Tinea cerella Fabricius, 1775 (unjustified emendation)
  • Vindana obliquella Walker, 1866

A Galleria mellonella é uma espécie de insetos lepidópteros, comummente conhecida como traça-da-cera[1][2] ou a traça-da-colmeia[3] é uma traça pertencente à família das Pirálidas.

É o único membro do género Galleria. Pode ser encontrada na maior parte do mundo, incluindo Europa e a adjacente Eurásia, onde se presume ser sua origem nativa, e como um espécies introduzidas em outros continentes, incluindo na América do Norte e Austrália.

A parente mais próxima, a traça pequena da cera (Achroia grisella), é também um membro da tribo (biológica) Galleriini, família Pyralidae e subfamília Galleriinae.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A Galleria mellonella L. foi referenciada por Lineu em 1758.[3]

Ciclo de vida[editar | editar código-fonte]

A grande-da-colmeia tem um ciclo de vida sobremaneira curto, pelo que, mesmo em condições ótimas, leva cerca de seis semanas a completar o ciclo.[4]

As fêmeas depositam os ovos nos favos das colmeias[5] ao passo que as larvas costumam eclodir entre três e cinco dias mais tarde[4].

Na pendência da fase larval a traça-da-cera tem sete instares e uma duração que vai dos de 21 a 43 dias, consoante a qualidade da alimentação disponível e a ocorrência de baixas temperaturas [6], independentemente das criações serem realizadas em campo ou em laboratório.[7]

O comportamento alimentar das larvas está associado à construção de galerias de seda, as quais são ulteriormente juncadas com matéria excrementícia que se vai acaudalando com o progressivo crescimento das lagartas. Quando as lagartas chegam ao estágio de pré-pupa, escavam depressões nas paredes de madeira das colmeias e nos quadros dos favos, tecem os casulos e pupam, costumando ladear-se umas às outras.[7]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

As traças adultas tem uma envergadura de 30-41 mm. Esta traça voa de maio a outubro nas regiões temperadas, sua região de origem, como na Bélgica e Holanda.

Ovos[editar | editar código-fonte]

Os ovos das traças-da-cera afigura-se duma coloração perlar e duma textura rugosa. Na maioria dos casos, as fêmeas fazem depositam os ovos em aglomerados na ordem 50- 150 ovos por postura.[8]

À medida que se vão desenvolvendo, os ovos vão amarelecendo, perdendo assim a sua tonalidade esbranquiçada original.[8]

Geralmente, dentro dos quatro dias que antecedem a incubação, torna-se visível um anel escuro dentro do ovo, sendo que, mais, tarde, quando já só faltarem doze horas para a eclosão, as larvas completamente formadas já são observáveis através do córion do ovo.[9]

Traça na forma de larva

Larvas[editar | editar código-fonte]

Passagem alimentar de uma única larva da traça da cera. Após a interrupção do crescimento, a larva deixa o favo de mel e se transforma em pupa. Neste caso, logo no canto superior esquerdo da moldura de madeira.

Depois da eclosão, as larvas apresentam uma coloração alvadia, medindo entre 1 e 3 milímetros de comprimento.[10]

A larva, mal eclode, começa a comer imediatamente, alimentando-se de pólen e da cera, que encontra nos favos das abelhas melíferas dentro dos ninhos nas colmeias ou, mais infrequentemente, os favos de vespeiros [11]. Além de comer compulsivamente, também se ocupa a tecer teias, escavar galerias, disseminar fezes, sumamente inutilizando todos os favos por onde passa.[12]

A fase larval passa por sete instares, sendo que a maior parte do crescimento ocorre na pendência dos dois últimos instares.[12][9]Quando chega ao último instar a larva já mede cerca de 20 milímetros de comprimento, apresentando um corpo cinzento com um escudo castanho no protórax.[9]

Estas larvas são tidas como pragas da apicultura[8], sendo certo que, por outro lado, também são comercializadas, porquanto há quem as use como alimento para a criação de animais em cativeiro.

Pupa[editar | editar código-fonte]

Ao chegar ao último instar, as larvas começam a pupar.[12] Uma vez dentro do casulo, a pupa é inicialmente branca e vai amarelecendo passadas as primeiras 24 horas. [12]

Ao fim de 4 dias a pupa volve-se castanha clara e vai continuando a escurecer progressivamente até ao último estágio. As pupas da traça-da-cera podem medir entre 5 a 7 milímetros de diâmetro e 12 a 20 milímetros de comprimento.[9]

São sexáveis mediante observação dos genitais, com recurso a lupa.[12]

Adultos[editar | editar código-fonte]

Traça adulta

dimorfismo sexual entre os espécimes da traça-da-cera, pelo que as fêmeas costumam ser maiores e mais escuras dos que os machos.[12] Dessarte, em média, os machos têm cerca de 21 milímetros de envergadura, ao passo que as fêmeas já orçam uma envergadura na casa dos 32 milímetros.[13]

Com efeito, ainda nesta toada, as fêmeas além de terem maior envergadura, também têm antenas maiores do que as dos machos, na ordem dos 10 a 20%, e o mesmo se passa com as asas dianteiras.[14]

O tamanho e cor dos adultos podem variar substancialmente, conforme a composição e abundância de alimento.[15]

Ao chegar à idade adulta, todavia, a traça-da-colmeia deixa se alimentar, mercê da suas peças bucais ser tão atrofiada, que já não lho permite fazer, em vez disso limita-se a fazer voos curtos, a reproduzir-se e a ocupar-se da ovopositura.[15]

Parasitas[editar | editar código-fonte]

Montado, vista dorsal
Montado, vista ventral

A Vairimorpha ephestiae é um parasita fúngico de a traça-da-cera. O Pseudomonas aeruginosa também é um patógeno para a G. mellonella. As associações de fatores de virulência são as mesmas para as infecções de plantas e animais.

Na pesquisa[editar | editar código-fonte]

A traça-da-colmeia tem sido demonstrada como sendo uma excelente organismo modelo para experiências in vivo de toxicologia e patogenicidade, substituindo o uso de pequenos mamíferos em tais experimentos.[16]

As larvas são também modelos bem adequados para os estudos do sistema imune inato. Em genética, eles podem ser usados para estudar esterilidade herdada em insetos. NOTA: imunidade celular e humoral são parte da imunidade adquirida, que é só para vertebrados. Os insetos só tem imunidade inata.

Experiências com larvas da cera infectados suportam a hipótese que o estilbenóide bacteriana 3,5-di-hidroxi-4-isopropil-trans-estilbeno tem propriedades antibióticas que ajudam a minimizar a competição de outros microrganismos e impede a putrefacção do cadáver insetos infectados pelos nematoides entomopatogénicos do género Heterorhabditis, este próprio é o hospedeiro para a bactéria do género Photorhabdus.[17]

A G. mellonella é relatada como sendo capaz de ouvir frequências ultrassónicas que se aproximam de 300 kHz, possivelmente a maior sensibilidade á frequência que qualquer outro animal.[18]

Em 2017 descobriu-se que a larva de G. mellonella transforma Polietileno PE em Etilenoglicol (Álcool),[19] podendo vir a ser utilizadas para combater a poluição.[20]

Sinónimos[editar | editar código-fonte]

Como uma espécie difundida e pouco notórias, a traça-da-colmeia foi descrita em uma série de agora inválidos sinônimos: [21]

  • Galleria austrina Felder & Rogenhofer, 1875
  • Galleria cerea Haworth, 1811 (unjustified emendation)
  • Galleria cerealis Hübner, 1825 (unjustified emendation)
  • Galleria crombrugheela Dufrane, 1930
  • Galleria crombrugheella (lapsus)
  • Galleria mellomella (lapsus)
  • Phalaena mellonella Linnaeus, 1758
  • Phalaena cereana Blom, 1764
  • Tinea cerella Fabricius, 1775 (unjustified emendation)
  • Vindana obliquella Walker, 1866

Sinonímia (e nomes de outro modo inválidos) do gênero Galleria' são:[21]

  • "Adeona" Rafinesque, 1815 (nomen nudum)
  • Cerioclepta Sodoffsky, 1837
  • Vindana Walker, 1866

Referências

  1. Infopédia. «traça-da-cera | Definição ou significado de traça-da-cera no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 3 de outubro de 2021 
  2. «Esta lagarta acha que os sacos de plástico são muito saborosos | Plástico | PÚBLICO». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 3 de outubro de 2021  «Uma equipa de cientistas descobriu que a espécie Galleria mellonella, também conhecida por traça-da-cera»
  3. a b Silva Vieira, Daniela Andreia (2015). A traça-da-colmeia, Galleria mellonella para alimentação humana: ensaios para otimização da produção e caracterização da composição nutricional (PDF). Porto: Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. p. 22. 73 páginas 
  4. a b Villas, M. I. (2006). El ciclo biológico de la polilla grande de la cera. Granollers, Barcelona, España: IES Escola Municipal del Trebal 
  5. Nielsen, R. A. (1977). Greater wax moth: Adult behavior. Annapolis, Maryland, EUA: Entomological Society of America 
  6. Shimanuki, K. F. (1993). Diseases and pests of honey bees.Hamilton,. Hamilton, IL, USA: Dadant & Sons 
  7. a b Guerra, M. (1973). Bionomia das traças de cera Galleria mellonella e Achroia grisella. Piracicaba: Universidade de São Paulo. 
  8. a b c Williams, J. L. (1997). Honey bee pests, predators, and diseases. Ohio, USA: The AI Root Company. 
  9. a b c d Paddock, F. B. (1918). The beemoth or waxworm. Dallas, Texas, USA: Texas Agricultural Experiment Station. 
  10. Silva Vieira, Daniela Andreia (2015). A traça-da-colmeia, Galleria mellonella para alimentação humana: ensaios para otimização da produção e caracterização da composição nutricional (PDF). Porto: Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. p. 23. 73 páginas 
  11. Grabe (1942)
  12. a b c d e f «A traça-da-cera Galleria mellonella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Pyralidae) EM FAVOS DE Apis mellifera Linnaeus (1758) (Hymenoptera: Apidae) NOÇÕES GERAIS.». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 4 de outubro de 2021 
  13. MANGUM, W.A. (2000). «Honey bee biology.». Dadant and Sons. America-Bee-Journal, v. 140, n.6: 431-433 
  14. MORSE, R.A (1978). Honey Bee Pests, Predators, and Diseases. Ithaca, New York, USA: Cornell University Press. p. 430 
  15. a b Garedew, A. (2004). Effect of the bee glue (propolis) on the calorimetrically measured metabolic rate and metamorphosis of the greater wax moth. Amsterdam, Netherlands: Elsevier. doi:10.1016/j.tca.2003.10.014 
  16. Harding, C. R.; Schroeder, G. N.; Collins, J. W.; Frankel, G. (2013). «Use of Galleria mellonella as a Model Organism to Study Legionella pneumophila Infection». Journal of Visualized Experiments (81): e50964. PMC 3923569Acessível livremente. PMID 24299965. doi:10.3791/50964 
  17. Hu, K; Webster, JM (2000). «Antibiotic production in relation to bacterial growth and nematode development in Photorhabdus--Heterorhabditis infected Galleria mellonella larvae». FEMS microbiology letters. 189 (2): 219–23. PMID 10930742. doi:10.1111/j.1574-6968.2000.tb09234.x 
  18. Moir, H. M.; Jackson, J. C.; Windmill, J. F. C. (2013). «Extremely high frequency sensitivity in a 'simple' ear». Biology Letters. 9 (4). 20130241 páginas. PMC 3730633Acessível livremente. PMID 23658005. doi:10.1098/rsbl.2013.0241 
  19. Bombelli, Paolo; Howe, Christopher J.; Bertocchini, Federica (24 de abril de 2017). «Polyethylene bio-degradation by caterpillars of the wax moth Galleria mellonella». Current Biology (em inglês). 27 (8): R292-R293. ISSN 0960-9822. doi:10.1016/j.cub.2017.02.060. Consultado em 25 de abril de 2017 
  20. «Cientistas descobrem lagarta que come sacos de plástico». Sapo24. 24 de abril de 2017. Consultado em 25 de abril de 2017 
  21. a b See references in Savela (2009)
  • Grabe, Albert (1942). Eigenartige Geschmacksrichtungen bei Kleinschmetterlingsraupen ["Strange tastes among micromoth caterpillars"]. Zeitschrift des Wiener Entomologen-Vereins 27: 105-109 [in German]. PDF fulltext
  • Savela, Markku (2009). Markku Savela's Lepidoptera and some other life forms – Galleria mellonella. Version of 2009-APR-07. Retrieved 2010-APR-11.
  • Galleria mellonella - de Jong, Y.S.D.M. (ed.) (2013) Fauna Europaea version 2.6. Web Service available online at http://www.faunaeur.org (consultado em 2 de janeiro de 2014).

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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